Revista Cana S.A. - Ed. 20

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ENTREVISTA:

Deputado

ZÉ TEIXEIRA

Somente o Poder Judiciário soluciona a questão agrária em Mato Grosso do Sul

EDIÇÃO 20 | JULHO 2015 - R$ 10,00

Cana S.A. A ENERGIA DA INFORMAÇÃO

COMO DRIBLAR A CRISE DA INDÚSTRIA CANAVIEIRA VOLVO É A MAIS COMPLETA E DIVERSIFICADA PARA ATENDER O SETOR SUCROENERGÉTICO PÁG. 28

PRODUÇÃO E VENDAS DE ETANOL NO CENTRO-SUL BATE RECORDE EM JUNHO PÁG. 38

na internet





ENTREVISTA • 16

DEPUTADO ZÉ TEIXEIRA, SOMENTE O PODER JUDICIÁRIO SOLUCIONA A QUESTÃO AGRÁRIA EM MATO GROSSO DO SUL

GENTE QUE FAZ • 11 PROGRAMA TERRA LEGAL DISPONIBILIZA NOVA FERRAMENTA DIGITAL

OPINIÃO • 26 CADASTRO AMBIENTAL RURAL: O QUE FAZER ATÉ 2016

SAFRA DE CANA • 38

PRODUÇÃO E VENDAS DE ETANOL NO CENTRO-SUL BATEM RECORDE EM JUNHO

ENERGIA • 46

MATO GROSSO DO SUL TAMBÉM PODE TER REDUÇÃO DE ICMS DA ENERGIA ELÉTRICA, REVELA GOVERNADOR

CAPA

COMO DRIBLAR A CRISE DA INDÚSTRIA CANAVIEIRA

32 CIÊNCIA & TECNOLOGIA • 14

INOVAÇÃO & TECNOLOGIA • 53 NETAFIM LANÇA TUBOS FLEXÍVEIS QUE TORNAM A IRRIGAÇÃO INTELIGENTE AINDA MAIS PRÁTICA

COM PACOTE DE SERVIÇOS DIFERENCIADO, CTC LANÇA PROGRAMA EXCLUSIVO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA A CLEINTES

QUALIFICAÇÃO • 44 PROGRAMA DE APLICAÇÃO RESPONSÁVEL DA DOW AGROSCIENCES TREINA 96 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS COM CULTURA DA CANA-DE-ACUÇAR

TRABALHO & EMPREGO • 54 FUNTRAB CONVOCA POPULAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL PARA RETIRAR CARTEIRAS DE TRABALHO ESQUECIDAS

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EDITORIAL

O clamor do setor sucronergético

A

ser

tra a crise enfrentada pelas usi-

apontado pelas

nas, de acordo com estimativas

principais

or-

da Unica (União da Indústria de

ganizações internacionais como

Cana de açúcar) pelo menos dez

o país que vai atender a futura

usinas deverão fechar ate o final

demanda mundial de alimentos,

da safra 2015/16. A edição traz

energia e combustíveis renová-

sugestões de especialistas para

veis, o descaso interno do Brasil

o fim da crise. Na edição o lei-

com vários setores é gritante,

tor terá acesso a entrevista com

principalmente em relação ao

o deputado Estadual Zé Teixeira,

setor sucroenergetico.

que mostra a insatisfação do par-

pesar

de

O atual cenário contradiz

lamentar em relação ao descaso

o vivido há dez anos, pois os

do Governo Federal para com os

anos de 2005 e 2006 foram ex-

produtores rurais. A revista traz

tremamente favoráveis ao setor

ainda um artigo do economista

sucroenergético, principalmente

Fabio Castilho abordando a rees-

pelo forte apoio do governo na

truturação das usinas em MS.

difusão do etanol como energia

O advogado e presidente

renovável e ambientalmente sus-

da Comissão de Assuntos Agrá-

tável, o resultado de tal quadro

rios e Agronegócio da OAB/MS,

foi a abertura de dezenas de no-

Pedro Puttini Mendes, esclarece

vas unidades produtoras de eta-

dúvidas sobre o Cadastro Am-

nol e açúcar, dinamizando todo

biental Rural. Além disso a edi-

o setor em seu entorno, com

ção está recheada de notícias de

grande destaque para as indús-

economia, legislação, política li-

trias de bens de capital.

gados ao agronegócio.

A revista de junho mos-

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Cristina Nunes

Edição nº 20, julho/2015 www.canaldacana.com.br Cana S.A. é uma publicação do Canal da Jornais e Revistas Ltda-ME CNPJ:10.939.324/0001-43 Inscrição estadual: Isenta Inscr. municipal: 137.361.000 Diretor-Executivo Wilson Nascimento wilson.nascimento@canaldacana.com.br (67) 9125-6062/2109-8919/3029-9754 Reportagem Cristina Nunes redacao@canaldacana.com.br (67) 9926-9361 Comercial Michelle Nogueira comercial@canaldacana.com.br (67) 3029-9754 / 9185-7676 Finanças Marlon Medeiros financeiro@canaldacana.com.br (67) 9962-7882 Departamento Jurídico Dr. Antonio Carlos Menegassi OAB/PR 7.400 Dra. Rafaella do Nascimento Pereira Menegassi OAB/PR 66.635 Projeto gráfico Claudemir Paes 67 9995-8162 Colaboradores Fabio Castilho Silvia Zoche Borges Unica Embrapa Agropecuária Oeste CDN Fiems Biosul Fotografia de capa Fotos reprodução Redação e Publicidade Rua Albert Sabin, 1713 Bairro Taveirópolis CEP 79.090-160 | Tel.: (67) 3211-2030 Campo Grande-MS Tiragem: 10 mil exemplares Circulação: Bancas, Mailing List Vip e Feiras. Críticas, sugestões, elogios e artigos podem ser enviados para: redacao@canaldacana.com.br


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Desenvolvimento regional

Reinaldo destaca confiança do empresariado em MS durante lançamento de linha de produção

Por Bruno Chaves

O

governador Reinaldo Azambuja participou do lançamento da pedra fundamental da segunda linha de produção de celulose da Eldorado Brasil, nesta segunda-feira (15), e destacou a confiança que os grupos empresariais têm em Mato Grosso do Sul quando decidem fazer grandes investimentos. “O segmento industrial cresceu no Estado por causa dessa confiança, apoio do governo, responsabilidade mútua e cumprimento de acordos”, disse durante o

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evento que aconteceu na sede da fábrica, em Três Lagoas. Reinado revelou que além de manter incentivos fiscais para a implantação na nova linha de produção, o Governo do Estado firmou termo que compromisso com a indústria para recuperação de rodovias e estradas vicinais importantes para o escoamento da produção. Nesse termo ainda ficou acordada a pavimentação de estradas e a troca de pontes de madeira por estruturas de concreto. A Eldorado, como contrapartida vai gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos. “Isso pra aumentar a logística


e facilitar o escoamento da produção. Também queremos um governo parceiro na formação da mão de obra e gerar mais empregos para os moradores de Mato Grosso do Sul. Estamos trabalhando para fortalecer a economia do Estado”, discursou o governador. A nova linha de produção de celulose da Eldorado Brasil em Três Lagoas deve ser inaugurada no primeiro semestre de 2018. Conforme o presidente da indústria, José Carlos Grubisich, ela terá capacidade produtiva de dois milhões de toneladas de por ano, podendo ter adicional e chegar a 2,7 milhões de toneladas/ ano. Somando essa produção a primeira linha, que já está operando, a capacidade saltará para quatro milhões de toneladas anuais. “A construção dessa nova unidade industrial da Eldorado representa benefícios para Três Lagoas, Mato Grosso do Sul e Brasil, representa a força da celulose no país”, disse Grubisich. Segundo ele, a indústria possui 200 mil hectares de florestas plantadas exportam para mais de 30 países nos cinco continentes e fechou o ano de 2014 com faturamento de R$ 2,5 bilhões. O investimento da indústria no projeto vanguarda 2.0, como é chamada a segunda linha de produção, será de R$ 8 bilhões. JULHO DE 2015 | CANA S.A. | A energia da informação

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Gente que faz Agricultura familiar

Programa Terra Legal disponibiliza nova ferramenta digital A

ssegurar maior transparência e facilitar o acesso dos posseiros cadastrados no programa Terra Legal à declaração sobre o seu processo de regularização fundiária são os principais objetivos do novo Sistema de Acesso a Informações do Terra Legal, que passou a vigorar no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O sistema, desenvolvido pela Coordenação-Geral de Modernização e Informática da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração da Secretária Executiva do MDA (Cgmi/Spoa/SE-MDA), permite que órgãos de controle, movimentos sociais, bem como qualquer cidadão, tenha acesso fácil a informações sobre a existência de processos de regularização fundiária do Terra Legal. Para os agricultores que realizaram o pedido de

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regularização fundiária pelo programa Terra Legal e ainda não receberam o título, o sistema permite emitir uma declaração que comprova a existência do processo de regularização fundiária em análise. Este documento pode auxiliar no acesso ao crédito e na aposentadoria rural. Desenvolvimento próprio O Sistema de Acesso a Informações do Terra Legal, foi todo desenvolvido dentro do próprio ministério, como explica o coordenador-geral da CGMI/Spoa, Bruno Santana. “Desenvolvemos esta solução em um curto espaço de tempo, com tecnologia avançada e infraestrutura própria. Vale destacar que todo o trabalho foi realizado por equipes que trabalham dentro do MDA, com o gerenciamento realizado pelos servidores da CGMI”, observa o gestor ao destacar o empenho da equipe. Da redação


Lideranças Terenas solicitam parceria com instituições de MS para promover evento indígena sobre agroecologia

M

ato Grosso do Sul é o segundo Estado com a maior população indígena do Brasil, de acordo com o último censo divulgado pelo IBGE, com cerca de 72 mil indígenas (o primeiro, é o Estado do Amazonas, com quase 170 mil). Entre as etnias estão os Terena, índios que praticam a agropecuária - as outras etnias em MS são Atikum, Guarani kaiowá, Guarani ñandeva, Guató, Kadiwéu, Kiniquinau, Ofaié e Kamba (não reconhecida oficialmente). A comunidade Terena, em busca da continuidade da prática de uma agricultura e pecuária mais sustentáveis, solicitou uma reunião com instituições estaduais para verificar a possibilidade de se promover um evento em 2016 para discutir a agroecologia na visão do Povo Terena. Entre as instituições estão duas Unidades ecorregionais da Embrapa em MS - Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados) e Embrapa Pantanal (Corumbá) - a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). As Lideranças Terena das Terras Indígenas de Taunay/Ipeque (Aquidauana), Lalima e Cachoerinha (ambas de Miranda, MS) aproveitaram a Feira de Sementes Nativas e Crioula e Produtos Agroecológicos de Juti/MS, em 11 de julho, para apresentar, nesse primeiro encontro, sua ideia inicial. “Esse projeto envolve mulheres, jovens, anciões, rezadores e lideranças tradicionais. O evento que queremos elaborar para 2016 se propõe a debater a agroecologia dentro da ótica do Povo Terena, com abordagem mais ampla, extrapolando o arco teórico ambiental e econômico, fortalecendo nossos valores tradicionais”, explica Leosmar Terena, assessor regional do Projeto Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Gati). Segundo ele, a proposta foi idealizada a partir da “Mobilização Agroecológica Terena”, iniciada, em 2012 a partir da implementação do Projeto Gati nas Terras Indígenas Taunay/Ipegue (Aquidauana), Cachoeirinha (Miranda) e Lalima (Miranda). Para aprofundar as conversas iniciadas no evento de Agroecológico de Sementes e de ouvir as propostas dos Caciques Terena, será realizada em 28 de julho de 2015, um encontro na Embrapa Pantanal (Corumbá/MS). Esse encontro pretende reunir diversas instituições interessadas em apoiar o evento “para definir diversos pontos, ainda, em aberto, para realização da iniciativa”, diz Terena. “Queremos nos unir com as demais etnias, uni-

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versidades, instituições de pesquisa, extensão rural, prefeituras e outros possíveis apoiadores para construirmos de forma conjunta um projeto de futuro comum, criando caminhos sustentáveis aos padrões atualmente dominantes de desenvolvimento”, destaca o assessor do Projeto Gati, e ainda menciona: “Dentro desse contexto, numa abordagem intercultural, conciliando os saberes tradicionais do povo indígena com os saberes acadêmicos/técnicos, queremos apontar alternativas que não prejudique o homem, a natureza e o futuro de milhares de crianças.” Embrapa como parceira A missão de Unidades de pesquisa da Embrapa ecorregionais é atuar em função de demandas do bioma da Região brasileira em que estão localizadas. Por esse motivo, as lideranças indígenas convidaram a Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Pantanal, entre as instituições de Mato Grosso do Sul, para estar entre as parceiras no evento idealizado para 2016 e promovido pelas lideranças indígenas. “Nós da Embrapa Pantanal queremos saber mais sobre as demandas e interesses destes Índios Terena sobre o tema agropecuário para que possamos estudar a melhor forma de atendê-los dentro das nossas áreas de atuação”, afirma Emiko Kawakami de Resende, chefe geral da Embrapa Pantanal. O pesquisador Auro Otsubo, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, presente na reunião em Juti, conta que é mais uma oportunidade de se abordar em conjunto “questões técnicas, principalmente voltadas para a sustentabilidade e que tenha momento de trocas de experiências, sementes, saberes, sabores”, diz Otsubo, que também menciona que a programação começará a ser discutida no dia 28 de julho, na Embrapa Pantanal. Isso vem ao encontro de um dos focos de atuação da Embrapa Agropecuária Oeste, como ressalta o pesquisador Guilherme Asmus, chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste. Sílvia Zoche Borges Embrapa Agropecuária Oeste JULHO DE 2015 | CANA S.A. | A energia da informação

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Você sabia?

