OLIVEIRA, Lucas Ribas Dias de

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

LUCAS RIBAS DIAS DE OLIVEIRA

PARQUE RELIGIOSO DE UMBANDA EM VITÓRIA DA CONQUISTABA: UMA QUESTÃO DE REPRESENTATIVIDADE NO SUDOESTE BAIANO

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2018

LUCAS RIBAS DIAS DE OLIVEIRA PARQUE RELIGIOSO DE UMBANDA EM VITÓRIA DA CONQUISTABA: UMA QUESTÃO DE REPRESENTATIVIDADE NO SUDOESTE BAIANO

Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professora Orientadora: Adriana Gusmão Braga

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2018

LUCAS RIBAS DIAS DE OLIVEIRA PARQUE RELIGIOSO DE UMBANDA EM VITÓRIA DA CONQUISTABA: UMA QUESTÃO DE REPRESENTATIVIDADE NO SUDOESTE BAIANO

Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Professora Orientadora: Adriana Gusmão Braga Aprovado em ___/___/______

Banca examinadora:

Adriana Gusmão Braga Esp. Arquiteta e Urbanista Universidade Federal da Bahia - UFBA

Silvana Nunes Landi Esp. Arquiteta e Urbanista Universidade Federal da Bahia - UFBA

Mário Rubem Costa Santana Doutor em Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Bahia - UFBA

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2018

“Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”

- Caboclo das Sete Encruzilhadas (Entidade espiritual que fundou a Umbanda)

Dedico este trabalho a Deus, autor de minha fé, a quem devo a vida. Aos orixás e entidades que me concederam autorização para a realização desta pesquisa. Aos adeptos e simpatizantes das religiões afro-brasileiras, em especial a Umbanda, que lutam diariamente para que sua fé possa ser expressada e reconhecida, sem que sejam alvos do preconceito religioso.

Lhes dedico.

Aos meus pais, Edilson e Geane, por me darem todo o suporte que sempre precisei. Aos meus chefes, Etti e Gerardo, por todo apoio nessa jornada. Aos meus amigos, pelas madrugadas compartilhadas e pelos momentos inesquecíveis. À Carlos, por ter caminhado lado a lado comigo e por ter me apoiado tanto. Aos professores, em especial a Silvana e Jéssica, que me orientaram com tanto carinho. À Adriana, minha orientadora, por ter enfrentado esse desafio junto comigo e ter me dado toda a orientação necessária para a finalização desta etapa. Ao Professor Itamar, por ter contribuído com sua tese de Mestrado como referencial teórico para esta pesquisa. À Mãe Graça, Mãe Noélia e ao povo de santo que contribuiu para a realização da proposta, muito obrigado. A esse processo, que expandiu meus horizontes de um modo que jamais imaginei.

Lhes agradeço.

RESUMO

A busca incessante por um reconhecimento e representatividade da Umbanda no cenário ativo das religiões afro-brasileiras é tamanha, que cada vez mais esse processo vem se afirmando em virtude do aumento de intolerantes e preconceituosos diante dos cultos de matrizes africanas. Do desenovelado, à pesquisa para implantação e criação desta proposta foi construída com dados históricos da cidade de Vitória da Conquista, Bahia, e da religião umbandista, além das análises do mapeamento das doutrinas afro-brasileiras e dos dados obtidos na associação Rede Caminhos dos Búzios, responsável pelo cadastramento das religiões de matriz africana. Através destes diagnósticos, foram alcançados subsídios teóricos e projetuais de justificativa para inserção do Parque Religioso na cidade. Ambiciona-se, portanto, debater a importância da Umbanda como religião ativa neste espaço urbano, desmistificando assim, ideias pré-construídas sobre a doutrina. Por fim, objetiva-se a proposta de implantação no distrito do Pradoso, obtendo um aumento dos serviços e da economia por meio da qualificação da área, convertendo o espaço numa peça essencial no campo da diversidade religiosa da cidade e na busca por uma maior representatividade.

Palavras-Chave: Umbanda. Representatividade. Parque Religioso. Vitória da Conquista. Pradoso.

ABSTRACT

The incessant search for a recognition and representation of Umbanda in the active setting of AfroBrazilian religions is such that this process is increasingly being affirmed because of the increase of intolerant and prejudiced before African cults. From the unveiling, the research for implantation and creation of this proposal was constructed with historical data of the city of Vitoria da Conquista, Bahia, and the Umbandist religion, besides the analyzes of the mapping of the Afro-Brazilian doctrines and the data obtained in the association Red Caminhos dos BĂşzios, responsible for the registration of the religions of African matrix. Through these diagnoses, we reached theoretical and project justifications for the insertion of the Religious Park in the city. It is ambitious, therefore, to discuss the importance of Umbanda as an active religion in this urban space, thus demystifying pre-constructed ideas about doctrine. Finally, the proposed implementation in the district of Pradoso aims to increase services and economy through the qualification of the area, making space an essential part of the city's religious diversity and the search for greater representation.

Keywords: Umbanda. Representativity. Religious Park. Victory of the Conquest. Pradoso.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Zélio de Moraes ................................................................................................................ 18 Figura 02 – Caboclo das Sete Encruzilhadas ....................................................................................... 18 Figura 03 – Oxalá ................................................................................................................................. 20 Figura 04 – Jesus .................................................................................................................................. 20 Figura 05 – Ogum ................................................................................................................................ 21 Figura 06 – São Jorge........................................................................................................................... 21 Figura 07 – Oxóssi ............................................................................................................................... 21 Figura 08 – São Sebastião .................................................................................................................... 21 Figura 09 – Iansã .................................................................................................................................. 22 Figura 10 – Santa Bárbara .................................................................................................................... 22 Figura 11 – Xangô................................................................................................................................ 22 Figura 12 – São Jerônimo .................................................................................................................... 22 Figura 13 – Oxum ................................................................................................................................ 23 Figura 14 – Nossa Senhora da Conceição ............................................................................................ 23 Figura 15 – Iemanjá ............................................................................................................................. 23 Figura 16 – Nossa Senhora dos Navegantes ........................................................................................ 23 Figura 17 – Obaluaê ............................................................................................................................. 24 Figura 18 – São Lázaro ........................................................................................................................ 24 Figura 19 – Nanã .................................................................................................................................. 24 Figura 20 – Santa Ana .......................................................................................................................... 24 Figura 21 – Mapeamento das Religiões em Vitória da Conquista ....................................................... 31 Figura 22 – Templo Bahá’í .................................................................................................................. 33 Figura 23 – Templo Bahá’í e seus caminhos ....................................................................................... 34 Figura 24 – Implantação do Templo Bahá’í......................................................................................... 34 Figura 25 – A capela Nossa Senhora de Fátima................................................................................... 35 Figura 26 – As estruturas e seu interior ............................................................................................... 36 Figura 27 – A capela de Nossa Senhora de Fátima como Altar ........................................................... 36 Figura 28 – Vale dos Orixás................................................................................................................. 37 Figura 29 – Dia de festa no Santuário .................................................................................................. 38 Figura 30 – Píer no Dique do Tororó ................................................................................................... 39 Figura 31 – Os orixás do Dique do Tororó .......................................................................................... 39 Figura 32 – Organização dos orixás no Dique do Tororó .................................................................... 40

Figura 33 – Localização do Distrito do Pradoso .................................................................................. 41 Figura 34 – Mapa de Localização ........................................................................................................ 43 Figura 35 – Mapa de Localização via Satélite ..................................................................................... 43 Figura 36 – Mapa do Sistema Viário ................................................................................................... 44 Figura 37 – Panorâmica do terreno ...................................................................................................... 44 Figura 38 – Alagados no terreno .......................................................................................................... 45 Figura 39 – Mapa de Cheios e Vazios ................................................................................................. 45 Figura 40 – Mapa de Atividades de Entorno........................................................................................ 40 Figura 41 – Praça e Avenida Principal ................................................................................................. 47 Figura 42 – Avenida Principal e Iluminação ........................................................................................ 48 Figura 43 – Alagado ............................................................................................................................. 48 Figura 44 – Mapa de Insolação e Ventilação ....................................................................................... 49 Figura 45 – Mapa Topográfico ............................................................................................................ 50 Figura 46 – Parte da área alagada existente no terreno ........................................................................ 50 Figura 47 – A fé Umbandista .............................................................................................................. 56 Figura 48 – A espressão do sincretismo .............................................................................................. 57 Figura 49 – As irradiações da Umbanda ............................................................................................. 58 Figura 50 – A Estrela dos orixás .......................................................................................................... 59 Figura 51 – Pontos Riscados ............................................................................................................... 60 Figura 52 – Primeira proposta de zoneamento .................................................................................... 71 Figura 53 – Primeiro estudo ................................................................................................................ 71 Figura 54 – Segundo estudo ................................................................................................................ 72 Figura 55 – Implantação das edificações ............................................................................................ 72 Figura 56 – Croqui do Centro de Referência I .................................................................................... 73 Figura 57 – Croqui do Centro de Referência II ................................................................................... 74 Figura 58 – Croqui de estudo da Fachada e Corte .............................................................................. 74 Figura 59 – Croqui do Espaço de Cultos I .......................................................................................... 74 Figura 60 – Croqui do Espaço de Cultos II ......................................................................................... 71 Figura 61 – Implantação dos santuários .............................................................................................. 75 Figura 62 – Implantação final ............................................................................................................. 76 Figura 63 – Rammed Wall .................................................................................................................. 77 Figura 64 – Telhado de Manta alwitra ................................................................................................ 78 Figura 65 – Termo de Consentimento assinado por Mãe Graça ........................................................ 100 Figura 66 – Capa do Caderno de Registros de Leis ........................................................................... 101 Figura 67 – Artigos do Código de Postura Municipal ....................................................................... 102

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Distribuição das Religiões em Vitória da Conquista, segundo IBGE .............................. 30 Tabela 02 – Atividades/empreendimentos que configuram o uso do solo ........................................... 51 Tabela 03 – Uso do solo por área de influência ................................................................................... 51 Tabela 04 – Atividades/empreendimentos que configuram o uso do solo ........................................... 51 Tabela 05 – Uso do solo por área de influência ................................................................................... 51 Tabela 06 – Critérios e restrições aplicáveis às zonas e corredores de usos ........................................ 52 Tabela 07 – Vagas de estacionamento ................................................................................................. 52 Tabela 08 – Cálculo da população por empreendimentos ................................................................... 53 Tabela 09 – Classificação das edificações, estruturas e áreas de risco quanto à ocupação ................. 53 Tabela 10 – Distâncias máximas a serem percorridas ......................................................................... 54 Tabela 11 – Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de reserva de incêndio mínima (m³) ..... 54 Tabela 12 – Cálculo de Reservatório ................................................................................................... 54 Tabela 13 – Cálculo de Fossa Séptica ................................................................................................. 55 Tabela 14 – Terreiros e suas populações .............................................................................................. 85

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 14 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA............................................................................................ 17 2.1 Teorias e Conceitos ............................................................................................................ 17 2.1.1 Zélio e o Surgimento da Umbanda ..................................................................... 17 2.1.2 Os Orixás e suas Representações........................................................................ 19 2.1.3 Os Guias e suas Representações ......................................................................... 25 2.1.4 Breve histórico da trajetória da Umbanda na Capital Baiana até na atualidade em Vitória da Conquista .................................................................................................... 26 2.2 Projetos Referenciais .......................................................................................................... 33 2.2.1 Templo Bahá’í – Diagonal Las Torres, Penalolen, Chile ................................... 33 2.2.2 Capela de Nossa Senhora de Fátima – Idanha-a-Nova, Portugal ....................... 35 2.2.3 Santuário Nacional de Umbanda – Santo André, São Paulo, Brasil................... 37 2.2.4 Dique do Tororó – Salvador, Bahia, Brasil ........................................................ 38 3. APRESENTAÇÃO DA ÁREA ......................................................................................................... 40 3.1 Inserção do empreendimento – Justificativa ...................................................................... 42 3.2 Localização......................................................................................................................... 42 3.3 Usos e atividades do entorno .............................................................................................. 45 3.4 Indicação de Infraestrutura urbana ..................................................................................... 47 3.5 Condicionantes Físicos ....................................................................................................... 49 3.6 Legislação Municipal ......................................................................................................... 50 3.7 Legislação Complementar .................................................................................................. 53 3.7.1 Decreto nº 16.302/2015 do Corpo de Bombeiros da Bahia ................................ 53 3.7.2 Instrução Técnica nº 11/2016 ............................................................................. 53 3.7.3 Instrução Técnica nº 22/2016 ............................................................................. 54 3.7.4 NBR 5626/98 ...................................................................................................... 54 3.7.5 Instrução Técnica nº 06/2016 ............................................................................. 55 3.7.6 NBR 9050/2015 .................................................................................................. 55 3.7.7 NBR 16537/2016 ................................................................................................ 55 3.7.8 Novo Código Florestal, Lei nº 12.651 ................................................................ 55 3.7.9 RDC nº 216 da Anvisa........................................................................................ 56 4 CONCEITO E PARTIDO .................................................................................................................. 56 4.1 Conceito.............................................................................................................................. 56 4.2 Partido do Parque Religioso ............................................................................................... 57 4.3 Partido do Centro de Referência......................................................................................... 59

4.4 Partido do Espaço de Cultos ............................................................................................... 59 5 PROGRAMA ..................................................................................................................................... 60 6 CONCEPÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJETO ................................................................................ 70 6.1 Pré estudos e resultados ...................................................................................................... 70 6.2 Outros detalhes do projeto .................................................................................................. 76 6.2.1 Piso de Solo-cimento .......................................................................................... 76 6.2.2 Taipa de Pilão ..................................................................................................... 77 6.2.3 Manta Alwitra ..................................................................................................... 77 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 79 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 81 APÊNDICES ......................................................................................................................................... 85 Apêndice A – Entrevista........................................................................................................... 87 Apêndice B – Entrevista ........................................................................................................... 90 Apêndice C – Entrevista ........................................................................................................... 91 Apêndice D – Entrevista........................................................................................................... 93 Apêndice E – Entrevista ........................................................................................................... 94 Apêndice F – Entrevista ........................................................................................................... 95 ANEXOS............................................................................................................................................. 101

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1 INTRODUÇÃO Único culto de origem brasileira, com pouco mais do que cem anos, a Umbanda, surgiu do sincretismo de elementos e heranças do Candomblé, do Catolicismo, do Espiritismo Kardecista e da Religião Indígena, sendo assim anunciado, na cidade do Rio de Janeiro no dia 16 de novembro de 1908 por meio de Zélio Fernandino de Moraes, que encarnado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou essa doutrina que proferirá da prática da caridade, do amor fraterno, expressando a semelhança que deve haver entre todos independente da classe social, sexualidade, raça, gênero ou crença.

A prática da Umbanda se encontra marcada por todo o país, com destaque nos amplos centros urbanos, como é o caso de Salvador, Bahia. Várias casas de culto aos orixás já usavam o termo “Umbanda”, desde meados dos anos de 1920. O crescente número de adeptos da Umbanda em Salvador acabou tornando-se alvo de outros segmentos religiosos que se encontravam insatisfeitos com esse crescimento, e preocupados, por medo do Candomblé ser descaracterizado na urbe. Somente após a chegada de Mário de Xangô, considerado o “chefe da Umbanda” que esses pensamentos começaram a mudar, pois afirmava que a Umbanda é diferente e que não despersonalizaria o Candomblé baiano.

Direcionando as atenções ao Arraial da Conquista, desde seus primórdios, rituais eram realizados por índios, jagunços e xamãs, sendo de conhecimento das autoridades locais que, por conseguinte, proibiam o desempenho destes atos, através dos Códigos de Posturas Municipal datados de 1893 a 1954 (ver anexos), no qual eram censuradas as realizações dos batuques e cantorias. Porém os simpatizantes e adeptos que exerciam tais ações não se acometeram e de modo geral esses atos vêm sendo praticados atualmente pela religião aqui estudada (AGUIAR1, 1999). A Umbanda se faz presente em Vitória da Conquista desde meados da década de 1930 conforme o trecho relatado por Aguiar (1999, p. 89), “[...] ao que parece as religiões afrobrasileiras, existentes [...] entre 1930 e 1950, eram religiões sincréticas, que combinavam elementos das tradições religiosas do Catolicismo, dos indígenas que habitaram a região e, evidentemente, dos africanos, essencialmente angolanos”. Além disso, a presente pesquisa se baseia em relatos e memórias dos umbandistas (também chamado de povo de santo) que conheceram os adeptos da época e noticiam à existência da prática dos cultos afro-brasileiros, entretanto, estes costumes não eram caracterizados como parte da doutrina umbandista. O termo

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Prof. Dr. em Ciências Sociais Itamar Pereira de Aguiar da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), texto base “As religiões afro-brasileiras em Vitória da Conquista: Caminhos da Diversidade”.

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“Umbanda” começou a surgir nesse espaço geográfico depois do choque causado pela construção da BR-116 (Rio-Bahia), atual Avenida Integração, que ocasionou um crescimento na cidade por conta de uma população de migrantes, expandindo assim, o mercado, serviços e campo religioso de Vitória da Conquista, Bahia.

No censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) datado do ano de 2010, nota-se a presença de religiões afro-brasileiras na cidade, onde segundo essa organização, existiam apenas 450 adeptos da Umbanda e Candomblé. Partindo em discordância, o presente estudo, expõe a Tese de Mestrado do Prof. Dr. Itamar Pereira de Aguiar, que por sua vez discorre sobre a existência de terreiros e sua parcela no Arraial da Conquista ao longo de um mapeamento e levantamento dessas casas.

A proposta da pesquisa foi dividida em três fases metodológicas, sendo a primeira fase, realizada por meio da técnica de pesquisa documental indireta do tipo bibliográfica, através de leituras e elaborações, via fichamentos dos artigos, teses e textos, que deram suporte teórico para a compreensão do objeto em estudo, abordando desde o seu surgimento em 1908 no Rio de Janeiro até o presente momento na cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Na segunda fase da pesquisa, foi realizada a técnica de pesquisa de caráter documental direta intensiva do tipo de observação, que utiliza os aspectos na obtenção de examinar dados ou fenômenos que se desejam comprovar, através do auxílio de alguns pais, mães e filhos de santo na realização de um levantamento de dados afim de produzir um novo mapeamento das religiões afro-brasileiras atuantes na cidade. Na terceira fase da pesquisa, na qual possui o método de abordagem de caráter quanti-qualitativo, que associa análise estatística à investigação dos significados das relações humanas (FERNANDES; DUARTE, 2015 apud. FIGUEIREDO, 20082), nota-se que o pesquisador pode ser caracterizado como um observador neutro, porém, convive em partes com o objeto em estudo. Através do emprego da técnica de pesquisa de caráter documental direta intensiva do tipo entrevista, foi realizada uma interlocução com a coordenadora da Associação Rede Caminhos dos Búzios (ver apêndices). Neste sentido, torna-se fundamental realçar que a pesquisa buscou evidenciar que a Umbanda é uma religião afro-brasileira atuante, com diversas casas e/ou terreiros espalhados pela cidade.

