Filosofia da tradução: Tradução de filosofia...
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FILOSOFIA DA TRADUÇÃO — TRADUÇÃO DE FILOSOFIA: O PRINCÍPIO DA INTRADUZIBILIDADE
Márcio Seligmann UNICAMP
O estilo da Filosofia Talvez o fato de eu estar apresentando esse trabalho sobre a relação entre a filosofia e a tradução numa mesa dedicada à Tradução Literária1 gere espécie entre alguns dos participantes deste encontro. Talvez alguns tenham até se perguntado não só por que tratar de filosofia numa mesa dedicada à “Literatura”, mas também porque uma contribuição que verse sobre a “filosofia da tradução”. A resposta a estas hipotéticas questões esclarecem, na verdade, alguns pontos básicos tanto da visão de literatura — e consequentemente de filosofia — como também da concepção de tradução que procurarei defender aqui. À primeira objeção eu responderia recorrendo a uma determinada tradição, para a qual o texto filosófico não se deixa separar do que costumamos compreender sob a rubrica de “Literatura”. Aristóteles, como é sabido, procurou na sua Arte Poética um denominador comum que abarcasse “aos mimos de Sófron e Xenarco ao mesmo tempo que aos diálogos socráticos e às obras de quem realiza a imitação por meio de trímetros, dísticos elegíacos ou versos semelhantes” (Aristóteles 1988: 19 s.). Aristóteles, como é sabido,