Ministério das Relações Exteriores e DATAGRO promovem evento de açúcar e etanol em Londres 4º Sugar & Ethanol Summit – Brazil Day discutirá status e perspectivas do setor sucroenergético brasileiro

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O

Brasil, como maior produtor de açúcar do mundo e o segundo maior produtor de etanol, se tornou fundamental no comércio mundial sucroenergético, com participação de 46% de sua agroindustrial canavieira no mercado. Dentro deste contexto, o país passou a ser elemento chave para todos os envolvidos na cadeia produtiva. Com objetivo de compreender deste cenário e contribuir para novas decisões que a indústria irá tomar no futuro, a DATAGRO, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), realizará em Londres a 4ª edição do Sugar & Ethanol Summit - Brazil Day, no próximo dia 10 de julho. Dentre os temas a serem debatidos estão à percepção do mundo sobre o papel do Brasil nos mercados de açúcar e etanol, a sustentabilidade da produção brasileira, a força do consumo de etanol no Brasil e no mundo,

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entre outros. “O Brasil tem trabalhado para o desenvolvimento de novas tecnologias e do setor financeiro para atingir altos níveis de produtividade e eficiência, que permitem que o país se torne líder mundial, tanto na produção de açúcar e etanol”, completa o embaixador do Brasil em Londres, Claudio Frederico de Arruda, sobre a relevância dos temas. O quadro de palestrantes deste evento contará com líderes do setor como Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar; Jonathan Kingsman, consultor da Platts Kingsman e Geraldine Kutas, representante da UNICA na Europa. O evento, para convidados, vai reúnir especialistas, líderes empresariais e autoridades, nas elegantes instalações do IOD – Institute Of Directors, em Londres – Reino Unido. Para mais informações sobre a programação do evento, acesse http:// www.datagroconferences.com.br/sugarethanolsummitbrazilday.



Ciência & Tenologia

Com pacote de serviços diferenciado, CTC lança programa exclusivo de assistência técnica a clientes Programa CTC Valoriza se inicia a partir desta safra; mais informações na área restrita do site www.ctc.com.br

A

partir desta safra, os clientes do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira poderão usufruir dos principais serviços de consultoria especializada que a empresa possui. Com o objetivo de auxiliar as usinas no correto manejo do cultivo agrícola de cana-de-açúcar, os técnicos e especialistas estarão à disposição dos clientes por meio do programa CTC Valoriza. “Reestruturamos nossa área de Assistência Técnica e lançamos o CTC Valoriza para atender de forma adequada os clientes do CTC. Funcionará como um programa de pontos. Assim que acumulados os pontos correspondentes ao serviço desejado, a usina deverá solicitar o serviço por meio da área restrita do site www.ctc.com. br”, explica Jorge Donzelli, gerente de Assistência Técnica do CTC. São vários os serviços disponíveis. Entre eles, destacam-se, por exemplo, elaboração do plano agrícola, suporte no plantio e colheita mecanizados, planejamento de viveiros e técnicas de multiplicação de cana-de-açúcar, CTCSat,

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adubação mineral e uso de resíduos e consultoria em pragas e doenças. “Ao longo dos nossos 45 anos de história e dedicação ao setor, adquirimos conhecimento e profissionais extremamente especializados em cada parte do processo produtivo. Nossa proposta é proporcionar cada vez mais benefícios aos nossos melhores clientes”, conclui Donzelli. Sobre o CTC - Centro de Tecnologia Canavieira O CTC – Centro e Tecnologia Canavieira atua há mais de 40 anos no desenvolvimento e comercialização de tecnologias inovadoras para o setor canavieiro. As pesquisas abrangem os elos da cadeia produtiva de cana-de-açúcar, álcool, açúcar e bioenergia, permitindo agregar valor às diversas etapas do processo e contribuindo com a evolução sustentável do setor. Gabriela Castellani - CTC

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Jorge Donzelli,

gerente de Assistência Técnica do CTC


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Entrevista Deputado

ZÉ TEIXEIRA

D

eputado Zé Teixeira, um dos mais ferrenhos defensores do agronegócio no país, dá uma entrevista exclusiva para a revista cana S.A. e fala sobre a indústria sucroenergética em Mato Grosso do Sul, analisa os impasses gerados pela indústria da demarcação e se posiciona contra a PEC que transfere essa prerrogativa para o Congresso Nacional. Nascido no interior da Bahia

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Somente o Poder Judiciário soluciona a questão agrária em Mato Grosso do Sul

José Roberto Teixeira, foi em 1944 ainda criança para Ribeirão dos Índios, então distrito de Santo Anastácio, no interior do Estado de São Paulo, onde estudou o primário e fez admissão ao ginasial. Agropecuarista, desde cedo tinha apego às lidas do campo e muito jovem, já dedicava ao agronegócio, atividade que exerce com orgulho até hoje. Em 1962 já casados com Ivanilde Zanforlin Teixeira mudou-se para

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Dourados onde constituiu seu patrimônio e reside desde então. Ingressou na política em 1994 sendo eleito deputado Estadual. No Legislativo tem um trabalho intensificado como representante da classe produtora, sempre participando de comissões importantes defendendo o agronegócio. Hoje o deputado Zé Teixeira está no seu sexto mandato e ocupa a primeira secretaria da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.


ZÉ TEIXEIRA - Penso que o governador Reinaldo Azambuja terá papel importante nessa questão, mas não será capaz de resolver os impasses que surgiram com a indústria da demarcação de terras indígenas

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em Mato Grosso do Sul. Esse é um grave problema que será solucionado apenas pelo Poder Judiciário, ou seja, não precisa de lei nova, de acordos, de mobilização, basta apenas que se faça cumprir o Art. 231 da Constituição Federal como, aliás, já fez o Supremo Tribunal Federal (STF) ao reconhecer a data da promulgação da Constituição Federal de 1988 como marco temporal

CANA S.A. - Mato Grosso do Sul, vem há anos com sérios conflitos de indígenas com produtores por demarcação de terras, o governo federal propôs resolver o problema indenizando os fazendeiros, comprando a terra, mas o valor oferecido pelo governo ficou abaixo do esperado pelos produtores e não chegaram a um acordo. Recentemente representantes do Governo Estadual Federal e produtores rurais estiveram reunidos, e todos saíram confiantes dizendo que estão perto de um acordo. O Senhor acredita que agora Mato Grosso do Sul que tem um governador que também é produtor rural vai se empenhar mais do que o seu antecessor para resolver de vez esse problema que tanto prejudica o Estado? E na opinião do Deputado que também e da classe produtora, o que tem que ser feito para que resolva esse impasse e possa atrair os investidores que deixam de investir no Estado por causa da insegurança para se adquirir terras?

Me posicionei contra a PEC 215 por questão de coerência. Se entendo que somente o Poder Judiciário tem legitimidade para salvaguardar a Constituição Federal e fazer valer a lei para todos, como poderia concordar que um colegiado leigo passe a ter a prerrogativa para decidir uma questão tão complexa como essa?

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Entrevista para demarcação. A Carta Magna é clara e a decisão da Suprema Corte é cristalina no sentido de garantir que apenas as terras tradicionalmente ocupadas até 1988 podem ser homologadas e que toda invasão ocorrida após esse marco temporal é esbulho e deve haver reintegração de posse ao legítimo proprietário. Neste cenário, acredito que o papel do governador será muito importante, mas a última palavra deverá ser mesmo do Poder Judiciário.

CANA S.A. – O senhor se posicionou contrário a PEC/215 - que transfere para o Congresso Nacional a responsabilidade de demarcação das terras disputadas por indígenas e produtores rurais. Para o senhor que tipos de consequências poderiam trazer para o produtor rural?

do campo decidirá se a terra poderá ou não ser demarcada. O colegiado, assim como ocorre hoje com os antropólogos da FUNAI, sofrerá influência ideológica, política, partidária, de ONGs internacionais, então que essa prerrogativa continue com o Poder Judiciário que, até onde sabemos, é imparcial para decidir essa questão.

CANA S.A. – No mês de março a Frente Produtiva do Brasil se reuniu com os produtores rurais de Dourados e de outros Estados para um protesto contra os casos de corrupção no governo Federal e por melhorias no setor produtivo do país, mas o evento não contou com a presença Não faz sentido de representantes da Famasul que a Petrobras, que (Federação da Agricultura e Pedetém o monopólio cuária de Mato Grosso do Sul). dos combustíveis Como o senhor avalia esse tipo fósseis, trate, ao de protesto por parte dos produtores rurais, e se isso pode mesmo tempo, ajudar a trazer melhorias para de combustíveis o setor em Mato Grosso Do Sul?

ZÉ TEIXEIRA – Me posicionei contra a PEC 215 por questão de coerência. Se entendo que somente o Poder Judiciário tem legitimidade para salvaguardar a Consrenováveis como o tituição Federal e fazer valer a lei etanol. ZÉ TEIXEIRA - Protestos para todos, como poderia concorcomo o ocorrido em Dourados, dar que um colegiado leigo passe a sob a coordenação da União Deter a prerrogativa para decidir uma mocrática Ruralista (UDR) por questão tão complexa como essa? meio da Frente Produtiva do Ora, não precisamos de PEC ou de Brasil, revelam a situação desesqualquer outra lei, precisamos apeperadora em que se encontra nas que se cumpra a Constituição o produtor rural diante do desFederal e quem tem prerrogativa cumprimento da lei por parte dos governantes. Vipara isso é o Poder Judiciário, através da sua mais vemos hoje uma indústria de demarcação, seja para alta corte que é o Supremo Tribunal Federal. O que a reforma agrária, para legitimar áreas quilombolas não pode é de um lado existir a FUNAI, que, mesque nunca existiram ou para criar novas áreas indímo sem estar investida em poder legal edita ato Adgenas ao arrepio da Constituição Federal. É por isso ministrativo onde o Ministério da Justiça, de forma que o setor produtivo protesta e como legítimo reequivocada, homologa e manda antropólogos da presentante desse setor sempre estarei ao lado do própria FUNAI decidir se a terra é indígena ou não, homem do campo, apoiando toda e qualquer iniciaenquanto do outro lado um colegiado formado por tiva que tenha como objetivo defender o direito de apenas 20% de pessoas que conhecem a realidade