Perante os estudos realizados para compreendimento do tema proposto, também se fez necessárias pesquisas de referências arquitetônicas e urbanísticas para que veja, na prática,

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FERNANDO, G.; DUARTE, T. Metodologia de um TCC. Universidade Estadual de Santa Cruz, 2015.

Disponível em: <http://nead.uesc.br/arquivos/Fisica/tcc1/material_apoio/Aula%2004%20%20Metodologia%20de%20um%20TCC.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2018.

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como funciona um Parque Religioso, ajudando a conceber o dimensionamento do projeto, bem como, os moldes de acordo com a flexibilidade dos cultos, trabalhos e adorações num único espaço de forma funcional. Além dos assuntos agregados ao projeto, foi feito o diagnóstico da área de inserção do empreendimento, por meio dos estudos de topografia, infraestrutura, com o intuito de comprovar o potencial construtivo da proposta. Por fim, para o desdobramento da implantação, foram utilizadas todas as informações dispostas na análise das legislações pertinentes, além do conhecimento sobre os condicionantes do terreno, de modo a auxiliar na elaboração do programa de necessidades e finalização da proposta do projeto.

O objetivo da pesquisa foi realizar um estudo sobre o sincretismo religioso e o processo de formação e anunciação da Umbanda, evidenciando-a como religião atuante na cidade de Vitória da Conquista, Bahia, além de subsidiar a formulação de um projeto de arquitetura de um Parque Religioso para os adeptos umbandistas.

O espaço construir-se-á como um local de comunhão, adoração e agradecimento aos orixás e entidades com espaços de cultos e dos altares que correlacionando os elementos naturais de cada orixá e entidade (campo aberto, matas, pedreiras, caminhos, etc.) com os já encontrados no terreno escolhido (vegetação, alagado, pedras), facilitando assim, na união dos terreiros e incitando numa maior representatividade umbandista.

A proposta deste projeto, surgiu da necessidade em unir os umbandistas e simpatizantes existentes na busca de uma representatividade e reconhecimento da religião em Vitória da Conquista e região, num espaço religioso e sagrado onde todos possam adorar, agradecer e cultuar seus deuses, orixás e entidades em comemoração as graças alcançadas, se tornando, consequentemente, num lugar de encontro para que os umbandistas possam discutir sobre a Umbanda e seus fundamentos, participar de palestras e cursos sobre o sincretismo religioso. O local escolhido para implantação do projeto arquitetônico do Parque umbandista é um vale existente no Pradoso, Distrito de Vitória da Conquista, tal escolha se deu pelo fato de ser um núcleo urbano afastado da cidade e que proporcione silêncio para os momentos de oração e agradecimento, além de ser um terreno amplo com capacidade para abrigar todo o público que o venham visitar.

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2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA

2.1 Teorias e Conceitos 2.1.1 Zélio e o Surgimento da Umbanda Ao discursar sobre Umbanda, deve-se falar sobre Zélio Fernandino de Moraes, o seu fundador. Nascido em Neves, Distrito de São Gonçalo, Rio de Janeiro, no dia 10 de abril de 1891 (SARACENI, 20053). Aos dezessete anos, preparando-se para servir às Forças Armadas, ele preocupou seus pais quando começou a falar em um tom manso e coisas sem sentido, parecendo um velho com sotaque diferente de sua região. Desassossegados com a sanidade mental de Zélio, seus familiares o levaram ao psiquiatra do Hospício da Vargem Grande, São Paulo, onde não foi encontrado nenhum sintoma, sendo assim encaminhado a um padre para um exorcismo. Mesmo depois de feito o ritual, não se obteve nenhum resultado. Propuseram então, que ele deveria ser levado à Federação Espírita de Niterói, onde foi convidado a sentar à mesa para participar de uma sessão, chefiada por José de Souza, no dia 15 de novembro de 1908. Sentado à mesa, Zélio foi encarnado por uma entidade que deixou a seguinte mensagem: Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim (GUIMARÃES; GARCIA, 2017, s/p.).

No dia 16 de novembro de 1908, justamente às 20:00 horas, o Caboclo das Sete Encruzilhadas encarnado em Zélio, desceu à sua casa onde estavam presentes os membros da Federação Espírita de Niterói, parentes, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos, iniciando o culto com o seguinte discurso: Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo (GUIMARÃES; GARCIA, 2017, s/p.).

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SARACENI, Rubens. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada. São Paulo: Madras, 2005. Disponível em: <http://www.tuads.com.br/a-umbanda/>. Acesso em: 15 mar. 2018.

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Figura 01 – Zélio de Moraes

Figura 02 – Caboclo das Sete Encruzilhadas

Fontes das figuras 1 e 2: Disponível em <http://umbandareligiaobrasileira.blogspot.com.br/2011/04/fotos-quecontam-fatos-da-nossa-umbanda.html>. Acesso em 09 de abril de 2018.

Depois de estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto, o Caboclo determinou que os participantes deveriam usar branco, além de seguir tais fundamentos como: a aceleração da evolução do ser por meio de ensinamentos doutrinários, mediúnicos, religiosos e espiritualistas, o auxílio religioso e magístico, o culto aos sagrados orixás, a integração do ser às hierarquias divinas, o esgotamento e transmutação do carma do ser e a caridade (SARACENI, 2005). Afirmou que estava nascendo uma nova doutrina e que se chamaria “Umbanda”. Além disso, o Caboclo das Sete Encruzilhadas proferiu as seguintes palavras: Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem as horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai (GUIMARÃES; GARCIA, 2017, s/p. 4).

Em seguida, a encarnação do Caboclo na pessoa de Zélio, atendeu um paralítico e outras pessoas que haviam no local, fazendo com eles fossem curados. No dia 17 de novembro de 1908, uma verdadeira romaria se formou na entrada da casa de Zélio, onde haviam médiuns (como são conhecidas as pessoas capacitadas de manter conexões entre o mundo físico e espiritual), cujas manifestações eram consideradas loucura e passaram a ser vistos com sanidades excepcionais. Além de cegos, deficientes que vinham a procura de cura e dali saiam curados (SARACENI, 2005).

Em meados de 1918, recebendo ordens superiores, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, 4

GUIMARÃES, Lucilia; GARCIA, Eder Longas. História da Umbanda. Terreiro do Pai Maneco. Disponível em: <http://www.paimaneco.org.br/2017/07/20/historia-da-umbanda-caboclo-das-sete-encruzilhadas/>. Acesso em: 13 mar. 2018.

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encarnado em Zélio, fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes: Tenda Espírita de Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora da Conceição, Santa Bárbara, São Pedro, Oxalá, São Jorge e São Jerônimo (GUIMARÃES; GARCIA, 2017). Em 1971, a diretora da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade, Lilia Ribeiro, registrou um comunicado do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no qual afirmava que a Umbanda viria a progredir ainda mais e que muitos de seus pais e mães de santo (como é chamado quem dirige um terreiro), por conta da ganância, irão vender seus dons para enriquecer, descumprindo assim, os principais fundamentos da doutrina que são a humildade, o amor e a caridade. O Caboclo finaliza seu contato discorrendo: [...] meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós [...] eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas (SARACENI, 2005, s/p.).

Diante do sincretismo, da junção de diferentes cultos e doutrinas religiosas, como o Candomblé, o Catolicismo, o Espiritismo Kardecista e a Religião dos Índios, origina-se então, a denominada Umbanda, que fundamenta-se na presença de um “Deus Único” e, manuseia dos elementos e heranças das religiões que são caracterizadas os quatro pilares de sua formação, tais como: o trabalho com guias e mentores espirituais, realizando passes (nomenclatura dada a ideia de transmitir algo a quem necessita), seguindo a linha do Espiritismo; o culto aos caboclos, por meio dos xamãs, caciques e pajés desencarnados, manifestam a sabedoria dos indígenas; o louvor as divindades oriundas do Candomblé, representantes dos elementos da natureza, revelando sua energia e auxiliando os seres humanos através de ervas sagradas e frutas, não podendo ser praticados quaisquer sacrifícios de animais; e do Catolicismo, são usadas as preces e orações deixadas por Jesus Cristo (Oxalá), como forma de respeito e proteção, além dos cultos realizados pelos escravos que não podiam cultuar os orixás, sendo obrigados a adorar os santos católicos, existindo também uma semelhança nas histórias das divindades africanas com os sacros católicos.

2.1.2 Os Orixás e suas Representações A Umbanda, único culto de origem brasileira, dispõe de sete linhas que foram ditadas para a sua formação e dentre elas são: fé, amor, conhecimento, lei, justiça, evolução e geração.

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Dentro dessas linhas são cultuados os orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Iansã, Xangô, Oxum, Iemanjá, Obaluaê e Nanã. Cada orixá possui um ponto de força (chamado também de santuário natural), caracterizado por Rubens Saraceni (2005, s/p.) como “locais cujas energias ou cujos magnetismos são mais ‘puros’ e facilitam o contato com o outro ‘lado’ da vida [...] esses locais concentram as mais puras emanações de energia”. Além do ponto de força, cada orixá possui a sua saudação que é uma forma de pedir bênçãos as divindades, sendo agraciados com o poder da natureza, a fim de viver em harmonia.

Oxalá é o principal orixá da Umbanda, sincretizado como Jesus Cristo, ficando abaixo de Olorum (Deus Supremo). É aquele que determina o fim da vida de cada pessoa, ele representa o amor, bondade, pureza espiritual e tudo aquilo que indica positividade. Oxalá é a única divindade que não atua diretamente em elementos do planeta, fazendo isso por intermédio dos outros orixás. De acordo com os umbandistas o seu santuário natural são os campos abertos e mirantes, sua cor é o branco e sua saudação: Epa epa Babá! (Epa epa: exclamação de surpresa, grande admiração pela honrosa presença; Babá: pai).

Figura 03 – Oxalá

Figura 04 – Jesus Cristo

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BbGEqbh0IC/?hl=pt-br&taken-by=capimcapimm>.

Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <https://www.elo7.com.br/poster-jesusressuscitado-29-7cm-x21/dp/51FCE4>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Ogum é aquele que representa todas as batalhas da vida, sincretizado como São Jorge no Rio de Janeiro e Santo Antônio em Salvador, é orixá protetor contra as guerras e contra as diversas demandas espirituais. Crê-se que é Ogum quem protege os seguidores da Umbanda e as pessoas que sofrem perseguições espirituais ou materiais. Seu santuário natural são os caminhos e estradas, suas cores são o branco, vermelho e azul escuro e sua saudação: Ogum Yê! (Brado que representa a força de Ogum).

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Figura 05 – Ogum

Figura 06 – São Jorge

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BelngRXhE7J/?hl= pt-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://gallery.mobile9.com/asf/azaj0iivebku/sãojorge/>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Oxóssi é o orixá conhecido com o senhor dos caboclos e das matas, sincretizado como São Sebastião no Rio de Janeiro e São Jorge em Salvador, encoraja e dá segurança a todos seus seguidores. É considerado o protetor dos animais, por aliar sua grande força com o bom senso.

Acredita-se que Oxóssi seja um lutador, grande guerreiro, estando sempre pronto para defender aqueles que se colocam sob sua guarda. Seu santuário natural são as matas, sua cor é o verde e sua saudação: Okê Arô! (O rei que fala mais alto, o Grande Caçador).

Figura 07 – Oxóssi

Figura 08 – São Sebastião

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/Bb9ZTEzB7YA/?hl =pt-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://marceloomensageiro.blogspot.com.br/2012/ 01/sao-sebastiao.html>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Iansã é o orixá dos ventos e das tempestades, considerada a rainha dos raios, é responsável pelas transformações e pelo combate às feitiçarias feitas aos seus seguidores.

Sincretizada com Santa Bárbara, é conhecida também como guardiã dos mortos, pois exerce domínio sobre eles. Seu santuário natural são os bambuzais, suas cores são amarelo ouro e

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vermelho e sua saudação: Epahey Oyá! (Olá com admiração).

Figura 09 – Iansã

Figura 10 – Santa Bárbara

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BbVXrusB0ir/?hl=p t-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://globovision.com/article/especial-dia-desanta-barbara>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Xangô é o orixá da justiça e da sabedoria, simbolizado como a divindade da lei de causa e efeito, responsável a punir quem merece e dar vitória aos dignos. No sincretismo religioso representado por, São Jerônimo, os seguidores que recorrem a ele são os que sofrem injustiças, perseguições espirituais e materiais. Seu santuário natural são as pedreiras, sua cor é marrom e vermelha e sua saudação: Kaô Kabecilê! (Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real).

Figura 11 – Xangô

Figura 12 – São Jerônimo

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/Bbmt8ygh4ZW/?hl =pt-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://franciscanos.org.br/?p=67736>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Oxum é a orixá que domina as mulheres, considerada como a divindade da fertilidade, do amor e do ouro. Protetora das gestantes e da juventude, é a senhora das águas doces.

Representada por Nossa Senhora da Conceição, traz a beleza e pureza. Segundo a Umbanda,

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ela é o exemplo de mãe que nunca desampara seus filhos e ajuda a qualquer pessoa. Seu santuário natural são as cachoeiras, rios e lagos, suas cores são o amarelo ouro e dourado e sua saudação: Ora Yê Yê Ô! (Salve a Senhora da Bondade).

Figura 13 – Oxum

Figura 14 – Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BelngRXhE7J/?hl= pt-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://portal.brasilsonoro.com/hino-de-nossasenhora-da-imaculada-conceicao/>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Orixá mais popular do Brasil, Iemanjá, a rainha do mar é mãe de todos os orixás, é o trono feminino da geração, a protetora dos marinheiros, pescadores e das viagens pelo mar.

Representada por Nossa Senhora dos Navegantes, atua no amparo a maternidade, rege de forma absoluta o lar e a família. Através do mar e oceano tem o papel de devolver vibrações e trabalhos, pois creem que o mar devolve tudo que nele for jogado e vibrado. Seu santuário natural é o mar (calunga grande), suas cores são o azul claro, branco e prata e sua saudação: Odò Ìyá! (Amada Senhora das águas).

Figura 15 – Iemanjá

Figura 16 – Nossa Senhora dos Navegantes

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/Bb9Yr1qB0Bv/?hl= pt-br&taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/388646642836280515/ >. Acesso em 11 de abril de 2018.

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Orixá da saúde, Obaluaê ou Omulu, atua sobre os doentes, hospitais e cemitérios. Crêse que seja o senhor da morte e das doenças, costuma ser muito temido, porém da mesma forma que traz a doença, ele leva embora também. Simbolizado por São Lázaro é um orixá muito respeitado, exigente e grande feiticeiro. Representa a transformação do ser. Seu santuário natural é o cemitério (calunga pequena), suas cores são o preto e branco e sua saudação: Atotô Obaluaê! (Silêncio, Ele está aqui!).

Figura 17 – Obaluaê

Figura 18 – São Lázaro

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BbUvqPhLrV/?hl=pt-br&taken-by=capimcapimm>.

Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://purytere.blogspot.com.br/2012/12/9-orixaobaluae-o-orixa-da-cura.html>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Sincretizada como Santa Ana, Nanã é o orixá mais velho, segundo os umbandistas.

Considerada a senhora das doenças cancerígenas, estando sempre ao lado do seu filho Obaluaê. É a protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais. Seu santuário natural são as águas turvas, mangues e lamas, sua cor é o roxo e sua saudação: Saluba nanã! (Mãe nanã!).

Figura 19 – Nanã

Figura 20 – Santa Ana

Fonte: Disponível em <https://www.instagram.com/p/BZLU2dA2ml/?taken-by=capimcapimm>. Acesso em 11 de abril de 2018.

Fonte: Disponível em <http://www.arquisp.org.br/liturgia/santo-dodia/santa-ana >. Acesso em 11 de abril de 2018.

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2.1.3 Os Guias e suas Representações A Umbanda não apenas cultua aos orixás, mas também guias, que são manifestadores de mistérios (como são chamados os dons de orar, ensinar e realizar benzimentos) que incorporam nos médiuns e dão orientações, afastam obsessores (como são intitulados, espíritos menos esclarecidos, que invejam a alegria e honestidade dos encarnados), desenvolvem a mediunidade de pessoas possuidoras desse dom. Os guias são espíritos altamente preparados para assumir a guarda de seus filhos e falam em nome dos orixás.

A Linha de Caboclos (índios) é regida pelo orixá Oxóssi, porém possuem irradiações perante outros orixás onde trabalham em seus mistérios. Crê-se que os caboclos são caridosos e muito esclarecidos, e elevaram-se durante suas encarnações e descem a terra para ajudar os enfermos do corpo e da alma. Na Umbanda são reflexos de uma vida simples, livre de preconceitos e de vaidade. Sua saudação é: Okê Caboclo!

A Linha de Pretos Velhos é regida pelo orixá Obaluaê, mas transitam dentre outras linhas de orixás. Os pretos velhos são anciãos negros, humildes, sábios, pacientes e acredita-se que são entendedores na manipulação de ervas, utilizadas nos seus benzimentos, além de possuírem um elevado grau de espiritualidade. Sua saudação é: Adorei as almas!

A Linha de guias de caráter infantil da Umbanda são conhecidos como Erê5 (crianças), simbolizados por São Cosme e Damião. Os erês são considerados pelos umbandistas como seres capazes de alegrar todos que os circundam, sendo o amor a sua própria energia, além de possuírem uma imensa sabedoria, luz e poder de renovação das pessoas. São capazes de indicar nossas falhas facilmente, não se calam quando em consulta, nos alertando sobre os erros. Sua saudação é: Oni Beijada!

A Linha de Baianos é regida por Iansã, mas também possui um laço com o orixá Oxalá por ditar questões de fé e religiosidade, já que abraça espíritos de antigos sacerdotes, pais e mães de santo da Bahia que trabalharam para preservar e divulgar o culto dos orixás enfrentando os preconceitos. Os baianos nos trazem seu axé6, sua positividade e descontração. Eles levantam o astral dos entristecidos, dão bons conselhos, transmitem conforto e sabem ouvir. Sua saudação é: É da Bahia!

A Linha dos Marinheiros é regida por Iemanjá e na Umbanda trazem muita alegria, equilibram nosso emocional e nos dão possibilidades de gerar coisas boas em nossas vidas. Os marujos são simpáticos e extrovertidos, o que facilita a entrada das energias curadoras. Sua saudação é: Salve a Marujada!

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O termo Erê vem do Yorubá “iré” que significa “brincadeira, divertimento”.

A força sagrada de cada orixá, que se revigora, com as oferendas dos fiéis e os sacrifícios rituais.

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Os Ciganos na Umbanda são regidos por Xangô e trabalham visando o amor, a cura, a prosperidade e a superação de preconceitos. Acredita-se que essa linha é de um povo muito antigo, desapegado, amantes da natureza e sábios conselheiros, e sua energia favorece no estimulo de celebrar a vida e de um sentimento de liberdade. Sua saudação é: Arriba!

A linha de Boiadeiros é combativa no corte de magias negativas, valorosa, aguerrida.

