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SETE FILHOS, 2 NETOS Helena Costa, 38 anos, e António Monteiro, 40 anos, conheceram-se em Bragança num bailarico. Apaixonaram-se e ela fugiu com ele. Os pais não perdoaram mas Helena seguiu o coração. Para trás deixou uma vida de outras oportunidades. Ao lado de António, em Soalhães, Marco de Canaveses, encontrou o amor de sete filhos. Aos 18 anos teve a primeira filha, Patrícia. Da Patrícia tem agora dois netos, o Nuno de 1 ano e o Daniel de 3. Vivem todos juntos. Depois de Patrícia, Helena e António estiveram seis anos sem ter filhos. Mas a pintura do quadro de família mudou. Nasceu o Luís de 14 anos, as gémeas de 12, o João de 9, a Estrelinha de 7 e o Samuel de 5 anos. Quem passa pela casa encostada numa estreita ruela, com escadas de pedra e um simples portão verde parece silenciosa. É Domingo, cá fora a chuva não dá tréguas e lá dentro a família está reunida. «Isto de Inverno é mais complicado. Não podem ir lá para fora e como a casa é pequena fica logo uma bagunça. Mas estão ali no quar-

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BIBONORTE . DEZEMBRO . 2010

to a estudar», diz Helena. Mal entro a agitação acontece. Todos querem tirar uma fotografia. «Olhe aqui nesta fotografia da comunhão também estávamos todos juntos», diz Alice, uma das gémeas, com um sorriso rasgado. Pela casa estão espalhadas fotografias ora de quando nasceram ora dos aniversários ora porque sim. A mesa de madeira é grande para quem olha mas pequena quando está cheia. Helena diz que ter “sete filhos é uma alegria”. Se é difícil é mas «com amor, carinho e educação tudo se faz». O pai, António, trabalha na construção civil em Bragança. Vem ao fim-de-semana e o barulho que os miúdos fazem até lhe sabe bem. «É muito bom ter a casa cheia. Aqui nunca há tristeza». Andam todos na escola, menos a mais velha. Quando chegam a casa a rotina já está estabelecida. «Entram, tiram as sapatilhas, lancham, vêem um bocadinho de televisão

e depois fazem os trabalhos de casa». Já está tudo coordenado. As festas são vividas com intensidade. O Natal, apesar de não ser rico em brinquedos, é celebrado em família. «Estamos aqui em casa todos à lareira, conversamos e depois as crianças vão para a cama. Normalmente pomos uma saquinha de rebuçados para cada um. Para brinquedos não há dinheiro», conta Helena. «ComiAos pares da sim, tem que ha«Quando algum ver sempre para os precisa de sapatos, meus meninos». Quando pergunto se junto algum dinheiro e compro para todos. É gostam de ter muiuma alegria» tos irmãos a resposta é dada prontamente: «Sim, gostamos muito. Porque assim brincamos uns com os outros», dizem em coro. Estrelinha diz que partilhar o quarto com as irmãs é «muito chato» e que gostava de ter um quarto só para si. Para já a partilha terá que continuar. Uma família numerosa onde o calor humano aquece o coração e a alma de quem não sabe o que é estar sozinho.


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