Bip Nature - 302

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Bip

Edição única | 2021 Revista dos alunos da turma 302 do Colégio Murialdo Caxias

Nature PROTEGENDO O PLANETA Uma entrevista com João Osório Martins, secretário do Meio Ambiente de Caxias do Sul

ELAS FAZEM ACONTECER 14 mulheres da cidade se unem em cooperativa para produzir sabão e sabonete – e gerar renda!

NANDO REIS O ruivo mais amado do Brasil conta como se mantém saudável e cheio de energia aos 58 anos


SUMÁRIO 03. EXPEDIENTE 04. CARTA DOS PROFESSORES EDITORES 05. ENTREVISTA: NANDO REIS 09. FOTOGRAFIA 10. RECEITA: PEIXINHO MANHOSO 11. FOTOGRAFIA 12. CHARGE 13. ENTREVISTA: JOÃO OSÓRIO MARTINS 20. MEU MUNDO SUSTENTÁVEL 22. ATUALIDADES 24. CHARGE 25. RECEITA: RATATUILLE 26. MEU MUNDO SUSTENTÁVEL 28. CHARGE 29. ATUALIDADES 31. FOTOGRAFIA 32. ENTREVISTA: DANIEL REOLON 39. RECEITA: ARROZ DE FORNO 40. ATUALIDADES 41. FOTOGRAFIA Foto: Maria Fernanda D'Agostinii


Foto: Canva

EXPEDIENTE Esta é uma publicação feita pelos alunos da turma 302 do Colégio Murialdo Caxias, nas disciplinas de Biologia, Língua Inglesa e Língua Portuguesa. Diretor: Padre Gilberto Florença da Câmara Vice-diretor: Edmundo José Marcon Coordenadora pedagógica: Lisiane Betto Professores responsáveis: Luciana Gecchelin Santini Priscylla Nunes André Benedetti

Alunos: Alessandra Moreira Braga Teixeira Ana Paula Erlo Arthur Terpiloski Cauã Padilha da Silva Fagundes Gabriel Marques Corrêa Guilherme Buffon Curzel Guilherme Rech Castro Gustavo Cavasotto Potrich Izabelle Pellegrini Balotin João Pedro de Campos Júlia Rafaela Zahn Oliveira Leonardo Mantovani Biesek Lorenzo Mazzarotto Susin Maria Fernanda Debastiani D'agostini Nicolas Tessaro de Oliveira Nicole Palhano Onzi Pietro Expedito Sarafim Perin Rafael Dalle Molle Martins Tamaichele Dos Santos Thalia Corrêa Hoffman Thiago Cargnel Fermiano Túlio Michelon Ciconetto Vítor Martins Vitória Dalmas de Oliveira


BIP NATURE

CARTA DOS PROFESSORES EDITORES Quando nós viramos adultos? Quando podemos começar a pensar em enviar um e-mail para alguém importante, com questionamentos para a elaboração de um texto? Quando é que chega a hora de vencer a vergonha para se sentir seguro a ponto de enviar uma lista de perguntas para um dos músicos mais importantes do país? Ao longo deste ano, a produção desta revista serviu não apenas para os estudantes praticarem a escrita de textos bilíngues (Português/Inglês) e sobre a natureza (Biologia) (veja que as iniciais destas três disciplinas dão nome a esta publicação, a BIP), mas também para apresentar como nossos jovens podem ser capazes, sim, de se impor no mundo, de mostrar a que vieram, de pensar que, se outras pessoas podem, eles também podem. Prova disso é a matéria de capa desta edição, em que trazemos nada mais, nada menos do que o músico e compositor Nando Reis. Quem imaginou que ele conversaria com nossos estudantes, contando como mantém a forma à beira dos 60 anos de idade? Sem que nossos alunos não tivessem tentado, não saberíamos. E é sobre isso que queremos falar quando trazemos o resultado de um projeto interdisciplinar elaborado a muitas mãos, ao longo de todo o ano de 2021. Como em uma espécie de autoajuda, tentando elevar a autoestima em sala de aula, vimos nossos pupilos vencerem a vergonha

para conversarem com famosos e não famosos, para se expressarem por meio de textos a serem publicados, para colocarem em prática o conhecimento represado ao longo da vida estudantil, que surge aqui como uma degustação do que esta turma já é capaz de fazer. Temos certeza de que este é apenas o ensaio das tantas produções de qualidade que nossos pequenos adultos

certamente vão realizar, mesmo que às vezes com o rosto ruborizado ou com uma tremedeira nas mãos. Mas, acima de tudo, sabendo que são capazes. Nós três temos certeza de que eles são. Um abraço, Luciana Gencchelin Santini, Priscylla Nunes e André Benedetti – Professores editores


PÁGINA X | BIP NATURE ENTREVISTA | BIP NATURE

UM RUIVO AMADO E SUPERSAUDÁVEL O ex-membro da banda Titãs José Fernando Gomes dos Reis, conhecido artisticamente como Nando Reis, é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical brasileiro. Pai de cinco filhos, ele já realizou gravações de mais de 50 álbuns, sendo “Nando e Sebastião" o mais recente do artista. Confira nesta entrevista exclusiva como Nando faz para se manter saudável aos 58 anos:

BIP Nature: Com o surgimento da Covid-19, muitos hábitos mudaram, como o fechamento de alguns estabelecimentos e o cancelamento dos shows por conta das aglomerações. Depois disso, como tem sido a sua rotina? Nando Reis: Eu viajava todos os fins de semana para fazer shows e subitamente, em março, isso parou. Fiz pouquíssimas viagens ano passado, quando parecia que as coisas estavam voltando ao normal. Minha rotina mudou substancialmente, eu fico mais em casa. Na verdade, pude aproveitar para passar longos períodos na minha casa no interior de São Paulo. Mantive meus treinos e minha produção escrita, que é parte da minha profissão, e fazendo vídeos, respondendo para gente bacana que nem vocês.