São regidos por Ogum e Iansã, porém possuem irradiações perante outros orixás. Os caboclos sertanejos representam o homem do sertão e sua natureza simples, romântica e desbravadora, trazendo uma energia vigorosa, pois trabalham no campo da lei divina. Sua saudação é: Getruá boiadeiro!

Os Exus são reverenciados antes de qualquer outro orixá e atuam no auxílio da evolução dos seres. Os umbandistas acreditam que eles absorvem e esgotam energias negativas, vitalizando as qualidades e neutralizando as pessoas para que retornem ao caminho da luz. Eles trabalham nos sete sentidos da vida e são atuantes nos campos de cada orixá. Sua saudação é: Laroyê Exu! As Pomba Giras7 trabalham no auxílio da evolução e são regidas pelo orixá Oxum, sendo reverenciadas antes de qualquer outra divindade. Crê-se que despertam o estímulo, o gosto pela vida, uma busca pela conquista de uma vida melhor e mais equilibrada. Estão a serviço da luz e, portanto, só podem praticar o bem. Sua saudação é: Laroyê Pomba Gira!

Diante das representações expostas sobre os guias e orixás, nota-se que as linhas de Umbanda apresentam diferenças e semelhanças entre si, cada uma possuindo seu campo de força, porém, exercem de uma mesma finalidade, ajudar aos necessitados. Com base nas personificações conhecidas referentes a cada divindade, a proposta do Parque Religioso de Umbanda na cidade, utilizou desses símbolos como forma de altar num recinto de adoração e agradecimento.

2.1.4 Breve histórico da trajetória da Umbanda na Capital Baiana até na atualidade em Vitória da Conquista A prática da Umbanda se encontra marcada por todo o país, nos amplos centros urbanos, interposto por um forte sincretismo presente tanto no seu surgimento quanto nos seus cultos. Com exercícios datados e relatados em Salvador, Bahia, várias casas de culto aos orixás já usavam o termo “Umbanda”, porém, não se tem ciência do registro desses centros por parte

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Dentro da Umbanda, o nome Pomba Gira pode ser traduzido como: mensageira dos caminhos à Esquerda.

“Pomba” é um pássaro que já foi usado como correio (pombos-correios); e “gira” expressa a ideia de movimento, caminhada, deslocamento etc.

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de instituições. Desde meados da década de 1920 a doutrina afro-brasileira, Umbanda, já se encontrava presente na capital baiana, segundo pesquisa feita por Moura (2013, p. 42): Diante das informações contidas nos jornais podemos considerar que a existência da Umbanda em Salvador é mais que antiga, os dados apontam uma presença já na década de 1920. Trata-se de dados importantíssimos para a história da Umbanda, não apenas para a cidade de Salvador, penso que alcança uma abrangência maior, uma vez que, já havia terreiros de Umbanda em Salvador desde a segunda década do século XX. Tem-se assim, o Centro Umbanda São Jorge Ogum de Ronda, fundado em 1922, e o Terreiro Gagá Umbanda Afuramã, em 1927.

A população de adeptos da Umbanda em Salvador veio crescendo gradativamente, entretanto, acabou se tornando alvo de outros segmentos religiosos insatisfeitos com as práticas presentes nas casas umbandistas. Segundo Moura (2013, p. 57), no pensamento expresso pelos seguidores do Candomblé, “[...] a Umbanda era uma intrusa e o dever que o povo-de-santo do Candomblé tinha era o de tentar afastá-la e não permitir que ela ocupasse o espaço já preenchido pelo Candomblé, religião símbolo da identidade baiana”. Com a chegada em Salvador, do chefe de Umbanda Mário de Xangô, no ano de 1973, ele se deparou com uma doutrina desorganizada e passou a divulgar aquela que ele considerava a prática mais correta. Em entrevista, Mário de Xangô afirma que: Na Bahia tem poucos umbandistas, os poucos terreiros que serão criados aqui, se basearão nos moldes de Rio e São Paulo, onde a Umbanda é realizada de portas abertas para a caridade, fugindo ao folclore, ao turismo, ‘Em suma, a Umbanda é um ritual nosso autêntico, onde respeitamos os orixás e não uma entidade para inglês ver [...] (Diário de Notícias, 14/04/1974 apud MOURA, 2013, p. 48).

Mário de Xangô saiu em defesa da Umbanda contrapondo a opinião dos insatisfeitos para com sua religião, onde argumentou: “A minha seita é completamente diferente do Candomblé. Sou de Umbanda e não vejo como descaracterizar o Candomblé baiano” (Tribuna da Bahia, 14/02/1978, p. 5 apud MOURA, 2013, p. 58). Diante da exposição da Umbanda na mídia, como forma de prejudicá-la, o número de adeptos na religião só aumentava e as notícias só decresciam nos anos 1980.

Moura (2013) realizou uma entrevista com Antoniel Bispo8 na qual pode-se observar a corrente situação da Umbanda na Bahia, particularmente, em Salvador. O Diretor afirma que mesmo com as diferenças existentes nos terreiros, os centros de Umbanda devem ser reconhecidos e registrados pela Federação, pois também trabalham com os orixás, tendo como 8

Diretor-Secretário da Federação Nacional de Culto Afro-brasileiro, instituição fundada em 1949 com o objetivo de “fiscalizar, organizar e orientar as casas de culto afro-brasileiro”.

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maior distinção, a iniciação do indivíduo praticado pelo Candomblé, enquanto na Umbanda, é realizado o batismo. Antoniel ainda declara que a Umbanda da Bahia é diferente da cometida no sul do país.

Direcionando as atenções a Vitória da Conquista, Bahia, cidade foco do estudo, notase que desde seu processo de formação haviam ocorrências de rituais e manifestações presentes, atualmente, nas giras de Umbanda (como são conhecidos os cultos da religião) cometidos pelos índios, jagunços e xamãs (também conhecido como um sacerdote que possui conexão com o mundo dos espíritos, revelando capacidade de profecia ou cura) na época (AGUIAR, 1999). Os ritos existentes e praticados na religião dos Botocudos (Krenák, grupo da nação indígena, que também eram conhecidos pelos Tupi como os Aimorés) são as únicas referências as religiões afro-brasileiras para o período: [...] os espíritos que viviam no céu, tinham seus preferidos na terra, aos quais se mostravam e atendiam aos seus pedidos feitos nos contactos que estabeleciam [...] o relacionamento entre o marét e seu protegido se manifestava no atendimento dos pedidos feitos pela comunidade por intermédio do xamã. Curas de doenças [até hoje os caboclos vem fazer curas com ervas, seguindo os costumes dos caciques] [...] os caciques eram sempre xamãns, ainda que nem todos os xamãns fossem caciques (Paraíso, 1982 apud AGUIAR, 1999, p. 41-42).

Antes mesmo da entrada das capitanias nas terras, índios já praticavam seus rituais e com a mistura dos povos (boiadeiros, africanos e seus descendentes), envolvidos no processo de colonização do Arraial da Conquista, elementos de suas culturas, rituais, crenças e atividades, talvez tenham resultado na definição do sincretismo religioso existente hoje na cidade, porém, com suas especificidades.

Praticado no decorrer de quase todo o século XIX, o Catolicismo era tido como religião oficial e era aplicado livremente na cidade. Apenas na década de 1890 que outras religiões como o Protestantismo e Espiritismo Kardecista começaram a aparecer (AGUIAR, 1999, p. 76). Já sobre as religiões afro-brasileiras, em específico a Umbanda: Não encontramos até os anos 1930, relatos de casa ou terreiros devidamente organizados, que comprovasse a existência de religiões afro, indígena, brasileira na cidade ou na região. Mas, as inúmeras atividades da cultura como: batuques, sambas de roda, terno de reis, reis da mulinha e outros, bem como, referências a indivíduos de corpo fechado [significa dizer que a pessoa está em dia com os orixás] e, às atividades de curadores, leva-nos a supor que existiram[...] (AGUIAR, 2012, p.12).

Diante dos fatos citados sobre atividades que supõe-se a existência das doutrinas afrobrasileiras na cidade, foram encontrados Códigos de Posturas Municipais, datados de 1893 a

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1931 (ver anexos), que proibiam a prática de batuques, rezas e cantorias, multando e aprisionando os seus praticantes, como forma de controle social impedindo que a população continuasse essas ações, porém, não foi o suficiente para impedir a prática dessas manifestações (AGUIAR, 1999). Somente nas primeiras décadas do século XX através de trocas das tradições culturais e religiosas, se supõe que tenham surgido as tradições afro-brasileiras.

O progredir da Umbanda em Vitória da Conquista, surgiu com o impacto da construção da Avenida Presidente Dutra, rodovia BR-116 (atual Avenida Integração, Rio-Bahia), em meados da década de 1940, no momento em que o país começava a passar por grandes mudanças, “[...] a urbanização incorporou-se às profundas transformações estruturais por que passavam a sociedade e a economia brasileira [...] não é só o território que acelera o seu processo de urbanização, mas é a própria sociedade brasileira que se transforma cada vez mais em urbana” (BRITO; SOUZA, 2005, p. 48-49).

Sincronizado com o crescimento do Sudeste do país, Vitória da Conquista entra numa rota nacional de comércio, por conta da inserção da Rio-Bahia, ampliando seus serviços, gerando progresso à urbe. Junto com o crescimento da cidade, cresce também o número de templos católicos, espiritas, protestantes, e segundo Aguiar (2012, p. 12): “[...] a partir dos anos 1930, no entanto, encontramos informações sobre terreiros devidamente organizados que, apresentam-se como continuidade das tradições ditas afro, indígena, brasileira [...]”. As informações são conclusivas por partes das memórias do povo que esteve presente na década de 1930 e que relataram, por meio de entrevistas, a vivência de terreiros que hoje estão ausentes, por conta da morte de seus chefes religiosos e da destruição de símbolos usados nas casas de Umbanda. O trecho citado de Wanderlei e Aguiar (2007, p. 163-164) constata a existência das religiões afro-brasileiras nesse período em Vitoria da Conquista, por conta das vendas e arrasamento de seus prédios.

A casa ou terreiro de Zé Pequeno foi organizado nos anos 1930 [próximo de onde atualmente está localizada a rodoviária] e teve seu período áureo de atuação entre os anos 60 e 70 do século passado, vindo a entrar em declínio com a morte de seu líder em setembro de 1977. O terreiro funcionou até meados dos anos 1980, sendo conduzido por parentes consanguíneos e filhos espirituais de Zé Pequeno, mas teve seu prédio vendido no início dos anos 1990 para um empresário local, que destruiu todos os símbolos e altares que ainda existiam.

Mesmo ocorrendo a extinção de algumas casas de cultos afro-brasileiros na época, a Umbanda possuía suas práticas tornando-se conhecidas na cidade, sendo classificada por “candomblé de caboclo”, por ser uma religião sincrética que guardava diferenças entre seus centros, pois essa doutrina combina partes das culturas presentes nas diferentes religiões da

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cidade. A Umbanda em Vitória da Conquista possui pessoas nascidas na urbe, como seus líderes religiosos e quando eram pessoas vindas de fora, faziam o santo (ser batizado na religião da Umbanda) em algum terreiro local.

Com base no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), há uma discordância com os estudos realizados através de um mapeamento dos terreiros das religiões afro-brasileiras presentes na cidade, totalizando 75 casas na década de 1999, sendo estas: 60 casas de Umbanda, 13 de Candomblé de Angola e 1 de Candomblé Queto/Angola e 1 de Candomblé Queto (AGUIAR, 1999). No censo de 2010, do IBGE, nota-se dados referentes as religiões de matriz africana, diante da pesquisa da religião, segundo o contingente populacional estimado para Vitória da Conquista em 306.866 habitantes, há um baixo índice de adeptos de acordo com os dados analisados e um número elevado do Catolicismo, Espiritismo e Protestantismo, conforme a tabela 01.

Tabela 01 – Distribuição das Religiões em Vitória da Conquista-BA, 2010

Variável – População residente (Pessoas) Município – Vitória da Conquista (BA) Ano – 2010 Cor ou raça – Total Sexo – Total Religião Católica Apostólica Romana Evangélicas Espírita Umbanda e Candomblé Candomblé Umbanda Outras religiosidades Sem religião

183.441,79 75.879,66 5.501,95 449,95 283,03 80,37 12,52 32.252,05

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2010/Adaptado pelo autor, 2018.

Diante da diversidade religiosa existente em Vitória da Conquista, conforme tabela acima, nota-se que a Umbanda não possui seu devido reconhecimento como culto ativo na cidade. Porém, diante da atuação de terreiros de Candomblé Queto, Candomblé de Angola, Candomblé de Angola/Queto e a Umbanda, imagina-se que esses altos números citados como população que se caracteriza sem religião é capaz de conter adeptos que tenham medo de se expor e sofrer alguma represália por parte das pessoas intolerantes de outros segmentos religiosos. Fator resultante da comparação dos dados estatísticos (IBGE, 2010) com o mapeamento feito por Aguiar (1999), que indica a existência de 60 casas de atividades umbandistas atuantes na urbe, conforme figura 21.

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Figura 21 – Mapeamento das Religiões em Vitória da Conquista

Fonte: AGUIAR, 1999/Tabela adaptada pelo autor, 2018.

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Em defesa dos estudos e análises concluídos por Aguiar (1999), a presente pesquisa abrangeu como objetivo a execução de um levantamento que coadjuvasse no reconhecimento da Umbanda como religião ativa em Vitória da Conquista. Para tanto, estão expostas entrevistas informais com pais, mães e filhos de santo da cidade e de alguns centros conhecidos da região (ver apêndices), na intenção de estimar a população de adeptos da Umbanda no município.

Inicialmente, foram pesquisadas as populações de 10 (dez) terreiros encontrados totalizando cerca de 5.768 filhos, sendo dividido em “frequentadores dos cultos” e dos “batizados nas casas”. Além disso, foram encontrados outros templos das religiões afro-brasileiras, porém elas não se definiam como representantes da Umbanda e sim, do Candomblé. Uma dessas casas encontradas diz seguir a doutrina do Candomblé Queto, portanto, já foi um centro de Umbanda e o pai de santo possui um altar íntimo com os santos sincretizados.

Outra fonte inserida nas pesquisas, foi a associação Rede Caminhos dos Búzios, que trabalha em prol da representação das religiões afro-brasileiras na cidade, por meio da Coordenação de Promoção de Igualdade Racial, em busca de recursos para ajudar nos terreiros.

Esse órgão cooperador vem mapeando as casas de santo em Vitória da Conquista, desde março de 2016, tendo um total de 82 casas, sendo elas: 63 casas de Umbanda e 19 dos demais cultos de matriz africana. De acordo com a coordenadora da associação, Mãe Graça (entrevista nos apêndices): “Existia muita coisa do sincretismo na maioria absoluta dos terreiros afrobrasileiros de Vitória da Conquista, pois eles tiveram sua origem na Umbanda [...] nunca teve nenhuma casa aqui que foi o tempo todo de Candomblé Queto ou de Angola”.

Em busca de um aumento na representatividade da religião na cidade e região, a presente pesquisa justifica a ideia da implantação de um Parque Religioso de Umbanda onde adeptos e simpatizantes possam debater meios e formas de combate à intolerância religiosa, assegurada pela Constituição de 1988, em seu Artigo 5º, Inciso VI, nos termos seguintes: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose [...] a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (BRASIL, 19909).

O Parque possibilita aos adeptos e simpatizantes, cultuar ao seus deuses, orixás e entidades, realizando pedidos, reconhecendo as dádivas recebidas em forma de oferendas (não

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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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utilizando o sacrifício de animais) e festejos típicos da religião, além de ser um espaço de encontro para que o “povo de santo” possa realizar reuniões e assembleias sobre os fundamentos da Umbanda e o sincretismo religioso, e principalmente, possibilitando a união dessa minoria que luta por um reconhecimento da religião que escolheram para chamar de sua.

2.2 Projetos Referenciais 2.2.1 Templo Bahá’í – Diagonal Las Torres, Penalolen, Chile O Templo Bahá’í é um santuário de luz, situado aos pés da Cordilheira dos Andes, distante de Santiago, a capital do Chile. O templo possui formas curvas e foi projetado pelo arquiteto canadense Siama Hariri, O templo possui em sua área de terreno, 11 hectares, sendo 1200 m² de área construída, cercado por espelhos d'água e uma paisagem de pastos nativos de 6 hectares (ARCHDAILY BRASIL, 201610).

O formato de cúpula do templo, remete aos Andes. A construção do templo adoração Bahá'í possui nove entradas e uma cúpula central, que retrata a união de todas as pessoas que se reúnem sob ele, além disso, os visitantes podem realizar caminhadas de meditação através da paisagem do templo (ARCHDAILY BRASIL, 2016).

Figura 22 – Templo Bahá’í

Fonte: ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/797658/templo-bahai-hariri-pontariniarchitects>. Acesso em 13 de abril de 2018.

Templo Bahá’í / Hariri Pontarini Architects. ArchDaily Brasil, 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/797658/templo-bahai-hariri-pontarini-architects>. Acesso em: 13 abr. 2018.

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Figura 23 – Templo Bahá’í e seus caminhos

Fonte: Baha'i World News Service. Disponível em <https://bwns.imgix.net/stories/1125_00.JPG>. Acesso em 18 de novembro de 2018.

Figura 24 – Implantação do Templo Bahá’í

Fonte: ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/01-116717/em-construcao-templobahais-slash-hariri-pontarini-architects>. Acesso em 13 de abril de 2018.

A escolha como referência para o projeto, toma ideia de que ele é um templo ecumênico com o ideal de culto universal, sem a existência de rituais, sacerdotes ou de imagens de santos, na qual todos podem se reunir como iguais, independente de crença, raça ou sexo.

Outro aspecto que chamou atenção para o zoneamento do Parque Religioso, foi o processo de implantação do Templo Bahá'í, na qual foi realizado todo um estudo topográfico e paisagístico,

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para que pudesse ser inserido em meio a natureza, preservando a paisagem que o contempla.

2.2.2 Capela de Nossa Senhora de Fátima – Idanha-a-Nova, Portugal Situada numa região centro de Portugal, na cidade de Idanha-a-Nova, a edificação, de 100 m², surgiu da necessidade de ter no Centro Nacional de Atividades Escotistas (CNAE) uma capela para o Acampamento Nacional de Escuteiros Católicos Portugueses, que envolveu cerca de 22 mil participantes. A localização escolhida é numa área de planalto, em uma zona rural e natural, assemelhando-se com a área do terreno escolhido para a presente pesquisa (ARCHDAILY BRASIL, 201811).

Figura 25 – A capela Nossa Senhora de Fátima

Fonte: ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/886570/capela-de-nossa-senhora-defatima-plano-humano-arquitectos>. Acesso em 13 de abril de 2018.

