BioAtivo - 3ª Edição

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ioAtivo Nº 3 | Maio de 2011

Farma Júnior

Pesquisas genéticas no IQ procuram tratar doenças DIVULGAÇÃO

Estudo dos exossomos e das modificações prós-transcricionais é conduzido pela professora Carla Columbano pg. 6

O crescimento das empresas farmacêuticas

Calouros chegam à Farma Junior

A trajetória da Profa Dominique na FCF RUAN DE SOUZA

RENATA GARCIA

DIVULGAÇÃO

Empresas investem em alimentos medicinais pag. 5


Editorial

Olá, Caro Leitor!

Expediente Farma Jr Consultoria Gestão 2011

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Primeiramente, desculpem-nos pela espera maior que o normal pela nova edição do BioAtivo. Aconteceram alguns imprevistos, mas finalmente a 3º edição está pronta! E tenho certeza que a espera valeu a pena. Este mês, visitei uma feira da área farmacêutica. Todos falam sobre como a profissão de farmacêutico é versátil, permitindo a nós, profissionais, atuarmos em diferentes vertentes. Mas percebi que nós alunos só realmente entendemos isso neste tipo de situação, quando temos contato com o mercado de trabalho. Nestas e em outras ocasiões, tive a oportunidade de conversar com profissionais que trabalhavam em diversas áreas como: pesquisa e desenvolvimento de maquiagens; marketing de medicamentos de uma grande empresa farmacêutica; consultoria em marketing para farmácias de manipulação; controle de qualidade de uma grande indústria; gerência de uma empresa internacional (e isso era feito direto da casa da profissional); atenção farmacêutica em hospitais; e muitos outros. Isso sem contar os ramos que vamos descobrindo a cada matéria e diferente professor que temos, como podemos ver nesta edição nas seções de Pesquisa e Raio-X (ambas são professoras do

nosso curso). Tantas possibilidades, penso eu, são ótimas quando pensamos que temos diversas opções para escolher até o fim do curso, mas aterrorizantes quando pensamos na enorme quantidade de possibilidades. Escolher esse e não outro curso na hora de se inscrever no vestibular já não é tarefa das mais fáceis. Fazer escolha quanto a que área seguir dentro do seu curso, é tão complicado quanto! Por isso, é essencial que comecemos o quanto antes a descobrir e entender o máximo possível de ramos em que um farmacêutico pode trabalhar. E acreditem em mim, são muitos (bem mais do que imaginamos)! Tamyres Martines de Almeida Souza Diretora de Marketing Gestão 2011-Farma Jr. Consultoria

Diretoria: Beatriz Claudino, Carolina Paz, Gabriela Braz, Paulo Vitor dos Santos, Tamyres Martines, Vivian Borali. Responsável pelo BioAtivo: Tamyres Martines. Presidente: Beatriz Claudino. Endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 580 - Centro de Vivência, sala 14, Cidade Universitária. Contato: (11) 7175-4879 // farmajr@usp.br Produzido por:

Jornalismo Júnior ECA-USP

Edição: Beatriz Montesanti Equipe: Frederico Gabre, Isabella Bono, Renata Garcia, , Ruan de Souza, Talita Nasimento Projeto Gráfico: equipe de Comunicação Visual da Jornalismo Júnior. Contato: (11) 3091-4085 // jjr@usp.br // @jjunior


Institucional

Farma Jr recebe novos integrantes Calouros participam de processo de treinamento para ingressarem na empresa Renata Garcia Ferreira A Farma Júnior conta, desde a metade de março deste ano, com 19 trainees. A empresa realizou diversas atividades para atrair os calouros, começando pela divulgação, através da ‘Manhã da Farma Júnior’, durante a semana de recepção dos novos estudantes na universidade.