"THE WORLD IS BEING POISONED." BIP: Essa mudança de rotina ajudou ou atrapalhou a sua criatividade? NR: No primeiro momento, atrapalhou. Eu fiquei muito desorganizado, triste,


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me sentia sem nenhum estímulo. Eu acho que a gente se adapta a tudo, né? E a criatividade, de certa maneira, pode ser estimulada pela rotina no seguinte sentido: você vai lá e pensa: "é o meu trabalho compor, escrever, fazer músicas. Eu preciso criar!”. A criatividade está ligada à ideia da inspiração, e não é verdade. Quando surge a inspiração, você não tem controle, mas, para que você possa criar alguma coisa, você precisa trabalhar, se debruçar e ter uma rotina. Eu vou lá toda manhã, sento para escrever. Às vezes, saem coisas boas, às vezes, nada que preste.

"I WORK OUT ON-LINE FROM MONDAY TO SATURDAY." BIP: À medida que as pessoas ficam mais velhas, elas muitas vezes deixam de cuidar de seu corpo. Como, aos 58 anos, você ainda se mantém em forma? NR: Faz parte da minha rotina, inclusive quando eu fazia shows, onde me movimentava muito. Agora, com a pandemia, treino de segunda a sábado on-line, com meu fisioterapeuta.

"I SIT DOWN TO WRITE. SOMETIMES GOOD THING COME OUT, SOMETIMES IT DOESN'T."


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BIP: Nós sabemos que você tem filhos jovens. Comparando a sua juventude com a deles, percebe diferença? NR: Poxa vida, hábitos de saúde… Acho que não, acho que os cuidados com a saúde têm que ser os mesmos, basicamente, cuidar da saúde é pensar no físico e, evidentemente, na sua saúde mental, que é importantíssima. Ao longo dos anos, das mudanças, as gerações vão se adaptando, surgindo novas coisas, novas atividades possíveis. Talvez, uma grande mudança que tenha em relação a minha juventude e agora é a consciência de se alimentar bem. O mundo está sendo envenenado pelos agrotóxicos, por essa maneira doentia, pela qual a agricultura é conduzida. Então, por isso, eu acho que sâo coisas importantes, lutar contra os agrotóxicos e consumir alimentos orgânicos, porque a chance de você ter uma degeneração celular, provavelmente, um câncer, com esse monte de veneno, é enorme. Então, isso não é uma coisa que não tinha. Outra coisa é o sol, né? No meu tempo, quando era jovem, não tinha nada, tinha a camada de ozônio, depois

abriu, fechou e tudo mais. Mas o sol era muito mais saudável, ou a gente era muito mais descuidado. Passar protetor solar é fundamental. BIP: E entre seus filhos há uma grande variedade de idades. Você percebe alguma diferença nos hábitos de saúde deles? Eles se inspiram em você para levar uma vida com mais qualidade? NR : Acho que atualmente sou um bom exemplo, porque, por exemplo, deixei de fumar. Eu fumava, e isso era um péssimo hábito. Bebia, também, de forma exagerada. Então, acho que meus filhos olham para mim e percebem que esses atos não são bons, portanto, não repetiram esses hábitos. Mas, por outro lado, sempre me cuidei, fazendo atividades físicas e na alimentação, o que todos eles fazem. Então, acho que sim, espero que eu seja um inspirador pelo exemplo positivo. BIP: Você mudaria algum dos seus hábitos de saúde? NR : Hoje em dia, eu de fato sou muito cuidadoso. Como disse a vocês, abandonei hábitos que prejudicavam minha saúde, talvez eu pudesse

fazer, eu gostaria de fazer natação, sabia? Cheguei a fazer no verão, na casa do interior tinha uma piscina, mas não consegui dar continuidade a isso. Esse era um hábito que eu gostaria de introduzir na minha rotina. BIP: Algum plano especial para 2021? NR: Meu plano especial para 2021 é atravessar a pandemia de modo saudável, protegendo a mim e a todas as pessoas que eu puder. Usando máscaras, por exemplo, e não fazendo shows, para evitar aglomerações. Claro que eu tenho projetos musicais. Acabei de lançar um EP (muito bom, inclusive, vão lá conferir nas plataformas digitais! Tem músicas junto com meu filho, Sebastião). Tenho lançamentos previstos de gravações de músicas minhas, que foram gravadas por outros artistas, mas eu mesmo não havia lançado elas... Enfim, tenho até um disco em mente, para fazer, mas eu gosto de lançar discos podendo fazer shows, e ainda não se tem essa perspectiva de volta à normalidade, então, por enquanto, é isso que eu tenho.


FOTOGRAFIA | BIP NATURE

Montagem sobre foto de Bich Tran de Pexels

YOGA, ROLLERBLADING AND RUNNING ARE PRACTICED BY A GROUP OF FRIENDS AT A LOCAL PARK. THESE ARE ACTIVITIES THAT HELP MAINTAIN PHYSICAL AND MENTAL HEALTH, ESPECIALLY DURING STRESSFUL DAYS


RECEITA | BIP NATURE

Foto: Canva

PEIXINHO MANHOSO Indicados por médicos e nutricionistas, os peixes são opção saudável, desde que não sejam fritos. Para trazer uma opção prática, saborosa e ao mesmo tempo amiga das nossas artérias, trazemos esta opção de peixe de forno, que fica pronta em 50 minutos. Confira a receita e voilà!

INGREDIENTES 1 posta de peixe Pimenta, suco de limão, alho, sal e azeite a gosto

TEMPO DE PREPARO 50min

MODO DE PREPARO Disponha o corte de peixe em uma travessa untada. Tempere a posta com o alho, a pimenta, o sal e o azeite. Se quiser, cubra o peixe com rodelas de cebola e de pimentão (mas retire a parte branca que fica na face interna do pimentão, para deixar o preparo com menos acidez). Leve ao forno preaquecido a 180ºC por 50min.


FOTOGRAFIA | BIP NATURE

Foto: Túlio Michelon Ciconetto

IT CONSIDERED A BEAUTIFUL LANDSCAPE FOUND IN THE INLANDS OF CAXIAS DO SUL, IT PROMPTS A QUOTE: "IF I KNEW THAT THE WORLD WAS ENDING TOMORROW, I WOULD STILL PLANT A TREE TODAY". MARTIN LUTHER KING


CHARGE | BIP NATURE

SE EXISTIR GUERRA, QUE SEJA CONTRA A COVID Reprodução

The turn in the war against the coronavirus.