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propriedade, o Estado Democrático de Direito e o devido processo legal. CANA S.A. - A Presidenta Dilma nomeou para o seu segundo mandato no ministério da agricultura uma produtora rural, a Senadora Kátia Abreu, que foi chamada por uma entidade ruralista do Estado de São Paulo de traidora por aceitar o cargo. O senhor que é de um partido que faz oposição ao governo da Presidenta Dilma, o que achou da ida de Kátia Abreu para o ministério, e o que vocês ruralistas espera da ministra? ZÉ TEIXEIRA - A nomeação da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) foi excelente para todo agronegócio. Não compactuo com essa leitura que ela trairá o setor produtivo, mesmo porque ela chegou ao ministério graças ao trabalho sério que desenvolveu à frente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). A ministra Kátia Abreu nunca se posicionará contra o agronegócio, pelo contrário, dentro das possibilidades que seu ministério permitir, ela vai trabalhar para que o agronegócio continue gerando riquezas para o país e, sobretudo, equilibrando a balança comercial através de um superávit que nenhum outro setor é capaz de garantir neste momento. A ministra Kátia Abreu sabe que não existe economia saudável sem um agronegócio fortalecido e ela trabalhará para fortalecer cada vez mais esse importante setor da economia nacional. CANA S.A. - O setor sucroenergético que gera milhares de empregos em Mato Grosso do Sul, vem sofrendo uma de suas piores crises, principalmente pela política adotada pelo governo da Presidenta Dilma no seu primeiro mandato. Agora no seu segundo mandato ela vem atendendo algumas reivindicações que o setor vinha pedindo há anos, como a volta da cide sobre a gasolina e o aumento na mistura do etanol anidro de 25 para 27 por cento na gasolina. Para o Deputado Zé Teixeira essas medidas do governo Federal são suficientes para

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que o setor volte a crescer? O senhor como deputado da base aliada do Governador Reinaldo Azambuja, acha que o Estado também tem que fazer a sua parte com algum tipo de incentivos para que o setor saia da crise e volte a gerar empregos? ZÉ TEIXEIRA - Não acredito que as medidas anunciadas pelo governo federal, como a elevação do etanol na gasolina, sejam capazes de tirar o setor sucroenergético da crise. O governo precisa desenvolver políticas mais sérias e sustentáveis para esse setor, editando, quem sabe, um novo Programa Nacional do Álcool (Proalcool), desonerando a carga tributária que incide pesadamente sobre o setor; criando linhas de crédito de longo prazo para as usinas; incentivando a modernização das plataformas industriais e, sobretudo, separando o setor do etanol da Petrobras. Não faz sentido que a Petrobras, que detém o monopólio dos combustíveis fósseis, trate, ao mesmo tempo, de combustíveis renováveis como o etanol. O governo federal deveria aproveitar esse momento de crise na Petrobras para fortalecer o etanol, criando uma política própria para o setor, separando o combustível renovável do fóssil e dando uma nova expectativa para as usinas. Em relação ao governo do Estado, posso afirmar que o governador Reinaldo Azambuja está atento ao problema e deve anunciar medidas para o setor sucroenergético nas próximas semanas. CANA S.A. - Os deputados Estaduais do Estado de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do País, criaram uma frente parlamentar em defesa do setor sucroenergético para ajudar o setor a sair da crise. A Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul vem desenvolvendo algumas ações que possa ajudar o setor sair da crise e voltar a atrair novas indústrias canavieiras? ZÉ TEIXEIRA - A Assembleia Legislativa já tem trabalhado pelo fortalecimento do setor sucroenergético, mesmo porque as políticas públicas que sustentam as usinas em Mato Grosso do Sul, como incentivos fiscais, por exemplo, passaram pelo crivo dos deputados estaduais. Hoje, graças ao trabalho realizado tanto na gestão do

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Entrevista ex-governador José Orcírio, quanto no governo de André Puccinelli, o Mato Grosso do Sul tem políticas voltadas para esse setor tão importante para nossa economia e a Assembleia Legislativa tem sido uma grande parceira por entender que as usinas de açúcar, álcool e energia elétrica geram não apenas divisas para o Estado, mas, sobretudo, emprego e renda para nossa população.

CANA S.A. - O senhor reivindicou recentemente junto à Secretária de Estado de Educação o retorno dos Cursos Técnicos de Agricultura e Açúcar e Álcool, em Nova Alvorada do Sul. O Estado ainda é carente de mão de obra especializada? E isso pode atrapalhar a vinda de novas indústrias para Mato Grosso do Sul? ZÉ TEIXEIRA - A demanda por mão-de-obra especializada nessa área é gigantesca. As indústrias CANA S.A. - Na cidade onde o senhor reside estão trazendo técnicos de São Paulo para trabalhar “Dourados”, o Prefeito Murilo zauith com a ajuaqui, quando poderíamos formar da do deputado Zé Teixeira criou esses profissionais para atuar no um projeto arrojado que foi a mercado. Hoje o Estado tem muiimplantação do polo de serviços tos doutores e poucos técnicos, de para atender o setor sucroenerforma que é preciso investir mais na gético e as indústrias de toda a formação desses profissionais para região. Como anda esse projeto que eles entrem no mercado de traque o senhor ajudou implantar, O governo balho com uma remuneração maior. e o que a região da grande Doufederal deveria Defendo a abertura de novos cursos rados ganhou com esse polo de aproveitar esse técnicos na área sucroenergética e serviço? nos demais setores da cadeia promomento de crise dutiva porque entendo que quanto ZÉ TEIXEIRA - Esse setor gana Petrobras para mais capacitada for nossa mão-denhou atenção especial em Dourados fortalecer o etanol, -obra mais indústrias atrairemos e por dois motivos: 1 – o prefeito Mucriando uma política mais jovens poderemos colocar no rilo Zauith é um empreendedor nato própria para mercado de trabalho. e enxergou nas usinas uma possibilidade muito patente de transforo setor CANA S.A. - Como deputamar o município em polo regional do estadual quais suas ações para sucroenergético, oportunizando a melhorar o trabalho dos produinstalação de indústrias que estão tores do Estado? trocando o interior de São Paulo por Dourados exclusivamente para ZÉ TEIXEIRA - Minha luta tem atender as usinas existentes hoje na sido e continuará sendo pela desregião. 2 – O prefeito Murilo é natuburocratização da vida do produtor rural. Quem planta ral de Ribeirão Preto e testemunhou a transformação e cria sofre com uma pesada carga tributária e com leis que o setor sucroenergético promoveu naquela região que mais complicam do que ajudam, por isso entendo de São Paulo. É evidente que a crise do momento acaque tirar a burocracia dos serviços ao produtor é a melhor ba retraindo o setor e retardando investimentos, mas forma de incentivar a produção. O produtor paga imposacredito que tudo será superado e Dourados continuará to e acaba mal atendido na hora que precisa do poder firme no propósito de ser a capital do setor sucroenerpúblico, de forma que tenho trabalhado para mudar essa gético não apenas no Mato Grosso do Sul, mas em todo realidade seja na agricultura, pecuária, avicultura, suinoo Centro-Oeste. cultura, piscicultura ou qualquer outra área do agrone-

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gócio do meu Estado. Um exemplo desse comprometimento com o setor foi o Projeto de Lei de minha autoria que criou o cadastro único da Declaração do Produtor Rural (DAP), acabando com uma série de incorreções que atrapalhavam a vida do homem do campo. Defendo o agronegócio porque sei que ao defender esse setor também estou defendendo mais empregos, mais renda, mais qualidade de vida para nossa gente, uma vez que a indústria de transformação de tudo que o campo produz gera milhares de vagas no mercado de trabalho, garante os impostos que mantém as cidades e melhora a vida das pessoas que mais precisam do poder público. CANA S.A. - O Senhor é produtor rural e está exercendo o seu sexto mandato de Deputado Estadual, onde sempre lutou para defender os interesses da classe produtora. Qual o sonho que o deputado Zé Teixeira ainda falta realizar na vida

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pública? Governar Dourados, a cidade onde mora? ZÉ TEIXEIRA - Toda pessoa, seja pública ou não, tem seus sonhos e deve alimentá-los. Ao longo de toda minha vida política contei com o apoio da minha família, da minha esposa, com quem estou casado há 55 anos, dos meus filhos e netos, e antes de pensar em ser prefeito preciso saber se eles também compartilham deste sonho. Acredito no governo Murilo Zauith e tenho convicção que ele está trabalhando para melhorar a vida da nossa gente, mas não posso falar em candidatura neste momento, mesmo porque, não posso ser candidato de mim mesmo. O sonho deixa para que Deus decida se deve ou não virar realidade, já que no momento estou mais preocupado em curtir minha família, meus quatro netos e a expectativa da chegada do primeiro bisneto, o Joaquim. Por Wilson Nascimento

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Legislação

Queimadas: análise dos impactos na qualidade do ar O

s impactos na qualidade do ar estão mais fortemente relacionados às queimadas dos canaviais e ao uso de combustíveis fósseis (principalmente diesel) na prática agrícola (preparo da terra, plantio, colheita e transporte) e no escoamento do etanol produzido. Há tempos que existe legislação de controle e de proibição da prática da queima de canaviais brasileiros. No âmbito nacional, o decreto n°. 2.661, de 8 de julho de 1998, estabelece, dentre outras providências, a eliminação gradativa do emprego das queimadas nos canaviais onde a colheita mecanizável é tecnologicamente possível. Prevê a redução de, no mínimo, 25% da área mecanizável (declividade inferior a 12%) a cada período de cinco anos a contar de 1998. Adicionalmente, estabelece que a queima controlada deverá ser previamente autorizada pelo órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), com atuação na área onde se realizará a operação. Portanto, o decreto estabelece que em 2018 haverá o fim das queimadas em 100% das áreas mecanizáveis no país. No estado de São Paulo, há legislação local de controle de queimadas e um prazo estipulado para o fim dessa prática, substituindo-a pela colheita mecanizada (cana crua). A suspensão está prevista

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na lei estadual 11.241, de 2002, que determina a eliminação gradual da queima de cana em áreas mecanizáveis (com declive de até 12%) até 2021 e nas áreas não-mecanizáveis (com aclive) até 2031. Pelo cronograma, em 2006 a queimada estava vetada em 30% das áreas mecanizáveis. Recentemente, o governo do estado de São Paulo firmou um protocolo com a UNICA para reduzir o prazo de 2021 para 2014 nas áreas mecanizáveis, e de 2031 para 2017 nas áreas não mecanizáveis. O estado de Minas Gerais tem protocolo semelhante; como os dois estados respondem

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por dois terços da cana produzida no país o impacto positivo será significativo mesmo a nível nacional. Queima da cana A queimada dos canaviais é um problema ambiental e de saúde pública. A sua prática é antiga e disseminada nos estados produtores, sendo utilizada para aumentar a produtividade do trabalho na colheita e reduzir custos de transporte. Estima-se que 40% da colheita da cana na safra 2008/2009 tenha sido manual no estado de São Paulo (CTC, 2008), responsável por cerca de 60% da produção nacional (IBGE, 2008), o que


obriga a queima prévia do canavial. A prática da queima da cana-de-açúcar reduz a quantidade de água do solo devido ao calor intenso, altera as características estruturais do solo, o que, consequentemente, desencadeia efeitos erosivos, e provoca a ocorrência de enxurradas (perdas de solo, nutrientes e água) devido à redução da cobertura vegetal. Adicionalmente, pode comprometer ou eliminar mananciais por erosão e assoreamento ao destruir as matas ciliares. Como problemas ambientais, destacam-se também a poluição atmosférica por gases e fuligens, a destruição e a degradação de ecossistemas (ver seção ocupação do solo e biodiversidade) e do solo (ver seção preservação do solo). A queima da cana-de-açúcar resulta em emissões potencialmente danosas para a saúde humana: CO, CH4, compostos orgânicos e materiais particulados (“carvãozinho”). Está também relacionada ao aumento das concentrações de ozônio nas cidades próximas às plantações de cana. A poluição urbana causada se agrava ainda mais no período do inverno, em que ocorrem frequentes inversões térmicas. Existem estudos que afirmam haver relação direta (assim como outros afirmam que essa relação não existe) entre a queima da cana e doenças respiratórias e infecções agudas crônicas (SMEETS et al., 2006). Estudos do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SALDIVA & MIRAGLIA, 2004) também afirmam que essa relação existe, atingindo mais crianças e idosos.