“Aqui eu aprendo a lidar com situações como feiras e palestras e a falar em público com mais naturalidade.” Flávia Kei Oshiro, trainee

parte da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing. A trainee Flávia Kei Oshiro considera enriquecedor conviver com um ambiente que não seja restrito à esfera dos laboratórios de Química. “Aqui eu aprendo a lidar com situações como feiras e palestras e a falar em público com mais naturalidade. O que não vemos no curso”. Dificuldades também são enfrentadas pelos novos integrantes da equipe, “É complicado pedir patrocínio para alguém que a gente não conhece”, afirma Cynthia Lee, que faz parte das equipes de Marketing e da Semco (Semana de Cosmetologia). Mas esses desafios são considerados benéficos, com eles os trainees ganham experiência, fazem contatos e aprendem a se comportar no ambiente empresarial. “A minha maior expectativa é amadurecer” completa Cynthia. RENATA GARCIA

Os interessados em fazer parte da empresa participaram do processo seletivo, que visava traçar um perfil dos candidatos através de uma dinâmica e de uma entrevista. Na “Semana de Imersão da Farma Jr.”, foram expostos seus valores e sua missão aos candidatos. “Respeito, profissionalismo, pró-atividade, ética e honestidade são fundamentais para nós” explicou Carolina Paz de Almeida, a Diretora de Recursos Humanos. A trainee Flávia Vasques, da diretoria de Recursos Humanos e Pesquisa e Desenvolvimento, avaliou que o retorno da entrevista foi muito positivo: “conversaram comigo

sobre algumas das minhas qualidades e defeitos, sobre aquilo que eu poderia melhorar”. Os candidatos se depararam com um caso a ser resolvido durante o processo. “Uma empresa hipotética enfrentava um problema e eles deveriam buscar soluções, tentar resolver esse desafio”, conta Carolina. Aqueles que foram selecionados passam agora pelo processo de treinamento, para o qual foram alocados nas diferentes equipes e projetos da empresa. Agora, cada trainee deve cumprir certas tarefas para ser efetivado. Para tanto é necessário ir às integrações, a um evento do Movimento Empresa Júnior, além de realizar as tarefas de capacitação. Os trainees mostram-se bastante envolvidos com suas funções. “Eu posso treinar minha comunicação e aprender mais sobre empreendedorismo” diz Marcela Correia, que faz

Reunião na Farma Júnior reune calouros e veteranos

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Notícias

As grandes marcas no Brasil Professor da FCF comenta sobre o panorama do mercado farmacêutico Talita Nascimento

Humberto Gomes Ferraz professor da FCF-USP

grandes responsáveis por esse fato. Segundo o professor da FCF Humberto Gomes Ferraz, doutor em Fármaco e Medicamentos, “A indústria farmacêutica brasileira vive um bom momento”. Ele diz que os genéricos tiveram um importante papel nesse desenvolvimento. Trouxeram estabilidade financeira e proporcionaram maior desenvolvimento científico. “O medicamento genérico é mais desafiador que o similar”, comenta o professor, já que o genérico deve equivaler ao original em biodisponibilidade (bioequivalência), enquanto o similar deve conter apenas as mesmas substâncias.

O crescimento do mercado farmacêutico e o investimento na imagem dessas empresas podem ser os

Estratégias de marketing O professor reconhece e elogia a seriedade de empresas como a Me-

Em uma pesquisa feita pela MITI Inteligência, a empresa Medley aparece como a mais citada nas redes sociais, seguida de empresas como Bayer e Eurofarma. Acontece que tais citações não são feitas apenas em decorrência da confiabilidade e competência dessas instituições.

A industria farmacêutica brasileira vive um bom momento”.

O medicamento genérico é mais desafiador que o similar” Humberto Gomes Ferraz

dley (líder em genéricos no Brasil) e diz que apesar disto o sucesso das marcas de medicamentos depende também de um bom trabalho de marketing. No caso da Medley isso é feito, por exemplo, através do patrocínio de um time de vôlei e de uma equipe de Stock Car. Além disso a empresa mantém um site oficial e investe em outros tipos de publicidade como comerciais de TV e anúncios em diversos meios de comunicação.

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Os genéricos foram importantes para o crescimento das empresas

O que ainda falta Numa situação bem diferente do que há 20 anos, a indústria farmacêutica brasileira está mais forte e estável e a imagem das empresas melhor construída. Quando questionado sobre o que falta hoje no mercado farmacêutico, Humberto Gomes diz que a palavra chave é inovação. O próximo passo a ser dado então é investir em novos medicamentos e novas tecnologias. Isso não apenas movimentará o mercado, como também facilitará a vida das pessoas.


