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EU SOU

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icenciado em Engenharia Biotecnológica pelo Instituto Politécnico de Bragança, Pedro Ferreira é o mais recente motivo de orgulho da família. Nascido há 29 anos em Penafiel, o jovem investigador prepara-se para iniciar uma nova etapa na sua fulgurante carreira. Depois de uma etapa na Suécia preparase para viajar para o Japão em Março de 2011, para continuar os seus trabalhos de investigação na Malária, área em que se especializou. Regressar a Penafiel não está nos planos mais próximos devido à falta de oportunidades que o país oferece aos investigadores, embora a memória esteja repleta de boas recordações dos tempos vividos na sua terra natal. Até aos 18 anos foi um jovem empenhado nas actividades desportivas e culturais penafidelenses, sem nunca esquecer o lado curioso que o levou para a ciência que hoje o apaixona. Que recordações tem de Penafiel? Tenho muitas recordações e as pessoas também se lembram de mim desse tempo em que vivi em Penafiel. Por isso, também ficam contentes quando sabem que eu estou a fazer algo diferente e importante. Até aos 18 anos envolvi-me em actividades desportivas e culturais o que fez com que também ficasse mais conhecido. As pessoas não me conhecem pelo que faço na ciência mas sim pelo que era aqui. É como ter duas personalidades. Como surgiu o gosto pela ciência? Eu sempre fui muito curioso e muito da ciência parte dessa curiosidade em saber mais, em nunca desistir, em procurar coisas novas. Esta vertente da minha personalidade é que me fez ir pelo caminho da ciência. A ida para a Suécia como é que se proporcionou? Eu fiz um estágio em Lisboa e a minha supervisora tinha um colega que estava lá. Depois tentou-se arranjar alternativa para eu ir para lá. Consegui uma bolsa europeia e em 2004 fui para o Instituto Karolinska na Suécia. Como descreve a passagem pela Suécia? Muito muito trabalho e diário. A ciência quando

Pedro Ferreira “Eu gostaria muito de contribuir para a minha região mas num futuro a curto prazo a minha carreira profissional não passa por voltar a Portugal”

é feita por gosto não cansa. Para mim este trabalho é diário, não há férias. É impossível não querer saber sempre mais, ler, estar informado, é impossível não pensar na ciência. Qual é a sua especialização? Acabei agora o doutoramento em doenças infecto-contagiosas. Sou especializado em Malária e é onde quero ficar. Se um dia, por algum motivo, sair da Malária então gostaria de me especializar em tuberculose, HIV ou Dengue. São áreas que me atraem muito. Qual é a maior dificuldade no mundo da ciência? A percepção de todo o sistema. É uma busca diária por fundos. São precisas bolsas de investigação e acaba por ser uma busca incessante por apoios. Há sempre aquela dúvida se as bolsas acabarem como vamos desenvolver o nosso trabalho de investigação. Pensa voltar a Penafiel? Tanto eu como outros investigadores que estão no estrangeiro gostariam de estar na sua terra com a família e amigos mas a única forma de fazer algo diferente é indo para fora. Neste momento, em Portugal nem é tanto o financiamento mas sim os maus hábitos diários de investigação a diferentes níveis quando comparados com o que se faz no estrangeiro. São precisas pessoas para dar alma à investigação. Eu gostaria muito de contribuir para a minha região mas num futuro a curto prazo a minha carreira profissional não passa por voltar a Portugal. Qual foi o seu maior desafio? Foi ter estado no Bangladesh e conhecer a realidade do país mais pobre do mundo. Quando deixamos os tubos de ensaio e entramos em contacto com a vida das pessoas, com as dificuldades diárias é muito diferente. Acaba por nos dar mais motivação para continuarmos a investigar e conseguir ajudar quem precisa. Quais os projectos para o futuro? Terminei oficialmente o meu trabalho na Suécia mas continuarei ligado. Em Março, vou para o Japão continuar o meu trabalho de investigação em Malária. Lá vamos estabelecer um triângulo entre a Suécia, Portugal e Japão com o objectivo de conciliar o melhor das três partes e fazer investigação dentro da Malária e contribuir assim para o conhecimento desta doença. PUBLICIDADE


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