Porém, não se sabe ainda a magnitude das infecções agudas crônicas no país ocasionadas por particulados de queima de combustíveis ou biomassa, nem qual a importância relativa dos efeitos das queimadas e do clima normalmente frio e seco do período de safra de cana. Fiscalização exemplar Existem oportunidades para reduzir e/ou eliminar por completo a prática das queimadas e reduzir as emissões de gases precursores de efeito estufa provenientes da queima e do escoamento da produção de etanol. Uma das alternativas é aperfeiçoar e fazer cumprir, mediante eficiente fiscalização, a legislação existente que prevê o fim das queimadas. Encurtar o prazo para proibição completa das queimadas em nível nacional é uma alternativa a ser considerada. Outra alternativa seria obrigar as novas usinas a não queimarem os canaviais, enquanto as já existentes cumpririam um período de transição (esta regra já é aplicada no estado de São Paulo). No entan-

to, não é uma alternativa simples pelos aspectos sociais envolvidos. Falha no cumprimento da legislação Mesmo com a gradativa redução das áreas onde a prática da queima da cana é permitida, há o premente risco de, até a completa proibição da queima, haver a degradação dos remanescentes florestais (mata ciliar, cobertura de mananciais, áreas de preservação) e do impedimento da regeneração natural (perenização da degradação). Além disso, a prática da queima causa riscos e danos à infraestrutura (rede elétrica de distribuição e transmissão, rodovias, ferrovias), além das reservas florestais. A queima acidental de reservas florestais ou plantações adjacentes aumenta a emissão de gases poluentes e de gases precursores de efeito estufa. Outro aspecto de fragilidade a ser mencionado são as falhas atuais existentes na fiscalização e cumprimento da legislação vigente. Da redação

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Máquinas e Equipamentos

Case IH doa trator para uso em pesquisa agropecuária no Cerrado

“Da esquerda para a direita, em cima do trator: Dep. Prof. Rinaldi, Dep. Paulo Correa, Dep. Beto Pereira, (atrás) Adriano Loeff Presidente Fundação Chapadão, Reinaldo Azambuja (governador do Mato Grosso do Sul), Dep. Teresa Cristina. Edson Borges (Fundação Chapadão), Dep. Junior Mocchi, Ronan Garcia (Uniggel) e José Antônio Colagiovanni (BTG).”

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Case IH, em parceria com as concessionárias BTG e Uniggel, doou um trator Farmall 60 para a Fundação Chapadão, de Mato Grosso do Sul, especializada em estudos agropecuários. A entrega do equipamento foi feita durante a 23ª Exposul – Exposição Agropecuária e Industrial de Chapadão do Sul -, realizada entre os dias 03 e 07 de junho em Chapadão do Sul, e teve a participação do governador do estado, Reinaldo Azambuja. Criada há 18 anos, a Fundação Chapadão atua na área de pesquisa e difusão de novas técnicas para o desenvolvimen-

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to da agropecuária da região do Cerrado. Segundo levantamento feito pela Fundação, a área de abrangência é de 770 mil hectares, representando uma produção de 2,5 milhões de toneladas e rebanho de um milhão de cabeças. O Farmall 60 será usado nas atividades de plantio de culturas como soja, milho e algodão nos campos de experimentos. Antes, a Fundação dependia do empréstimo de tratores para fazer o trabalho. Legenda da imagem: Fonte: Case IH


Sistemas inteligentes para a colheita John Deere aposta em soluções para maior produtividade

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John Deere está concentrando seus esforços para apresentar produtos com uma visão de futuro ligada aos desafios da terra, e desenvolvidos pensando na necessidade dos agricultores. É com essa proposta que a fabricante apresenta a nova Série S de colheitadeiras. A nova Série S de colheitadeiras está disponível nos modelos S540, S550, S660, S670 e S680. O equipamento promete finalizar a colheita em até sete dias antes do previsto. O sistema de limpeza DF3 (disponível nos modelos S660, S670 e S680) separa os grãos dos resíduos sem

danificá-los ou perdê-los na lavoura. Isso possibilita a redução do custo de tonelada colhida, chegando até 2,5 kg/ha a menos em perdas. As máquinas possuem monitor de controle CommandCenter sensível ao toque e o sistema inteligente HarverstSmart, que muda a velocidade da colheitadeira automaticamente. Outro destaque da fabricante é a plantadeira DB40 que, com sistema de taxa variável, permite o controle automático de dosagem das sementes. Já a tecnologia RowCommand presente na máquina garante maximização dos recursos de plantio.

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Opinião

CADASTRO AMBIENTAL RURAL: O que fazer até 2016

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esde 06/05/2014 quando surgiu ao produtor a notícia da Instrução Normativa 2/2014 do Ministério do Meio Ambiente, uma grande maioria sabe que o CAR é “aquela obrigação legal que pode ser prorrogada mais um ano” e por isso temos nos dedicado a estuda-lo sob todas as suas possibilidades, consequências e orientar com a máxima divulgação todas as informações para que esse número de adesões seja maior ao final do prazo. A prorrogação chegou e não há outra hipótese na lei para ampliação deste prazo, a Portaria nº 100 de 04 de maio de 2015 do Ministério do Meio Ambiente declarou oficialmente a prorrogação do Cadastro Ambiental Rural a contar de 05/05/2015, fazendo então com que o prazo seja 06 de maio de 2016, num quadro de baixíssima adesão neste estado de Mato Grosso do Sul, onde menos de 15% das propriedades rurais foram cadastradas, são cerca de 83 mil ao todo. Lembrando que este prazo foi estabelecido pelo art. 29 do ‘Novo’ Código Florestal (Lei 12.651/2012) e o art. 21 do

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Decreto 7830/2012. É importante que o produtor busque, com técnico, seja ambiental ou jurídico, para levantar todos os custos, documentação e informações garantindo a regularização das áreas de interesse ambiental. Importante lembrar sempre que o CAR não é documento de comprovação fundiária, é um documento declaratório sobre a situação ambiental de uma área cuja responsabilidade de manutenção é daquele que declarou. Portanto, não gera direitos sobre a forma de uso do solo. Dentre os benefícios do CAR temos, além de segurança jurídica para as propriedades no que diz respeito à regularização ambiental, também uma possibilidade de planejamento de “ATIVOS” ambientais, aquela área excedente ao necessário, ainda assim, recentemente tem-se divulgado que produtores rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural podem receber um abono de 0,5% na contratação de financiamento rural. O que mais importa ao produtor, certamente é o fato de que o CAR será e já serve como INSTRUMENTO DE MERCADO para negociação junto a empresas como frigoríficos, bancos, usinas, etc.

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PEDRO PUTTINI MENDES é Advogado, sócio-diretor da P&M Advogados e Presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/ MS (contato@pmadvocacia.com). Pós-Graduando com Especialização em Direito Empresarial e Advocacia Empresarial pela LFG e Pós-Graduado com Especialização em Direito Civil e Processo Civil pela Uniderp/ Anhanguera. Enfim, o tal “CAR”, nada mais é do que um documento de identidade da propriedade rural, um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais (art. 6º, Decreto nº 7.830/2012), já claramente definido pelo art. 29 do Código Flo-


restal como sendo “registro público eletrônico de âmbito nacional, [...] com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais”. O fim do prazo não significa que não será mais possível fazê-lo, mas ficarão os não cadastrados sujeitos a várias consequências legais, por isso sabe-se que é obrigatório, porém, a iniciativa depende de cada produtor, ao exemplo do imposto de renda. Atentem-se quanto à busca de profissionais e aparatos de confiabilidade, pois além da responsabilidade pelas informações declaradas, podem ocorrem futuras implicações ambientais até mesmo criminais, sem falar-se em sobreposições de áreas, como já citou a Resolução nº 11 da SEMAC que recomenda o bloqueio do cadastro quando realizado sobre áreas impeditivas como as já certificadas pelo INCRA, área de Reserva Legal já cadastrada ou de terras indígenas. Muitos produtores questionam-se sobre a necessidade de manter ou criar reservas legais em todos os imóveis e a resposta está na data de 22/07/2008, quando nos imóveis rurais que detinham até tal data até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nati-

va existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo (art. 67 do Código Florestal). Nos demais casos, todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei 12.651/2012. O não preenchimento pode acarretar prejuízos nas mais diversas esferas, como por exemplo, ambiental, tributária, financeira e penal. Na esfera ambiental pode acarretar multas, suspensão de multas cometidas até 22/07/2008, falta de licenciamentos, para uso ou exploração dos recursos naturais da propriedade, no que podemos ver o exemplo da aquicultura e outras atividades. Poderá implicar ainda na impossibilidade de deduzir as áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal. Na esfera tributária, a falta do CAR poderá ainda implicar no cálculo do ITR, visto que, o Imposto Territorial Rural abate em seu cálculo, as APP’s e Reserva Legal, que serão declaradas no CAR. Problemas criminais ainda são pouco passíveis de preocupação, mas a Lei de Crimes Ambientais, Lei Federal nº 9.605/1998, garante que

“Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa” (art. 68), sem contar alguns outros exemplos, quando do cadastramento de informações falsas (art. 69-A). O produtor não deve ser autuado e multado automaticamente pelo fato de ter cadastrado suas informações ambientais no CAR, pois o momento é de cadastro e não avaliação, de qualquer maneira o Decreto nº 7.830/2012 já garante no art. 7º que, caso sejam “detectadas pendências ou inconsistências [...] o órgão responsável deverá notificar o requerente, de uma única vez, para que preste informações complementares ou promova a correção e adequação das informações prestadas. ” Como o momento é de cadastro, o mesmo Decreto 7830/2012 prevê que “enquanto não houver manifestação do órgão competente acerca de pendências ou inconsistências nas informações declaradas e nos documentos apresentados para a inscrição no CAR, será considerada efetivada a inscrição do imóvel rural no CAR, para todos os fins previstos em lei.”, ou seja, a antecipação é essencial, evitando que todas estas adequações sejam feitas com prazo exíguo, levando o produtor a permanecer às margens da lei enquanto não apreciados os documentos de seu processo.

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Especial

Linha Volvo é a mais completa e diversificada para atender o setor sucroenergético do Brasil

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Volvo tem a mais completa e diversificada linha de caminhões para atender as necessidades de transporte do setor sucroenergético brasileiro. Os veículos da marca estão presentes em todo o ciclo, desde o plantio, acompanhamento e apoio na lavoura, passando pela colheita e processamento, até o transporte dos produtos acabados junto ao cliente final. “Temos uma ampla gama de modelos e especificações as mais diversas para cumprir as diferentes demandas que esta atividade exige”, declara Bernardo Fedalto, diretor de caminhões Volvo no Brasil. “Somos, inclusive, o único fabricante que possui uma oferta completa não só de caminhões, mas de outros equipamentos necessários nas unidades que produzem cana, açúcar e álcool”, observa Ricardo Tomasi, engenheiro de vendas da Volvo. Além dos caminhões VM e das linhas F e FMX, a Volvo pode oferecer equipamentos como carregadeiras e escavadeiras da marca, além de motores industriais Penta. “Temos uma oferta de produtos que cobre todas as necessidades de transporte

e de logística, seja na lavoura, na indústria, nas estradas rurais ou nas rodovias”, afirma Tomasi. “O setor sucroenergético demanda várias aplicações, cada uma com suas peculiaridades. Nossos veículos são utilizados em todas elas”, declara Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas da Volvo. Os caminhões Volvo possibilitam diferentes especificações para cumprir as necessidades de transporte de cana picada, inteira, açúcar ou álcool, ou ainda em atividades de apoio. FMX Para operações mais pesadas fora de estrada e tráfego em estradas irregulares, a Volvo possui o FMX, um caminhão que se destaca por sua robustez, alta capacidade de carga e excelente estabilidade. Para atividades relacionadas à cana, é oferecido na versão 6x4 nas potências de 370cv, 380cv, 420cv, 460cv, 500cv e 540cv, justamente para enfrentar terrenos mais difíceis com altas potências e torques.