Notícias

Inovação: alimentos medicinais Indústrias de alimentos buscam espaço no mercado farmacêutico

Empresas do ramo alimentício investem cada vez mais na produção de alimentos voltados para fins medicinais, uma área considerada promissora, apesar de ainda não muito explorada. Trata-se da associação entre um alimento e uma substância capaz de agir sobre alguma disfunção no organismo. Esse é o caso do “Fostrap”, uma goma de mascar capaz de absorver o fosfato da saliva, no caso de pessoas com níveis muito altos do mineral no sangue, devido a disfunções renais, desenvolvido pela subsidiária da Nestlé, CM&D Pharma Ltd. Segundo o diretor-presidente da Nestlé, Paul Bulcke, em entrevis-

Isso tem um potencial enorme. Vai ser na casa dos muitos bilhões” Paul Bulcke, diretor-presidente da Nestlé

ta dada para o Wall Street Journal, o investimento na área chegará à casa dos bilhões de dólares. Porém, apesar de todo o destaque dado à questão, os novos “alimentos medicinais” ainda estão em fase de testes e não se sabe ao certo sua funcionalidade. Existe, ainda, uma

DIVULGAÇÃO

Frederico Gabre Tardin

Goma de mascar que auxília o tratamento de doenças renais preocupação vinda da comunidade médica, quanto ao processo de fiscalização a que serão submetidos os novos produtos e, sobretudo, no que diz respeito à tendência do mercado alimentício em exagerar na promoção de supostos benefícios proporcionados por seus produtos. Os novos “alimento-remédios”, a partir de seu lançamento oficial, poderão representar uma expressiva concorrência em relação aos fármacos tradicionais. Não apenas pela praticidade em se relacionar alimentos e efeitos positivos no organismo, mas também pelo fato de que muitas vezes não há drogas no produto, e sim minerais ou outras substâncias (como é o caso do próprio “Fostrap”), não necessitando de receita para comprá-los.

Segundo Andrew Wood, analista sênior da Sanford C. Bernstein & Co, também para o WSJ, esta é uma grande oportunidade e, posteriormente, os consumidores recorrerão aos alimentos tanto pelo poder medicinal, como pelo sabor. Sendo esta, vista como a nova fronteira da indústria de alimentos, outras empresas como a Danone seguem, também, com seus estudos para o desenvolvimento de alimentos medicinais. Tal empresa possui já em fase de testes o “Souvenaid”, uma vitamina supostamente capaz de reparar falhas nas sinapses, relacionadas à doença de Alzheimer.

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Pesquisa

USP avança no estudo dos genes Pesquisa realizada no IQ pode trazer novos tratamentos para doenças genéticas Isabella Bono

O desenvolvimento A pesquisa sobre proteínas envolvidas no processamento de RNA começou com o trabalho de um aluno de mestrado que se utilizou de uma técnica para detectar a inDIVULGAÇÃO

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Doenças antes incuráveis hoje possuem tratamento. O campo da genética, que até pouco tempo representava um entrave da ciência, foi fundamental para isso. A pesquisa genética, em particular a biologia molecular, tenta compreender o funcionamento de estruturas celulares ainda relativamente desconhecidas, mas que podem guardar a resposta da cura para inúmeras doenças. O estudo da estrutura e processamento de RNAs e proteínas, por exemplo, está inserido nesse contexto. No entanto, ainda são poucos os grupos que trabalham com o tema abordando o papel dos exossomos - complexo protéico essencial nas células eucarióticas, envolvido no processamento de RNA - e das modificações pós-transcricionais - processo pelo qual o RNA passa para se tornar maduro e poder atuar na síntese de proteínas. A pesquisa sobre o controle pós-transcricional da expressão gênica é relativamente nova e tende a ser ampliada na era pós-genômica que vivemos. O complexo do exossomo foi identificado em 1997, em um laboratório do European Molecular Biology Laboratory, em Heidelberg, Alemanha. Na Universidade de São Paulo, uma pesquisa nesse sentido iniciou-se no Instituto de Química

em 1998, conduzida pela professora Carla Columbano Oliveira, a única a estudar o complexo no Brasil.