ENTREVISTA | BIP NATURE

UM SECRETÁRIO EMPENHADO EM PROTEGER O MEIO AMBIENTE Engenheiro químico formado pela Universidade de Caxias do Sul e especialista em Direito Ambiental pela PUCRS, João Osório Martins é o atual secretário do Meio Ambiente de Caxias do Sul. Atuou nas empresas Celulose Cambará, Companhia Delapieve e Companhia Industrial Celulose e Papel Guaíba. Foi secretário do Meio Ambiente em Caxias de 1998 a 2000, e atuou na Codeca como gerente técnico e responsável técnico pelo aterro, de 2000 a 2004 e de 2009 a 2016.

BIP Nature: Quais são os maiores desafios que a Secretaria do Meio Ambiente está enfrentando? João Osório: O grande desafio é você conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental. Por um lado, o empreendedor quer se instalar, ele quer empreender, como o próprio nome diz, por outro lado, as leis ambientais oferecem algumas limitações. Então, a Secretaria do Meio Ambiente tem que ser um mediador entre o empreendimento e o meio ambiente. Ou seja, é possível você instalar uma indústria, instalar um comércio, instalar qualquer atividade, mediante algumas restrições. Esse é o nosso desafio, porque normalmente a restrição é o que dificulta o convívio do meio ambiente com o desenvolvimento.

"THE BIG CHALLENGE IS FOR YOU TO RECONCILE." BIP: Há grande incidência de crimes ambientais na região da Serra?


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JO : Eu diria que existe uma incidência normal, já foi pior, ou seja, a fiscalização tem conseguido reduzir bastante a questão dos crimes ambientais. Então, respondendo à pergunta, ela existe, mas dentro da normalidade. Existe um corte de uma árvore que não é permitido, a Secretária vai lá e notifica o proprietário e, em alguns casos, multa. Mas já se agrediu mais o meio ambiente. Hoje a própria televisão, a legislação e a educação têm reduzido um pouco, embora haja necessidade de reduzir mais. O cidadão tem que compreender e entender que ele tem que conviver harmonicamente com o meio ambiente, e isso nem sempre é possível. Aí entra a fiscalização, para intervir.

"THE SECRETARIAT GOES THERE AND NOTIFIES." BIP: Quais são os maiores problemas ambientais que você vê no futuro da região? JO : Desmatamento, por exemplo, loteamentos, por exemplo, têm que ser muito bem-cuidados, senão


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nós descobrimos, e, com o passar dos anos, poderão acontecer deslizamentos, para não dizer tragédias, que têm acontecido ao longo do país, em várias cidades. Então, tem que ter este cuidado de preservar o máximo possível a cobertura vegetal, principalmente as árvores. Eu vejo como um problema a ser enfrentado, a ser regrado. Pela valorização da nossa região, você vê empreendimentos dessa área em todos os cantos da cidade. Isso tem que ser bem-regrado porque, de repente, você está construindo uma casa numa pirambeira. Com o passar do tempo, aquela casa virá abaixo. Esse é um problema com que a gente tem que tomar muito cuidado hoje, porque poderá deixar problemas para o futuro, pois nossa região é muito acidentada, existem muitos barrancos, por exemplo, e se constrói em cima de barranco, embaixo de barranco, e aí a gente tem que dizer o que dá para construir e o que não dá. BIP: Você pode falar sobre as principais burocracias

ambientais que o empresário precisa enfrentar aqui na região para construir um negócio legalizado? JO : No primeiro momento, o empresário tem que contratar uma empresa especializada, uma consultoria, e essa consultoria vai facilitar o empresário a enfrentar aquilo que você chamou de burocracia, que nada mais é que uma legislação, ou seja, são solicitados alguns documentos que a lei exige. A Secretaria do Meio Ambiente não cria nada, ela segue uma burocracia, ela sabe o que está escrito, Mas uma das principais dificuldades, em primeiro lugar, é que o terreno tem que estar legal. tem que ter uma escritura. Em segundo lugar, esse terreno tem que estar apto a receber o empreendimento, ou seja, não deve ter araucárias, floresta nativa. Se tiver, vai ser difícil conseguir a licença. O terceiro item é a questão dos arroios, das nascentes, que também dificulta um pouco. E, por último, tem toda a documentação normal: CNPJ, alvará... Tudo isso, no

fundo, além de proteger a natureza, protege o próprio empreendedor. Se ele tem uma licença, ele tem um diploma e está autorizado a empreender, basicamente. BIP: Acreditamos que o setor ambiental tem muito a crescer. Em sua visão, quais são as maiores inovações do momento para o enfrentamento de problemas ambientais? JO : Várias. Com a internet, você consegue muitas informações. Nós estamos fazendo o licenciamento on-line por meio do computador, ou seja, o empreendedor contrata um consultor, entra com a documentação do seu próprio escritório e manda para nós, via computador, para ver se está OK. Estando OK, a licença sai mais rápido. A tecnologia e seu desenvolvimento ajudam o meio ambiente, para não produzir o acúmulo de papéis. Fica ali no aparelho, se precisa, vai lá e busca, e coloca em uso. Basicamente, seria isso. Os avanços tecnológicos têm ajudado muito os licenciamentos e também a convivência do cidadão com


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o meio ambiente. Por exemplo, temos mapas, o cidadão diz que ano passado ele não desmatou. Via internet, você vai lá e vê que, no ano passado, existia uma mata ali, então, ela foi tirada. Isso é tecnologia, e facilita a nossa vida. BIP: Você acha que o Mato Sartori e parques como o dos Macaquinhos e o Cinquentenário ajudam no desenvolvimento e na preservação florestal da cidade? JO : Ajudam de várias maneiras. A principal delas é quando, por exemplo, você vai ao Cinquentenário e vê aquelas araucárias gigantes e bonitas. Nesse sentido, ele ajuda, principalmente, os jovens e as crianças a gostarem de uma das árvores mais bonitas que a natureza tem, que é a araucária. Outra: ajuda a fornecer alimento para os animais, principalmente para os pássaros. Em uma floresta que nem a do Mato Sartori, os pássaros, eles vão lá e se alimentam das frutas nativas que a floresta produz. Sem contar a questão do ar do entorno dessa floresta, que tem o ar mais