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O modelo FMX rígido é ideal para topografias mais severas, em virtude de sua alta capacidade de tração, aderência e grande estabilidade. São muito comuns nas composições Romeu & Julieta, Treminhão, Tetraminhão e Pentaminhão. O cavalo mecânico FMX normalmente é indicado para aplicações com velocidades médias mais altas, para composições tipo Rodotrem, trafegando geralmente em trajetos com topografias mais planas. Para o transporte de produtos acabados (açúcar ou álcool), a indicação é para o uso do modelo FH, acoplado a carretas três eixos ou com tanques nas composições do tipo bitrem, rodotrem ou bitrem de 9 eixos. São ideais para longas distâncias rodoviárias, saindo das unidades industriais para os portos, por exemplo. Com altas potências e elevados torques, a linha FH é muito útil no transporte de produtos a granel e de alta densidade, em composições de até 74 toneladas de PBTC. Transbordo e apoio “A linha VM está se consagrando no setor sucroenergético”, diz Francisco Mendonça, gerente de caminhões VM. Além da aplicação de transbordo, fazendo o recebimento da cana e posterior transferência para os caminhões com maiores capacidades de carga e potência, a linha VM é bastante indicada em atividades de apoio e para locais onde há restrições para tráfego de composições maiores. “Os VMs têm uma diversificada atuação neste segmento, chegando em qualquer ponto do canavial”, ressalta Mendonça. Podem atuar como caminhão bombeiro, oficina, implementados com caçamba ou tanque para transporte de vinhaça, com carreta três eixos para transporte de insumos, apoio ao plantio e ainda servindo como veículo de lubrificação ou guindaste. São oferecidos com motores nas potências de 220cv, 270cv e 330cv e inúmeras configurações de chassis, caixas de câmbio e entre eixos. Credito: Volvo Foto: Volvo

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Cana Net

Ethanol Summit discute possibilidades de aumentar o fomento ao biocombustível O final da quinta edição do evento integrou discussões técnicas e políticas para que o setor de etanol viva sua retomada

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segundo e último dia do Ethanol Summit reuniu discussões políticas e técnicas que ressaltaram a importância do contínuo investimento no setor de biocombustíveis para sustentar o crescimento global e diminuir a intensa dependência dos combustíveis fósseis. Um dos destaques do dia ficou por conta da realização de plenária entre os três governadores dos principais estados produtores de cana-de-açúcar no Brasil. Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Beto Richa (PSDB-SP) e Marconi Perillo (PSDB-GO) abordaram as iniciativas adotadas em seus mandatos para incentivar a produção de etanol e bioenergia, bem como a necessidade de políticas federais mais consistentes para que o segmento tenha confiança para investir. Outra questão discutida pelos governadores nesse painel foi relativa à redução de alíquotas para a produção sucroenergética. Em São Paulo, por exemplo, o ICMS (Imposto sobre Operações Relativas

à Circulação de Mercadorias) aplicado ao etanol é de 12%, o menor do país. Beto Richa e Marconi Perillo se comprometeram com medidas que possam diminuir essa alíquota em seus estados. Além disso, os três governadores assumiram o empenho em um trabalho conjunto para fortalecer o segmento de maneira nacional, em uma tarefa que possa dar mais segurança a produtores e empresários do setor. A abertura do Ethanol Summit contou com a participação de nomes do setor empresarial e

também do economista Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, em plenária sobre o cenário macroeconômico do país e a busca pela competitividade para as energias renováveis. Netto abordou dados sobre o crescimento econômico mundial e a necessidade do desenvolvimento e implementação de energias de fontes alternativas. ”É necessário mudar a forma de se aproveitar energia dissipada no ambiente e retomar a utilização dos combustíveis renováveis”. O segundo dia do

evento contou ainda com a realização de diferentes painéis com discussões técnicas e conjunturais sobre o setor sucroenergético, com a exposição de diferentes iniciativas inovadoras, fruto de intercâmbio entre a tecnologia dominada pelas companhias brasileiras e a mais moderna tecnologia internacional. Em formato 360º, os painéis ofereceram aos participantes a possibilidade de acompanhamento simultâneo de diferentes temas, de acordo com seu interesse e disponibilidade.

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Capa

Como driblar a crise da indústria Canavieira Mesmo em crise o Setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul foi o que mais empregou no primeiro quadrimestre de 2015.

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instabilidade financeira mundial de 2008 deu início a uma das maiores crises enfrentadas pelo setor sucroenergético no Brasil. A defasagem do preço do etanol, as condições climáticas desfavoráveis à safra de cana-de-açúcar, a mecanização dos canaviais, que aumentou os custos de produção, e a falta de políticas públicas nacionais voltadas às questões energéticas são alguns dos motivos que colaboraram para o fechamento de 50 usinas até marco de 2015. O atual cenário contradiz o vivido há dez anos, pois os anos de 2005 e 2006 foram extremamente favoráveis ao setor sucroenergético, principalmente pelo forte apoio do governo na difusão do etanol como energia renovável e ambientalmente sustável, o resultado de tal quadro

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foi a abertura de dezenas de novas unidades produtoras de etanol e açúcar, dinamizando todo o setor em seu entorno, com grande destaque para as indústrias de bens de capital. De acordo com estimativas da Unica (União da Indústria de Cana de açúcar) pelo menos dez usinas deverão fechar até o final da safra 2015/16. Para o sul-mato-grossense René Walter Kröger, empresário do ramo, os fechamentos estão acontecendo devido a total inviabilidade do negócio. “Estamos assistindo a aumentos constantes de custos de fertilizantes, salários, defensivos agrícolas, peças de manutenção dos equipamentos, muitos aumentos justificados pelo dólar, além do diesel que subiu recentemente em função do retorno da CIDE, porem o Etanol que subiu junto já retorno aos seus preços anteriores”, afirmou.

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Na opinião do empresário Rene, da Usina DCOIL, o caminho para o “abismo” iniciou-se quando o governo retirou a CIDE da gasolina, segurando o preço do Etanol e abandonando o setor pelo Pré- Sal. “Para estancar isto somente com um plano do governo, focado em estruturar o setor, fala-se muito de um plano de ajuda igual foi feito no passado para o setor financeiro (PROER)”, destacou. O empresário diz que as expectativas para a safra 2015/16 são as piores possíveis. “Não temos caixa para parar de moer e entrar na entressafra, sem caixa nem credito como fazer as manutenções necessárias? Como honrar compromissos já assumidos com fornecedores de materiais, com fornecedores de cana e arrendatários? Como comprar adubos, gessos, calcários e defen-


sivos para plantio e ainda pagar os funcionários?” Questionou Rene. Kröger conta que a gestão para amenizar os impactos sofridos pela crise enfrentada é diária, pois a cada dia aparecem novidades, “sempre negativas onde toda a cadeia sofre pois sempre há atrasos de pagamentos, a única saída que vemos no nosso caso por estar próximo de grande quantidade de plantações de milho será a constituição de uma Destilaria Flex”, acrescentou. Destilaria Flex Como o próprio nome sugere, trata-se da Destilaria que teria a possibilidade de produzir etanol a partir de mais de um tipo de matéria-prima. Hoje, após vários avanços tecnológicos, é possível a produção de etanol a partir do sorgo sacarino – planta da família da cana – da celulose contida no bagaço da cana - etanol de segunda geração - e do milho. Este último, mesmo sendo da cadeia produtiva de alimentos, vem ganhando espaços no Brasil devido vários fatores como: 1 - Cenário mundial favorável com aumento da produção, aumento não proporcional do consumo e que resultou, nas últimas cinco safras, um aumento nos estoques e consequente redução dos preços de comercialização. 2 – Aumento da produtivida-

de brasileira, nos últimos 10 anos a produtividade média subiu de cerca de 120-130 sacas/ha para até 180200 sacas/ha. 3 – Tecnologias de baixa complexidade – o etanol de milho é produzido a partir do amido que precisa ser convertido para açúcares fermentescíveis (glicose) por um processo enzimático que é facilmente adaptável às destilarias instaladas hoje. Após a conversão do amido em glicose a fermentação para produção do etanol ocorre da mesma forma que com caldo de cana. 4 – Estabilidade na produção uma vez que o milho é colhido armazenado e a destilaria não mais sofrerá paradas na produção por causa da chuva ou quaisquer outros eventos climáticos. 5 – Alta produtividade do milho (400L/t) gerando um coproduto de alto valor agregado o DDGS Dried Distillers Grains with Solubles ou Grãos Secos de Destilação com Solúveis – que é comercializado por até R$ 500,00 a tonelada. 6 – Baixo consumo de energia para processamento, uma vez que o milho precisa ser apenas moído e cozido para fornecer os “açúcares fermentescíveis” para a produção do etanol e esse processo se faz com máquinas pequenas e utilizando vapor de baixa pressão, quando comparado às robustas moendas ou di-

fusores utilizados para a extração do caldo da cana. De acordo com o professor universitário, Edilson Santos, graduado em Química e especializado em Produção Sucroalcooleira, é importante frisar que o milho não tem o bagaço para servir de combustível para as caldeiras como a cana e que é a união das duas tecnologias que poderá ser a grande alternativa para enfrentar momentos de crise como esta que o setor vem passando. “Penso que, no Brasil, o milho não pode substituir a cana na produção de etanol, mas sim, configurar como um incremento na produção do mesmo” salientou. Reestruturação do setor em Mato Grosso do Sul Na visão do economista Fabio Castilho o setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul encontra-se em vantagem em relação ao cenário enfrentado pelos demais estados produtores de cana-de-açúcar, o especialista afirma que as usinas de MS não estão passando por uma crise, e sim por uma reestruturação. “O Estado cresce mais do que o Brasil, e a tendência é a vinda de um II Proálcool ou Proer (Programas de Financiamento do Governo), para a reestruturação e alavancagem financeira. Essa reestruturação está sendo feita por dificuldades financeiras do setor, mas existem investidores e meios para que o setor da agroindústria canavieira não sinta o reflexo visto em São Paulo e Minas Gerais com o fechamento de mais de 50 usinas”, argumentou. Ele acrescenta que algumas unidades no Mato Grosso do Sul foram fechadas por serem unidades muito velhas e teriam que ser ampliadas, e por isso tiveram suas operações finalizadas. “São usinas de 1977, do início do Proálcool”, afirmou. O economista relembra que a agroindústria canavieira brasileira teve dificuldades com a desregulamentação do setor nos anos de 1999/2000, passando por uma crise,

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onde o etanol era vendido por R$ 0,29 no interior paulista. E depois, no período de 2000 a 2010, o setor, teve um crescimento maior frente às outras culturas, como: soja, milho, algodão e outras. Fábio é otimista na reestruturação do setor. “A cultura da cana-de-açúcar vive um ciclo sistêmico de altas e baixas, conforme acontece com outras culturas brasileiras e mundiais, como: soja, milho, café, carnes (bovina, aves, suínas, e outras). E a tendência, é a melhoria com as ações governamentais e dos grupos presentes no Brasil e no MS”, salientou. Castilho afirma que Mato Grosso do Sul tem uma particularidade diferente de outros estados produtores de cana-de-açúcar, e a reestruturação é inevitável para a sobrevivência do setor, o crescimento da produção e o fortalecimento do agronegócio. “No estado existem grupos nacionais e internacionais com grande aporte financeiro e investimentos altíssimos, e desde o ano de 2011 no estado, o setor está passando por algumas dificuldades financeiras devido à gestão empresarial e decisões de produção para o mercado interno e externo”, concluiu. Soluções para a crise Em março desse ano, os governadores Geraldo Alckmin (São Paulo), Beto Richa (Paraná), Pedro Taques (Mato Grosso) e Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) reivindicaram estímulos ao setor sucroenergético através de uma carta destinada ao Governo Federal. No documento os representantes dos estados produtores solicitaram várias medidas, entre elas o aumento da mistura de etanol anidro à gasolina e defendem a meta de 30% na proporção, incluindo políticas de incentivo aos veículos híbridos com uso da tecnologia flex, defendem como cláusula pétrea a definição do etanol na Matriz Energética do Brasil, com participação no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e se

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comprometem a defender a abertura e programas de renegociação de dívidas (similar ao PESA) e manutenção das linhas de crédito ao setor (Pró-Renova e Warrantagem) com juros equalizados e adequação de prazos ao perfil do ciclo produtivo. A principal reclamação de quem faz parte do setor é a falta de políticas públicas nacionais voltadas para a recuperação do setor. O Governo Federal ofereceu um pacote de benefícios para o setor de açúcar e álcool. O aumento do etanol na gasolina e à isenção do PIS e COFINS na tributação do etanol. Porém para especialistas não é o caminha para o fim da crise. “Sem dúvida, são medidas importantes, que dão alívio na cadeia produtiva, especialmente o etanol. Quando você baixa imposto e também reduz a taxa de juro, você cria uma condição boa para o investimento para que haja condição pra avançar. Ocorre que são medidas pontuais. Não são medidas estruturais. Nós precisamos de uma política de longo prazo, com regras claras e condições de retorno para o investimento”, a afirmação é de Sergio Prado, representando da Única. Outro questionamento é que os usineiros estão em desvantagem em relação aos produtores de grãos no que diz respeito a investimentos para a melhoria genética. Virgílio Vicino, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), entidade responsável por trabalhar a inovação nas mudas da planta, destaca que um dos motivos para a crise foi a falta de investimento na produtividade e melhorias das mudas. “Ao passo que faziam investimentos ousados no aumento das plantações, as usinas passaram a cortar custos e, consequentemente, a perder qualidade no manejo da lavoura. Muitas não usam, desde então, mudas de qualidade, não planejam seus viveiros, não fazem uma gestão adequada da lavoura, não investem na infraestrutura da própria usina e prezam mais a quantidade do que a qualidade” resume.