O conceito da construção, surgiu da natureza dos escoteiros: a vida ao ar livre, o acampamento, a tenda, a simplicidade das casas e o estilo de vida. As extremidades do edifício (formato pontiagudo) fazem referência ao lenço usado pelos escoteiros. Os arquitetos do Plano Humano Arquitectos (2017), responsáveis pelo projeto, expressam que: Pensamos a capela como uma grande tenda, de portas abertas a todos, e em todos os momentos [...] a sua forma muito simples, semelhante a uma tenda canadiana, estabelece-se em duas águas, que se moldam à utilização dos seus visitantes. A estrutura aproxima-se às pessoas na zona da entrada, onde o volume é mais baixo e mais estreito, mais próximo da escala humana, e alonga-se para a frente e para o alto, elevando o utilizador para algo superior [...] o espaço envolve, acalma, e convida-nos a contemplar a imensidão da paisagem.

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Capela de Nossa Senhora de Fátima / Plano Humano Arquitectos. ArchDaily Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/886570/capela-de-nossa-senhora-de-fatima-plano-humano-arquitectos>.

Acesso em: 13 abr. 2018.

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Figura 26 – As estruturas e seu interior

Fonte: ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/886570/capela-de-nossa-senhora-defatima-plano-humano-arquitectos>. Acesso em 13 de abril de 2018.

Com estrutura de madeira e zinco, o projeto proporciona um exterior simples a capela, e um interior acolhedor, onde contem 12 estruturas em vigas aparentes, simbolizando os 12 apóstolos, revelando a simplicidade dessa construção. A madeira é um material muito usado por escoteiros em suas casas, porque ela é um material que transmite conforto. Já o zinco, foi adicionado ao projeto, pela sua maior vedação, além da sensação de proteção que ele expressa (ARCHDAILY BRASIL, 2018).

A capela, surge como referência de projeto pelo fato de se compor totalmente com o seu entorno, por não existir vedações (portas e janelas) e sim, apenas uma cobertura que funciona como proteção as intempéries num dia de celebração pequena, podendo se tornar o altar em épocas que tenham uma maior quantidade de escoteiros assistindo aos cultos.

Figura 27 – A capela Nossa Senhora de Fátima como Altar

Fonte: ArchDaily Brasil. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/886570/capela-de-nossa-senhora-defatima-plano-humano-arquitectos>. Acesso em 13 de abril de 2018.

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2.2.3 Santuário Nacional de Umbanda – Santo André, São Paulo, Brasil O Santuário Nacional de Umbanda, fundado há quase 50 anos, é uma reserva ecológica mantida pela Federação Umbandista do Grande ABC Paulista (FUGABC), que foi inserida numa grande cratera, por ter sua área bastante explorada para a mineração, da antiga Pedreira Montanhão, situada na cidade de Santo André, São Paulo. Contudo ele foi recuperado pela comunidade umbandista, sendo feito um verdadeiro reflorestamento, onde cada muda existente atualmente no local teve que ser plantada, pois não existiam plantas, árvores e nem mesmo a queda de água.

Essa área de 645 mil m², possui uma mata nativa totalmente recuperada, destinada às práticas religiosas dos umbandistas e simpatizantes da religião, que usufruem do espaço, em busca de receber as energias presentes nesse lugar sagrado ao culto dos orixás. No santuário podem ser encontradas as matas, lago, cachoeiras e pedreiras, além de um laboratório botânico, minhocário, o viveiro de mudas e uma Escola de Ecologia Prática, que ensina à comunidade o devido respeito que se deve ter com a natureza (SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA, 200912).

Figura 28 – Vale dos Orixás

Fonte: Santuário Nacional de Umbanda. Disponível em <https://www.facebook.com/287149437987844/photos/a.345483595487761.71748.287149437987844/49729640 0306479/?type=1&theater>. Acesso em 19 de abril de 2018.

O Santuário da Umbanda, dispõe de estacionamento amplo, sanitários, lanchonete, loja de artigos religiosos. No espaço também existe uma praça localizada no Vale dos Orixás, com imagens dos principais orixás, com espaços próprios para oferendas e obrigações. O Vale do Orixás possui onze imagens que representam as entidades como são vistos na Umbanda e no Candomblé. O Santuário dispõe também de áreas comunitárias, cercadas e cobertas para uso 12

Santuário Nacional de Umbanda. 2009. Disponível em: <http://www.santuariodaumbanda.com.br/>. Acesso em: 19 abr. 2018.

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durante trabalhos espirituais e que comportam de trinta a oitenta médiuns (SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA, 2009).

Figura 29 – Dia de festa no Santuário

Fonte: Santuário Nacional de Umbanda. Disponível em <https://www.vice.com/pt_br/article/kbea53/trabalho-dedomingo-v3n1>. Acesso em 13 de abril de 2018.

A escolha do Santuário como projeto de referência da pesquisa, vem também como justificativa de que a Umbanda permite a realização em espaços abertos, de adoração e festejo a suas divindades, retratando que apenas para trabalhos espirituais necessita-se de uma tenda coberta. Além disso, o processo de reflorestamento do Santuário Nacional de Umbanda, surge como referência para a proposta do espaço religioso, pois o terreno escolhido possui uma área alagada, onde foi realizada a recuperação da área no projeto do Parque Religioso. Conforme o organizador do Santuário: “A Umbanda não precisa de uma catedral suntuosa como só o gênio humano é capaz de construir. Ela só precisa de um pouco de natureza, como só Deus foi capaz de criar” (SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA, 2009).

2.2.4 Dique do Tororó – Salvador, Bahia, Brasil O Dique do Tororó é uma represa construída no século XVII, em um vale natural, e inicialmente possuía a função de proteger a cidade das invasões. No século XIX, em virtude da expansão da cidade, o Dique começou a ser aterrado, reduzindo seu tamanho. Hoje no espaço possui anfiteatro, pedalinhos, “píeres” para a prática de pesca, restaurantes, além das 12 (doze) esculturas dos orixás que foram instaladas no Dique, feitas pelo artista Tati Moreno. Atualmente

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a área do lago possui cerca de 25 mil metros quadrados (GANTOIS, 201113).

Figura 30 – Os orixás do Dique do Tororó

Fonte: Guia Geográfico. Disponível em <http://www.bahia-turismo.com/imagens/orixas-dique-tororo.jpg>.

Acesso em 27 de maio de 2018.

Figura 31 – Píer no Dique do Tororó

Fonte: Guia Geográfico. Disponível em < http://www.bahia-turismo.com/imagens/dique-salvador.jpg>. Acesso em 27 de maio de 2018.

Dentro d’água estão os orixás, Iansã, Nanã, Ogum, Oxalá, Xangô, Iemanjá, Oxum e Oxóssi. No Dique, os orixás são organizados em forma círculo remetendo as práticas religiosas realizadas nos dias de festas nos terreiros, além de serem diferenciados pelas suas cores e instrumentos, distinguindo-os pela sua simbologia. Para os adeptos do Candomblé, o Dique representa um verdadeiro lago sagrado que permite que sejam depositadas oferendas as divindades africanas em suas águas, além disso os orixás do Dique representam uma das maiores exteriorizações da cultura afro em Salvador (DOURADO, 2009).

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GANTOIS, Eduardo. Dique do Tororó: Os orixás. 2011. Disponível em: <http://salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com/2011/06/dique-do-tororo-os-orixas.html>. Acesso em: 27 maio 2018.

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Figura 32 – Organização dos orixás no Dique do Tororó

Fonte: Guia Geográfico. Disponível em <http://www.bahia-turismo.com/imagens/dique-tororo.jpg>. Acesso em 27 de maio de 2018.

A escolha do Dique do Tororó surge como referência de projeto, diante da necessidade em comprovar que a proposta de inserção do Parque Religioso de Umbanda para Vitória da Conquista, Bahia, pode ser caracterizada como um Parque Urbano, além de reafirmar a possibilidade de realização de práticas religiosas das doutrinas afro-brasileiras em espaço aberto. Segundo Dourado (2009), “a ideia de terreiro é muito mais ampla do que simplesmente a casa de culto; nela ocorrem os principais rituais, mas fora dela, se dão aqueles rituais de relevância central, e que são complementares à noção de terreiro”. Diante do que foi exposto, nota-se que o Dique é um Parque Urbano, em virtude da existência de espaços voltados ao lazer e bem-estar da população, podendo também, ser caracterizado como um Parque cultural e sagrado, por conter representações da cultura afro-brasileira.

3. APRESENTAÇÃO DA ÁREA A cidade de Vitória da Conquista, está localizada no território Centro Sul Baiano, distanciando-se da Capital Salvador por aproximadamente 512 Km por vias rodoviárias, além de ser favorecido pela confluência da avenida Rio/Bahia (rodovia BR-116) que divide a cidade em leste e oeste, da BA-415 (que liga Vitória da Conquista à Ilhéus) e da BA-262 (que conecta Vitória da Conquista à Brumado) estabelecendo-se como um dos mais significativos cruzamentos rodoviários do Estado da Bahia, propiciando uma maior rota de comércio e

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serviços a urbe. O município, limita-se com Planalto ao norte, Encruzilhada e Cândido Sales ao sul, Barra do Choça e Itambé ao leste, e Anagé ao oeste (JESUS, 201214).

De acordo com a estimativa populacional do IBGE (2017), o município de Vitória da Conquista, Bahia, possui cerca de 348.718 habitantes. Sendo os seus 3.743 Km² de município, divididos entre a sede e os onze distritos que o abrange, tais como: Cercadinho, Inhobim , Veredinha, São João da Vitória, Dantilândia, Cabeceira da Jibóia, Iguá, Bate-Pé, São Sebastião, José Gonçalves e por último, o Pradoso, distrito no qual foi desenvolvida a proposta de inserção do Parque Religioso de Umbanda, sendo situado na parcela oeste da cidade (JESUS, 2012).

O distrito do Pradoso possui cerca de 3.231 habitantes segundo a estimativa populacional do IBGE, em 2010. Deste total, 1.428 habitantes estão concentrados na sede do distrito e os demais na zona rural, distribuídos nas seguintes localidades: Cachoeira das Araras, Mamão, Olho D’ água da Serra, Santa Helena, Gameleira, Jurema, Lagoa de Maria Clemência, Laranjeira, São Joaquim, Batalha, Lagoa do Arroz, Coité, Riacho de Teófilo, Malhada e Sagui (JESUS, 2012).

Figura 33 – Localização do Distrito do Pradoso

Fonte: SEI apud JESUS, 2012, p. 19/Adaptado pelo autor, 2018.

O faturamento mensal do distrito do Pradoso é de média a baixa e as aposentadorias

14

JESUS, R. B. Análise socioambiental do processo produtivo do minério bentonita no Distrito de Pradoso: Vitória da Conquista – BA. Salvador: UFBA. Dissertação de Mestrado, 2012.

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simbolizam considerável parte da economia local. A massa da população presente é constituída por oleiros, agricultores, pedreiros e pequenos comerciantes que são donos dos mercados que abastecem o distrito. A produção da mandioca para a aquisição da farinha e da fécula (amido extraído de tubérculos e raízes) é uma das principais ocupações realizadas no Pradoso. A fabricação de tijolos é desenvolvida desde os primórdios do povoado, porém, atualmente essa prática vem decaindo devido à insuficiência de argila, matéria-prima usada para sua feitura (JESUS, 2012).

A agricultura de sustento, no distrito do Pradoso, se configura numa importante base da economia, destacando o milho, o andu, as verduras e plantas medicinais (na Umbanda as ervas são utilizadas para a eliminação de energias negativas). Um fato vem movimentando a economia do povoado é a significante quantidade de trabalhadores, moradores do distrito, na empreiteira que extrai a bentonita, mineral explorado na região (JESUS, 2012).

3.1 Inserção do empreendimento – Justificativa A proposta de introdução do Parque Religioso de Umbanda, no distrito do Pradoso (também conhecido popularmente como “Os Doze”), situado em Vitória da Conquista, Bahia, emerge da necessidade de uma constante busca pela representatividade e reconhecimento das religiões afro-brasileiras no município e região, sendo implantado na pretensão de unir o povo de santo e simpatizantes pela religião num local sagrado, concedendo-lhes momentos de adoração, agradecimento e reflexões em meio a natureza e aos elementos nela presentes que emanam a energia de cada orixá e entidade. No espaço ocorrerá a realização de cultos da religião, visitas guiadas aos simpatizantes, além de palestras, cursos sobre a Umbanda, o sincretismo religioso e as divindades. A implantação do Parque Religioso proporcionará um aumento na economia e segurança no local, por conta do crescimento do fluxo de pessoas na região.

3.2 Localização O terreno de estudo localiza-se no distrito do Pradoso, na qual se distancia a aproximadamente 12 Km da sede municipal de Vitória da Conquista, Bahia, conectado pela rodovia BA-262 que liga a Capital do Sudoeste Baiano a outros municípios. O distrito dos Doze, tem sua entrada principal logo após o Posto de Polícia Militar Rodoviária. Após entrada no distrito dos Doze, a população que frequentará o Parque Religioso de Umbanda poderá se deslocar até o terreno pela Avenida Principal do Pradoso ou pela Rua Tercílio Rodrigues do Prado, que são as vias principais e coletoras do povoado. Chegando ao final desses acessos, a população adentrará na Rua George Francisco da Silva, sendo capaz de defrontar-se com o

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terreno escolhido para a implantação. Todas elas são vias de mão dupla e pavimentadas.

Figura 34 – Mapa de Localização

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

Figura 35 – Mapa de Localização via Satélite

Fonte: Google Earth, 2018.

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Figura 36 – Mapa de Sistema Viário

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

Como área de estudo e implantação do projeto, foi escolhido um terreno nesta localidade, por ser uma das onze unidades distritais de Vitória da Conquista e está localizado ao oeste do município. O sistema viário de acesso ao empreendimento é bem resolvido, possibilitando fácil acesso aos seus visitantes, fator resultante do povoado estar assentado paralelo a rodovia BA-262, além de ser a sede distrital mais próxima de Vitória da Conquista e a única que dispõe do fluxo de transportes coletivos. Outra razão que influenciou na escolha do terreno nessa região, foi a presença dos elementos da natureza que serviu de suporte para a implantação do Parque Religioso de Umbanda, por meio de componentes que estão relacionados ao santuário natural, característico de cada orixá e entidade.

Figura 37 – Panorâmica do terreno

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

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Figura 38 – Alagados do terreno

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

3.3 Usos e atividades do entorno Por intermédio do mapa de cheios e vazios nota-se a densidade encontrada no distrito do Pradoso, com maior concentração na área em torno da praça principal e da igreja, devido ao início da ocupação do povoado. Em referência às quadras, percebe-se que foram distribuídas de modo irregular e que possuem muitos vazios urbanos entre as áreas ocupadas. Nota-se também a existência de lagos e de uma extensa área verde.

Figura 39 – Mapa de Cheios e Vazios

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

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Através da análise das tipologias das edificações encontradas no Pradoso, destaca-se a predominância de construções de um ou dois pavimentos, sendo grande parte delas casas. No raio selecionado para análise, percebe-se a concentração das áreas de maior influência do povoado no seu núcleo de povoamento, próximo à igreja, sendo elas: o posto de saúde, a escola de ensino fundamental José Rodrigues do Prado e a escola de ensino médio que é uma extensão do Colégio Polivalente de Vitória da Conquista.

Próximo ao terreno existe uma concentração de áreas de alimentação, comércio e serviços. O cemitério distrital também está localizado na área de intervenção. A rota de serviço de transporte coletivo para o distrito do Pradoso é feita através da Avenida Principal do Pradoso, passando pela Rua George Francisco da Silva e em seguida pela Rua Tercílio Rodrigues do Prado, retornando assim para a principal. E em questão de segurança, pouco antes de chegar ao distrito, nota-se a existência de um Posto Policial Militar Rodoviária.

Figura 40 – Mapa de Atividades de Entorno

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

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O Pradoso por ser a sede distrital mais próxima de Vitória da Conquista, está mais propício ao desenvolvimento urbano e econômico. O povoado possui uma economia proveniente da agricultura familiar, extrativismo vegetal, comércio, serviços e equipamentos municipais, influenciando na economia do distrito, diante da geração de emprego e da demanda do consumo. Diante disso, nota-se que com a inserção do Parque Religioso de Umbanda na região, resultará em impactos positivos para o Pradoso, sendo introduzido na rota turística do município em virtude dos adeptos e simpatizantes da religião que visitarão o centro, promovendo uma interação maior com os espaços e da população variante com a população residente, ocasionando um aumento da economia, empregabilidade e segurança ao distrito.

3.4 Indicação de Infraestrutura urbana A apropriação do terreno do distrito do Pradoso se deu de forma irregular e desordenada. As ruas apesar de possuírem alinhamento definido, foram feitas sem orientação das diretrizes de ordenação do solo, as vias não contêm pavimentação, com ressalva da avenida, praça principal e de algumas ruas que circulam o transporte coletivo. O serviço de transporte para o distrito do Pradoso é feito através de ônibus coletivos da Viação Vitória (R-03, linha que liga o Pradoso ao Centro), em todos os períodos do dia, além dos transportes alternativos como Kombi e Vans.

Figura 41 – Praça e Avenida Principal

Fonte: Disponível em <https://scontent.fgnm3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.09/13892181_559578514249223_7405080651600992967_n.jpg?_nc_cat=0&oh=bb0a621822cc6da0b5bbac5fa73 a9b40&oe=5B7AD5C8>. Acesso em 27 de maio de 2018.

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Figura 42 – Avenida Principal e Iluminação

Fonte: Disponível em <https://scontent.fgnm3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.09/29249480_851432341730504_811781636789108736_n.jpg?_nc_cat=0&oh=076939775cfe378dcf773e8025b1 329f&oe=5B7AEE59>. Acesso em 27 de maio de 2018.

A iluminação pública do povoado é administrada pela COELBA, Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia. A rede de abastecimento de água é feita pela EMBASA, Empresa Baiana de Águas e Saneamento, quanto ao sistema de esgotamento sanitário é inexistente no distrito. A coleta seletiva do lixo é realizada pela prefeitura uma vez por semana e a limpeza de vias públicas acontece apenas na praça principal (JESUS, 2012).

Figura 43 – Alagado

Fonte: Disponível em <http://2.bp.blogspot.com/SUVPhOBqGpk/T6QX7VVzs7I/AAAAAAAAA_M/aQ6avq2V4PU/s1600/K1024_IMG_3396.JPG >. Acesso em 27 de maio de 2018.

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3.5 Condicionantes Físicos Com finalidade de obter um maior conforto, foi realizada uma análise dos condicionantes físicos e ambientais, verificando a insolação, os ventos e a topografia. O terreno dispõe de forma irregular. Diante da orientação solar atuante sobre o Parque Religioso, tornase capaz afirmar que a fachada voltada ao Leste é a melhor face do terreno para distribuição das edificações. A fachada de maior incidência solar é a voltada ao Oeste, onde se deve ter um maior cuidado na disposição das áreas do projeto, para que o calor proveniente não atrapalhe os visitantes nos momentos de orações. Os ventos predominantes surgem do Sudeste na maior parte do ano, apenas no verão que a predominância vem do Leste.

Figura 44 – Mapa de Insolação e Ventilação

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

Através do levantamento topográfico do terreno de área de 304.698,95 m² e perímetro de 2.395,30 m, sendo registrado um desnível de 20 (vinte) metros no decorrer de todo o seu perímetro, tendo 01 (um) metro de distância entre elas. A área do terreno é caracterizada como um vale, situando sua cota mais alta, linha 895 m, na extremidade e a mais baixa, linha 876 m, no seu centro.

