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MEIO AMBIENTE

O vilão que virou mocinho

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Bahiense: “Em pouco mais de dez anos, o Brasil duplicou o índice de reciclagem de plásticos”

onsiderado um dos principais vilões do meio ambiente, o plástico está muito perto de tornar-se uma das referências em sustentabilidade no Brasil. Pesquisa encomendada pela Plastivida-Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (SP), divulgada em setembro, com base em 2010, apontou que no período foram reciclados 19,4% de plástico pós-consumo, ou seja, 606 mil toneladas. “Trata-se de um resultado auspicioso, pois representa uma diferença de apenas de 1,6 ponto percentual em comparação à média dos países europeus no ano de 2009”, comemorou o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense, em entrevista a Empresa Brasil. De fato, esse resultado é superlativo, dado que apenas 8% dos 5.565 dos municípios adotam programas de coleta seletiva do lixo no país. A tendência, no entanto, é avançar cada vez mais graças à lei sancionada em agosto do ano passado que institui no Brasil a política nacional de resíduos sólidos. De acordo com Bahiense, é preciso lembrar que o debate sobre a nova política de resíduos teve origem ainda em 1991, em plena Era Collor. Foi a partir daí que o setor de reciclagem mecânica de plásticos passou a avançar, chegando, em 1997, perto de 10% do total de plástico pós-consumo, acrescenta. “Isso significa que,

em pouco mais de dez anos, o Brasil duplicou o índice de reciclagem de plásticos, o que é significativo”, ressalta. Mas o melhor está por vir. Grande responsável pelo excepcional desempenho da Alemanha, que recicla 34% do plástico pós-consumo, a geração de energia a partir do aproveitamento do lixo doméstico começa a avançar no Brasil. Segundo Bahiense, trata-se de uma tecnologia de custo elevado cuja implantação dependerá de eventuais Parcerias Público-Privadas (PPPs) entre as prefeituras e investidores. Existem hoje, de acordo com dados da Plastivida, mais de 850 usinas de reciclagem energética no mundo. No Brasil, a única unidade – ainda em escala-piloto – a apresentar números significativos é a Usinaverde, um projeto instalado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão. Outra iniciativa é da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), que, por meio de uma PPP, pretende instalar uma usina que produzirá 30 MWh, o suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 300 mil habitantes. O projeto está orçado em R$ 220 milhões e será o primeiro do país a estabelecer em um único espaço a destinação correta de todo tipo de material, que vai desde resíduos orgânicos a materiais de fácil reciclagem. A expectativa é de que as obras se iniciem em 2012.

Novaenergia investirá em planta de reciclagem na Bahia Uma nova tecnologia no setor de reciclagem de plástico está sendo introduzida no Brasil pela Novaenergia, empresa criada pelo grupo Wastech, com sede em Lauro de Freitas, a 20 quilômetros de Salvador (BA). Especializado em tratamento de resíduos perigosos, o grupo assinou contrato com a Agilyx Corporation, de Oregon, EUA. Segundo o sócio da Wastech, Luciano

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Costa Coimbra, o contrato entre a Novaenergia e a Agilyx prevê a exploração dessa tecnologia com exclusividade para a América do Sul. A primeira planta será instalada na Bahia e o início da operação está previsto para fins de 2012. A planta produzirá petróleo light que será refinado em uma refinaria próxima chamada Dax Oil S.A. que produzirá 23% de nafta + 47% de liesel (diesel

feito a partir do plástico) + 30% de óleo combustível light. O diesel da Novaenergia, chamado Liesel, possui as mesmas especificações técnicas internacionais do diesel, porém menos poluente. A Novaenergia pretende implantar 20 unidades industriais espalhadas no território nacional nos próximos cinco anos. Cada unidade demandará um investimento de R$ 16 milhões.


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