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Segundo Vicino, mudas novas têm um potencial genético 13% mais produtivo, se o manejo for adequado. O ideal é que, anualmente, 20% do canavial sejam renovados para que se consiga, em cinco anos, substituir todas as mudas e avançar em produtividade. Contudo, por falta de caixa, as usinas costumam renovar apenas 10% anualmente. O resultado, segundo o CTC, é de uma perda em produtividade de 5% entre 2006 e 2013. No caso da soja, por exemplo, houve avanço de 2% no mesmo período. Para o milho, a alta é de 36% no mesmo intervalo. Mudas de melhor qualidade e mais produtivas são resultado de investimentos bilionários em inovação. “E, neste caso, é preciso reconhecer que os usineiros estão em desvantagem. Enquanto os grandes produtores de grãos contam com o apoio da Embrapa e de grandes tradings como a Monsanto e a Cargill para financiar a melhoria genética, no caso da cana-de-açúcar, a inovação fica totalmente sob o respaldo dos grupos endividados”, disse.

Fechamento de usinas x desempregos

São Paulo, responsável por 60% da produção alcooleira do país é um dos estados que mais tem sofrido com o desemprego causado pelo fechamento das usinas. A crise transformou o fechamento de indústrias transformou cidades do interior de São Paulo, mais tradicional polo do setor, em “cemitérios de usinas”. Estas cidades acumulam aumento do desemprego, queda na arrecadação de impostos e inadimplência recorde no comércio local. O caso mais recente de paralisação foi em Jardinópolis. A usina Jardest parou suas atividades em abril e deixou mais de 350 desempregados. Em Sertãozinho, Serrana e Pontal, onde três usinas fecharam e uma entrou em recuperação judicial nos últimos cinco anos, o número de consumidores que deixaram de pagar suas dívidas subiu em média 10%, em


comparação ao ano passado. Além disso, a arrecadação com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) despencou. Em Serrana, dos R$ 4,95 milhões recebidos nos quatro primeiros meses de 2013, o total caiu para R$ 3,6 milhões neste ano. A crise no setor sucroenergético também provoca desempregos em metalúrgicas. O setor metalúrgico na região de Ribeirão Preto bateu recorde negativo no saldo de empregos nos primeiros cinco meses deste ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram criadas 1.636 vagas no setor, ante 2.052 demissões, o que representa um saldo negativo de 416 empregos, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em Mato Grosso do Sul a queda no número de postos de trabalho nas usinas de açúcar e etanol, não

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reflete, em sua maior parte, a crise que afeta o setor desde 2008. Ela decorre principalmente da mecanização do plantio e da colheita da cana. De acordo com a Federação dos Tra-

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balhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul (Fetagri/MS), cerca de cinco mil cortadores de cana já foram demitidos no Estado. Mesmo em crise o Setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul foi o que mais empregou no primeiro quadrimestre do ano. Com cerca de 30 mil colaboradores nas 22 unidades em operação, o setor tem a segunda maior massa salarial do Estado e o terceiro melhor salário da indústria. Nas cidades onde as usinas são instaladas estima-se que para cada posto criado, mais três empregos indiretos são gerados. No ranking de municípios que mais empregaram no período de janeiro a abril de 2015, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, estão Angélica, Rio Brilhante, Costa Rica e Chapadão do Sul, todas essas cidades possuem unidades de processamento de cana. Segundo o Presidente da Biosul - Associação de Produtores de Bioenergia de MS, Roberto Hollanda Filho “Estamos em plena safra e, apesar da crise que afeta o setor e o país, temos feito um esforço para recuperar o caminho do crescimento mantendo e até ampliando os empregos no setor”. Por Cristina Nunes

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Aconteceu

Incêndios em fazendas de cana-de-açúcar causam prejuízo de no mínimo R$ 3 milhões à Odebrecht de Costa Rica Conforme a empresa, não houve nenhum fenômeno climático na região que poderia provocar o fogo, como raios, por exemplo.

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s focos simultâneos de incêndios causados no último domingo (14) em nove fazendas que fornecem cana-de-açúcar à UCR – Unidade Costa Rica – MS, geraram aproximadamente prejuízos em torno de R$ 3 milhões à Odebrecht Agroindustrial, conforme informações constantes no BO 1058/2015, registrado na tarde de segunda-feira (15) pelo advogado da empresa, Wellington Divino Tavares Oliveira. As fazendas atingidas foram: Piacatu; Santa Catarina; Generosa; São Sebastião do Imbirussú II; Imbirussú III; Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora Aparecida II; Furnas do Indaiá II; Ouro Claro; Eldorado; Eldorado II e Feliz, atingindo aproximadamente 2.610,70 hectares, dos quais 1.873,21 ha de plantação de cana e 737,49 ha de palha de cana. E ainda foram atingidos 27 ha de APP – Área de Preservação Permanente - nas fazendas Santa Catarina e Furnas do Indaiá II; 149,12 ha de reserva legal nas propriedades rurais Piacatu; Nossa Senhora Aparecida II e Santa Catarina. Também na fazenda Piacatu 11 ha de plantação de eucalipto e 3,95 hectares de pastagem na fazenda Nossa Senhora Aparecida II. Para o controle do fogo foram

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mobilizados 67 brigadistas e 23 integrantes da empresa, bem como, 12 caminhões bombeiro da UCR, outro da unidade Alto Taquari, dois caminhões de bombeiros da Usina Cerradinho, três da Iaco Agrícola, um caminhão do Corpo de Bombeiros local, uma motoniveladora, um trator com grade, dois tratores de apoio reboque, um trator plaina e uma ambulância. Ainda conforme a empresa, não houve nenhum fenômeno climático na região que poderia provocar o fogo, como raios, por exemplo, e os incêndios começaram quase que no mesmo intervalo de tempo em vários locais e a operação da usina é totalmente mecanizada, sem o uso da queima antes do corte da cana. “A queima da cana e da palha gerarão prejuízos materiais relevantes UCR, afetando indiretamente o Município de Costa Rica e o Estado de Mato Grosso do Sul. As áreas nas quais havia cana estavam fora de seu estágio de colheita, tinha cana com 6 a 9 meses à data do seu plantio, ou seja, longe do seu período de maturação e muito fora do seu melhor aproveitamento para a utilização no processo produtivo da UCR. A queima da palha por sua vez, afetará no balanço de biomassa da unidade gerando prejuízos na co-geração de energia”, relatou o advogado ao investigador da Polícia Civil que acrescentou “os investimentos realizados com a aplicação de herbicida e adubo nas áreas de palhada queimadas se perderam”. Ao finalizar seu depoimento, o representante da empresa relatou que “os incêndios fizeram com que todo o plano logístico de colheita dos canaviais tivesse que ser alterado para que fosse privilegiado a safra da cana queimada, o que aumentará sobremaneira os custos logísticos, certo ainda que será impossível a colheita integral da cana queimada a tempo dela ser aproveitada no processo produtivo. A UCR está apurando os prejuízos diretos, mas já pode estimar em no mínimo R$ 3.000.000,00”. Fonte: Costa Rica Em foco Fotos: Odebrecht Agroindustrial. JULHO DE 2015 | CANA S.A. | A energia da informação

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Safra de Cana

Produção e vendas de etanol no Centro-Sul batem recorde em junho

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s vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil somaram 2,49 bilhões de litros em junho, sendo 124,08 milhões de litros destinados ao mercado externo e 2,36 bilhões de litros ao consumo doméstico. No mercado interno, enquanto o volume comercializado de etanol anidro diminuiu 1,79% em relação a junho de 2014 (831,43 milhões de litros em 2015, ante 846,55 milhões de litros no ano anterior), as vendas de etanol hidratado bateram recor-

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de no mês, com 1,53 bilhão de litros negociados. Esse resultado representa um crescimento expressivo de 51,76% sobre junho de 2014, quando 1,01 bilhão de litros foram vendidos. Para o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “o crescimento do consumo reflete a atratividade econômica do biocombustível na maior parte do mercado consumidor e reforça a expectativa de uma safra mais alcooleira”. A maior demanda por etanol hidratado também ampliou as trans-


ferências do produto do Centro-Sul para as regiões Norte e Nordeste em junho, acrescentou. No acumulado de abril até 1º de julho, as vendas totais de etanol atingiram 6,93 bilhões de litros, aumento de 17,17% quando comparado aos 5,91 bilhões de litros observados em igual período do ano anterior. O montante comercializado de etanol hidratado no mercado interno, por sua vez, atingiu crescimento ainda maior: 44,49% (4,45 bilhões de litros vendidos entre abril e junho de 2015, contra 3,08 bilhões de litros no mesmo período do último ano). Moagem de cana-de-açúcar O volume de cana-de-açúcar processado pelas usinas e destilarias da região Centro-Sul alcançou 46,5 milhões de toneladas na segunda metade de junho, alta de 5,33% no comparativo com a mesma quinzena de 2014 (44,14 milhões de toneladas). No acumulado mensal, a moagem somou 86,00 milhões de toneladas, frente a 85,68 milhões de toneladas verificadas em junho do ano anterior. Apesar do avanço na moagem na última quinzena do mês, a quantidade de cana processada na safra 2015/2016 ainda continua aquém daquela observada na safra 2014/2015. Até 1º de julho, o volume de matéria-prima moída atingiu 200,53 milhões de toneladas, contra 202,99 milhões de toneladas registradas em idêntico período do ano passado. Rodrigues ressalta que “o clima nos próximos meses será determinante para a definição do tamanho da safra 2015/2016 e parte das unidades não deve conseguir processar toda a cana disponível para moagem”. Em relação ao número de unidades produtoras em operação na

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região Centro-Sul, praticamente todas já estão em safra. Qualidade da matéria-prima A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar totalizou 129,9 kg na segunda quinzena de junho, valor ainda inferior em 3,37% sobre aquele apurado na mesma data de 2014 (134,43 kg por tonelada). No acumulado desde o início da atual safra até 1º de julho, o teor de ATR alcançou 121,03 kg por tonelada, queda de 2,73% em relação ao índice registrado no mesmo período do ano passado (124,43 kg por tonelada). A retração na qualidade da matéria-prima processada se deve ao clima mais úmido (que contribui para o desenvolvimento vegetativo da planta e prejudica a concentração de açúcares) e ao florescimento da cana-de-açúcar em várias regiões produtoras. Produção de açúcar e de etanol Seguindo a tendência observada em todas as quinzenas da safra 2015/2016, a proporção de cana-de-açúcar direcionada à fabricação de etanol cresceu na segunda metade de junho deste ano comparativamente a 2014: 56,4%, ante 54,28% na mesma quinzena da safra anterior. Para o diretor da UNICA, “a matéria-prima direcionada à produção de açúcar tem sido influenciada pelos preços relativos dos produtos (açúcar e etanol), pela menor concentração de açúcares na cana colhida e, ainda, pela necessidade de recomposição de caixa por boa parte das empresas do setor, que têm no etanol hidratado uma opção de maior liquidez”. Com isso, a produção de etanol totalizou 2 bilhões de litros nos últimos 15 dias de junho, alcançando 3,67 bilhões de litros no mês (cresci-

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mento de 1,32% em relação a junho da safra 2014/2015). Rodrigues destaca que “estes resultados, seja quinzenal ou no acumulado mensal, representam recordes históricos de produção no Centro-Sul”. Em especial, esse volume recorde de etanol produzido em junho é coerente com a ampliação do consumo do produto, garantindo maior estabilidade ao abastecimento doméstico, acrescentou o executivo. Do volume de etanol produzido na última metade de junho, 784,06 milhões de litros referem-se ao etanol anidro e 1,22 bilhão de litros ao etanol hidratado. No acumulado mensal, as produções de etanol anidro e de etanol hidratado alcançaram 1,42 bilhão de litros e 2,24 bilhões de litros, respectivamente. A produção de açúcar, por sua vez, somou 2,51 milhões de toneladas na segunda quinzena de junho, queda de 2,93% sobre a quantidade observada no mesmo período da safra 2014/2015 (2,58 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra 2015/2016 até o 1º de julho, a fabricação de açúcar alcançou 9,26 milhões de toneladas, com defasagem superior a 1 milhão de toneladas em relação à quantidade produzida até igual data de 2014 (10,34 milhões de toneladas). Por outro lado, a produção acumulada de etanol aumentou 1,58% no período, totalizando 8,58 bilhões de litros contra 8,45 bilhões de litros em 2014. Segundo o executivo da UNICA, “o nível atual de alocação da cana-de-açúcar moída e a retração na qualidade da matéria-prima processada indicam que a produção de açúcar ao final da safra 2015/2016 deverá ficar aquém da quantidade inicialmente prevista pela entidade no início deste ano”.