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limpo. Em média, calcula-se que 3°C a menos na temperatura do verão, Então tem um bem-estar melhor. As matas, os parques existentes em Caxias do Sul, eles têm uma utilidade muito grande na nossa qualidade de vida. Algumas coisas são mensuráveis, outras não. Por exemplo, a purificação do ar a gente não mede, mas a gente respira um ar melhor graças às florestas existentes na área urbana. BIP: Quais as principais dificuldades que você, como secretário, enfrenta? JO : Uma delas, ou a mais importante, é a falta de conhecimento do meio ambiental. As pessoas, em geral, têm dificuldade de entender o porquê de uma árvore. Elas têm dificuldade em entender o porquê de uma separação de lixo. Elas têm dificuldade em entender que não é permitido jogar o lixo pela janela do automóvel, que não é permitido jogar lixo em terrenos baldios, que não é permitido jogar o lixo em estradas do nosso interior. Essa é uma das principais dificuldades que


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nós, profissionais, temos. Nós temos muita dificuldade em colocar dentro da cabeça das pessoas que elas devem cuidar do meio ambiente, mas vamos continuar uma luta constante, um dia, nós vamos melhorar, Outro problema é fazer o empreendedor entender que, se ele tirar uma árvore, tem que plantar 15, mas são 15 pequenas, o que quase equivale a uma grande. E, por último, as pessoas acham um pouco caro os licenciamentos, é por metro, pois estarão usando aquela área para uma indústria, por exemplo. Tem bastante dificuldade nas taxas, eles acham caras as multas. BIP: Caxias, em relação às cidades vizinhas, é considerada uma cidade de grande quantidade de plantas? JO : É muita arborizada. Nada como quando você olha para fora e vê árvores em todos os lados, e isso se deve bastante à ação forte da Secretaria do Meio


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Ambiente. Então, temos parque aí para todos os lados, temos áreas que nós não conseguimos cuidar direito, mas pelo menos estão ali, com árvores. Está cheio de lixo, mas a árvore está ali. Tem várias áreas públicas, nós estamos falando do Mato Sartori, dos Macaquinhos, do Cinquentenário, mas tem mais 500 áreas verdes aqui em Caxias, algumas malcuidadas, mas estão lá. Quando o município tiver mais dinheiro, vai transformar em vários outros locais como o Mato Sartori. Como é que ele surgiu? Com a compensação por aquela área loteada, e, ao lotear, o município exigiu que parte da área fosse preservada. Então, temos muitas árvores. BIP: Como é trabalhar nessa área? JO: Eu sou engenheiro químico de formação e, paralelamente, acabei desenvolvendo esse interesse porque, em indústria, eu sempre preferi ser o responsável pelo meio ambiente, ou seja, era responsável pela parte

industrial, mas também responsável pela preservação, e, assim, fui passando por várias empresas, e fui gostando tanto que, em 1998, acabei me tornando secretário do Meio Ambiente. Depois, continuei na área ambiental das indústrias, cuidando do meio ambiente da cidade e, na Codeca, trabalhei por 12 anos. Fui responsável pelos Aterros Sanitários, todos aqueles projetos de aterros sanitários aqui em Caxias fui eu que operacionalizei. Eu encerrei o Aterro São Giácomo, pois ele vazava para todos os lados. O Aterro Novo Rincão das Flores também estava começando a se tornar um lixão e, agora, é bonito, pois me contrataram. Fui lá e arrumei de novo, e, como recompensa dessas lutas todas de preservação, eu fui convidado para ser secretário já no fim de carreira. Tenho 65 anos e já estou encerrando; já fiz a minha parte, mas o atual prefeito achou por bem que o município ainda precisava de mim, e eu estou aqui batalhando para fazer um bom trabalho e doando ao

município minha experiência nessa área, de 37 anos de trabalho. BIP: Quais são seus deveres sendo o secretário do Meio Ambiente? JO : Principalmente, preservar a qualidade de vida do cidadão. De que maneira? Cuidando bem da cidade. Como cuidar bem da cidade? Cuidando do lixo, cuidando do desmatamento, cuidando da poluição, enfim, tudo que agredir o meio ambiente eu tenho que procurar evitar. E, quando for impossível de ser evitado, que cause o menor dano possível. Esse é o meu compromisso. Resumindo, eu sou responsável pela qualidade de vida da nossa cidade. Agradeço por terem escolhido nós, da Secretaria, e nos colocamos à disposição para quaisquer dúvidas e projetos. É muito bom ver o Colégio incentivando a educação. A natureza é fundamental para nossa sobrevivência.


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RIQUEZAS DA TERRA SEM AGROTÓXICOS E F E R T I L I Z A N T E S O QUE É UM PRODUTO ORGÂNICO? O QUE É AGRICULTURA CONVENCIONAL? A agricultura convencional, por se tratar de mecanismos e tecnologias artificiais para a proteção da lavoura, é considerada extremamente agressiva tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana. Dentre os principais riscos ao meio ambiente causados pelo uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos, temos: contaminação e degradação do solo e corpos hídricos no entorno das plantações, poluição de reservas subterrâneas de água, conhecidos como lençóis freáticos, e desmatamento.

Produto orgânico é aquele produzido em conformidade com a lei dos orgânicos. O Ministério da Agricultura emite um selo, atestando que ele foi produzido dentro dos conformes. Portanto, só é orgânico aquele produto que possui o selo. O QUE É AGRICULTURA ORGÂNICA? A agricultura orgânica não tem a utilização de agrotóxicos e pesticidas na sua produção. Adequa-se às especificações do local e utiliza tecnologias naturais para a manutenção do plantio. São medidas utilizadas na agricultura orgânica, a utilização da técnica da minhocultura, que visa a uma maior nutrição e enriquecimento do solo, além de sua porosidade, e o uso racional e inteligente de água.


