Caos e ordem ou O hoje e o sempre ou Caos e barulho
A Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição singular. Não é um museu, tampouco um centro cultural, uma ong clássica ou uma produtora de exposições, embora lide cotidianamente com expertises de todos esses organismos. É ela, no entanto, a responsável pelo maior evento artístico da América Latina: recebe mais de 450.000 visitantes por edição, atrai olhares do mundo inteiro, movimenta a economia da cidade de São Paulo e a cada ano reafirma na prática as missões presentes no seu estatuto: compromisso com as artes visuais, educação e formação de público, preservação da memória, entre outros. O biênio 2013-2014 contemplado por este relatório testemunhou avanços em dois sentidos opostos, mas complementares e igualmente vitais para a saúde da instituição. Por um lado, abriu-se ainda mais espaço para a ousadia, a experimentação e o arrojo tão característicos da arte contemporânea. A capacidade de provocar debates e estimular inquietudes se viu elevada à máxima potência. Por outro, a Fundação investiu, como poucas vezes antes, na organização e no rigor dos processos internos, na profissionalização das equipes e no controle orçamentário dos projetos. A aprovação de um novo regimento interno, em julho de 2014, é um dos exemplos do avanço nas políticas de governança, elevando também à alta conta os conceitos de gestão e eficiência. Em 2013, a mostra intermediária 30 × Bienal revisitou os sessenta anos de história do evento, procurando pensar sua influência na história estética brasileira. O encontro entre experiência e experimentação que pauta nossa trajetória foi expresso ali de modo singular, numa narrativa bem traçada pelo curador Paulo Venancio Filho. Realizada em 2014, a 31ª edição da Bienal de São Paulo discutiu os limites da própria arte e fez alguns críticos estranharem a presença de artistas pouco conhecidos do mainstream. Outros sentiram-se instigados pelas provocações curatoriais e pela jornada artística por temas centrais da vida contemporânea: identidade, sexualidade, transcendência. Uma pesquisa conduzida pelo Datafolha mostra que 90% dos entrevistados ficaram satisfeitos com essa edição da Bienal e 84% deles recomendariam a exposição para seus amigos e conhecidos.