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Mato Grosso do Sul colheu mais de 15 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em junho

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Biosul – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, apresentou os dados da safra 2015/2016 com moagem até 30 de junho. O acompanhamento da safra de cana-de-açúcar no MS é informado quinzenalmente, a safra começou em abril/2015 e deve seguir até janeiro/2016. Na segunda quinzena de junho foram processadas 3,550 milhões de toneladas de cana, 10,17% maior que no mesmo período na safra passada. O volume acumulado de cana-de-açúcar processada até o momen-

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to é de 15,87 milhões de toneladas, 32,53% maior em relação a 2014. O índice que mede a qualidade da matéria prima, o ATR/TC (Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana) atingiu 126,05 kg na quinzena, volume praticamente igual que o da safra passada e no como o acumulado, que atingiu 122,16kg. Até a última quinzena de maio foram produzidas 421 mil toneladas de açúcar, quantidade 36,2% maior que a produção registrada anteriormente, que foi de 309 mil toneladas. Dados referentes à produção de etanol registram que o acumula-

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do até a segunda quinzena de maio foi produzido 215 milhões de litros de etanol anidro e 669 milhões de litros de etanol hidratado, resultando 884,2 milhões de litros de biocombustível produzido, volume 35,86% maior que na safra 2014/2015. Segundo o Presidente da Biosul, Roberto Hollanda, “em junho a chuva deu uma trégua, o que ajudou a safra a manter os números positivos, acreditamos que chegaremos ao objetivo de crescer 15% como foi divulgado na nossa expectativa no início da safra”. Por Paula Ostapenki - Biosul

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Economia & Mercado

Exportação de industrializados em MS já acumula queda de 21,3% no ano

Já o setor “Açúcar e Etanol” teve um crescimento nominal de 37,3% sobre igual período do ano 42

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receita com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul já acumula queda de 21,3% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, diminuindo de US$ 1,81 bilhão para US$ 1,42 bilhão, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. A redução nas vendas para o exterior foi motivada pelas quedas nos grupos “Extrativo Mineral”, “Complexo Frigorífico”, “Óleos vegetais”, “Couros e Peles” e “Papel e Celulose”, que proporcionaram, no comparativo com igual período de 2014, diminuição das receitas no total de US$ 428 milhões.

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Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, quanto à participação relativa do setor industrial sobre tudo o que foi exportado por Mato Grosso do Sul no acumulado do ano chegou a 60%. “Com receita equivalente a US$ 253,8 milhões, junho de 2015, registrou o segundo pior resultado para o mês dos últimos cinco anos da série histórica da exportação de produtos industriais de Mato Grosso do Sul, reforçando o quadro de forte desaceleração das vendas externas de Mato Grosso do Sul em 2015”, pontuou.


Detalhamento No período de janeiro a junho, 97,9% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior ficou concentrada, basicamente, em sete grupos: “Papel e Celulose”, “Complexo Frigorífico”, “Açúcar e Etanol”, “Extrativo Mineral”, “Óleos Vegetais”, “Couros e Peles” e “Alimentos e Bebidas”. No caso do grupo “Papel e Celulose”, a receita totalizou US$ 516,2 milhões, indicando queda de 4,5% sobre igual período de 2014, quando as vendas foram de US$ 540,7 milhões. O resultado verificado teve como principal influência a diminuição das aquisições em importantes mercados compradores da celulose sul-mato-grossense, com destaque para a Holanda, Estados Unidos e Coreia do Sul, que, somados, compraram US$ 52,1 milhões a menos, quando comparado com igual período do ano passado. No “Complexo Frigorífico”, a receita de exportação de janeiro a junho de 2015 alcançou o equivalente a US$ 423,7 milhões, apontando queda de 27,5% sobre igual período do ano anterior, quando a receita havia sido de US$ 584,7 milhões. A redução observada se deu, principalmente, por conta da forte diminuição das compras em importantes mercados para as carnes de Mato Grosso do Sul, com maior peso para a Rússia, que sozinha foi responsável por uma redução superior a US$ 142,7 milhões, enquanto na sequência estão Hong Kong, Venezuela, Arábia Saudita, Holanda, Japão e Chile.

de 38,3% sobre o mesmo intervalo de 2014, quando as vendas foram de US$ 105,6 milhões. A queda verificada foi influenciada, basicamente, pela redução das compras efetuadas pela China, Itália, Hong Kong e Tailândia que, somados, proporcionaram receita inferior em US$ 34,8 milhões. Já o grupo “Óleos Vegetais” fechou o período de janeiro a junho de 2015 com receita equivalente a US$ 105,8 milhões, apontando queda de 27,7% sobre o mesmo intervalo de 2014, quando as vendas foram de US$ 146,3 milhões. O desempenho foi fortemente influenciado pela queda de 57% nas compras realizadas pela Tailândia e Holanda, sendo que os dois países eram os principais destinos das vendas de Mato Grosso do Sul, com participação equivalente a 65,0%. Por fim, o grupo “Alimentos e Bebidas” fechou o intervalo de janeiro a junho de 2015 com receita equivalente a US$ 10,8 milhões, uma redução de 23,4% na comparação com igual período de 2014, quando as receitas foram de US$ 14,1 milhões. A queda foi influenciada, basicamente, pela redução das compras em importantes mercados como Bolívia e Alemanha que, somados, proporcionaram receita inferior em US$ 8,43 milhões.

Outros grupos Já no grupo “Açúcar e Etanol” a receita de exportação de janeiro a junho de 2015 alcançou o equivalente a US$ 177,7 milhões, crescimento nominal de 37,3% sobre igual período do ano passado, quando as vendas foram de US$ 129,4 milhões. A elevação verificada se deu em função do forte crescimento no volume comercializado de “Outros açúcares de cana”, aumento de 61% ou quase 200 mil toneladas a mais que igual período do ano passado, tendo como os principais compradores até o momento Rússia, Bangladesh, China, Argélia, Índia e Nigéria. Quanto ao grupo “Extrativo Mineral” a receita de exportação de janeiro a junho de 2015 alcançou o equivalente a US$ 99,7 milhões, indicando recuo de 62% sobre igual período de 2014, quando as vendas foram de US$ 262 milhões. Resultado fortemente influenciado pela queda de 57% observada no preço médio da tonelada do minério de ferro e, por fim, os minérios exportados por Mato Grosso do Sul tiveram a Argentina como principal destino com 98,6% do total ou US$ 98,3 milhões. No grupo “Couros e Peles”, a receita de exportação foi de US$ 65,2 milhões, indicando queda

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Qualificação

Programa de Aplicação Responsável da Dow AgroSciences treina 96 profissionais envolvidos com Cultura de cana-de-açúcar Entre os dias 13 e 17 de julho, a Dow AgroSciences, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu, realizou treinamentos do Programa de Aplicação Responsável no interior de Minas Gerais, voltados à cultura de cana-de-açúcar. 44

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treinamento ocorreu, respectivamente, em propriedades próximas à Conceição das Lagoas, Delta, Pirajuba e Iturama (MG). No total, 96 participantes, entre aplicadores, técnicos e outros envolvidos diariamente com o cultivo da cultura de cana, tiveram a oportunidade de acompanhar as palestras sobre os métodos mais adequados de aplicação de defensivos agrícolas, ministradas pela engenheira agrônoma da UNESP, Marcella Guerreiro de Jesus. “O objetivo é focar na qualidade das aplicações através do uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI), reduzir o risco de deriva e garantir a eficácia das aplicações de agroquímicos com a adoção de medidas seguras como a correta manutenção e calibração dos pulverizadores”, explica Marcela.

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Em 2014, o Programa de Boas Práticas Agrícolas percorreu 168 municípios, em 16 estados, somando mais de 4.600 participantes. Este ano, somente nos meses de maio e junho, o Programa de Aplicação Responsável em milho, soja, cana-de-açúcar e produção de sementes já contou com 74 treinamentos, percorreu 6 estados brasileiros e capacitou 1.904 produtores rurais. A coordenadora de Boas Práticas Agrícolas da Dow AgroSciences, Ana Cristina Pinheiro, destaca o aumento no número de treinamentos e sua a importância para a sustentabilidade do agronegócio: “Esse ano teremos um aumento de 40% no número de treinamentos. Temos como meta disseminar a um número cada vez maior de profissionais a importância das boas práticas agrícolas com foco nos conceitos de tecnologia de aplicação”.


NOVEMBRO/DEZEMBRO 2014 | CANA S.A. | A energia da informação

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Energia

Mato Grosso do Sul também pode ter redução do ICMS da energia elétrica, revela governador O governador Reinaldo Azambuja afirmou na manhã desta quarta-feira (16), durante entrega na Assembleia Legislativa do projeto de lei que reduz o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que novos setores poderão ser beneficiados com redução tributária. “Nós já temos um grande incentivo do governo no álcool, que torna Mato Grosso do Sul competitivo. Queremos lançar alguns programas de desenvolvimento em setores produtivos para aumentar a extensão, área plantada de grãos, melhorar a qualidade do setor de carnes, madeira, cana de açúcar”, pontuou o governador, que emendou que um estudo junto às companhias aéreas sobre ganhos para o Estado com a diminuição da alíquota do querosene pode entrar nas discussões. Determinado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o sistema de bandeiras tarifárias, verde, amarela e vermelha,

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que indicam se a energia custa mais ou menos em virtude das condições de geração de eletricidade, também poderá entrar na pauta de reduções. “Na energia elétrica tem um estudo da possibilidade de redução da bandeira tarifaria, vermelha. Isso está sendo feito com muita responsabilidade e vai depender de como vai se comportar a economia brasileira”, disse Reinaldo Azambuja. De acordo com o chefe do Executivo Estadual, algumas questões serão importantes para

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definição da proposta.‘reponsabilidade compro“Se a gente tiver a vol-misso mútuo’ que aumenta do crescimento e umatam a competitividade de estabilização na quedaMato Grosso do Sul. do consumo, que tem se “A Assembleia tem evidenciado a cada mês,ajudado o governo na époé possível que o Estadoca de dificuldade. Abriu possa fazer um incentivomão de parte de seu duonesse setor para aumentardécimo para fortalecer os competição”, explicou. programas estaduais. Tem aprovado projetos imporRelação Institucional tantes, tem debatido temas Durante a agendaimportantes para o Estado, na Assembleia Legislativacumprindo seu papel como do Estado, o governadorcasa de debate, de Leis, que destacou a relação insti-tem ressonância de todos tucional entre os Poderes,os segmentos, porque aqui que segundo ele tem sidoestá representada toda a marcado pela ‘parceria’ esociedade”, finalizou.


