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Circulação Nacional

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Ano 5 • Número 248

São Paulo, de 29 de novembro a 5 de dezembro de 2007

R$ 2,00 www.brasildefato.com.br

Luis Arce Bleichner

Na Bolívia, direita e esquerda acirram luta

Frei Luiz inicia segunda greve de fome contra a transposição

Miryam Belo

Manifestação em Sucre, Bolívia

A polarização política se acirra na Bolívia. De um lado, a direita radicaliza suas reivindicações, como submeter o presidente Evo Morales a um referendo revogatório, e ameaça tornar autônomos, de forma unilateral, os Estados opositores. Por sua vez, os movimentos populares dizem, por exemplo, que, se a autonomia for declarada, os latifúndios serão tomados.

Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato avaliam que a polarização é resultado de concessões que o partido de Morales fez à direita, dando-lhe forças para se levantar depois da derrota na Guerra do Gás, em 2003. Entretanto, a aprovação, no dia 24 de novembro, do texto base da nova Constituição renova a legitimidade do presidente junto aos movimentos sociais. Pág. 9 Frei Luiz Cappio em capela de Sobradinho (BA), no dia em que iniciou a greve de fome

Desta vez, bispo não aceita negociar. Quer o fim do projeto Frei Luiz Flávio Cappio, bispo da diocese de Barra (BA), iniciou, no dia 27 de novembro, sua segunda greve de fome contra a transposição do rio São Francisco. Só que desta vez – ao contrário do jejum que encerrou em 2005

após negociar com o governo – ele não interromperá o gesto a menos que o projeto seja arquivado em definitivo. A decepção com o presidente Lula permeia os movimentos que resistem à transposição. Além de não dialogar, o governo colocou

o Exército para iniciar as obras. Para Roberto Malvezzi, da CPT, as previsões não são boas: “O governo não vai recuar, entendo que ele (frei Luiz) sabe disso, por isso, o quadro vai ser extremamente complexo”. Pág. 8 Cláudio Santos/Ag PA

No PA, terror do Estado. No PR, milícias armadas Ameaças, torturas, afogamentos, prisões de trabalhadores sem-terra. Assim é a operação “Paz no Campo” do governo do Pará. Sob o pretexto de buscar grupos armados em áreas de ocupação, enviou para a região Sul do Estado tropas do Exército e das polícias civil e militar. “A repressão está sendo indiscriminada contra todos”, denuncia o frei Henri des Rosiers, da CPT. A violência atinge o próprio Henri. Três pistoleiros, a mando de um fazendeiro, teriam recebido R$ 50 mil para assassiná-lo. No Paraná, no dia 21 de novembro, completou-se um mês da morte de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, assassinado por paramilitares contratados pela transnacional Syngenta. Pág. 7

Na reta final, Venezuela se divide frente a referendo No dia 2 de dezembro, Hugo Chávez enfrentará seu maior desafio eleitoral. Depois de ter vencido nove votações, dessa vez o presidente chega ao pleito com dificuldades de emplacar seu projeto de transformação da Constituição, especialmente entre os setores populares – o núcleo duro do seu eleitorado. De acordo com última pesquisa de intenção de voto no referendo, há um empate técnico entre o “Sim” chavista (46%) e o “Não” da oposição(45%). Pág. 10

Governo Lula publica edital que privatiza a água da União

Violência indiscriminada também atingiu trabalhadores pobres que ocupam as terras do “Complexo da Forquilha”

Por meio de concessões, o governo federal irá privatizar a água de lagos, rios, açudes e reservatórios da União. No dia 9 de novembro, foi publicado um edital licitatório que prevê a concessão do direito de uso de áreas para fins de criação de pescado em cativeiro. Para entidades da sociedade civil, a iniciativa do governo representa uma ameaça às comunidades e ao meio ambiente, além de fazer parte da lógica privatizante dos recursos naturais em curso no país. Pág. 3

Kara Cochran

Vale quer termelétricas poluidoras A Companhia Vale do Rio Doce planeja a construção de três novas termelétricas para alimentar a demanda por energia de empresas que controla no Estado do Pará – a Alunorte e a Albras. Seguindo a política de obter a maior produção com o menor custo, o projeto prevê a utilização de carvão mineral, matéria-prima altamente poluente e que provoca grande impacto ambiental. Pág. 6

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Cerca de 700 mil franceses foram às ruas protestar contra as reformas neoliberais de Sarkozy

França passa por nova onda de revoltas populares

PT elege sua nova direção projetando as eleições de 2010

Seis meses após ser eleito presidente da França, Nicolas Sarkozy enfrenta a resistência de funcionários do setor público, de estudantes e de jovens da periferia parisiense. Os primeiros – trabalhadores dos transportes, gás e energia – realizaram greve de nove dias contra uma reforma da previdência. Os segundos também decidiram parar contra uma lei que privatiza o ensino superior. E os terceiros voltaram a incendiar carros em resposta à violência policial como em 2005. Pág. 12

O Partido dos Trabalhadores se prepara para a realização, no dia 2 de dezembro, do Processo de Eleição Direta (PED), quando escolhe seus dirigentes para os próximos dois anos. Sete candidatos disputam a presidência e nove são as chapas que buscam vagas no diretório nacional. Os eleitos terão como principais metas as eleições municipais de 2008, a consolidação de uma candidatura própria para 2010 e a reaproximação do partido com as bases e os movimentos sociais. Pág. 5


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