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SOBRE O CONSUMO VANTAGENS São produtos limpos, saudáveis e seu cultivo é feito em um sistema que respeita a natureza. Por não receberem produtos agrotóxicos na sua produção, seu sabor e aroma são mais reais e intensos, além de virarem alimentos mais nutritivos. Os produtos de origem animal, como carnes, leite e ovos, também podem ser orgânicos. São chamados assim quando o uso de antibióticos é evitado e não existe a utilização de hormônios de crescimento.

DESVANTAGENS A aparência desses alimentos não é tão boa quanto a dos alimentos convencionais. Geralmente, os alimentos tendem a ser menores. As cascas podem apresentar manchas, devido aos ataques de insetos. Os alimentos orgânicos são um pouco mais caros que os convencionais. EXISTEM ANIMAIS ORGÂNICOS? As criações orgânicas priorizam o bem-estar animal e o manejo ético, determinam o fornecimento de alimentação orgânica e o uso de terapêuticas brandas, como a homeopatia, a fitoterapia e a acupuntura. O sistema orgânico de produção copia os mecanismos da natureza, associando-os com os conhecimentos científicos atuais..

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VELHICE:MEDO PARA UNS, PARAÍSO PARA OUTROS Muitos leitores acreditam que a velhice representa um “arco” de encerramento da vida, sendo uma fase da aceitação de que sua juventude já passou, principalmente porque nessa fase as pessoas acreditam que já tiveram todos os tipos de experiência possíveis, pensamento esse que não reflete a realidade.


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Já são conhecidos os diversos empecilhos que a terceira idade traz, bem como doenças, dificuldade em realizar tarefas muitas vezes simples, dentre outras, Entretanto, é necessário reforçar que dificuldades e problemas de saúde não devem ser tratados como condicionantes de uma vida em que não se almejam a felicidade e novas experiências, como tratado no livro “A Invenção de uma Bela Velhice”, que aborda os empecilhos dessa fase e como tratá-la como uma “segunda juventude”, seja através de ações

simples como valorizar mais os próprios desejos e sonhos, como empreender por exemplo, seja buscando uma vida mais saudável, com alimentos e atividades físicas, de preferência em grupo. Por mais que pareça um sermão de um filho, a prática de atividades físicas é extremamente benéfica em qualquer fase da vida, pois, com ela, podemos dormir melhor, manter corpo e mente saudáveis, e ainda aumentar o contato social. Além dos benefícios óbvios que as atividades físicas

trazem ao seu praticante, é necessário enfatizar que tais atividades têm uma grande importância para o bemestar de seu praticante. Como sugere um estudo publicado no "Jama Psychiatry", pessoas que realizam a prática intensa e regular de atividade física têm até 16% menos de chance de desenvolver depressão após os 65 anos, Mas essa pesquisa também demonstra a relação importante entre a prática de esportes e a felicidade. Por fim, a velhice deve ser tratada como uma fase de libertação, já que grande parte das pessoas nessa idade se vê livre da correria de uma vida atarefada presente na vida adulta, sendo, assim, um momento especial para poder correr atrás da própria felicidade. Aquele velho ditado de que “não se ensina truque novo para cavalo velho” nunca esteve tão impreciso, já que na contemporaneidade, a terceira idade é o momento em que o “cavalo” mais possui experiência e noção de seu desejos.

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QUEM SABE A GENTE COMEÇA A POLUIR MENOS? Reprodução


RECEITA | BIP NATURE

Foto: Maria Fernanda D'Agostinii

RATATUILLE Ratatouille é um prato tradicional da cozinha francesa, criado em meados do século XVIII por camponeses que tinham poucos recursos disponíveis. Além de ter um preparo simples e não requisitar de muitas habilidades na cozinha, ele é perfeito para servir como prato principal ou como acompanhamento.

TEMPO DE PREPARO 50min

INGREDIENTES 2 abobrinhas 2 berinjelas 2 cebolas 3 tomates 1 pimentão-verde 1 pimentãoamarelo 1 pimentãovermelho Molho de tomate para cobrir o fundo da forma Azeite, alecrim, manjericão, alho, sal e louro a gosto

MODO DE PREPARO Corte os vegetais em rodelas finas sem as sementes. Cubra o fundo de uma forma com o molho de tomate. Monte tudo intercalando com os vegetais. Amasse o alho e espalhe-o por cima, adicionando o sal e o alecrim a gosto. Regue com um pouco de azeite e cubra com papelmanteiga ou alumínio. Leve ao forno por 40min, a uma temperatura de 180°C a 200°C.


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Fotos: Divulgação/Las Margaritasi

BORBULHANDO IDEIAS Cooperativa formada por mulheres da Zona Norte de Caxias do Sul foi criada em maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19. Na Rua dos Agricultores, no bairro Santa Fé, localiza-se sua sede atual, em funcionamento desde o final de setembro de 2021. A ação sustentável foi criada para transformar saberes artesanais em mercadorias que geram renda familiar. Além de promover produtos amigos da natureza — naturais, ecológicos e medicinais.


MEU MUNDO SUSTENTÁVEL | BIP NATURE

14 MULHERES E MUITOS PROJETOS A Saboaria Popular Las Margaritas, com pouco mais que um ano de atividade, conta com um grupo de 14 mulheres, as quais atuam na produção, na entrega e nas redes sociais. Os principais produtos feito por elas são barras de sabão e sabonetes feitos com diferentes tipos de ervas naturais. Recentemente, o estabelecimento incluiu um mix de sais aromatizados para escaldapés — há uma produção semanal média de 450 itens. Tema do documentário "Las Margaritas", Semeando e com o incentivo da Incubadora Social e Tecnológica da Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Las Margaritas coleta óleo de cozinha usado, que é reaproveitado, revelando uma ação com viés sustentável.

Seu nome um tanto quanto incomum é inspirado na sindicalista e defensora dos direitos humanos Margarida Maria Alves e na frase “Eles não sabiam que margarida era semente”, que simbolizam a luta de mulheres trabalhadoras e camponesas brasileiras. Com coragem e determinação, essas mulheres, enquanto promovem independência feminina e sobrevivem durante a pandemia, ajudam na conscientização no uso de produtos ecofriendly .

