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Entrevista

Pandemia impactou 70% das indústrias

Em entrevista, o diretor do IBGE, Eduardo Rios Neto, apresenta dados e explica a metodologia da pesquisa quinzenal Pulso Empresa, que mostra a extensão dos prejuízos da Covid-19

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Apandemia da covid-19 teve um impacto geral negativo sobre os negócios de 70% das empresas brasileiras, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Responsável pelo estudo, o diretor de Pesquisa da instituição, Eduardo Rios Neto explica, nesta entrevista, que “o maior percentual de empresas em que a pandemia teve efeito negativo estava no setor de serviços, seguido por indústria, construção e comércio”. Economista com doutorado em demografia pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, Rios Neto foi também professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de 1980 a 2015. Confira a entrevista completa a seguir:

A pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas foi criada recentemente. O que levou à criação do estudo?

EDUARDO RIOS NETO - No Brasil, o primeiro caso confirmado de covid-19 foi no final de fevereiro. A partir da segunda quinzena de março, diversas medidas de isolamento social foram adotadas, com restrição ao deslocamento de pessoas e fechamento temporário de estabelecimentos não essenciais, decididos por estados e municípios, visando preservar a população e o estresse sobre os serviços de saúde. Ainda no mês de março, os efeitos sobre as empresas começaram a ser percebidos pelos indicadores conjunturais do IBGE sobre a produção industrial, o volume de comércio e o volume de serviços. Ao longo de abril, dada a magnitude e multiplicidade de choques negativos observados na atividade econômica, notamos impactos em diversos setores, o que demandou um estudo específico.

Que dados são coletados?

EDUARDO RIOS NETO - O IBGE desenvolveu uma gama de produtos para contribuir no entendimento dos impactos da pandemia na sociedade. Essa pesquisa, de natureza experimental, tem o objetivo de identificar e acompanhar a evolução de alguns dos principais efeitos da pandemia nas empresas, principalmente as de pequeno porte. Ela se baseia num questionário de resposta rápida, com perguntas qualitativas, dirigido a um conjunto de empresas de diferentes tamanhos, segundo o número de pessoas ocupadas, espalhadas no território e representativas dos setores de indústria, construção, comércio e serviços.

A primeira edição da pesquisa mostrou que a pandemia do novo coronavírus teve um impacto negativo sobre os negócios. Que dados o senhor destacaria?

EDUARDO RIOS NETO - Nessa primeira edição, as empresas compararam a situação percebida na primeira quinzena de junho ao período anterior ao início da pandemia. Os resultados mostraram que,

entre 2,7 milhões de empresas em funcionamento, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo sobre o negócio. Por outro lado, algumas afirmaram que a pandemia trouxe oportunidades, com um efeito positivo. Por segmento, o maior percentual de empresas em que a pandemia teve efeito negativo estava no setor de serviços, seguido por indústria, construção e comércio.

E como ficou a produção?

EDUARDO RIOS NETO - Em relação à produção, 63% das companhias tiveram dificuldade de fabricar produtos ou atender clientes, 29,9% relataram não ter havido alteração significativa e 6,9% informaram que tiveram facilidade, mas a maior parte das empresas teve dificuldades para realizar pagamentos de rotina. Nossa estimativa, com base na pesquisa, é que cerca de 1,2 milhão de empresas em funcionamento adiaram o pagamento de impostos desde o início de março, sendo que mais da metade considerou ter recebido apoio do governo na adoção dessa medida.

Em relação à indústria, quais são os dados pesquisados?

EDUARDO RIOS NETO - Foram investigadas empresas de diferentes segmentos industriais e tamanhos, localizadas de forma espalhada no território. Os resultados estimados foram apresentados de forma agregada e mostraram que os impactos negativos foram percebidos por cerca de 73% das empresas industriais, até o final da primeira quinzena de junho. Entre os problemas apontados estão percepção de redução nas vendas, maior dificuldade na capacidade de fabricar produtos e dificuldades em acessar fornecedores de insumos e matérias-primas em decorrência da pandemia. Isso fez com que seis em cada dez empresas industriais reportassem, também, dificuldades para honrar pagamentos de rotina.

Como ficaram as vendas industriais?

EDUARDO RIOS NETO - Na primeira rodada, referente à primeira quinzena de junho, em comparação ao período pré-pandemia, 65,3% das empresas industriais apontaram que a covid-19 causou queda nas vendas, ou seja, é um indicador de incidência de empresas com diminuição de vendas e não de redução na escala das mesmas.

As empresas tiveram dificuldade de acesso a crédito mais barato?

EDUARDO RIOS NETO - Foi identificada dificuldade de acesso a uma modalidade específica, que foi o crédito emergencial para pagamento da folha salarial, mas o custo do crédito para as empresas, principalmente para pequenos e médios empresários, não é um problema que surgiu com a pandemia.

Os resultados mostraram que, entre 2,7 milhões de empresas em funcionamento, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo sobre o negócio.

