Jornal Briefing Nº 5

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Brainstorming

Publicidade dos Alimentos Funcionais

Os alimentos funcionais já chegam a 70% dos lares portugueses

À CONQUISTA DO MERCADO O selo da Fundação Portuguesa de Cardiologia é uma das possíveis garantias que se pode encontrar nestes alimentos. Desenvolvido de acordo com recomendações internacionais e com o apoio de uma comissão científica, este selo já certificou produtos de marcas como a 10

Janeiro de 2010

se destaca no maior grau de cepticismo. Além da conquista de confiança, este mercado trava também a batalha das queixas por parte de companhias farmacêuticas e até mesmo de grupos de consumidores, no que respeita aos slogans publicitários. Em Portugal, o Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Social (ICAP) recebeu diversas queixas de grupos de consumidores e da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA), nomeadamente por alegada divulgação de mensagens enganosas. De acordo com a APIFARMA, os alimentos que evocam características e indicações terapêuticas deveriam ser sujeitos ao mesmo rigor de aprovação dos fármacos, tanto em investigação como em questões de publicidade, que ao nível farmacêutico exige testes de grande envergadura e muitos investimentos. No entanto, a indústria farmacêutica considera também que os alimentos com benefícios não devem ser confundidos com medicamentos.

Fotografia: Getty Images

O Japão é o único país a definir legalmente os FOSHU (do inglês: Food for Specific Health Use), enquanto alimentos que, além das propriedades nutricionais, acartam benefícios para a saúde. Há cerca de três mil anos que na Ásia os alimentos são utilizados como produtos terapêuticos e preventivos nas mais diversas maleitas. Nos anos 90, Yakut, um iogurte bio-activo japonês, conquistou o mundo muito antes dos seus homólogos americanos e europeus. Hoje os produtos funcionais começam a alcançar o reconhecimento global. Afinal “nós somos aquilo que comemos” já dizia Hipócrates, o pai da medicina, nascido numa ilha grega, 460 antes de Cristo. Os esteróis de plantas reduzem o colesterol, o consumo de mega 3 DHA pode diminuir o risco de doenças cardíacas e as Vitaminas A, C, E são antioxidantes que combatem os radicais livres no corpo. Propriedades publicitadas em slogans de bebidas, iogurtes, barras e num crescente número de produtos. Contrariar as tendências de má alimentação que varreram os media nas últimas décadas, foi um dos motivos da sua ascensão. Segundo um estudo da Pricewaterhouse Coopers, o mercado global dos alimentos funcionais deverá atingir os 86 mil milhões de euros em 2013, antecipando um crescimento de 10% nos próximos três anos.

Iglo ou a Luso. Campanhas como as da Becel, Actimel ou Benecol são conhecidas do público e os seus produtos marcam já presença nos frigoríficos portugueses. Estudos de 2007 indicavam que, ao nível nacional, estes produtos chegavam já a 90% dos lares. O Global Market Review de Probiotics demonstrou que cerca de 30% da população mundial consome regularmente este tipo de alimentos, havendo, por sua vez, países que têm demonstrado um maior e menor grau de confiança nos seus benefícios. A Ásia está, claro, no topo da lista de penetração de mercado. Por sua vez, na Europa, os países escandinavos são os que mais confiam nos benefícios dos alimentos funcionais, enquanto o Reino Unido

Segundo um estudo da Pricewaterhouse Coopers, o mercado global dos alimentos funcionais deverá atingir os 86 mil milhões de euros em 2013, antecipando um crescimento de 10% nos próximos três anos.

A PROCURA E UM LUGAR AO SOL Apesar de, além do Japão, não existir uma definição legal para estes produtos e de, por vezes, se confundirem com dietéticos ou suplementos nutricionais ao nível categórico, desenvolveram-se diversos sistemas para a regulação das “alegações de saúde” nos vários pontos do globo. O caso português rege-se pelo regulamento 1924/2006, desenvolvido pela União Europeia em 2006 com o objectivo de regular as alegações nutricionais e de saúde dos alimentos, nomeadamente nas comunicações comerciais e rotulagem, apresentação e publicidade. Apesar O novo agregador do marketing.


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