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Figura 45 – Mapa Topográfico

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Google Earth, 2018.

Figura 46 – Parte da área alagada existente no terreno

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

3.6 Legislação Municipal De acordo com os critérios e restrições aplicáveis às zonas e corredores de usos, podese classificar o espaço religioso como área institucional organizacional para realização de atividades religiosas (cultos) e como um empreendimento especial caracterizado como Parque

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Urbano, ambas com áreas de influências designadas regionais.

Tabela 02 – Atividades/empreendimentos que configuram o uso do solo IN - 2 Organização IN – 2.3 Atividades religiosas (Culto) Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 2.1 do anexo II, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

Tabela 03 – Uso do solo por área de influência Institucional - IN Área de Influência: Regional: Atividades e Empreendimentos em Área Construída acima de 2.500 m² USO IN – 2 Organização IN – 2.1, IN – 2.2, IN – 2.3 Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 2.2 do anexo II, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

A caracterização do espaço religioso de Umbanda também como Parque Urbano, surge da ideia de que o empreendimento proporciona serviços culturais, por ser um local proposto para prática de atividades e tradições das religiões afro-brasileiras, além de ser um espaço que resulta no convívio dos visitantes com os elementos naturais ali presentes. De acordo com o Sistema Ambiental Paulista (2018): Os Parques Urbanos são grandes espaços verdes localizados em áreas urbanizadas de uso público, com o intuito de propiciar [...] serviços culturais, como museus, casas de espetáculo e centros culturais e educativos [...] a grande vantagem dos parques urbanos é propor aos moradores [...] a opção de visitar áreas naturais, com paisagens verdes, fauna e flora, sem a necessidade de percorrer grandes distâncias. É neles que grande parte da população urbana desenvolve sua relação com a natureza [características presentes na Umbanda], o que faz deles uma importante ferramenta para conscientização ambiental.

Tabela 04 – Atividades/empreendimentos que configuram o uso do solo ED - 2 Especial ED – 2.14 Parque Urbano Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 2.1 do anexo II, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

Tabela 05 – Uso do solo por área de influência Empreendimentos: E - d Área de Influência: Regional: Atividades e Empreendimentos em Área Construída acima de 2.500 m² USO ED – 2 Especial ED – 2.12, ED – 2.14 Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 2.2 do anexo II, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

O distrito e povoado do Pradoso se caracteriza como Núcleo Urbano (conjunto unitário

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de uma área urbana, em relação ao território), de acordo com o Art. 6º do Código de ordenamento do uso e da ocupação do solo e de obras e edificações (2007, p. 72-73): Tabela 06 – Critérios e restrições aplicáveis às zonas e corredores de usos Recuos Mínimos Ca Zona de Usos (m) Localização Co Cp Uso Permitidos Cab Cam Frontal Lateral Povoado de Núcleos São João da E, IN 1,0 0,50 0,30 3,0 1,5 Urbanos Vitória e vilas Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 3.1 do anexo III, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

No Anexo V (Parâmetros técnicos para obras), do Código de Obras do Município, no item “E” (Dimensionamento das edificações), para as edificações destinadas a templos religiosos deverão seguir além das exigências e das especificações relativas as construções em geral às seguintes condições: “Recuo frontal mínimo de 5,50m (cinco metros e cinquenta centímetros); Pelo menos um conjunto sanitário por sexo, para uso do público, obedecendo as normas técnicas de acessibilidade da ABNT”.

Referente as vagas de estacionamento e ou garagens segundo uso, de acordo com o Anexo III, Quadro 3.4, do Código de Obras, a categoria usada para classificar o espaço religioso, foi a de empreendimentos especiais. Considerando o porte do empreendimento acima de 3.000 m², foram dispostas 01 (uma) vaga para cada 100 m² de área construída. Para quantidade de vagas para táxis e ônibus, foi considerada uma área construída acima 3.000 m², sendo usadas no projeto 10 (dez) vagas para táxi e 05 (cinco) vagas para ônibus (ver Tabela 07).

Tabela 07 – Vagas de estacionamento Número mínimo de vagas Porte Categorias de Usos (2) (Área Construída ou Estacionamentos ou Observação fração) Garagens 1 vaga para cada 100 m² de 10 para táxi, E-d Acima de 3.000 m² área construída ou fração 05 para ônibus Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 3.4 do anexo III, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

De acordo com o Códigos de Obras do Município e a área total construída do empreendimento, de 4.247,01 m², o cálculo de vagas de estacionamento para o Parque Religioso possui um total de 43 (quarenta e três) vagas. Sendo acrescidas 20 (vinte) vagas de estacionamento, reservadas para táxi, ônibus, além das especiais destinadas aos idosos, 3 (três) vagas (5% do total) e pessoas com deficiências, 2 (duas) vagas (2% do total), de acordo com o Decreto Federal 5.296/2004 com uso regulamentado por Resolução do Conselho Nacional de

53

Trânsito (CONTRAN). Além disso, o empreendimento dispõe de 40 (quarenta) vagas para bicicletas e 18 (dezoito) vagas para motos. O Parque Religioso possui um total de 121 (cento e vinte e uma) vagas de estacionamento.

Quanto ao cálculo destinado a população presente no Parque Religioso, observa-se a categorização do empreendimento como edificações para reuniões com afluência de público, sendo usado para obter a população do local tendo 01 pessoa a cada 01 m² de área útil.

Tabela 08 – Cálculo da população por empreendimentos Categorias Funcionais Empreendimento Cálculo da população Edificações para Igreja, capela, templo, reuniões, com afluência Culturais e cultuais 1 pessoa/m² de área útil terreiro de público Fonte: Vitória Da Conquista. Quadro 5.1 do anexo V, do Código de Obras do Município, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

Diante dos parâmetros das Leis e Códigos de Obras de Vitória da Conquista analisados, nota-se que o Parque Religioso de Umbanda é de abrangência regional, em função da área do terreno e da caracterização dada ao empreendimento de acordo com a configuração de uso e ocupação do solo, sendo especificado como um espaço para realização de cultos religiosos, além de um Parque Urbano por conter serviço voltados a cultura afro-brasileira.

3.7 Legislação Complementar 3.7.1 Decreto nº 16.302/2015 do Corpo de Bombeiros da Bahia De acordo com a Tabela 1 - Classificação das edificações, estruturas e áreas de risco quanto à ocupação, do Decreto nº 16.302/2015 do Corpo de Bombeiros da Bahia, o empreendimento do Parque Religioso classifica-se como um local de reunião de público, classificado como F-2.

Tabela 09 – Classificação das edificações, estruturas e áreas de risco quanto à ocupação Grupo Ocupação/Uso Divisão Descrição Exemplos Igrejas, capelas, sinagogas, mesquitas, templos, Local de reunião Local religioso e F F-2 cemitérios, de público velório crematórios, necrotérios, assemelhados.

Fonte: Decreto nº 16.302 do Corpo de Bombeiros da Bahia, 2015/Adaptado pelo autor, 2018.

3.7.2 Instrução Técnica nº 11/2016 Em conformidade com a Anexo B, Tabela 2 – Distâncias máximas a serem percorridas,

54

da Instrução Técnica de Saídas de Emergência nº 11/2016 do Corpo de Bombeiros da Bahia, que comprova a não necessidade de chuveiros automáticos nas edificações do Parque, por atenderem a distância máxima a ser percorrida e por possuírem mais de uma saída.

Tabela 10 – Distâncias máximas a serem percorridas Sem chuveiros automáticos Grupo e divisão de Mais de uma saída Andar ocupação Sem detecção automática Com detecção de fumaça automática de fumaça De saída da edificação F 50 m 60 m (piso de descarga) Fonte: IT nº 11 do Corpo de Bombeiros da Bahia, 2016/Adaptado pelo autor, 2018.

3.7.3 Instrução Técnica nº 22/2016 Segundo a Instrução Técnica nº 22/2016 de Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio, Tabela 3 – Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de reserva de incêndio mínima (m³), a reserva técnica de incêndios para locais religiosos com reuniões de públicos que possuam áreas superiores a 2.500 m² até 5.000 m², é de 12 m³, por ter sido escolhido o sistema de hidrantes para o empreendimento.

Tabela 11 – Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de reserva de incêndio mínima (m³) Classificação das edificações e áreas de risco Área das edificações F-2 Tipo 1 Tipo 2 Acima de 2.500 m² até 5.000 m² RTI 8 m³ RTI 12 m³ Fonte: IT nº 22 do Corpo de Bombeiros da Bahia, 2016/Adaptado pelo autor, 2018.

3.7.4 NBR 5626/98 De acordo com Creder (2006) e a NBR 5626/98, o cálculo de reservatório e da fossa séptica devem ser feitos da seguinte forma: Tabela 12 – Cálculo de Reservatório População Abastecida Espaço de Cultos: 500 pessoas Centro de Referência: 40 pessoas, de acordo com o alojamento que possui maior população da edificação Reservatório Total de Água Espaço de Cultos: 500 pessoas x 2 litros por lugar x 3 dias = 3000 litros Centro de Referência: 40 pessoas x 80 litros por pessoa x 2 dias = 6.400 litros Total de Reservatório: 9.400 litros Reservatório Superior 9.400 litros x 60% = 5.640 litros Reservatório Inferior 9.400 litros x 40% = 3.760 litros + 12.000 litros de incêndio = 15.760 litros Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

55

Tabela 13 – Cálculo de Fossa Séptica

População Abastecida Espaço de Cultos: 500 pessoas x (2 litros por lugar x 1 dia de detenção + 100 x 0,02 de contribuição do lodo fresco) = 2.000 litros Centro de Referência: 40 pessoas x (80 litros por pessoa x 1 dia de detenção + 100 x 1 de contribuição do lodo fresco) = 7.200 litros Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

3.7.5 Instrução Técnica nº 06/2016 Em conformidade com a Instrução Técnica n° 06/2016 de Acesso de viatura na edificação estruturas e áreas de risco do Corpo de Bombeiros da Bahia, que comprova e caracteriza a largura mínima permitida de 6 (seis) metros para as vias de acesso ao empreendimento, além de abordar a dimensão mínima de 4 (quatro) metros para largura de portões de acesso e que para via superior a 45 (quarenta e cinco) metros de comprimento, devese possuir um retorno.

3.7.6 NBR 9050/2015 De acordo com a NBR 9050/2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, as rampas devem ter inclinação segundo os limites estabelecidos, na qual, para inclinação entre 6,25% e 8,33%, é recomendado criar áreas de descanso nos patamares, a cada 50 (cinquenta) metros. Ainda, em conformidade com esta norma técnica, a largura das rampas deve ser estabelecida em paralelo ao fluxo de pessoas, tendo sua dimensão mínima estabelecida de 1,20 (um e vinte) metros e sendo atendida no projeto por possuir largura de 2 (dois) metros, além de possuir guarda corpo e corrimão de duas alturas em toda a sua extensão.

3.7.7 NBR 16537/2016 Ainda sobre as normativas de acessibilidade, foi usada a NBR 16537/2016 – Acessibilidade, sinalização tátil no piso, diretrizes para elaboração de projetos e instalação, para indicação dos pisos táteis que interligam a entrada do empreendimento ao Espaço de Cultos, sendo detalhada em planta.

3.7.8 Novo Código Florestal, Lei nº 12.651 Em conformidade com o Novo Código Florestal, Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, Capítulo II – Das áreas de preservação permanente, Seção I – Da delimitação das áreas de preservação permanente, Artigo 4º – Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:, Inciso II – as áreas no entorno dos lagos e lagoas

56

naturais, em faixa com largura mínima de 30 (trinta) metros, em zonas urbanas, pelo fato do distrito do Pradoso ser classificado como Núcleo Urbano.

3.7.9 RDC nº 216 da Anvisa Outra normativa usada no projeto, foi a RDC nº 216 da Anvisa, que regula as boas práticas para serviços de alimentação, em virtude da disposição dos ambientes necessários e básicos para um favorável funcionamento em paralelo a vigilância sanitária.

4 CONCEITO E PARTIDO

4.1 Conceito Como conceito do projeto urbanístico e arquitetônico do Parque Religioso de Umbanda, foi escolhida a seguinte frase: “Fé: Luz que não vejo, mas é ela que me guia”. Esse fragmento se enquadra em todo o contexto do empreendimento, pois retrata que a fé umbandista é mais que uma crença, é um estado de espírito. Segundo Rubens Saraceni (2010, s/p.15): A fé, na Umbanda, transcende e torna-se um estado de espírito através do qual são realizadas [...] sessões de atendimento das pessoas necessitadas [...] Fé, na Umbanda é sinônimo de trabalho em prol do próximo, de evolução e transcendência espiritual para os seus adeptos e seus médiuns praticantes [...].

Figura 47 – A fé Umbandista

Fonte: Disponível em <https://www.fatosdesconhecidos.com.br/como-e-umbanda/>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

15

SARACENI, R. A fé na Umbanda. 2010. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/wpcontent/uploads/2010/11/A-fé-na-Umbanda.pdf>. Acesso em: 10 out. 2018.

57

Na conjuntura do Parque Religioso, os adeptos umbandistas podem desfrutar dos elementos da natureza em todo o seu caminhar, diante dos santuários naturais dos orixás e entidades, necessários para manifestação de sua crença. Na Umbanda, a fé, é muito mais que o ato de crer em Deus, é o ato de realizar-se nele, enquanto seres espirituais (orixás e entidades) gerados por Ele, o senhor Olorum (SARACENI, 2010).

Figura 48 – A expressão do sincretismo

Fonte: Disponível em <https://umbandaead.blog.br/2016/03/25/13-tipos-de-mediunidade-umbanda/>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

4.2 Partido do Parque Religioso Com o intuito de refletir sobre o partido do projeto urbanístico do Parque Religioso de Umbanda, foram estudadas as conexões entre as linhagens dos orixás. Composta por 7 (sete) linhas, a Umbanda dispõe de irradiações divinas que projetam e revestem o planeta com fluidos energéticos que estão em tudo e em todos os lugares ao mesmo tempo. E o que se nota, é que cada orixá assume uma qualidade, uma essência e um elemento que assentam nestas linhas.

Na seguinte relação com os fundamentos da Umbanda, sendo elas: Linha da Fé, onde os Orixás Oxalá e Oyá a irradia; Linha do Amor, onde os Orixás Oxum e Oxumaré a irradia; Linha do Conhecimento, onde os Orixás Oxóssi e Obá a irradia; Linha da Justiça, onde os Orixás Xangô e Iansã a irradia; Linha da Lei, onde os Orixás Ogum e Egunitá a irradia; Linha da Evolução, onde os Orixás Obaluaê e Nanã a irradia; Linha da Geração, onde os Orixás Iemanjá e Obaluaê a irradia.

58

Figura 49 – As irradiações da Umbanda

Fonte: Disponível em <https://senzaladeumbanda.blogspot.com/2012/09/a-divindade-e-os-orixas.html>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

Com base nas pesquisas para implantação do partido, foram projetadas as seguintes relações: Iemanjá, a matriarca, ligada aos seus filhos, Ogum, Oxóssi e Xangô; Ogum e Xangô, ligados a Iansã e Oxum, suas esposas; Iansã, também ligada a Oxum, por formar o trio de Yabás (as três orixás femininas que representam as mulheres e mães); Nanã, a orixá mais velha, mãe de Obaluaê, criado por Iemanjá; e no ponto mais alto, está Oxalá, ligado a Iemanjá, sua esposa.

Estas divindades também são responsáveis por irradiar seus conhecimentos através de linhas compostas por guias que realizam seus trabalhos, por meio das plantas sacras, que são manuseadas no processo de cura. Deste modo, os altares das entidades umbandistas foram irradiados da praça das ervas sagradas, com exceção do altar dos guardiões, Exus e Pomba Giras, que está situado na entrada do Parque.

Além do mais, foram implantados os santuários naturais de cada orixá, caracterizado por Saraceni (2010, s/p.) como “um local onde, se nos postarmos reverentes diante dele, estaremos bem de frente e bem próximos de Deus [Olorum] e de suas divindades humanizadas”.

Diante disso, nesses altares os adeptos entram em comunhão com os orixás regentes da natureza, sendo estes: a prainha de Iemanjá; os caminhos de Ogum; a pedreira de Xangô; a mata de Oxóssi; os bambuzais de Iansã; a cachoeira de Oxum; o manguezal de Nanã; o cemitério de

59

Obaluaê; e o mirante de Oxalá.

4.3 Partido do Centro de Referência Como partido arquitetônico do Centro de Referência, foi proposto a desconstrução da Estrela de Davi, um dos principais símbolos da Umbanda, na qual, cada um de seus vértices está correlacionado a uma linha ou divindade umbandista e no centro pode-se notar a figura de um hexágono refletindo as forças do espaço. O astro de seis pontas, é um símbolo potente que representa Olorum, em equilíbrio com a raça humana.

Figura 50 – A Estrela dos orixás

Fonte: Disponível em <http://umbandaiansa.blogspot.com/2013/12/estrela-dos-mestres.html>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

Destrinchando a estrela, percebe-se a existência de dois triângulos, sendo eles: o que aponta para cima, um símbolo que representa a aspiração de alcançar ou retornar ao Divino; e o que aponta para baixo, um símbolo que significa o plano terreno. Ao centro desse astro, localiza-se a representação de Oxalá, na forma do hexagrama usado para o desenvolvimento do projeto desta edificação, por ser o orixá maior que transmite sua luz divina, emanando força e sabedoria aos outros orixás.

4.4 Partido do Espaço de Cultos Como partido arquitetônico do Espaço de Cultos, foi aprofundado um estudo sobre os pontos riscados da Umbanda (que são desenhos feitos pelas entidades incorporadas por seus médiuns e possuem função mágica, podendo ter diversos significados). Através deles, identificam-se as falanges da entidade, suas atividades e seus poderes, na qual, cada traço e desenho tem seu significado e sua importância. O ponto de Oxalá, orixá maior, foi escolhido

60

por conter radiações de todas as linhas de Umbanda, sendo este, o ponto mais conhecido na religião.

Figura 51 – Pontos Riscados

Fonte: Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/369224869429967580/>. Acesso em 10 de outubro de 2018.

Essa divindade possui dois elementos básicos dos pontos riscados, traçados no desenvolvimento de sua linha, sendo eles: a Flecha ou Vibração, capaz de identificar como a entidade se apresenta, representando o equilíbrio e a dualidade, tornando-se reflexo da escrita divina; e a Raiz, que representa a ramificação de uma das 7 (sete) linhas na qual a entidade trabalha. Mediante o pontilhar desenhado por Oxalá, apresentando uma flecha com uma raiz grafada em três pontos, na sua extremidade, formando um triângulo, evidenciado na arquitetura do projeto do Espaço de Cultos, que simboliza, em virtude do sincretismo, a Santíssima Trindade, a Força Divina, o Pai, Filho e Espírito Santo.