Uso de etanol reduziu mais de 300 milhões de toneladas de CO2 O biocombustível de cana-de-açúcar continua gerando grandes benefícios ambientais aos brasileiros “A utilização do etanol” seja na mistura com a gasolina (anidro), ou no seu uso autônomo como combustível nos veículos Flex (hidratado), evitou nos últimos 12 anos (de março de 2003 a maio de 2015) a emissão de mais de 300 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Para atingir essa mesma redução com o cultivo de árvores, seria preciso plantar e manter ao longo de 20 anos mais de 2,1 bilhões de plantas nativas. Isso de acordo com o Carbonômetro, ferramenta criada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para acompanhar a quantidade de poluente que deixou de ser emitida com o uso do etanol nos veículos Flex. Hospedado no site ‘Etanol Verde’, o Carbonômetro indica que o elevado potencial do biocombustível de cana ajudou o País a mitigar mais CO2 do que a soma das emissões anuais da Argentina (190 milhões de toneladas), Peru (53,1 milhões de toneladas), Equador (35,7 milhões de toneladas), Uruguai (7,8 milhões de toneladas) e Paraguai (5,3 milhões de toneladas). Para o consultor em Emissões e Tecnologia da UNICA, Alfred Szwarc, o resultado mostra que o etanol de cana produzido no Brasil é uma das alternativas energéticas mais limpas disponíveis comercialmente no mundo. “A redução é bastante expressiva. Os dados são da mesma ordem de grandeza que a emissão anual de CO2 da Polônia (317 milhões de toneladas), país considerado um dos grandes emissores mundiais de gases causadores do efeito estufa”, destaca Szwarc. O consultor lembra que, apesar dos seus benefícios, a promoção global do etanol ainda é limitada e precisa de mais incentivos, principalmente na Europa. “O biocombustível brasileiro continua sendo objeto de barreiras tarifárias em diversos países, principalmente na União Europeia. É incompreensível que isso ocorra no momento em que o mundo busca por soluções ambientalmente sustentáveis e o etanol poderia ser utilizado em maior escala. Enquanto isso, os combustíveis fósseis, altamente poluentes, não enfrentam nenhuma limitação para a sua comercialização e uso”, enfatiza o consultor da UNICA. Lançada em março de 2003, a tecnologia Flex Fuel permite ao consumidor escolher, toda vez que for abastecer seu veículo, qual o combustível mais vantajoso, o etanol ou a gasolina. Antes disso, os donos dos carros só podiam fazer esta escolha no momento da compra do automóvel. “Como a redução na emissão de CO2 que o etanol proporciona em todo o seu ciclo de vida, da produção até sua utilização, é de cerca de 90% em comparação com a emissão da gasolina, esse deve ser um dos principais critérios de escolha na hora de abastecer o veículo Flex”, conclui o representante da UNICA.

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Foto: Depª Mara Caseiro

Ministro da Justiça define ações, mas não garante reintegrações de posse em MS Reunião aconteceu na última terça-feira (14), em Brasília (DF)

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pesar de serem definidas ações para resolver os litígios de terras no Estado, a maior demanda dos produtores não foi contemplada na audiência entre produtores e lideranças com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A avaliação é do advogado da Famasul - Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Gustavo Passarelli, sobre reunião realizada na última terça-feira (15), em Brasília. Segundo o advogado, a maior demanda dos produtores é que a legislação seja respeitada e que o direito de propriedade seja restabelecido com o cumprimento das reintegrações de posse emitidas pela Justiça. Atualmente, Mato Grosso do Sul tem 88 propriedades invadidas por indígenas. A primeira proposição de Cardozo é fazer reuniões emergenciais com o presidente do STF - Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para discutir os processos de reintegração de posse. O ministro também disse que vai marcar uma audiência para ouvir as reivindicações das comunidades indígenas. A terceira proposta é a retomada da mesa de negociação com proprietários de áreas invadidas por meio de uma comissão formada pelo MPF - Ministério Público Federal, Funai - Fundação Nacional do Índio, Conselho Nacional de Justiça e por produtores rurais. Por último, o ministro propôs a vista do presidente da Funai, João Pedro Gonçalves, ao Estado para dialogar com as etnias envolvidas no conflito. O objetivo é suspender as invasões de forma negociada, permitindo que os proprietários possam colher a produção e retirar insumos. “Toda reunião é produtiva porque representa um avanço, mesmo que seja de um passo. Entretanto, os produtores rurais querem que as reintegrações de posse sejam cumpridas e essa garantia eles não ouviram do ministro da Justiça”, lamentou Passarelli. Durante a reunião com José Eduardo Cardozo, a produtora rural, Maria Helena Vanzella Ramos, fez um

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desabafo comovente sobre a condição de sua propriedade rural, localizada em Coronel Sapucaia, invadida desde 18 de novembro de 2014, por indígenas da etnia Guarani Kaiowá. “Eu quero que o senhor veja a situação nossa, o que nós estamos passando. Lá é corredor de drogas, nós vemos índios alcoolizados 24 horas, nós vemos índios drogados 24 horas. O senhor sabe o que um drogado, um alcoolizado faz. Ele não pensa. É isso que eu quero que vocês tomem providência. A situação está feia. Eu sou uma mãe de família, trabalhei a vida inteira para criar os meus filhos”, ressaltou a produtora. Maria Helena reclamou ao ministro os seus direitos de propriedade. “Eles têm o seu direito, mas nós também temos em uma terra que não é área indígena (...). Eu não aguento mais isso, pedir socorro e clamar em portas que nunca se abrem”. Para o presidente da Famasul, Nilton Pickler, as medidas anunciadas ontem não solucionam o problema vivido pelos produtores rurais, mas podem sinalizar evolução no processo de reintegração de posse. “Todas as propriedades rurais invadidas por indígenas no Estado são legalmente tituladas. Este cenário lamentavelmente nos coloca em total insegurança de produzir. Todos perdem com esses conflitos: o produtor rural, o indígena e a sociedade”. Solicitada pelo senador Waldemir Moka (PMDB), a audiência contou com a participação de cerca de 10 produtores e representantes de produtores rurais, do secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, e do governador, Reinaldo Azambuja. Participaram também o deputado federal, Carlos Marun, a deputada federal Tereza Cristina Correa da Costa Dias, a senadora Simone Tebet, o deputado federal, Luiz Henrique Mandetta, o deputado federal, Dagoberto Nogueira Filho, a deputada estadual, Mara Caseiro, entre outras lideranças. Fonte: Famasul



MEC vai financiar pesquisas de história de personagens e de conflitos no Brasil

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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) vai lançar dois editais para incentivar a pesquisa histórica: um sobre biografias de personagens e outro sobre conflitos históricos. O lançamento está previsto para quinta-feira (16), segundo a autarquia. Os editais serão para pesquisadores de pós-graduações recomendadas pela Capes e os projetos começarão a ser financiados no ano que vem. O edital sobre biografias será voltado a pesquisas sobre pessoas ou grupos que tenham influenciado a história do Brasil republicano, a partir de 1889. Esse edital é voltado para todas as áreas do conhecimento, tanto para pesquisadores individuais quanto para grupos de pesquisa. O edital sobre conflitos históricos vai incentivar a produção de livros que enfoquem revoltas, rebeliões populares, lutas armadas, manifestações populares, entre outros conflitos, também a partir de 1889. O edital será para grupos de pesquisa das áreas de ciências humanas e sociais, como antropologia, artes, ciências políticas, ciências sociais aplicadas, educação, história, literatura e linguística e sociologia. Os grupos deverão envolver mais de uma instituição de diferentes regiões brasileiras. Os projetos selecionados pelos dois editais poderão financiar, com recursos da Capes, bolsas de iniciação

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científica e mestrado no valor de R$ 1,5 mil, e de pós-doutorado, com R$ 4,1 mil mensais, além de passagens aéreas e diárias para missões de pesquisa no Brasil e despesas com material bibliográfico, entre outras. Os editais serão lançados em um contexto de ajuste fiscal. Pelo Facebook, o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, esclareceu que os desembolsos com os editais serão feitos a partir do primeiro semestre de 2016. Este ano, somente a educação teve corte de R$ 9,4 bilhões, e a Capes foi uma das instituições atingidas pelo contingenciamento. Em nota publicada no final da semana passada, a Capes diz que o repasse para os programas de pós-graduação será de 90% do previsto para 2015, o que totaliza R$ 1,65 bilhão. Também pelo Facebook, Janine disse que apesar do corte, o número de bolsas será mantido. Segundo ele, “os programas continuarão a poder atender novos alunos e a dar-lhes bolsas. Onde está ocorrendo redução é no custeio, e é bom lembrar que toda universidade tem seu orçamento próprio, de modo que a Capes não é a fonte única para seu custeio”. Janine ressalta ainda que “se a situação não é ideal, nem por isso se justifica pânico ou alarme”. Mariana Tokarnia: Agência Brasil Foto divulgação


Inovação & Tecnologia

Netafim lança tubos flexíveis que tornam a irrigação inteligente ainda mais prática

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Nova solução é mais leve, flexível, resistente e 100% reciclável e substitui o PVC no mercado.

Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por gotejamento, lança tubo flexível para complementar seu portfólio de produtos. O lançamento é usado como o tubo que leva a água até os gotejadores no sistema de irrigação por gotejamento, microaspersão e aspersão, e substitui no mercado o PVC. Dentre as vantagens, o novo tubo flexível é mais leve e indicado para sistemas móveis. Segundo Bruno Costa, gerente de produtos da Netafim, o produtor pode usar o tubo flexível em áreas diferentes, pois é fácil para instalar, recolher e transportar. “Ocupa menos espaço de armazenamento dentro da fazenda bem como nos caminhões de transporte, ou seja, cabe até nove vezes mais de material no mesmo espaço quando comparamos com o PVC”, destaca o gerente. O produto também é mais robusto e durável o que possibilita que máquinas passem por cima dele sem danificá-lo. É constituído de polietileno reforçado, na cor branca para proteger de raio UV (ultravioleta), é 100% reciclável e certificado pelo padrão de

qualidade ISO 16438 do segmento. Outro destaque do novo produto é a precisão. “Hoje com o PVC cabe aos próprios produtores prepararem o sistema: colagem de tubos e conexões, além dos furos para instalar os tubos gotejadores. Porém, esse processo no campo é extremamente complicado e demorado. Nossos tubos flexíveis já vêm pronto direto da fábrica para que os produtores não precisem se preocupar, além de garantir maior precisão da instalação”, afirma Costa. Os tubos flexíveis da Netafim estão disponíveis para as culturas de hortifrúti, milho, soja, entre outros cultivos anuais. “Queremos ajudar os produtores que precisam movimentar as áreas produtivas. Além disso, facilita o dia a dia no campo pela simplicidade da nossa tecnologia e reduz custos operacionais”, finaliza o gerente de produtos. A Netafim já fechou uma parceria com o Governo do Estado de Alagoas para fornecer os tubos flexíveis dentro dos kits de irrigação da companhia para os produtores locais.

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Trabalho & Emprego

Funtrab convoca população de Mato Grosso do Sul para retirar Carteiras de Trabalho esquecidas

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Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) está convocando os trabalhadores que solicitaram a emissão de Carteira de Trabalho neste ano para efetuar a retirada do documento. São 1.650 Carteiras de Trabalho que não foram retiradas desde janeiro. Na nova Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), emitida por meio informatizado, é valorizada a segurança contra fraudes. O documento possui capa azul em material sintético mais resistente de que o usado no modelo anterior é confeccionado em papel de segurança e traz plástico autoadesivo inviolável que protege as informações relacionadas à identificação profissional e à qualificação civil do indivíduo, que costumam ser as mais falsificadas. Amudanças contribuíram para assemelhar muito a nova CTPS ao passaporte. Para quem ainda pretende solicitar a emissão da 1ª via da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), são necessários: RG; CPF; Comprovante de Residência e Certidão de Nascimento ou Casamento (para comprovação obrigatória do estado civil). Não será aceita a CNH

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como documento. O prazo de entrega da CTPS informatizada é até 15 dias úteis. A Carteira de Trabalho não deixa de ser um passaporte para que o cidadão tenha protegidos direitos trabalhistas e previdenciários, como salário regular, férias, décimo-terceiro salário, repouso remunerado e aposentadoria. Para retirar a CTPS, os interessados devem comparecer na Funtrab, à Rua 13 de maio, 2773, de segunda a sexta, das 07 às 18h30 e se dirigir ao setor de Carteira de Trabalho. Não é preciso retirar senha. Lembramos que somente o próprio titular, com RG, é que pode buscar o documento. Funtrab




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