Texto: Revista Indústria Brasileira

Por Ivan Tauffer

O autor é presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de SC (FCDL/SC)

Comércio otimista para o pós-pandemia

Em seis meses de enfrentamento ao novo coronavírus, o comércio catarinense recorreu a medidas que proporcionaram resultados positivos e que agora nos permitem olhar com confiança para o cenário pós-pandemia. As vendas caíram e era impossível evitar tal impacto. Mas algumas datas especiais ao longo do período registraram reações, com quedas abaixo do previsto. E, ao adotarmos os protocolos de segurança recomendados pelas autoridades de saúde, garantimos a proteção aos nossos colaboradores e aos clientes, resguardamos os empregos e iniciamos a retomada gradual das atividades.

Procuramos manter um diálogo permanente com o Governo do Estado, em parceria com outros setores produtivos - e obtivemos conquistas como a prorrogação por 90 dias do pagamento do ICMS para os contribuintes do Simples Nacional, assim como a concessão de crédito emergencial do Badesc e a liberação para a prova de calçados (com utilização de plástico filme e demais medidas sanitárias). Foi um diferencial capaz de manter o comércio ativo, assegurando a sobrevivência das empresas familiares e de micro e pequeno porte, sabidamente as maiores geradoras de empregos. Foi esse segmento o mais penalizado no período de isolamento social e que, portanto, mais necessita de apoio.

A entidade lançou campanhas como "Comércio Consciente", disseminando a importância das práticas que podem preservar a saúde dos envolvidos, e "A gente se reinventa", para estimular o comércio local e fomentar a economia de cada município. Atentos ao e-commerce, impulsionado durante a pandemia, criamos - em parceria com o Sebrae/SC - um programa de transformação digital no varejo, para acelerar as vendas on-line e fortalecer as marcas.

Nossas iniciativas foram frutos de muitos debates, análises técnicas e discussões coletivas, permitindo que a retomada à vida normal seja viabilizada com o menor desgaste possível. Continuamos concentrando esforços para a retomada gradual dos números positivos. A próxima data especial é o Dia das Crianças, em outubro, mais uma oportunidade para seguirmos evoluindo nos resultados, e chegarmos ao Natal com mais otimismo e esperança. 

Por: Yuri Utida

O autor é Especialista em Gestão de Risco & Patrimonial na Mônaco Investimentos & Seguros

Afinal, para quem o seguro de vida faz sentido?

Apandemia do novo coronavírus mudou a forma como o brasileiro trabalha, vive e cuida da saúde. E dá sinais de que mudará a forma com que nos relacionamos com o dinheiro. Sem poder trabalhar por causa da quarentena prolongada, muitas famílias viram sua renda e qualidade de vida despencar. Afinal, pouco mais de 90% dos brasileiros não dispõem de reservas financeiras. O sinal de alerta disparou e a procura por seguros de vida mais que dobrou em algumas seguradoras. Mas, apesar da pandemia escancarar a necessidade de ter garantias e reservas, muita gente ainda pensa que contratar um seguro de vida é algo exclusivo para quem tem muito dinheiro. “Aí que começa o primeiro erro no planejamento financeiro das famílias. Muitos têm a ideia de que ter um seguro é coisa só para quem tem reservas e teria como sobreviver sem poder trabalhar, mas é justamente o contrário”, conta o planejador financeiro e gestor de riscos, Yuri Utida. De acordo com o especialista, autônomos, profissionais liberais e todos que não têm patrimônio autossustentável e reservas financeiras são o perfil de quem precisa contratar garantias. “Estamos falando não apenas de pessoas que só geram renda se puderem trabalhar, mas também de trabalhadores assalariados que não têm reservas. Se, num piscar de olhos, a pessoa não puder trabalhar por motivos de saúde, por exemplo, não vai gerar a renda que precisa para sobreviver. É para esse público que foram desenvolvidos os seguros”, completa Utida. As pessoas também têm a ideia equivocada de que o seguro só serve para garantir um recurso para a sua família em caso de morte, mas há inúmeras soluções que garantem uma renda em caso de afastamento temporário ou definitivo por doenças ou outros imprevistos, como acidentes, por exemplo. “E, ao contrário do que muitos imaginam, é possível ter uma garantia com um investimento de 3 a 7% da receita. Não é algo irreal ou só para os ricos”, completa. Outro erro comum é pensar que, no caso dos trabalhadores com carteira de trabalho assinada, o INSS pode oferecer alguma segurança futura em caso de invalidez ou incapacidade de trabalhar. “Depois da Reforma na Previdência, está cada vez mais difícil conseguir o benefício e o pagamento pelo teto, que só é pago para quem contribui por pelo menos 15 anos pagando pelo teto. Então é uma ilusão achar que o INSS vai manter seu padrão de vida se algo errado acontecer”, explica. Para os autônomos, a situação é ainda mais dramática. “Muitas vezes o autônomo não contribui com o INSS e quando faz, paga o mínimo. Numa necessidade de afastamento, quando muito, terá um beneficio de R$ 1 mil. Se ele não tiver outras garantias, estará completamente desamparado”, reforça o Utida. O gestor de risco alerta, no entanto, que antes de correr para contratar um seguro é preciso escolher uma instituição idônea e um produto personalizado, que atenda às suas necessidades específicas. “Fuja dos modelos de prateleira que bancos costumam oferecer. É preciso encontrar uma solução que se encaixe no seu perfil, para que, se você precisar no futuro, tenha o retorno do investimento e não saia no prejuízo”, diz. 