5 PROGRAMA Um Parque Religioso de Umbanda pode possuir um programa de necessidades bastante diversificado. Portanto, identifica-se uma setorização e distribuição comum na maioria dos terreiros, mesmo encontrando essa heterogeneidade, a proposta foi dividida em 04 (quatro) setores macros, sendo eles: o Centro de Referência (ramificado em recepção, administrativo,

61

serviço e infraestrutura), a Trilha dos Orixás e Guias, a Taba do Caboclo (que também pode ser chamado de Lazer em Aldeia ou Espaço Comunitário) e o Espaço de Cultos. O programa possui necessidades voltadas a acolher cerca de 500 (quinhentas) pessoas/dia, sendo 50 (cinquenta) pessoas/hora e tendo um período de abertura do Parque de 10 (dez) horas/dia.

O quadro possui uma área total de 11.854,59 m² e foi pensado para atender a demanda do perfil dos umbandistas. Desta área total do Parque Religioso, subdivide-se: o Centro de Referência, onde contêm todo o controle de acesso ao empreendimento, a parte administrativa e de serviço, a loja de produtos de Umbanda, o refeitório, o alojamento; a Trilha dos Orixás e Guias, é uma área destinada ao culto dessas divindades por meio de seu santuário natural, além de possuir altares dos guias e a praça das ervas sagradas (usadas nos atos dos trabalhos espirituais); o Espaço de Cultos, onde se encontra a tenda para a realização dos ritos, além de uma sala de aula para curso sobre a Umbanda, uma sala de exposições e audiovisual para serem exibidas aos visitantes, obras e vídeos de artistas da região que produzem sobre a cultura afrobrasileira, a religião Umbanda e o Distrito do Pradoso; e o Espaço Comunitário, foi pensado para atender as necessidades de lazer da população do distrito do Pradoso possuindo um anfiteatro para a realização de eventos ao ar livre, quiosques, playground para o divertimento das crianças e academia ao ar livre para a prática de atividades físicas.

SETOR

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Equipamentos eletrônicos, bancada e cadeira

1

-

1

4,10 m²

4,10 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

2,52 m²

2,52 m²

GUICHÊ DE INFORMAÇÕES

Área destinada a passar informações sobre o parque

Bancadas, equipamentos eletrônicos

2

-

1

8,68 m²

8,68 m²

SALA DE ESTAR

Área destinada a espera e estar dos visitantes

Sofás

-

20

1

50,31 m²

50,31 m²

ESPAÇO

CENTRO DE REFERÊNCIA RECEPÇÃO

GUARITA

SANITÁRIO GUARITA

FUNÇÃO Área destinada a controlar o acesso de pessoas ao espaço Banheiros destinados ao uso da guarita

ÁREA TOTAL

65,61 m²

62

SETOR

ESPAÇO

FUNÇÃO

CENTRO DE REFERÊNCIA ADMINISTRATIVO

ADMINISTRAÇÃO

MANUTENÇÃO, MONITORAMENTO E SERVIÇO

ALMOXARIFADO

SANITÁRIO MASC. PCD

SANITÁRIO FEM. PCD

SALA DE REUNIÕES

Área destinada às pessoas que administram e marcam visitas ao espaço Área destinada aos responsáveis pela manutenção e serviço do parque Armazenar arquivos e objetos Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes Sala para realização de reunião da diretoria

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Equipamentos eletrônicos, armários, mesa e cadeira

2

2

1

17,82 m²

17,82 m²

Equipamentos eletrônicos, armários, mesa e cadeira

2

-

1

11,86 m²

11,86 m²

Prateleiras

-

1

1

8,94 m²

8,94 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

3 m²

3 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

3 m²

3 m²

Mesa, cadeiras, armários e poltronas

-

20

1

26,73 m²

26,73 m²

ÁREA TOTAL

CENTRO DE REFERÊNCIA SERVIÇO

SETOR

ESPAÇO

DEPÓSITO GERAL

DML

DEPÓSITO DE LIXO TEMPORÁRIO

FUNÇÃO Área destinada para armazenar utensílios de manutenção Destinada para armazenar produtos de limpeza. Área destinada para armazenar lixo temporário

71,35 m²

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Armários e prateleiras

-

2

1

29,17 m²

29,17 m²

Tanque e prateleiras

-

1

1

4,04 m²

4,04 m²

-

-

1

1

3,60 m²

3,60 m²

63

CENTRO DE REFERÊNCIA SERVIÇO

SETOR

SETOR

ESPAÇO

CASA DO LIXO

CASA DO GÁS

ESPAÇO

PÁTIO

ALOJAMENTO

INFRAESTRUTURA

CENTRO DE REFERÊNCIA

SANITÁRIO MASC. ALOJAMENTO SANITÁRIO FEM. ALOJAMENTO VESTIÁRIO MASC. ALOJAMENTO

VESTIÁRIO FEM. ALOJAMENTO VESTIÁRIO E SANITÁRIO PCD LOJA DE PRODUTOS DE UMBANDA

SALA DE PALESTRA

FUNÇÃO Área destinada ao depósito de lixos para posterior coleta Área destinada ao depósito de gás

FUNÇÃO Local destinado ao descanso Local destinado ao abrigo de pessoas Destinados ao uso dos visitantes Destinados ao uso dos visitantes Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados ao uso dos visitantes Loja destinada à venda de produtos da doutrina religiosa Espaço destinado a realização de cursos e palestras sobre a Umbanda.

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

-

-

2

1

12 m²

12 m²

Botijões

-

1

1

10 m²

10 m²

ÁREA TOTAL

58,81 m²

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Bancos e poltronas

-

-

1

338,88 m²

338,88 m²

Beliches

-

20

2

55,12 m²

110,24 m²

Equipamentos sanitários

-

5

1

24,93 m²

24,93 m²

Equipamentos sanitários

-

5

1

24,93 m²

24,93 m²

Armários e bancos

-

5

1

11,03 m²

11,03 m²

Armários e bancos

-

5

1

11,03 m²

11,03 m²

Equipamentos sanitários

-

2

1

8,45 m²

8,45 m²

Imagens de santos, defumadores, banhos, guias, etc.

2

-

1

51,97 m²

51,97 m²

Cadeiras, quadro, mesa, armários e equipamentos eletrônicos

-

40

1

101,87 m²

101,87 m²

64

SETOR

ESPAÇO

REFEITÓRIO

PREPARAÇÃO E COCÇÃO

PASSAGEM

INFRAESTRUTURA

CENTRO DE REFERÊNCIA

LAVAGEM

SALA DE NUTRIÇÃO

DML

SALA DE REFRIGERAÇÃO

TRIAGEM DE ALIMENTOS

DESPENSA SECA

SANITÁRIO FUNC. MASC.

SANITÁRIO FUNC. FEM.

FUNÇÃO Área destinada a alimentação dos visitantes do espaço Área destinada ao preparo das refeições para os visitantes Área destinada a passagem de alimentos Área destinada a devolução e lavagem dos pratos e talheres Área destinada ao nutricionista Destinado a guarda de materiais de limpeza Área destinado ao freezer e geladeira Destinados a conferência e limpeza dos alimentos antes de entrar na cozinha Área destinada a guarda de alimentos Banheiros destinados ao uso dos funcionários Banheiros destinados ao uso dos funcionários

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Mesas, cadeiras, bancos, televisões

-

76

1

204,91 m²

204,91 m²

Equipamentos eletrônicos, bancada, armários

3

2

1

28.75 m²

28.75 m²

Bancadas, geladeira

-

2

1

11,25 m²

11,25 m²

Bancada e pia

-

2

1

10,20 m²

10,20 m²

Bancada e equipamentos eletrônicos

1

-

1

6,36 m²

6,36 m²

Prateleira e tanque

-

1

1

4,08 m²

4,08 m²

Freezer e geladeira

-

1

1

5,96 m²

5,96 m²

Balcão, pia

1

1

1

7,20 m²

7,20 m²

Armários, prateleiras

-

2

1

6,75 m²

6,75 m²

Equipamentos sanitários

-

3

1

13,82 m²

13,82 m²

Equipamentos sanitários

-

3

1

13,31 m²

13,31 m²

65

SETOR

ESPAÇO SANITÁRIO FUNC. MASC. PCD SANITÁRIO FUNC. FEM. PCD

INFRAESTRUTURA

CENTRO DE REFERÊNCIA

VESTIÁRIO FUNC. MASC.

VESTIÁRIO FUNC. FEM.

LAVABO REFEITÓRIO SANITÁRIO FEM. PCD

SANITÁRIO FEM. PCD

SANITÁRIO FEM. REFEIT. SANITÁRIO MASC. REFEIT.

ESPAÇO DE CULTOS

SETOR

ESPAÇO

TENDA DE CULTOS

ALTAR DE CULTOS

FUNÇÃO Banheiros destinados ao uso dos funcionários Banheiros destinados ao uso dos funcionários Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinado a lavagem das mãos Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes

FUNÇÃO Área coberta destinada a realização de trabalhos espirituais e giras Destinada a locação dos médiuns no templo

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Equipamentos sanitários

-

1

1

8,80 m²

8,80 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

8,45 m²

8,45 m²

Armários e bancos

-

3

1

6,90 m²

6,90 m²

Armários e bancos

-

3

1

6,00 m²

6,00 m²

Pias

-

5

1

11,87 m²

11,87 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

3 m²

3 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

3 m²

3 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

10,40 m²

10,40 m²

Equipamentos sanitários

-

1

1

10,40 m²

10,40 m²

ÁREA TOTAL

1064,74 m²

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

-

-

425

1

437,19 m²

437,19 m²

Prateleiras e bancos

-

25

1

50,77 m²

50,77 m²

66

SETOR

ESPAÇO

SALAS DE PASSES

SALAS DE CONSULTAS

SALA DE ACONSELHAMENTO

SANITÁRIO MASC. TENDA

ESPAÇO DE CULTOS

SANITÁRIO FEM. TENDA

VESTIÁRIO MASC. TENDA

VESTIÁRIO FEM. TENDA

SALA DE CURSO

SALA DE EXPOSIÇÂO

SALA DE AUDIOVISUAL

FUNÇÃO Área destinada a realização de trabalhos espirituais Área destinada a realização de trabalhos espirituais Área destinada a realização de trabalhos espirituais Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Destinados a troca de roupas e guarda de objetos Espaço destinado a realização de cursos sobre a Umbanda e etc. Área destinada a exposições sobre o Pradoso e sobre a Umbanda Área destinada a exposições de filmes sobre a Umbanda

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Cadeira e bancos

-

3

3

13,57 m²

40,71 m²

Mesas e cadeiras

-

4

2

20,70 e 16,21 m²

36,91 m²

Cadeira e bancos

-

3

1

16,31 m²

16,31 m²

Armários

-

3

1

13,57 m²

13,57 m²

Armários

-

3

1

14,18 m²

14,18 m²

Armários

-

3

1

9,11 m²

9,11 m²

Armários

-

3

1

9,72 m²

9,72 m²

Cadeiras, quadro, mesa, armários e equipamentos eletrônicos

-

18

1

31,03 m²

31,03 m²

Expositores móveis

1

30

1

42,66 m²

42,66 m²

Telões, projetores, a propostas é de que as pessoas interajam com os vídeos

1

20

1

54,83 m²

54,83 m²

67

ESPAÇO DE CULTOS

SETOR

ESPAÇO

SANITÁRIO MASC.

SANITÁRIO FEM. HALL DOS SANITÁRIOS

DML

SETOR

ESPAÇO

MIRANTE DE OXALÁ

TRILHA DOS ORIXÁS E GUIAS

CAMINHOS DE OGUM

MATA DE OXÓSSI

BAMBUZAIS DE IANSÃ

PEDREIRA DE XANGÔ

CACHOEIRA DE OXUM

PRAINHA DE IEMANJÁ

MANGUEZAL DE NANÃ

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Equipamentos sanitários

-

3

1

10,89 m²

10,89 m²

Equipamentos sanitários

-

3

1

10,89 m²

10,89 m²

Pias

-

3

2

11,93 m²

23,86 m²

Prateleira e tanque

-

1

1

3,24 m²

3,24 m²

ÁREA TOTAL

805,87 m²

FUNÇÃO Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes Destinado a lavagem das mãos Destinado a guarda de materiais de limpeza

FUNÇÃO

EQUIP.

Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Espaço de adoração e oferendas a divindades Espaço de adoração e oferendas a divindades Servir de espaço de adoração e oferendas a divindades

Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá Santuário natural que simboliza o orixá

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

-

400

1

3755,44 m²

3755,44 m²

-

100

1

434,89 m²

434,89 m²

-

100

1

400,04 m²

400,04 m²

-

100

1

326,84 m²

326,84 m²

-

100

1

444,41 m²

444,41 m²

-

100

1

250 m²

250 m²

-

100

1

410,94 m²

410,94 m²

-

100

1

875,72 m²

875,72 m²

68

SETOR

ESPAÇO

CEMITÉRIO DE OBALUAÊ

TRILHA DOS ORIXÁS E GUIAS

ALTAR DOS GUIAS

PRAÇA DAS ERVAS SAGRADAS

QUIOSQUES

SANITÁRIO MASC. PCD

SANITÁRIO FEM. PCD

SETOR

ESPAÇO

ESPAÇO COMUNITÁRIO

ANFITEATRO

PLAYGROUND

ACADEMIA AO AR LIVRE

FUNÇÃO Servir de espaço de adoração e oferendas a divindade Servir de espaço de adoração e oferendas as entidades (Pretos velhos, erês, etc.)

Praça para o plantio de ervas sagradas usadas nos trabalhos Área pensada no lazer dos visitantes dentro do parque Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes

FUNÇÃO Área destinada para a realização de mostras culturais ao ar livre no distrito Área destinada a diversão das crianças do distrito do Pradoso Área destinada as práticas de exercícios físicos ao ar livre

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Santuário natural que simboliza o orixá

-

100

1

981,42 m²

981,42 m²

Santuário natural que simboliza os guias e entidades

-

150

8

100 m²

800 m²

Ervas

5

150

1

314,16 m²

314,16 m²

Mesas em área coberta

-

8

7

21,64 m²

151,48 m²

Equipamentos sanitários

-

1

7

3 m²

21 m²

Equipamentos sanitários

-

1

7

3 m²

21 m²

ÁREA TOTAL

9270,26 m²

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Bancos

-

120

1

150,62 m²

150,62 m²

Brinquedos

-

20

1

169,74 m²

169,74 m²

Aparelhos de ginástica

-

10

1

114,67 m²

114,67 m²

69

ESPAÇO COMUNITÁRIO

SETOR

ESPAÇO

QUIOSQUES

SANITÁRIO MASC. PCD

SANITÁRIO FEM. PCD

FUNÇÃO Área pensada no lazer dos visitantes dentro do parque Banheiros destinados ao uso dos visitantes Banheiros destinados ao uso dos visitantes

EQUIP.

POP. FIXA

POP. VARIA.

QUANT.

ÁREA M²

ÁREA TOTAL M²

Mesas em área coberta

-

8

3

21,64 m²

64,92 m²

Equipamentos sanitários

-

1

3

3 m²

9 m²

Equipamentos sanitários

-

1

3

3 m²

9 m²

ÁREA TOTAL

517,95 m²

70

6 CONCEPÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJETO A proposta é coadjuvar com o reconhecimento e representatividade das doutrinas afrobrasileiras como parte ativa do cenário sacro de Vitória da Conquista, Bahia, por meio do projeto de implantação de um Parque Religioso de Umbanda, na qual, os adeptos e simpatizantes possam adorar aos orixás e entidades, diante do espaço de cultos e dos santuários naturais presentes em toda a sua extensão.

6.1 Pré estudos e resultados A inserção do espaço religioso no local adotado, se deu da forma mais harmoniosa possível, levando em consideração a escolha do terreno no Núcleo Urbano do Pradoso, para refletir as preocupações de atender as necessidades do povo de santo em possuir um espaço sagrado para que seus adeptos e simpatizantes, sejam capazes de conectar-se com suas divindades, por meio das energias da natureza que são representadas e características de cada orixá e entidade.

Tendo escolhido o local por suas potencialidades de uso, relevância e justificativa cultural, além das premissas do projeto, no qual se faz predominante a ideia de inserção de praças que simbolizem o santuário natural de cada orixá, proporcionando aos usuários diferentes opções de trajetos, criando uma maior permeabilidade de percurso. Em função desses antecedentes, foi realizado o primeiro estudo de zoneamento da área, na qual foram divididos os setores para sua implantação, sendo eles: o Centro de Referência, onde está a entrada do empreendimento, toda a parte administrativa, a área de refeitório e cozinha, os alojamentos, a loja de produtos de Umbanda e o depósito de manutenção do Parque; a Trilha dos Orixás e Guias, em que se encontram os altares de adoração e culto as divindades; a Taba do Caboclo, no qual foi proposto uma área de lazer e descanso para o público que visitasse o local, porém, em função da extensão do Parque, se fez necessário o fracionamento desta área, em quiosques que darão apoio em toda a sua grandeza; o Espaço de Cultos, para firmar a necessidade de um espaço coberto para a realização de trabalhos espirituais; além do Espaço Comunitário, que visa proporcionar aos moradores do Núcleo Urbano do Pradoso, um local de lazer e de interação entre a população do Distrito e os visitantes do empreendimento, por meio da inserção de um anfiteatro para realização de eventos culturais ao céu aberto, um playground para divertimento das crianças e uma academia ao ar livre de modo a incentivar as práticas de atividades físicas entre a população (ver figuras abaixo).

71

Figura 52 â&#x20AC;&#x201C; Primeira proposta de zoneamento

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no Cadmapper, 2018.

Figura 53 â&#x20AC;&#x201C; Primeiro estudo

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

72

Figura 54 – Segundo estudo

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Os estudos para implantação da proposta resultaram numa análise a respeito do funcionamento de toda a dimensão do Parque, instituindo a melhoria em sua distribuição, de forma que proporcione aos visitantes um maior conforto e facilidade no caminhamento em todo o percurso, devido ao Centro de Referência e o Espaço de Cultos, serem implantados próximos ao estacionamento de entrada do empreendimento.

Figura 55 – Implantação das edificações

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

73

O acesso ao Parque se faz pela Rua George Francisco da Silva, descrito na apresentação da área do projeto. Ao defrontar-se com o espaço religioso, a população adentrará ao estacionamento externo de veículos, dirigindo-se ao portão de entrada do empreendimento, tanto ao acesso de pedestres, quanto a entrada ao estacionamento interno, existem vagas para idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais, além de vagas para motos, bicicletas e carga e descarga.

Após entrada no Parque, os adeptos e simpatizantes, deparam-se com o Centro de Referência, onde possui a sala de espera para o acolhimento e estar de grupos maiores, oriundos de excursão. Ao lado, é encontrado o guichê de informações, que serve de amparo para esclarecimentos a respeito das conexões existentes entre os espaços a serem trilhados no Parque.

