BRASILBEST 128 - October 2010

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CASA Dos AVós, Onde tudo é possivel

Crônica

T

odo o ano tenho o privilégio de passar as férias no Brasil.

Adoro voltar para “casa”, apesar de morar aqui há mais de 20 anos. O cheiro de casa de mãe (e pai também) é muito bom. O cheiro do ar, entrando pelas janelas, sem barreira de telinhas anti-mosquito. É a brisa, é a comida, é o barulho de gente entrando e saindo. É o cheiro do vapor do ferro quando a roupa está sendo passada. É tudo isso e muito mais. É uma experiência lúdica ver o meu boneco Feijãozinho, o meu Fofão e o meu antigo violão. Mas o legal mesmo é ver os meus filhotes na casa dos avós. A casa onde se pode tudo, ou quase tudo. Sentir a felicidade dos meus pecurruchos refletida na alegria dos meus pais. Nada dá trabalho, nada é impossível. Enfim, tudo é um prazer.

“ Casa de avós é tudo de bom. É melhor do que Disney, é muito mais mágico. Casa de avós significa poder comer o que quiser nas horas mais inapropriadas. É ter avô saindo da cama, já quentinha, para comprar cachorro-quente, só porque “eu tô a fim, vô”. É comer sobremesa na hora do almoço sob a desculpa de que “ele não comeu nada hoje”.”

Casa de avós é tudo de bom. É melhor do que Disney, é muito mais mágico. Casa de avós significa poder comer o que quiser nas horas mais inapropriadas. É ter avô saindo da cama, já quentinha, para comprar cachorro-quente, só porque “eu tô a fim, vô”. É comer sobremesa na hora do almoço sob a desculpa de que “ele não comeu nada hoje”. Casa de avós significa voltar da praia, cansada, no colinho quente de qualquer um dos dois. É tomar banho e sair do banheiro toda perfumadinha, mas com o cabelo duro

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Outubro 2010

da água do mar e da areia da praia e ouvir a explicação “ela não quis lavar o cabelo agora”. É quebrar objetos queridos e ser desculpada sem nenhuma bronca. É descobrir fotos antigas dos pais e, finalmente, entender que eles, também, foram crianças. É encontrar brinquedos feitos à mão, mantinhas de croché, vestinho de broderí, botinhas ortopédicas amareladas.

Voltar para a casa de nossos pais é sempre um retorno ao ninho. Ficar na casa dos avós é, simplesmente, algo sem explicação.

por Jaqueline Jacques

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