BDF_94

Page 1

Ano 2 • Número 94

R$ 2,00 São Paulo • De 16 a 22 de dezembro de 2004

Aumento do mínimo une trabalhadores Centrais sindicais deixam diferenças de lado e vão à luta por salário digno e correção da tabela do Imposto de Renda

Fórum Social propõe mais ação popular

Jerome delay/AP/AE

Douglas Mansur

A

luta por um salário-mínimo digno, pela correção da tabela do Imposto de Renda e pela valorização dos serviços públicos unificou as centrais sindicais, que organizaram, dias 13 e 14, marcha a Brasília, com 3 mil trabalhadores. A mobilização, antes da aprovação do orçamento para 2005, desmascara uma falácia do governo: a falta de recursos para aumentar o mínimo. E confirma, novamente, a opção preferencial do governo pelos banqueiros: em 2004, serão consumidos cerca de R$ 78 bilhões para pagar os juros da dívida pública. Uma redução de meros 10% nessas despesas seria mais do que suficiente para cobrir tanto o reajuste do mínimo para R$ 300, a partir de janeiro, como a correção da tabela do IR. Nesse caso, estudo do Unafisco Sindical estima que o congelamento resultou – de 1997 até agora – em confisco de R$ 37 bilhões. Págs. 2 e 3

Em sua quinta edição, o Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre (RS), em 2005, privilegiando a participação popular. Em entrevista ao Brasil de Fato, Francisco Whitaker, da Comissão Organizadora, conta que entre as mudanças previstas para o encontro estão a democratização da programação e dos temas, a mudança na localização das oficinas e o incentivo a atividades autogestionadas. De acordo com Whitaker, foi feito um esforço para “estimular as organizações a definir ações concretas, e não ficar apenas no debate”. Pág. 8

Estupro vira estratégia de domínio militar

Recuperação da economia não passa de ilusão Trabalhadores em marcha a Brasília em defesa do aumento do salário-mínimo e da correção da tabela do Imposto de Renda

Said Khatib/AFP/AE

A euforia dos meios de comunicação, do mercado financeiro e do governo em relação à política econômica não se sustenta. Prova disso são os últimos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que a renda média do trabalhador está em queda, assim como a produção industrial. Pior: a suposta redução da taxa do desemprego esconde que, de fato, as pessoas estão desistindo de procurar por trabalho, exatamente o oposto do que dizem os defensores do atual modelo econômico. Pág. 5

Costa do Marfim quer apurar ataques

Oferta de energia supera a demanda Com o maior leilão de energia da história do país, dia 7, o governo tentou evitar o racionamento e atrair investimentos para as hidrelétricas. As empresas privadas retraíram a oferta, se resguardando para propostas mais rentáveis. Assim, ainda há muita energia a ser negociada. Com os preços praticados no leilão, as tarifas devem cair, em média, 5%. Pág. 4

Há um ano, cerca de 400 sem-terra estão acampados na Fazenda da Barra, em Ribeirão Preto, interior paulista, cidade conhecida pela monocultura da cana-de-açúcar. A área já foi vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e, para virar assentamento, aguarda o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto isso não ocorre, a elite rural da região tenta deslegitimar a luta dos sem-terra. Pág. 7

Palestina – Tanques israelenses e escavadeiras demoliram casas palestinas durante uma incursão no campo de refugiados de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza, dia 14 de dezembro

UNE pede veto presidencial ao ProUni Pág. 6 Marcio Baraldi

Reforma agrária chega à capital do agronegócio

Documento da Anistia Internacional aponta que o estupro contra mulheres e meninas virou estratégia militar em países como Afeganistão, Colômbia, Iraque, Nepal, Rússia e Sudão. A nova “arma de guerra” é usada para afrontar o inimigo, desmoralizando os homens e amedrontando as pessoas para que fujam. As vítimas sofrem grande trauma e ficam expostas ao vírus da Aids, além de sofrer rejeição da própria família e da comunidade. O relatório também acusa as autoridades responsáveis de fazer muito pouco para impedir os crimes. Pág. 11

Sindicalismo se revigora na Argentina Pág. 9

Nem agronegócio ganha com a transposição Pág. 13

Resistência à imposição do imperialismo Para lutar contra a globalização, é preciso desenvolver meios de resistir ao controle social das mentes, organizado por consórcios de mídia e entretenimento que legitimam e massificam a ordem vigente. A denúncia é de David Solnit, um dos articuladores das mobilizações contra a OMC, em Seattle, em 1999, para quem os militantes precisam cultivar um novo radicalismo, como forma de resistência à imposição do “jeito imperialista” de pensar. Pág. 11

A formação de uma comissão internacional foi requerida pelo governo da Costa do Marfim, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), para que sejam investigados os ataques feitos por soldados franceses contra manifestantes desarmados, na cidade de Abidjã, dia 9 de novembro. O embaixador marfinense na ONU, Philippe Djangone-Bi, exibiu vídeos com cenas de terror durante o conflito que resultou em 60 mortes e 2 mil feridos. Até os ataques, a França tinha mais de 4 mil soldados no país, entre 6.200 soldados da força de paz da ONU. Pág. 12

E mais: UCRÂNIA – Dois mil observadores estarão na Ucrânia nas novas eleições presidenciais, dia 26. Pág. 10 FÓRUM – Retirar alimentação e agricultura das discussões da OMC é a principal reivindicação do Fórum Mundial sobre a Reforma Agrária. Pág. 10 CULTURA – Grupo teatral conscientiza mulheres sobre violência doméstica. Pág. 16


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
BDF_94 by Brasil de Fato - Issuu