WITH THIS PURPOSE, THE BUSINESS HAS BEEN GROWING AND ITS VISIBILITY INCREASING. THEIR INTENTIONS, WHICH HELP THE ENVIRONMENT, ARE TRANSFORMED INTO OTHER FORMS: BEAUTIFUL WOMEN WITH THEIR HOMES AFFECTED BY UNCERTAIN TIMES. IN THE MIDST OF CHAOS, A FLOWER IS BORN, IN THE MIDST OF A PANDEMIC, BOUQUETS ARE BORN.


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AS ÁRVORES FICARÃO NA MEMÓRIA?

Reprodução


ATUALIDADES | BIP NATURE

A IMPORTÂNCIA DA ECOLOGIA PARA A VIDA

Foto: Canva


ATUALIDADES | BIP NATURE

O poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade diz em um de seus poemas que no meio de seu caminho havia uma pedra. Em 2021, essa pedra pode ser vista como o cenário precário em que a área da ecologia se encontra. Causado pela pouca informação disponível à população acerca do assunto, o problema apenas realça como a criação de tecnologias que protegem a fauna e flora mundiais é de extrema importância Em primeiro lugar, é de preciso ressaltar o insubstituível papel da ecologia na sociedade. Mas, infelizmente, ela não é reconhecida como deveria: 35% das escolas do ensino fundamental inserem a temática ambiental em suas

disciplinas de 1ª a 4ª série, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas). Isso pode estar relacionado, direta ou indiretamente, ao descaso da população diante do aumento dos números de desmatamento nos últimos anos. Contudo, é crucial explorar o cenário oposto da ecologia nacional. Como analisado anteriormente, a desinformação é um agravante da precariedade em que está o movimento em prol da preservação do meio ambiente. Levando esse fato em consideração, organizações de ecologia fazem o uso de mídias sociais, com o intuito de espalhar informações concretas e legítimas. Pedro Fruet, biólogo gaúcho, foi Foto: Canva

premiado pelo Whitley Award pelo seu trabalho de proteção aos botos no Rio Grande do Sul. Ele, ganhador do “Oscar da Ecologia”, planeja associar tecnologia e natureza com seu próspero aplicativo de denúncia de pesca ilegal. Torna-se evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para resolver o impasse. O Ministério da Educação, aliado às escolas, deve promover palestras e seminários em escolas de ensinos Fundamental e Médio. A promoção de tais palestras e seminários é uma maneira de conscientização da população mais jovem. Ademais, o Ministério do Meio Ambiente deve produzir comerciais e campanhas para o incentivo da preservação ecológica em canais de TV aberta, para poder atingir a população em geral. A informação é a chave para que possamos, cada vez mais, diminuir esse problema que afeta todos nós. Somente assim poderemos tirar a pedra de nosso caminho.


FOTOGRAFIA | BIP NATURE

Foto: Guilherme Castro

HOUSES ARE SEEN IN THE BACKGROUND, CONTRASTING WITH THE SCENERY. SHEEP CLOSE TO THE PHOTOGRAPHER SHOWS HARMONY BETWEEN HUMAN AND OTHER ANIMALS


ENTREVISTA | BIP NATURE

Fotos: Canva

O MUNDO PODE FICAR MUITO MELHOR COM A MAIOR UTILIZAÇÃO DE COMPOSTEIRAS O biólogo Daniel Reolon leva para a prática os conhecimentos reunidos na faculdade. Proprietário da Compostaggio, empresa que vende composteiras domésticas que podem ser instaladas nas casas das pessoas e possibilitar a reciclagem de 50% do resíduo produzido no dia a dia.

DANIEL SAID THAT THE GASES PRODUCED BY GARBAGE CAUSE THE GREENHOUSE EFFECT 20 TIMES MORE THAN OTHER GASES.


ENTREVISTA | BIP NATURE

BIP: Por que você escolheu ser biólogo? Daniel Reolon: Porque desde criança sempre estive muito conectado com a natureza, sempre gostei de estar junto às árvores, ao meio natural, no meio da floresta. Quando eu tinha seis anos, minha mãe me colocou nos escoteiros, onde estou até hoje. Esse local proporciona essa experiência para jovens e adultos estarem conectados com a natureza. Vários outros fatores me incentivaram e me fizeram gostar muito da disciplina de Biologia, inclusive a professora Luciana Santini (que leciona no Murialdo Caxias e está conduzindo esta revista) . Isso com certeza fez muito sentido para mim na hora de escolher o curso. Eu, em um primeiro momento, não escolhi Biologia, e sim Engenharia Química. Fiz um ano e pouco, mas acabei trocando para Biologia porque, quando gostamos das coisas, temos que seguir nossos sonhos, mesmo que nos digam diferente. BIP: Como surgiu a ideia de criar a Compostaggio? DR: Surgiu de uma indignação.


ENTREVISTA | BIP NATURE

Eu comecei a fazer compostagem doméstica quando tinha mais ou menos uns 15 anos. Eu fiquei cinco anos fazendo compostagem doméstica e dando um destino correto para os resíduos orgânicos. Depois de um tempo, senti que precisava trazer isso para as outras pessoas, e que outras pessoas precisavam fazer compostagem doméstica também. E com isso eu criei a Compostaggio, uma empresa que vende composteiras domésticas que podem ser instaladas nas casas das pessoas e possibilitar a reciclagem de 50% do resíduo produzido em casa. Se formos pensar na natureza, esse resíduo orgânico é reciclado pelos micro-organismos que estão no solo e, quando estamos nas casas e apartamentos, a gente não tem esse solo vivo. Fazemos as composteiras para criar um ambiente bom para os resíduos orgânicos, para serem reciclados. BIP: Qual é a sua opinião sobre o estudo da Ecologia nas escolas, bem como sobre a importância dela para o planeta?


