Ano 3 • Número 125
R$ 2,00 São Paulo • De 21 a 27 de julho de 2005
Presidente Lula culpa o PT pela crise P
• A esquerda sofre o maior abalo de sua história • Só uma ruptura pode mudar rumos da economia Norberto Duarte
Terra improdutiva – Trabalhadores rurais de Puerto Casado marcham 160 km até Assunção, capital do Paraguai, para cobrar do Congresso projeto de expropriação das terras da seita do reverendo Sun Myung Moon. Com 600 mil hectares, é o maior latifúndio improdutivo do país e situado numa região estratégica, o Aqüífero Guarani
Soldados massacram famílias em ação no Haiti Nelson e Stanley Romelus, de 1 e 4 anos, foram assassinados ao lado de sua mãe, Sonia, de 22 anos, dia 6 de julho, quando cerca de 350 soldados da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) participaram de uma operação em Cité Soleil, na capital haitiana Porto Príncipe. O objetivo era assassinar um líder do grupo Lavalas, que
apóia o ex-presidente JeanBertrand Aristide, deposto em fevereiro de 2004. O resultado foi o massacre de pelo menos 23 pessoas, mortas em suas casas, nas ruas e em seus locais de trabalho, mesmo estando desarmadas. Em repúdio ao ataque, estão sendo organizados, para o dia 21, protestos simultâneos em diversos países. Pág. 9
Marlene Bergamo/ Folha Imagem
ara mostrar que o presidente da República não tem nada a ver com o PT, partido do governo, Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em entrevista dada em Paris, na semana passada, “que as pessoas não pensaram direito no que estavam fazendo”. Ele se referia à antiga cúpula do PT. Protegido pelo aumento de sua popularidade, Lula tenta se eximir de qualquer responsabilidade pela corrupção de que são suspeitos ex-integrantes da direção do PT e do governo. Seja como for, a crise do PT é a mais grave da história da esquerda brasileira, por envolver, também, frouxidão de princípios e distanciamento do povo, analisa César Benjamin, do Movimento Consulta Popular. Por outro lado, setores sociais críticos da política econômica não apenas provam a perversidade de propostas ortodoxas como a de zerar o déficit público nominal, como apontam alternativas à receita neoliberal, mas cuja implementação implica no rompimento do modelo abraçado pelo governo Lula. Págs. 2, 3, 7 e 8
Referendo do desarmamento inclui povo na política
Cultura do fumo escraviza e contamina solo A serviço dos interesses de transnacionais fumageiras, grupos políticos conseguem o adiamento da ratificação brasileira à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que já foi sancionada por 70 países. Pesquisa realizada pela organização não governamental Terra dos Direitos aponta, nas grandes produções de fumo, um sistema de trabalho que muitas vezes leva o grupo familiar a sobrecarregar sua força de trabalho, envolvendo crianças, adolescentes e idosos. Sem falar nos impactos ambientais causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos nas regiões fumageiras: grande número de casos de intoxicações e contaminação de solos e águas. Pág. 6
vai decidir pela proibição ou não do comércio de armas de fogo. Para além dos benefícios da consulta em si, a matéria pode ser um importante passo para enfrentar a violência. Segundo as Nações Unidas, o brasileiro tem três vezes mais chance de morrer por um tiro que qualquer outro cidadão do mundo. Pág. 5 Marcio Baraldi
“A democracia direta é o melhor antídoto contra a corrupção: é muito fácil corromper poucas pessoas, é mais difícil corromper algumas, mas é impossível corromper toda uma população.” O raciocínio é do professor Fábio Comparato, que comemora a realização de um referendo, dia 23 de outubro, em que o povo brasileiro
Sede de Justiça – Reunidos na Praça da Sé, representantes de igrejas, movimentos sociais e organizações de defesa dos direitos humanos reivindicam apuração das chacinas ocorridas na periferia e no centro da cidade de São Paulo.
Países andinos buscam mais integração Pág. 9
G-4 busca apoio Lei ainda de africanos na encoberta crimes reforma da ONU da ditadura Pág. 12
Bush favorece petroleira dos EUA no Iraque De modo ilícito, o presidente estadunidense, George W. Bush, favoreceu empresas como a transnacional Halliburton na exploração do petróleo iraquiano. A denúncia consta do relatório Houston, we still have a problem (do inglês, Houston, ainda temos um problema), elaborado por entidades dos Estados Unidos. Segundo o documento, antes mesmo do início dos ataques dos EUA ao Iraque, em março de 2003, representantes do governo estadunidense e da Halliburton haviam se reunido para definir a estratégia da exploração do petróleo no país. A partir de então, a transnacional foi beneficiada com contratos e lucrou bilhões de dólares. Pág. 11
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E mais: INDÍGENAS – Entidades fazem denúncia na ONU pedindo apuração de assassinatos e punição dos culpados. Pág. 4 COLÔMBIA – Orlando Chaves analisa o surgimento das guerrilhas no país, fruto de um acordo das elites de alternância no poder. Pág. 10 LITERATURA – Na capital paulista, escritores, poetas e leitores discutem a “nova” literatura brasileira, na primeira edição da FLAP! Pág. 16