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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 6 • Número 263

São Paulo, de 13 a 19 de março de 2008

R$ 2,00 www.brasildefato.com.br Via Campesina

DIA INTERNACIONAL DE LUTA DA MULHER

Brasil paga aos especuladores as maiores taxas de juros O Brasil voltou a ser o país com a mais alta taxa básica de juros do mundo. O Banco Central justifica que o atual patamar da Selic se deve à cautela diante da pressão inflacionária e ao cenário de incertezas da economia mundial. Notese que, mesmo alta, em relação aos padrões internacionais, a atual taxa é a menor da história do Brasil. Entretanto, especialistas ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato criticam as medidas do Banco Central e apontam as conseqüências nefastas dessa política econômica, tais como a sujeição do país aos ataques especulativos e a posição de exportador de commodities e produtos de baixo valor agregado. Pág. 3

Mil mulheres da Via Campesina ocuparam os trilhos da Estrada de Ferro Vitória-Minas, uma das principais ferrovias da Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce), no município de Resplendor (MG), a fim de chamar a atenção para as 2 mil famílias desabrigadas pela Barragem de Aimorés

Votorantim gera lucro e pobreza no Paraná

Mulheres protestam contra transnacionais e agronegócio ilegalidades cometidas pela companhia que explora a monocultura de eucaliptos. Esses atos marcaram a abertura e o encerramento da jornada de lutas do 8 de março da Via Campesina, a qual movimentou 17 Estados. Em artigo, a feminista Nalu Faria explica que a luta das mulheres é por transformação integral da sociedade. Págs. 2, 4 e 5

5 ANOS DA INVASÃO DO IRAQUE

ONU pede para bolivianos pararem de mascar coca As Nações Unidas (ONU), através do informe de 2007 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, “exorta os governos da Bolívia e do Peru a adotarem medidas, sem demora, com vistas a abolir os usos da folha de coca”. O governo da Bolívia rechaçou a recomendação, chamando a junta de “ignorante e

anacrônica”. Acullicu ou pijcheo são duas palavras que a ONU definitivamente não conhece, relata Igor Ojeda, correspondente do Brasil de Fato na Bolívia. Ambas significam, em aymara e em quéchua, o ato de se mascar folha de coca – um costume de mais de 3 mil anos dos povos andinos. Pág. 9

Casey Rogers

Afundando no Iraque: guerra “comemora” cinco anos e segue em frente, gerando lucros para poucos

Sgt. Samuel Bendet/US Air Force

No dia 10, mil mulheres da Via Campesina ocuparam os trilhos de uma ferrovia da Vale em Minas Gerais para denunciar o desalojamento de 2 mil famílias atingidas pela Barragem de Aimorés, que fornece energia barata para a mineradora. No dia 4, 900 camponesas já haviam entrado numa fazenda da Stora-Enso, em protesto contra

O bom desempenho da transnacional Cimentos Votorantim em Rio Branco do Sul, cidade próxima a Curitiba (PR), contrasta com as condições precárias de vida da população local. De acordo com o anuário da empresa controlada por Antônio Ermírio de Moraes, apenas o ramo de cimentos lucrou R$ 5,2 bilhões, em 2006, com crescimento de 29% nas receitas. Já as suas duas fábricas no município geram 625 diretos e cerca de 300 indiretos. As plantas atraem para seu entorno pequenas indústrias de cal e serrarias, que abastecem a Votorantim de matéria-prima e oferecem trabalho degradante e mal pago para boa parte da população. Pág. 7

A divisão dos lucros da guerra Empresas brasileiras exportam uniformes e coturnos A cada dólar gasto, a cada gole de refrigerante, a cada bota furada, ou uma colherada num prato de cereais, empresários de diferentes pontos do planeta estão engordando suas contas bancárias com a guerra do Iraque, que completa 5 anos no dia 20 de março. O Brasil também “conquistou” sua fatia nesse consórcio. Os soldados que hoje matam no Iraque

usam uniformes fabricados por cerca de dez confecções mineiras das cidades de Divinópolis e Formiga. Os coturnos também são feitos em Minas Gerais, além de São Paulo e Paraná. A empresa Arroyo, de Franca (SP), por exemplo, exporta coturnos para serem usados no deserto. Cada empresa abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos em uma

guerra que custa cerca de 2 mil dólares por segundo, ou 275 milhões de dólares por dia. Uma guerra que já matou 700 mil iraquianos, perdeu 4 mil estadunidenses e produziu 4 milhões de refugiados. Pág. 12

9 771678 513307

00263

Conflito na Colômbia já é regional A regionalização do conflito entre Colômbia e Equador é um fato apesar do aperto de mãos protagonizado por Álvaro Uribe e Rafael Correa. A partir de 1988, com a implementação do Plano Colômbia, os grupos armados foram empurrados para regiões fronteiriças e, muitas vezes, se refugiaram nos países vizinhos. Pág. 10

Bolivianas sorriem em banca que vende folhas de coca para mascar


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