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DR: Eu amo muito e estudei muito na universidade. Quando a gente estuda Ecologia, seja na escola, seja na universidade, o mais importante que eu vejo é que tudo na vida é conectado, ou seja, uma barata, nós, o leão lá na África, a baleia lá no oceano, tudo está conectado. A água que a gente bebe, o ar que a gente respira. A gente está sempre conectado com todos os seres, o impacto que eu faço na minha casa ou o impacto que eu faço na minha cidade se reflete em outros lugares do Brasil, América Latina, no mundo, em todos os lugares. A gente pode não conseguir perceber isso, mas hoje a gente consegue ver o impacto. Não estamos sozinhos aqui e, em muitos momentos das nossas vidas, a gente é colocado como o ser principal do mundo, o ser humano é colocado como algo superior aos demais seres vivos e o meio ambiente em geral. E por nós nos autocolocarmos nesse patamar, acabamos perdendo esse senso de conectividade, esse senso de comunidade, onde todos


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os seres vivem em comunidade ou precisariam viver em comunidade. Hoje a gente não vive em comunidade, a gente vive como ser humano acima de todos os demais seres. A Ecologia é importante em todos os momentos, dentro das nossas casas e dentro das escolas, principalmente. A gente está refletindo o quão tudo é conectado e o quanto a gente precisa voltar a ser mais comunidade, ter mais empatia com os demais. Então, a Ecologia vem justamente para a gente lembrar disto: o quanto nós precisamos estar unidos, não como humanos, unidos entre todos os seres vivos, se respeitando. BIP: Qual é a importância da compostagem no processo de colaboração com o meio ambiente? DR: Pouco se fala nas escolas e famílias sobre a reciclagem do resíduo orgânico. A compostagem é muito similar à reciclagem só que uma é feita para os resíduos secos e a outra é feita para os resíduos

orgânicos. Por exemplo, quando a gente vai lá na floresta, a árvore produz um fruto que cai, vai parar no chão e vai acabar se decompondo, transformando-se em adubo. Os seres vivos que estão ali, as bactérias, fungos, entre outros, eles vão ajudar a fazer a decomposição, cada um cumprindo seu papel. O adubo vai de volta para mesma árvore ou pode nascer uma nova árvore. Quando a gente está nas nossas casas e perde esse ciclo natural, os resíduos orgânicos que deveriam voltar para o solo, que deveriam voltar para natureza, eles se perdem, eles vão parar em lixões, aterros sanitários, aterros controlados, lugares onde a

gente simplesmente deposita esse resíduo orgânico, e ele não é reaproveitado, ele não tem nenhum tipo de benefício de estar ali aterrado. Esse resíduo orgânico precisa voltar para o ciclo natural e. lá no aterro. ele causa muitos problemas, Ou seja, a importância de fazer compostagem e colaborar para o meio ambiente é porque. no aterro. a gente produz duas coisas muito tóxicas. O chorume, que é um líquido basicamente que vem dos nossos alimentos, que é misturado com plástico e com outros vários materiais e produz um líquido preto muito tóxico. Outro motivo é que, além desse líquido tóxico, também é produzido um gás, também muito tóxico, que piora as mudanças climáticas, as secas, as chuvas em excesso e outros fatores que ocasionam o efeito estufa. Esse gás deixa 20 vezes mais rápido do que outros gases, ele é produzido a partir do metano. Uma informação muito importante é que cerca de 15% dos gases de São Paulo são provenientes


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de aterros sanitários. Então, esse destino que damos para nossos resíduos não é correto. O certo é fazer compostagem, e deixar essa matéria orgânica voltar para a natureza. BIP: Como pode ser feita a compostagem em casas e apartamentos? DR: A compostagem doméstica pode ser feita de várias maneiras. Existem maneiras mais simples e mais complexas. A composteira doméstica vem com minhocas, que ajudam a fazer o processo de compostagem. Geralmente, são caixas, um conjunto de sistemas e caixas elaboradas e pensadas para isso, onde você coloca o seu resto orgânico dentro, cobre com serragem e folhas secas. Deixa lá dentro e as minhocas fazem a reciclagem desse resíduo orgânico. Muito simples, não atrai cheiro, não atrai nenhum tipo de baratas, ratos. Uma maneira muito higiênica, muito fácil, simples e prática de ser feita. BIP: Explique melhor o que

é Biofertilizante? E como ele é produzido? DR: O biofertilizante ́ p arte dos nossos resíduos. A gente não percebe, mas de 60% a 70% dos nossos resíduos são compostos por água. Ou seja, a gente coloca na nossa lixeira 60% a 70% de água. Quando colocamos os resíduos na composteira, uma parte dessa água fica na parte superior, enquanto outra parte desce e forma o chorume e o biofertilizante .O biofertilizante é basicamente a água dos nossos restos, que possui nutrientes que podem ser utilizados também nas plantas nas nossas casas. BIP: Na sua opinião, qual é a importância das ONGs no processo de defesa da saúde do meio ambiente? Você acha que apenas a redução de material poluente e reciclagem são suficientes para a boa saúde ambiental, ou considera que a ONGs tenham um papel importante nesse processo? DR: As ONGs são organizações sem fins

lucrativos. A sociedade civil pode se unir a elas por uma causa. Ou seja, juntos, podemos buscar um mesmo ponto em comum, como, por exemplo, a minha própria ONG, que tem como objetivo ajudar crianças. Existem ONGs que possuem outros objetivos, como as que focam no meio ambiente. Então, sim, a defesa da saúde do meio ambiente é muito importante e as ONGs têm um papel fundamental para deixar o nosso meio ambiente mais sustentável, principalmente porque apenas reciclar e reduzir a poluição de forma correta não é o suficiente. Entretanto, é preciso estar ciente de que só isso não basta para transformar o mundo em um lugar mais sustentável e melhor de se viver. Por isso, é necessário um engajamento de toda a sociedade, com mudanças concretas para mudar o mundo. BIP: O Brasil vive a pior crise hídrica registrada nos últimos 91 anos, com escassez de chuvas, reservatórios em níveis baixos e maior demanda por energia, em razão da