Ainda nesse bloco, os visitantes poderão encontrar o setor administrativo, a loja de produtos de Umbanda, uma sala para realização de palestras e cursos, um refeitório com cozinha equipada, além dos alojamentos que hospedam os visitantes vindos de outras regiões e não possuem lugar para se acomodar. Ao centro dessa edificação há um pátio aberto que é completamente permeável à circulação, por interligar a área em torno desse bloco com o seu núcleo, gerando estar, descanso e conforto dos usuários do empreendimento.

A disposição dos espaços do Centro de Referência segue dispostos em paralelo ao seu partido arquitetônico, seus materiais e as angulações variadas em sua forma, buscando em primeira instância, conformidade com os sistema construtivos para atingir a proposta final das atividades do programa, visando atender as necessidades, criando assim, ambientes que gerem conforto aos visitantes, além de “quebrar” a ideia de linhas retas em suas fachadas.

Figura 56 – Croqui Centro de Referência I

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

74

Figura 57 – Croqui Centro de Referência II

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Após a passagem pelo Centro de Referência, diretamente alinhado e sinalizado por piso podotátil, segundo a normativa de acessibilidade, encontra-se o Espaço de Cultos, localizado um pouco mais ao sul, ambas as edificações possuem semelhanças tantos estruturais quanto angulações variadas em sua forma, bem como seus materiais. Nesse bloco os visitantes podem participar de cultos, giras e trabalhos espirituais, consultas e passes, além de conter uma sala de cursos e espaços culturais, para exposições de obras artísticas e audiovisuais, sobre a Umbanda e o Núcleo Urbano do Pradoso.

Figura 58 – Croqui de estudo da fachada e corte

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Figura 59 – Croqui do Espaço de Cultos I

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

75

Figura 60 – Croqui do Espaço de Cultos II

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Dando início ao percurso das Trilhas sagradas, os adeptos e simpatizantes podem entrar em contato com as energias e santuários de seus orixás e entidades, desde a entrada do Parque, onde está localizado o altar dos Exus e Pomba Giras, que são os guardiões dos cultos, devendo ser reverenciados antes de qualquer outra divindade. Em seguida, os visitantes poderão se dirigir aos outros santuários, seguindo as conexões e relações existentes entre cada orixá, sendo elas: o altar de Nanã, ligado ao de Iemanjá, matriarca, que com sua generosidade cuidou de Obaluaê, filho de Nanã; o altar de Iemanjá, está diretamente ligada aos seus filhos, Ogum, Oxóssi e Xangô; sendo Ogum e Xangô ligados as suas mulheres, Iansã e Oxum, que conectamse por formarem o trio das Yabás; e ao final destas conexões, encontra-se o altar de Oxalá, por ser o orixá mor e está abaixo de Olorum. Ao fim da Trilha dos Orixás, o Parque dispõe da praça das ervas sagradas que irradia para os altares de cada guia ou entidade trabalhada na Umbanda.

Figura 61 – Implantação dos santuários

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

76

No caminhar do Parque, os adeptos e simpatizantes podem deparar-se com quiosques, que foram locados como ponto de descanso e apoio ao empreendimento. Dentro de cada quiosque os usuários poderão encontrar um par de sanitários acessíveis, além de bebedouros, bancos e rede. Sendo assim, os visitantes do Parque poderão usufruir de toda a sua estrutura e extensão, sentindo as energias naturais emanadas em todos cantos desse espaço.

Figura 62 – Implantação final

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

6.2 Outros detalhes do projeto 6.2.1 Piso de Solo-cimento Quando se fala em Parque Urbano, a sustentabilidade dita regras. Na implantação do Parque Religioso de Umbanda, buscou-se não intervir muito nas características e potencialidades do terreno, mantendo o máximo de área permeável no solo. Para isso, os caminhos grafados no terreno utilizaram de piso de solo-cimento, material alternativo de baixo custo, conseguido pela mistura de solo, água e um pouco de cimento. Além disso, o solocimento pode ser produzido no local, diminuindo o custo da construção, agredindo muito menos o meio ambiente. Outro fator analisado na utilização do solo-cimento, é que esse piso é a

77

evolução de técnicas de construção como a adobe e a taipa.

6.2.2 Taipa de Pilão Presente na técnica construtiva de ambas as edificações do Parque Religioso de Umbanda, a taipa de pilão surge como solução sustentável, auxiliando na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento ecológico. A taipa é um método construtivo milenar com terra compactada, que além de esteticamente bela, é ecoeficiente. Assim como o solo-cimento, a taipa pode ser feita da terra retirada nos cortes do próprio terreno onde a obra será executada, eliminando a necessidade de transporte de outros materiais. Além do fator estético, do reaproveitamento de material, a taipa também é termicamente e acusticamente eficiente, quanto mais espessa a sua estrutura, mais eficaz ela é.

Figura 63 – Taipa de Pilão

Fonte: Disponível em: https://modernacular.wordpress.com/2011/07/18/nkmip-desert-cultural-centre/. Acesso em 23 de dezembro de 2018.

6.2.3 Manta Alwitra Os telhados usados em todo o projeto foram do Sistema de telhado plano Alwitra, que possuem aplicação rápida, acabamento flexível, versátil, além de funcionar como impermeabilizante, ser leve e ter função acústica por conta do compensado utilizado na sua estrutura e no forro.

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Figura 64 â&#x20AC;&#x201C; Telhado de manta alwitra

Fonte: DisponĂ­vel em: <https://arquiteturaeconstrucao.abril.com.br/sua-obra/cobertura-moderna-em-vez-detelhas-projeto-usa-manta-flexivel/>. Acesso em 23 de dezembro de 2018.

79

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este presente trabalho teve como intuito estudar o universo e os mistérios da Umbanda, abordando alguns aspectos de seu surgimento, bem como as representações de seus orixás. Com esse estudo nota-se que a Umbanda é uma religião sincrética, oriunda da junção de ritos do Candomblé, Catolicismo e do Espiritismo Kardecista, e que sofre com dificuldades na busca por um maior reconhecimento e representação por parte dos diversos grupos de pessoas.

O estudo continua, com ênfase na Umbanda como religião ativa em Vitória da Conquista, Bahia, onde observa-se a existência de um mapeamento do cenário religioso da cidade realizado em 1999 e da existência da associação Rede Caminhos dos Búzios que vem realizando um levantamento destas casas, mostrando a presença de espaços desse culto na urbe.

A pesquisa teórica se finaliza com um levantamento da população umbandista, que surgiu como parte de justificativa para o subsídio dessa proposta, propondo-se a inserção de um Parque Religioso de Umbanda, no distrito do Pradoso, núcleo urbano de Vitória da Conquista, Bahia, visando uma expansão no reconhecimento e representatividade da Umbanda, visto que este é um dos fundamentais dilemas enfrentados pela religião.

A escolha dos projetos referenciais para estudo, partem da ideia de caracterizar o espaço religioso de Umbanda, como sendo um Parque Urbano, a exemplo do Dique do Tororó.

Além de justificar que a Umbanda permite a realização de adorações e festejos a suas divindades em espaços abertos, por meio do Santuário Nacional de Umbanda, sendo comprovado que apenas trabalhos espirituais necessitam sua feitura em tenda fechada. As outras duas referências foram expostas por serem templos religiosos que se integram facilmente em meio a natureza: uma por se inserir num terreno que necessitou de um estudo topográfico, resultando em caminhos de meditação e adoração, além de ser um templo que não distingue raça, crença, cor; já na outra referência, percebe-se a ideia de espaço aberto no templo, possibilitando uma dupla funcionalidade e uma maior integração do culto religioso com a natureza, fatores estes, que influenciaram nas propostas pensadas para implantação do Parque Religioso no terreno, onde pretende-se inserir templos para as divindades africanas de forma que integrem com a natureza viva presente no local.

A localização escolhida para implantação do Parque Religioso de Umbanda, parte da idealização em agregar as construções pensadas para o empreendimento com a natureza ativa presente no terreno, como forma de representar os santuários naturais de cada divindade, além da recuperação do lago que existia no local, em sua totalidade. Os condicionantes físicos atuantes sobre o terreno favorecem na forma de inserção e distribuição dos templos do espaço.

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Além disso, outro fator resultante na escolha da localização, foi o perímetro urbano em que o terreno está inserido, por situar-se próximo a cidade de Vitória da Conquista e possuir fácil acesso para os visitantes que venham adorar os seus orixás e guias.

Com um programa de necessidades bastante diversificado e de acordo com a legislação em vigor, o Parque Religioso de Umbanda na tentativa de proporcionar momentos de integração dos adeptos e simpatizantes umbandistas, dispõe de diferentes recintos de adoração, união e agradecimento, sendo estes espaços, uma representação do santuário natural de cada divindade.

Além disso, o empreendimento conta com um setor básico de recepção, serviços e infraestrutura, de forma a oferecer um maior aproveitamento do Parque Religioso aos seus visitantes.

Diante do aprofundamento teórico, dos projetos referenciais estudados, da localização imposta para a inserção do empreendimento e do seu programa diversificado, a proposta de implantação de um Parque religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia, amplia o campo da representatividade e reconhecimento, tornando-se uma peça fundamental que influenciará no cenário religioso da cidade, contribuindo para a diversidade religiosa.

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APÊNDICES Diante da necessidade de justificar a proposta de inserção de um Parque Religioso de Umbanda para a cidade de Vitória da Conquista, Bahia, foi realizado um levantamento de dados, de acordo com a técnica de pesquisa de caráter documental direta intensiva do tipo de observação, com pais, mães e filhos de santo, na pretensão de comprovar que a religião umbandista está presente no cenário religioso da urbe. Na fase inicial do levantamento, por não ser autorizado pelos dirigentes dos terreiros a visita às casas de cultos, foram realizadas pesquisas informais, transcritas de acordo com a fala dos entrevistados, na intenção em obter a quantidade populacional de adeptos umbandistas presentes, além de conhecer a opinião dessa população sobre a proposta de implantação de um espaço sagrado como este na cidade.

De acordo com as entrevistas, foi elaborada uma tabela, na intenção de organizar os dados populacionais encontrados nos 10 (dez) terreiros entrevistados. Na tabela estão expostos a quantidade de pessoas que frequentam os terreiros, além da porção de adeptos que foram batizados nos centros de Umbanda.

Tabela 14 – Terreiros e suas populações

TERREIROS ENCONTRADOS Terreiro de Umbanda Oxóssi Martin da Quimbanda Centro de Noélia Centro de Umbanda Gentil Guerreiro Aldeia de Pai Naelson Felix Templo Umbandista Caboclo Pena Branca e Caboclo Sete Flechas Terreiro do Bairro Ibirapuera Terreiro de Brumado

POPULAÇÃO DE ADEPTOS FREQUENTES BATIZADOS 92

300

População variante de acordo com o culto.

120 divididas nas 4 casas da família.

135

2500 200 600

100

7

68 200

Não foi passado.

2000

Fonte: Elaborada pelo autor, com base nas entrevistas anexadas, 2018.

Nota-se, através dos 10 (dez) terreiros analisados, que a população de adeptos umbandistas possui cerca de 5.768 pessoas, sendo que alguns resultados usados (em negrito na tabela) nesse somatório estão divididos entre usuários frequentes aos cultos e batizados nas casas de Umbanda, como por exemplo, o Templo Umbandista Caboclo Pena Branca e Caboclo Sete Flechas, por ser um terreiro novo, foi usado o resultado de população frequente, pelo fato

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dos batismos serem realizados no decorrer dos anos de funcionamento de um templo. Já no Terreiro do Bairro do Ibirapuera, foi apenas passada a informação sobre a quantidade de adeptos frequentes aos cultos. Além disso, em relação as entrevistas feitas com as casas de cultos umbandistas, deve-se notar a ausência da realização das interlocuções com os terreiros de Brumado e do Bairro Ibirapuera, em virtude de alguns centros de Umbanda não poderem fornecer informações, respeitando assim os fundamentos de cada casa.

Para um maior embasamento da pesquisa, foi realizada uma entrevista com Mãe Graça, criadora da Rede Caminhos dos Búzios, em prol da elaboração de um levantamento a respeito das casas de santos existentes em Vitória da Conquista, Bahia. Outro papel exercido pela coordenadora é o de encaminhar para a Prefeitura os questionamentos recentes das religiões afro-brasileiras.

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Apêndice A – Entrevista Entrevista realizada com Mãe Leny de Ogum no dia 25 de maio de 2018.

Terreiro localizado no Simão, Vitória da Conquista, Bahia.

P. Como é conhecido o centro de Umbanda no qual você é dirigente ou participa?

R. Oh Lucas, é respondendo aí desculpa a demora, respondendo a questão número 1, é o nome do terreiro aqui de casa, é Terreiro de Umbanda Oxóssi Martin da Quimbanda e quem rege o terreiro é uma Mãe de santo, mas no momento ela está afastada por problemas de saúde, e quem assume a casa atualmente é o filho dela que se chama Idailton, e a forma de se tratar na nossa casa é padrinho e madrinha e não pai ou mãe, é padrinho e madrinha.

P. Em que ano foi fundado o terreiro?

R. Nossa casa tem aproximadamente 43 anos de funcionamento, isso significa que ela foi aberta em 1976, ou até mesmo antes, porque assim o registro da casa foi lavrado bem depois, então assim não nos prendemos a data específica para poder te fixar aqui no momento, mas assim quando a gente registrou, registramos com essa data nesse ano.

P. Como foi que se tornou Pai ou Mãe de santo? Foi questão de herança?

R. Sim, o filho de santo, o Pai de santo atual da casa, é filho de sangue da nossa matriarca, então ele está herdando, é de herança mesmo, e ele já se tornou pai de santo já, tem aproximadamente 6 a 7 anos, mas ele tem 23 anos de iniciado.

P. O terreiro é cadastrado na Rede Caminho dos Búzios?

R. Sim, o Terreiro de Umbanda Oxóssi Martin Quimbanda é registrado na Rede Caminho dos Búzios, estamos em processo de cadastramento, tudo em ordem, tudo devido os conformes, devido eles foram solicitando a gente foi passando as informações, então é cadastrado sim.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas dentro de um terreiro de Umbanda e por seus adeptos?

R. Bom as dificuldades do terreiro é como de todos os outros né, a intolerância existe ela está aí, então por conta disso a gente sofre certas dificuldades de celebrar os cultos, de usar nossas roupas, de sair na rua da forma que somos realmente, a gente ainda tem essa dificuldade por conta da intolerância. Mas é uma barreira que a gente supera a cada dia, somos o que somos e

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vamos vencer pela nossa luta é pela nossa fé, independente da intolerância religiosa. Mas a dificuldade é essa. Outras dificuldades são vividas no dia a dia mesmo, são dificuldades do axé, mas que a gente vai superando, vai se arrumando como um grupo de união e a gente vai vencendo as batalhas.

P. Qual sua opinião a respeito da implantação de um Espaço Religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia?

R. Com relação à implantação de um espaço religioso de Umbanda em Vitória da Conquista para mim seria excelente, não só para Umbanda em si, acho que ter um templo religioso de referência religiosa para o povo de santo em Vitória da Conquista, é tudo o que falta para saber, porque existe templo para todas as religiões e para os centros de Umbanda não tem templo que se diz ser uma coisa sagrada, porque os terreiros eles consideram como casas de moradia e muitas vezes não levam em consideração que aquelas casas de moradia são construídas ali seus templos sagrados, como nós temos o nosso, a nossa casa. Então se faz necessário uma implantação, uma construção de um templo religioso, principalmente de Umbanda em Vitória da Conquista, seria excelente, seria maravilhoso. O povo de Umbanda espera, clama por esse momento, por essa glória e por termos essa oportunidade de mostrar para o povo, que a Umbanda é uma religião consagrada e maravilhosa. Então assim, ter esse templo como referência é tudo de bom.

P. Cerca de quantas pessoas frequentam e/ou já foram batizados no terreiro?

R. Bom meu querido, essa quantidade de pessoas aí, que já se passou pelo terreiro, é meio complicado de eu te responder, porque eu sou iniciada no santo, só tenho 16 anos de santo na casa. Me tornei ano passado, me tornei Mãe de santo ano passado, que recebi minha autorização para poder ter meus filhos, mas a casa já funciona 43 anos, a mais de 43 anos para ser específico.

Então nesse longo tempo aí, já se passou por mais de 300 filhos de santo pela casa, uns mudaram de religião com tempo, outros mudaram, casaram, foram embora ou moram fora, moram em São Paulo, fora do Brasil até. E assim, hoje, frequentes mesmo na casa de rodar, de arcar com todas as funções do axé, dentro, e está com essa função toda, nós temos por volta de 92 pessoas, incluindo os que se iniciaram agora. Então nós estamos aí com o público de 92 pessoas de filhos iniciados dentro da casa. E assim, nós não temos essa quantidade específica para passar para você, mas é um histórico longo e grandioso graças a Deus. O Terreiro de Umbanda Oxóssi Martin da Quimbanda é uma casa abençoada e a rodeada de filhos, e tão grande é, graças a Deus, que nós estamos crescendo o templo, porque não está tendo espaço para a quantidade de

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filhos que a gente tem, está apertado. Então a gente vai crescer o espaço, o salão, para ter mais espaço. E para a gente foi uma honra poder te atender e estamos a sua disposição, quantas vezes for necessário. E avante aí viu! Avante, e a frente, com esse centro aí de construção, esse centro Umbanda, para que a gente tem é uma fonte maior para poder se buscar água de beber. Axé para você, que meu Pai Ogum te proteja e lhe dê luz e caminho e sabedoria! E que seu projeto siga em frente. Axé!

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Apêndice B – Entrevista Entrevista realizada com Mãe Noélia no dia 12 de maio de 2018.

Terreiro localizado em São Sebastião, Vitória da Conquista, Bahia.

P. Como é conhecido o centro de Umbanda no qual você é dirigente ou participa?

R. O centro de Noélia.

P. Em que ano foi fundado o terreiro?

R. O terreiro foi fundado em 1989.

P. Como foi que se tornou Pai ou Mãe de santo? Foi questão de herança?

R. Foi, já veio de berço. Num herdei de ninguém não, mas já veio de berço, que minha mãe falou que eu já nasci com esse dom. Eu descobri o dom, porque comecei a ficar doente, sentindo dor de cabeça, aí fui para rezar e lá descobriu que era essas coisas espiritual.

P. O terreiro é cadastrado na Rede Caminho dos Búzios?

R. Não, mas tem licença para poder funcionar.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas dentro de um terreiro de Umbanda e por seus adeptos?

R. É as críticas, o preconceito do povo, nem de todos os povos, mais tem muitos que tem preconceito. Mas eu nunca fui julgada.

P. Qual sua opinião a respeito da implantação de um Espaço Religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia?

R. Eu penso assim que, é certo. É bom ter, porque é uma tradição que não pode acabar. Não pode acabar.

P. Cerca de quantas pessoas frequentam e/ou já foram batizados no terreiro?

R. Batizadas já foram umas 2.500 pessoas. Hoje já diminuiu muito, não por causa que os caboclos enfraqueceram, eu que já estou de idade e estou parando. Mais de 2.500 pessoas já foram atendidas e batizadas já. Hoje no dia das reuniões tem 10 (dez), outra hora tem menos, outro dia tem mais. Não tem a quantidade certa não.

