Ano 1 • Número 37 • São Paulo • De 13 a 19 de novembro de 2003
Circulação Nacional
R$ 2,00
Fórum define lutas por soberania nacional Em Belo Horizonte, movimentos decidem ampliar mobilização e exigem participação popular na definição da Alca
Com o FMI, vem aí mais recessão
Robson Fernandjes/AE
U
ma agenda de mobilizações populares para articular a luta contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Essa é uma das conclusões do 1º Fórum Social Brasileiro, realizado em Belo Horizonte (MG), dias 6 a 9. Ignorado pela mídia, o evento reuniu cerca de 40 mil pessoas de todo Brasil e de 22 países. Em conferências, oficinas e debates, foram discutidos temas urgentes como o pagamento da dívida externa, os acordos com o Fundo Monetário Internacional e a necessidade de uma rede de solidariedade. Págs. 2, 7 e 9
Trabalhadores marcham por reforma agrária
No governo Lula, quando o assunto são os transgênicos, é punido quem cumpre a lei. O Ministério da Agricultura anunciou que 225 produtores paranaenses pretendem cultivar soja transgênica. Segundo o secretário-executivo do Ministério, Amauri Dimarzio, o Estado não deve ser declarado livre de transgênicos. A disputa é entre a lei federal e a estadual. Aurélio Rios, procurador da República, afirma que, neste caso, prevalece a lei paranaense, que veta qualquer tipo de semente modificada. Pág. 3
E mais: ECONOMIA – O crescimento da produção industrial em setembro pode ter fôlego curto. Em vez de reativação, o desempenho do mês representa o fraco resultado de 2002 e as compras de fim de ano. Pág. 4 AMÉRICA CENTRAL – O primeiro turno das eleições presidenciais na Guatemala culminou na derrota do ex-ditador genocida, general Efraín Ríos Montt. A disputa agora está entre o centro e a direita. Pág 10 ÁFRICA – O presidente Lula aproveitou sua viagem ao continente africano para acertar diversas parcerias. O líder da África do Sul definiu a visita como “muito importante” para ambos os países. Pág. 12
Anistia constata a falência da polícia no Brasil
Durante oito dias, cerca de 2 mil sem-terra vão percorrer 200 km até a capital federal
Invasão do Iraque é para controlar Europa “Para vergar a Europa, o imperialismo estadunidense procura controlar o petróleo, não para sua subsistência, mas, sobretudo, para controlar as reservas estratégicas européias”. Essa é a opinião de Awni Al Kalemji, porta-voz da Coalizão Patriótica Iraquiana, sobre o ataque dos Estados Unidos ao país árabe. Em entrevista ao Brasil de Fato, o antigo colega de escola de Sadam Hussein explica que o motivo da invasão é geopolítico: o império estaria fragilizado economicamente em relação à União Européia, seu maior credor. Ele também comenta o papel das Nações Unidas na região, a resistência do povo iraquiano e a sucessão nos EUA. Pág. 11
Selo da campanha do Comitê pela Democratização da Mídia
Ameaças à soja “limpa” do Paraná
Brasília está longe do mundo real. Talvez por isso o ministro Berzoini, da Previdência, tenha bloqueado a aposentadoria de dona Balbina, 100 anos, moradora de Embu (SP), e exigido que fosse até um posto do INSS em São Paulo
Enio Tavares/O Popular/AE
Famílias de agricultores sem-terra iniciaram, dia 10, uma marcha de 200 quilômetros até Brasília. Os trabalhadores rurais pretendem ser recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reivindicar a rápida implantação das políticas propostas no Plano Nacional de Reforma Agrária, entregue ao governo no mês passado. Pág. 8
Não é de hoje que o governo Luiz Inácio Lula da Silva procura vender à opinião pública a idéia de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não é mais o mesmo, que agora leva em conta o desenvolvimento dos países na sua receita de ajuste. Nada mais falso, porque o Fundo não foi criado para patrocinar políticas de crescimento. Ele existe para exercer, em nome dos governos dos países ricos, o papel de xerife das contas dos governos dos países pobres, assegurando que esses devolvam, com juros, os empréstimos tomados a bancos e governos dos países mais ricos. A assinatura de um novo acordo do Brasil com o FMI é uma clara opção por uma política econômica conservadora, que decreta a repetição, em 2004, do arrocho fiscal e monetário vigentes em 2003. Por isso, parlamentares, economistas e sindicalistas vêm se manifestando contra um novo acordo. Págs. 5 e 6. Leia também a seção Debate, pág. 14
Irene Khan, secretária geral da Anistia Internacional, diz que o sistema repressor da polícia no Brasil está falido. Referindo-se aos atentados contra bases da Polícia Militar em São Paulo, atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e com saldo de duas mortes, ela sugeriu um “policiamento que garanta segurança para toda a população”. Em sua primeira visita ao país, Irene quer discutir a compatibilidade entre uma política de segurança pública e o respeito aos direitos humanos. Pág. 8
Sem saúde, carvoeiros vivem só para trabalhar Pág. 13
Músico mostra a riqueza da cultura caipira Pág. 16
Canadá paga caro por acordo de livre comércio Pág. 9