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reativação da economia para patamares prépandemia, em vários setores. Esta crise hídrica acarreta diversas consequências nos setores econômico, social e ambiental. Para enfrentar esta problemática atual, algumas atitudes devem ser adotadas, em níveis governamental, comunitário e individual. Que medidas podem ser tomadas para a solução do problema? E quais as possíveis maneiras, dentro do seu conhecimento, de evitar que crises assim continuem acontecendo? DR: Essa crise hídrica vem de muito tempo, e a gente utiliza o nosso ambiente, como as lavouras, as florestas, e destrói muito o nosso ambiente para colocar coisas que não são tão necessárias. Existem muitas coisas que podemos fazer para melhorar. Eu acho que uma das principais mudanças a serem feitas é no individual. A primeira é fazer compostagem em casa, que ajudaria muito o meio ambiente. A segunda seria que todas as casas tivessem

um reservatório de água das chuvas, para que possa ser reutilizada em coisas que a água potável não é necessária. Outra coisa a ser feita é a redução do consumo de carne, pois ela utiliza muita água. Além disso, muitas florestas se perderam para serem feitas fazendas. Então, eu acredito que reduzir o consumo de carne é uma coisa bem importante a ser feita. Outra medida seria reduzir o uso de materiais descartáveis, como, por exemplo, canudinho plástico, sacolas plásticas, copos plásticos e garfos plásticos. Outra coisa que pode ser feita é utilizar energia solar, pois ela tem uma durabilidade alta e é uma energia renovável e muito sustentável. Uma dieta rica em alimentos naturais e menos processados também pode ser feita, com o consumo de frutas, verduras e vegetais. Porque a indústria também gera muito desperdício de água. Pense que, para se produzir um celular, são consumidas muita água e muita energia. Ficar com aquele material mais tempo seria o ideal para a gente conseguir manter uma economia mais sustentável.

Em nível comunitário, existem muitas coisas que a gente pode fazer para melhorar. O consumo de combustíveis fósseis também tem impacto na crise hídrica, a gente tem que tentar andar mais de ônibus, usar automóveis que poluem menos, e deixar o dia a dia com menos poluição. Com relação à água, a gente pode ter campanhas para economizar e reutilizar. Em casa deixar as torneiras menos ligadas, tomar banhos mais rápidos, lavar roupa somente uma vez por semana, lavar a louça rápido. Em nível governamental, a gente tem que lembrar que o governo é feito pela população. Nós escolhemos os governantes. O nível governamental é muito similar ao comunitário porque o governo precisa fazer o bem para a comunidade e, quando pensamos em fazer o bem para ela, pensamos em várias medidas que podem ser tomadas em relação à água em empresas, em casas, nas formas que tratamos a água, na poluição dos rios, do oceano. Todos precisam fazer a diferença.


RECEITA | BIP NATURE

Foto: Vitor Martins

ARROZ DE FORNO Até a década de 80, o risoto comum, no Brasil, era chamado de arroz de forno, já que os imigrantes italianos tinham o costume de reaproveitar as sobras das refeições, servindo-as apenas como acompanhamento. Confira nossa receita desta delícia supertradicional:

TEMPO DE PREPARO 50min

INGREDIENTES 2 xícaras (chá) de arroz cozido 1 cebola pequena picada e refogada 2 dentes de alho picados refogados 300g de queijo muçarela picado 200g de queijo muçarela fatiado 1 pacote de salsicha picado 1 caixa de creme de leite 2 colheres (sopa) de requeijão Orégano a gosto

MODO DE PREPARO Cozinhe em fogo médio as 2 xícaras de arroz em 4 de água salgada. Reserve. Refogue a cebola e o alho até dourarem. Acrescente a salsicha em cubinhos e dê uma refogada Baixe o fogo e acrescente o requeijão e o creme de leite. Tempere com sal e pimenta. Mexa. Para a montagem: coloque o arroz cozido na panela onde você preparou o molho, Acrescente o queijo picado e misture bem. Coloque metade do arroz no refratário, nivele a camada e cubra com metade com queijo fatiado. Repita a operação. Antes de servir, leve ao forno quente até que o queijo derreta.


ATUALIDADES | BIP NATURE

Foto: Canva

UMA EMPRESA DA HORA A RaspeBem é uma empresa gaúcha dedicada a criar raspadores de pranchas. Seu propósito é totalmente sustentável. Para a fabricação desses materiais, são utilizados plásticos com matéria-prima 100% sustentável e fibra vegetal (tocos de cigarro, restos de cordas, garrafas pets, canudos, copos, blocos de prancha etc.). O trabalho é feito principalmente por catadores disciplinados para manter o meio ambiente limpo, e esse serviço gera renda para eles. Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2050, haverá mais plástico que peixes nos

oceanos. Por outro lado, há uma demanda por equipamentos de qualidade para o surf, um esporte cada vez mais praticado nas praias do Brasil. Pensando em tudo isso é que surgiu a RaspeBem, inicialmente apenas como uma ação coletiva tentando criar uma comunidade de surfistas preocupados com a natureza. No entanto, a ideia logo evoluiu para ressignificar os equipamentos de surf, despertar hábitos ecológicos e minimizar o impacto dos resíduos nas praias. A empresa considera três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômico. Para concretizar seus objetivos, a empresa participa de mutirões de limpeza de praias, implementando pontos de coletas de tampinhas plásticas, além de ajudar ONGs, incentivar catadores e cooperativas de reciclagem.


FOTOGRAFIA | BIP NATURE

Foto: Marketing Murialdo Caxias

DO COLÉGIO PARA O MUNDO Somos os formandos das máscaras, do Ensino Médio com distanciamento social, dos tempos de pandemia. Mas conseguimos chegar ao final de mais uma etapa

No começo de 2021, não sabíamos nem se conseguiríamos nos reunir para tirar esta foto. É que a pandemia mudou as vidas das pessoas do mundo todo, e das nossas também. Boa parte do nosso Ensino Médio foi diferente. Tivemos que assistir a aulas a distância. Mas nossos sorrisos permaneceram. Escondidos, sim, mas presentes.

Porque estamos felizes. Mesmo pelas câmeras, aprendemos muito. Não só conteúdos pedagógicos, mas também sobre a vida, sobre coisas que importam para o coração. Agora, nos despedimos para seguir em frente, mas com um gostinho de saudade. Certamente, nós sentiremos muita saudade de tudo o que vivemos até agora.



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