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Apêndice C – Entrevista Entrevista realizada com Jefferson Macêdo no dia 24 de maio de 2018.

Terreiro localizado no Bairro Ibirapuera, Vitória da Conquista, Bahia.

P. Como é conhecido o centro de Umbanda no qual você é dirigente ou participa?

R. Centro de Umbanda Gentil Guerreiro. Quem fundou foi a Zeladora de Santo Matriarca Dona Nega de Oxum (in memoriam). Atualmente o terreiro é dirigido por Mãe Landa de Ogum Beiramar.

P. Em que ano foi fundado o terreiro?

R. O terreiro tem mais de 50 anos.

P. Como foi que se tornou Pai ou Mãe de santo? Foi questão de herança?

R. Mãe de santo nasce, Mãe de santo. Com o tempo os Orixás através das manifestações vão solicitando que exerça o cargo.

P. O terreiro é cadastrado na Rede Caminho dos Búzios?

R. O terreiro não tem nenhum registo oficial.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas dentro de um terreiro de Umbanda e por seus adeptos?

R. Preconceito, intolerância, charlatões que em todas religiões acabam por difamar.

P. Qual sua opinião a respeito da implantação de um Espaço Religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia?

R. Nossa religião é muito perseguida. Ter um espaço que represente a nossa crença seria muito bom, porque assim seria possível para aqueles que fazem julgamentos terem o privilégio de conhecer um pouco da pureza, da humildade e da caridade que é a Umbanda.

P. Cerca de quantas pessoas frequentam e/ou já foram batizados no terreiro?

R. Atualmente nossa casa possui 45 médiuns. A nossa casa é uma árvore que semeou mais três terreiros, de Pai Wan de Oxum, Pai Diego de Ogum 7 Punhal e pai Messias de Oxóssi. Como

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somos todos de uma só nação, podemos considerar todos nossos irmãos, que totalizaria mais umas 120 pessoas, todos esses médiuns ativos. Mas batizados e não ativos já passaram uns 200 médiuns ao logo de 50 anos. Espero que ajude!

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Apêndice D – Entrevista Entrevista realizada com Nayara Pereira no dia 28 de maio de 2018.

Terreiro localizado em Tremedal, Bahia.

P. Como é conhecido o centro de Umbanda no qual você é dirigente ou participa?

R. Aldeia de Pai Naelson Felix

P. Em que ano foi fundado o terreiro?

R. Por volta de uns 12 anos.

P. Como foi que se tornou Pai ou Mãe de santo? Foi questão de herança?

R. Herança familiar.

P. O terreiro é cadastrado na Rede Caminho dos Búzios?

R. Provavelmente sim.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas dentro de um terreiro de Umbanda e por seus adeptos?

R. Com certeza uma das maiores dificuldades é o preconceito, onde várias pessoas não aceitam que somos descendentes e acham que somos "projetos do demônio".

P. Qual sua opinião a respeito da implantação de um Espaço Religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia?

R. Maravilhoso, seria uma boa forma de demostrar que a Umbanda é uma religião assim como as outras, e dessa forma terá como outras pessoas passarem a entender o significado da Umbanda.

P. Cerca de quantas pessoas frequentam e/ou já foram batizados no terreiro?

R. Bom, não sei ao certo a quantidade, mas com certeza é por volta de umas 600 pessoas batizadas e 135 frequentes.

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Apêndice E – Entrevista Entrevista realizada com Mary Deise Novais no dia 25 de maio de 2018.

Terreiro localizado no Bairro Centro, Vitória da Conquista, Bahia.

P. Como é conhecido o centro de Umbanda no qual você é dirigente ou participa?

R. Templo Umbandista Caboclo Pena Branca e Caboclo Sete Flechas.

P. Em que ano foi fundado o terreiro?

R. Fundado em 12 de outubro de 2017.

P. Como foi que se tornou Pai ou Mãe de santo? Foi questão de herança?

R. Não possuo permissão para falar como me tornei Mãe de santo.

P. O terreiro é cadastrado na Rede Caminho dos Búzios?

R. Não está associado a essa rede, apenas a Federação Brasileira de Umbanda.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas dentro de um terreiro de Umbanda e por seus adeptos?

R. Não teve intolerância. Única dificuldade só financeira.

P. Qual sua opinião a respeito da implantação de um Espaço Religioso de Umbanda em Vitória da Conquista, Bahia?

R. Acho que é de extrema importância um espaço como este na nossa região. Será útil tanto para nós umbandista ficarmos mais próximo do sagrado quanto para as outras pessoas entenderem um pouco mais sobre a religião e sentir um pouco dessa paz que é transmitida para a gente.

P. Cerca de quantas pessoas frequentam e/ou já foram batizados no terreiro?

R. Desde a fundação foram realizados 7 batismos. O centro possui 21 médiuns contando com Ogans, e um total de 100 frequentadores.

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Apêndice F – Entrevista Entrevista realizada em encontro com Mãe Graça no dia 26 de julho de 2018.

Coordenadora da Rede Caminho dos Búzios, Vitória da Conquista, Bahia.

P. Como e quando foi que surgiu a Rede Caminho dos Búzios?

R. Olha, na verdade começou como um grupo de WhatsApp, que foi uma idealização do pessoal da Coordenação de Promoção de Igualdade Racial do mandato anterior, foi uma forma que eles acharam para poder unir o polo de santo, ter mais contato essas coisas. E com a existência do grupo de WhatsApp a gente começou a perceber as demandas do pessoal, entendeu? É porque está acontecendo os problemas com fulano, isso e aquilo. Aí a gente resolveu criar uma associação que pudesse buscar soluções para essas demandas né, então a gente reunir um grupo de representantes de casa de santo e isso definiu de fazer essa associação, e aí começou dessa forma, porque a gente tem muita coisa que a gente precisa e que tem muita dificuldade. Aí começou em março de 2016 foi a primeira reunião. A fundação exatamente foi em maio, dois meses depois, quando a gente fez a questão de estatuto, outras reuniões e tudo, então a fundação foi em maio. E estamos vindo de 2016 para cá, buscando aí reconhecer as casas.

P. Eu tinha perguntado aqui quando foi fundado, mas a senhora já falou. Qual é a média de adeptos e o número das casas que tem em Vitória da Conquista?

R. Olha, que já estão oficialmente associadas, nós temos 14 casas, e mais ou menos, filhos de santo juntando as 14 casas, já está dando quase 300, porque tem casa que está com 90 filhos, outras têm a quantidade menor, mais está quase 300 filhos.

P. E qual o total de casas presentes no mapeamento atual?

R. Olha em Conquista, do meu conhecimento até agora, do meu conhecimento assim, que eu sei e tenho endereço e tudo, eu estou com uma relação de 82 casas, entre Umbanda e Candomblé Nação Ketu e Angola.

P. Qual a quantidade das casas de Umbanda?

R. Olha, Umbanda tem 63 casas, grandes e pequenas, 63 casas.

P. Como foi que você se tornou coordenadora da rede?

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R. Olha, na verdade assim, eu sempre tive um perfil assim meio que, algumas pessoas chamam de autoritária, outras pessoas chamam de liderança, e quem acabou foi fomentando essa coisa da reunião, da criação da associação, de não ficar só no grupo do WhatsApp essas coisas fui eu, entendeu? E aí depois das reuniões, foi sugerido criar uma chapa para concorrer à presidência e a sugestão do grupo foi o meu nome para ser presidente da rede, começar essa caminhada aí.

P. Quais as maiores dificuldades encontradas no reconhecimento das religiões afro-brasileiras aqui na cidade, tanto em achar as casas, quanto por parte da população?

R. É, o nosso problema maior, e que acaba gerando todos os outros problemas, é justamente o preconceito religioso, entendeu? Porque assim, durante muito tempo por uma questão também de comodidade religiosa, digamos assim, a religião africana foi associada a coisa negativa, ao satanás, ao demônio, essas coisas, por uma questão de amedrontar mesmo, desde o Brasil Colônia, esse tipo de coisa, e foi gerado pela igreja católica. Então, essa coisa de associar o exu ao demônio, esse tipo de coisa sempre teve. Depois disso, de um certo tempo para cá, final década de 1970-1980, começou a se ter uma pequena diferença em termos de aceitação com a religião de matriz africana, então não ficou mais limitada a periferia, então o pessoal começou a se aproximar, começou a buscar conhecer, até que infelizmente surgiu uma outra linha religiosa que começou a usar nossa crença, começou a usar os nossos rituais, como coisas associadas ao demônio. Então isso gerou todo um preconceito, sem falar que tem a questão do preconceito racial também, porque ela é uma religião vinda do continente africano, é uma religião ligada diretamente ao povo negro e o povo negro é discriminado de todas as formas possíveis e imaginárias, então o nosso grande problema é esse, e hoje está beirando o fundamentalismo já. Existem locais que a pessoa não pode vestir roupa branca, não pode botar um fio de conta no pescoço, não pode tocar um atabaque. Existem cidades aqui no Brasil que já tem leis que proíbem o abate animal, a sacralização do animal, então eles não proíbem como uma coisa de religião, mas eles usam outros argumentos para chegar nisso aí, tipo por uma questão sanitária, por exemplo, entendeu? Então isso já existe há uns dois, três anos, em algumas cidades do país, lá de Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e agora a gente está inclusive enfrentando um problema muito sério que tem nos deixado extremamente apreensivos, que é a questão do julgamento que vai ter dia 09 de agosto no Supremo, lá em Brasília, que aborda justamente essa questão, e dessa vez é assim bem explícito, é um sacrifício animal em rituais religiosos de religião de matriz africana. Então o Ministério Público do Rio Grande do Sul entrou por lá, perdeu, depois perdeu de novo, foi recorrendo e agora chegou no Supremo. Mas como é uma coisa ligada ao negro, ligada à cultura negra e a religião negra, foi

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um ano e meio só, da primeira derrota até chegar no Supremo, entendeu? Eu nunca vi andar tão rápido assim e dia 09 agora, vai ter um julgamento desse assunto lá, o que eles querem é que seja proibido, terminantemente, qualquer tipo de abate em rituais religiosos, nas religiões de matriz africana, porque está específico isso. Por uma questão, completamente, de racismo religioso, preconceito religioso mesmo, porque não são, normalmente, pessoas que simplesmente não gostam, a grande maioria são pessoas ligadas a religiões evangélicas, a igrejas evangélicas, que tem todo esse preconceito, toda essa negatividade com relação ao povo de santo, entendeu? Porque as outras religiões também têm suas restrições, mas tem mais respeito. Algumas pessoas pontuais têm atitudes negativas, mas o normal das outras religiões, é ter um pouco mais de respeito, agora os evangélicos, principalmente, os evangélicos pentecostais e neopentecostais, eles abriram uma guerra santa contra o povo de santo.

P. A rede ela é de alguma forma, ligada a alguma Federação Nacional?

R. Não, nenhuma. Ela é autônoma, ela é sociedade civil, é uma entidade de Vitória da Conquista, que no nosso estatuto nos permite também, ter no nosso quadro de associados de outras cidades, de outros estados, mas não temos ligação direta, acordo com a nenhuma outra entidade.

P. O foco da proposta na Umbanda é por conta do sincretismo religioso, mas o espaço não impediria adeptos de outra religião de entrar. A proposta é fazer um parque urbano e nele teria uma trilha para oração e culto aos orixás, atrás do próprio santuário natural de cada orixá. Qual sua opinião a respeito da proposta do espaço religioso de Umbanda?

R. Nós temos uma proposta dessa, inclusive, em novembro, dia 24 novembro do ano passado, aconteceu a sessão especial do novembro negro e nós apresentamos um documento na Câmara de Vereadores e apresentamos também ao representante do prefeito na Prefeitura e uma das nossas reivindicações é justamente isso, é que a gente tivesse um espaço sagrado para o povo de santo, e mais ou menos nesse molde que você está falando, entendeu? Não focando numa linha específica, mais que fosse um espaço sagrado, que tivesse a nascente, que tivesse a parte de árvores, dos nossos sagrados né, porque a gente na verdade, as imagens de santo para gente são mais símbolos, o que a gente cultua, na realidade são as energias que os orixás representam, as energias da natureza, basicamente, o culto real da nossa religião. Então a gente tem essa proposta sim, entendeu? Porque, inclusive por conta de toda uma destruição da natureza a gente está perdendo nossos locais de descanso, do sagrado, entendeu? Então assim, a gente precisa ir nas águas, a gente precisa ir na mata, a gente precisa fazer esse tipo de coisa e está cada dia

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mais difícil, porque você não acha, você chega no rio 100% poluído, não dá para gente fazer nada ali, entendeu? Não dá para você tomar um banho, não dá para você ofertar nada, porque está cheio de coisa, de porcaria, de poluição, essas coisas, você chega num lugar que antes tinha árvore frondosa, que tinha cada árvore bonita, hoje você chegar lá não tem mais nada, já derrubaram tudo. Então está muito difícil no país inteiro né, não é só isso, infelizmente, não é uma prerrogativa nossa, está no país todo. Então a gente tem essa reivindicação, que a gente está buscando junto à Câmara e junto à Prefeitura para que se cria esse local sagrado para o povo de santo, entendeu? E é extremamente importante, mas é bem por aí.

P. Para proposta do espaço religioso foi focado como doutrina principal do estudo, a Umbanda, por conta do sincretismo e se fosse juntar as duas religiões afro, teria que falar do Candomblé e falar de ambas as religiões, da origem da África, explicar tudo. Portanto, no espaço, além de propor a trilha, foi sugerido o espaço de culto, com uma tenda para trabalhos espirituais e do lado de fora estariam os altares para os guias, os guias da Umbanda. As casas de Candomblé de Vitória da Conquista, cultuam os guias adorados na Umbanda?

R. Oh Lucas, isso é uma coisa muito própria de cada casa, entendeu? Porque, na verdade, a maioria absoluta das casas daqui de Conquista tiveram origem na Umbanda, então a maioria absoluta das casas aqui foram assim, as casas de nação que eu falo, as casas de Candomblé.

Existe sim muita coisa do sincretismo na maioria delas, entendeu? Porque, as pessoas gostando ou não, pelo menos é a minha concepção, é uma das coisas que ajudou o Candomblé, a nossa religião existir até hoje, foi justamente o sincretismo, foi através dele que os negros conseguiram passar mel na boca dos escravagistas, todos os senhores de engenho, das igrejas e tudo mais, fazendo de conta que estava cultuando outro e na verdade estava cultuando um, mais estava cultuando o outro né? Então isso ajudou muito, mas existem vertentes, e aí não é o pessoal de Umbanda, porque o sincretismo na Umbanda é muito forte, mas existem vertentes do Candomblé que não aceitam mais o sincretismo, entendeu? Mas na verdade ele é bem presente e aqui em Conquista ele é bem presente, muito, entendeu? Porque a origem aqui foi toda na Umbanda, nunca teve nenhuma casa aqui que foi o tempo todo, desde que começou, de Queto ou de Angola, isso aquilo ou outro não, todas foram e vieram da Umbanda.

P. A senhora sabe quando que, mais ou menos, começou a ter cultos aqui em Conquista?

R. Rapaz, eu não sei, mas é coisa de mais de 100 anos, entendeu? É coisa de mais de 100 anos, porque assim, tem pessoas que morreram e que já morreram numa idade avançada que tinha casa, que participava de Umbanda, essas coisas, desde pequenininha, entendeu? Eu não sei

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exatamente, eu acho que isso é uma coisa que você teria, uma pessoa que pode te ajudar nisso aí é professor Itamar, ele tem mais ou menos uma noção porque ele estudou muito isso, porque hoje aqui, eu acho, que você não tem ninguém que te diga exatamente, entendeu? Porque o pessoal está mais novo e tudo, agora tem pessoas antigas, mais essa questão de quando começou, mais não é coisa de 100-120 anos só não, eu acho que é um pouco mais do que isso, é muito tempo. Agora, sempre assim, aquela coisa escondidinha, aquela coisa nas roças, entendeu? Sempre por aí, porque inclusive, até relativamente pouco tempo atrás, era coisa que precisava ter autorização de delegacia né? Então, eu recentemente peguei um documento de uma pessoa, que o documento era datado de 1976 se não me engano e era uma autorização de um delegado para essa pessoa trabalhar na casa dele, entendeu? Então, quer dizer, 1976 está ali atrás, coisa de quarenta e poucos anos atrás, então ainda existia isso, mais é muito antigo, muito antigo.

P. As informações que eu queria, na verdade, você conseguiu me passar tudo.

R. É e assim, você tem muita, muitas casas aqui que você pode ir, esse pessoal mesmo que você falou do Simão eles são bem antigos, eles conhecem muitos lugares, na casa deles mesmo são oitenta e tantas pessoas iniciadas lá, o grupo deles é um grupo grande. Aí lá perto tem Mãe Vitorinha, que tem muito tempo que trabalha também, tem Zorilda, acho que Zorilda está lá também. A outra pessoa que você falou foi quem? Foi Anderson. Anderson é mais novo, mais tem Diego que está na Estiva, que tem uma casa grande também, ele tem de uns oitenta para lá de filhos de santo também, entendeu? Aí tem Mãe Carminha que é de Angola, mas iniciou na Umbanda, tem Mãe Si que é perto da casa de Louro, lá no bairro da Alegria, que ela também trabalha muito tempo, tem muita casa de santo aqui, muita casa, de Umbanda então tem bastante. A maioria é pequeno, agora o pequeno assim, tem muito filho de santo, mais não é assim, de está todo mundo ao mesmo tempo, que vem de longas datas, aquela coisa toda. E assim, infelizmente, por conta daquele problema da discriminação, do racismo, do preconceito tem muita gente que ainda não consegue se assumir como de Santo, entendeu? Então, isso é meio que novidade sabe, porque assim tem muita gente, principalmente, o pessoal de Umbanda, o pessoal das casas menores e tudo, que eles têm muito medo da reação dos preconceituosos, entendeu? Que são coisas assim, bem complicadas às vezes, então eles falam muito que são espíritas, por exemplo, entendeu? Mas, na verdade, é o pessoal ligado diretamente a Umbanda, mas sofre tanto, é xingado, é desrespeitado, tem pedra jogada na casa, tem piada no meio da rua, entendeu? O que eles preferem? Se resguardar e não se mostrar como de santo mesmo.

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Figura 65 – Termo de Consentimento assinado por Mãe Graça

Fonte: Arquivo Pessoal, 2018.

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ANEXOS

Diante dos estudos realizados para a obtenção das referências deste trabalho, foram encontrados os Códigos de Posturas do Município de Vitória da Conquista, Bahia, datados de 1893 a 1931, no Arquivo Municipal da cidade. Nesse registro de Lei, nos artigos 25 e 26, notase a proibição das práticas de batuques, rezas e cantorias, em determinado horário, multando e aprisionando os seus praticantes em caso de desobediência.

Figura 66 – Capa do Caderno de Registros de Leis

Fonte: Arquivo Pessoal, 2018.

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Figura 67 – Artigos do Código de Postura Municipal

Fonte: Arquivo Pessoal, 2018.

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