Circulação Nacional
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Ano 6 • Número 256
São Paulo, de 24 a 30 de janeiro de 2008
R$ 2,00 www.brasildefato.com.br Liliane Braga
João Zinclar
TRANSPOSIÇÃO Em entrevista exclusiva, frei Luiz Cappio diz que Lula “cospe no prato em que comeu” por ter dado as costas aos movimentos sociais depois de ter chegado ao poder, e insiste: a transposição não vai acontecer. Pág. 8
INTERNACIONAL Médicos formados em Cuba próximos de terem diploma reconhecido no Brasil. Pág. 9
CULTURA O Hip-hop do rapper cubano Alayo retrata os problemas da periferia cubana. Pág. 12
Corporações de ensino colocam apostilas na rede pública Grandes corporações do setor da educação estão avançando sobre o mercado de materiais didáticos e entrando nas escolas públicas. Tratase do ensino apostilado, fenômeno que já alcança 25% da rede privada e 129 das 645 prefeituras de São Paulo. Dentre suas principais características está a má qualidade, já que os materiais não passam pela avaliação do governo, e a inviabilidade econômica. O Fundeb oferece às escolas públicas livros a uma média de R$ 5 a R$ 6, enquanto as apostilas ultrapassam os R$ 145. Pág. 3
Família exige investigação sobre assassinato de Jango Dois fatos importantes podem ajudar a elucidar o sinistro golpe militar de 1964 e a nebulosa morte do presidente deposto João Goulart (Jango). Primeiro, o Congresso estadunidense tornou público documentos da CIA que comprovam a participação do governo Lyndon Jonhson na conspiração. Agora, a recente confissão de Manoel Neira Barrero, ex-integrante dos órgãos de repressão da ditadura uruguaia, de que o ex-
presidente João Goulart foi envenenado. Esses fatos reforçam as suspeitas dos familiares de que Jango foi morto por determinação dos EUA. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, fala sobre o processo aberto pela família responsabilizando o governo dos EUA pela morte de seu pai e cobra providências do governo brasileiro para esclarecer o caso. Págs. 4 e 5 Leonardo Melgarejo
Governo Lula descumpre, de novo, meta de assentamentos
Governo do RS faz ação militar para reprimir sem-terra
Os dados da reforma agrária de 2007 comprovam que o governo Lula não cumpriu as metas de assentamentos, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos anos. A não-atualização dos índices de produtividade (referentes à primeira metade da década de 1970) continua sendo um dos principais entraves para a realização de desapropriações, segundo analistas. O próprio ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, afirma que a atualização do índice seria importante, mas diz que o governo precisa saber o momento político adequado para isso, já que existe a pressão da bancada ruralista. Pág. 6
A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), promoveu uma mega operação policial para invadir o assentamento Novo Sarandi, do MST, no dia 17. Alegando estar atrás de um rádio, uma câmera, R$ 200 e um anel que teriam sido furtados de um fazendeiro da região, mil policiais armados cercaram o assentamento. Depois de muita negociação, a polícia fez a revista sem armas pesadas e nenhum dos bens procurados foi encontrado. Alguns dias depois, cerca de 500 militantes do movimento ocuparam uma fazenda na região metropolitana de Porto Alegre que pertencia ao traficante Juan Carlos Abadia. Pág. 7
A mando da governadora Yeda Crusius, cerca de mil policiais ameaçaram invadir o assentamento Novo Sarandi (RS)
Tom Maruko/CC
No Chile, povo Mapuche resiste à repressão do governo Bachelet pitalizada após mais de 90 dias em greve de fome. A internação foi feita à revelia de sua família, que não teve permissão para visitar a ativista. O protesto busca
pressionar as autoridades por um novo julgamento e reivindica a liberdade dos presos políticos mapuche e a desmilitarização das áreas de conflito. Pág. 9 Guido/CC
Condenada a 10 anos de prisão pela Lei Antiterrorista, em vigência no Chile desde a ditadura Pinochet, a líder mapuche Patricia Troncoso Robles foi hos-
Conversas na capital: Evo Morales sob a ótica de La Paz Um senhor na praça, uma faxineira, uma vendedora de sanduíche de lingüiça, um dono de barbearia, uma universitária, uma dona de carrinho de suco de laranja e dois engraxates. “Uma curiosidade: o que você acha do governo Evo até agora?”. Na semana em que se completaram dois anos da chegada de Evo Morales à presidência da Bolívia, em 22 de janeiro, o correspondente do Brasil de Fato no país andino, Igor Ojeda, dirigiu esta e outras perguntas a oito moradores da capital La Paz. Em pauta, suas vidas, o presidente e o futuro de um país agitado por intensas mobilizações. Pág. 10
ÁFRICA Índios Mapuche realizam protesto e pedem liberdade para presos políticos
9 771678 513307
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Crise no Quênia vai além da rivalidade entre etnias. Pág. 11