O processamento de proteínas teração entre proteínas, buscando aquelas que interagissem com uma das subunidades do exossomo. Esse foi o ponto de partida para identificar proteínas com funções até então desconhecidas. O modelo biológico utilizado é o Saccharomyces cerevisiae, já que a levedura é mais facilmente manipulada em estudos in vitro. Várias proteínas que participam da

maturação de ribossomos já foram identificadas. “Algumas proteínas são tão semelhantes entre levedura e humanos que as proteínas humanas, quando têm seus genes clonados e expressos em levedura, desempenham as mesmas funções nesses organismos tão distantes evolutivamente”, afirma Carla. Assim, não há prejuízo na aplicação do estudo a possíveis tratamentos humanos no futuro. A professora afirma que embora a genética esteja avançando, há ainda várias proteínas com funções pouco conhecidas, e que seu interesse é estudar como elas participam das etapas de maturação dos ribossomos, entender sua regulação e determinar sua estrutura. A conclusão dessa pesquisa representará uma esperança na busca de tratamento para inúmeras doenças causadas por mutações nos genes que codificam proteínas participantes da síntese de ribossomos. “Depois de obter essas informações, será possível entender melhor as doenças humanas causadas por mutações nos genes dessas proteínas e chegar a possíveis terapias”, explica Carla. O tratamento, que ainda não está disponível, provavelmente envolverá terapia gênica, capacitando os portadores a produzir proteínas funcionais.


Raio X

Ensino, pesquisa e espírito crítico Com 21 anos de trajetória na FCF, professora realiza pesquisas em farmacognosia

“As Ciências Farmacêuticas são as ciências da vida” diz a professora Dominique Fischer, que afirma ser apaixonada pela multidisciplinaridade característica da área farmacêutica. Dominique considera enriquecedor o contato com a diversidade de temas que a área abor-

Você ensina melhor porque ainda está aprendendo, seja com o aluno ou dentro da sua própria pesquisa. Dominique da. Por sua vez, a vida acadêmica é, igualmente, muito diversificada em atividades, tornando o trabalho estimulante e menos rotineiro. Filha de imigrantes franceses, nunca se desligou da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP), onde cursou sua graduação, especializou-se e é docente desde 1990. Dominique atua na área da Farmacognosia, na pesquisa de metabólitos secundários com atividade antiprotozoária, antimicobacteriana e citotóxica in vitro, com ênfase em alcaloides e óleos voláteis. Tais pesquisas têm como objetivo a descoberta de princípios ativos em plantas os quais tenham uma ação antiprotozoária ou antimicrobacte-

riana. Essas substancias, se comprovado seu efeito medicinal, podem ser usados para o desenvolvimento de novos fármacos no combate às doenças endêmicas como a leishmaniose e a doença de Chagas, cujo tratamento atual é bastante limitado em termos de opções terapêuticas e da efetividade. Segundo a professora, o especialista em Farmacognosia tem a missão de proporcionar ao paciente, o consumidor final, um medicamento fitoterápico com níveis de qualidade e segurança adequados e desenvolver estudos com espécies vegetais de uma maneira sustentável, ao mesmo tempo, garantindo a sua preservação. As linhas de pesquisa de Dominique parecem ter se desdobrado ao longo de sua carreira acadêmica. Durante o mestrado, a professora Takako Saito – que também orientou Dominique em sua Iniciação Científica (IC) – propôs que ela trabalhasse com qualidade de fitoterápicos. Tendo realizado o doutorado na área de Farmacognosia, passou a interessar-se por alcalóides e óleos essenciais, no desenvolvimento do tema de sua tese sobre o “limoeiro-bravo”. Posteriormente, no Pós-Doutorado, iniciou linha de Pesquisa relacionada à atividade antiprotozoária dos alcalóides e, atualmente, inclui a pesquisa dos óleos essenciais.

RUAN DE SOUZA

Ruan de Sousa Gabriel

Professora Dominique Dominique faz questão de lembrar a importância que a professora Takako Saito teve em sua formação e orientação acadêmica. Segundo ela, Takako Saito ajudou-lhe também a desenvolver “um espírito científico crítico” e lhe ensinou muito sobre a orientação de alunos. A professora valoriza bastante a relação com os estudantes: “É gratificante ver o crescimento do aluno. Ao lecionar, continuamos também como aprendizes. Você ensina melhor porque ainda está aprendendo, seja com o aluno ou dentro da sua própria pesquisa”. Aos alunos, ela deixa como dica que se dediquem aos estágios, que ela classifica como “experiências enriquecedoras”, pois ajudam o estudante a encontrar o campo de atuação que mais lhe agrada.

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DiversĂŁo Calvin & Haroldo, de Bill Watterson

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