Revista Mangueira 2014

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tem que respeitar meu

No comando da bateria desde 2011, Mestre Ailton Nunes relembra sua trajetória, antecipa novidades e explica porque a batida da Mangueira é única entre as escolas

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FERNANDO AZEVEDO

estre Ailton Nunes é pé quente. Logo na primeira vez que pisou no Sambódromo como integrante da bateria da Estação Primeira, em 1984, foi campeão e supercampeão. Naquele desfile de estreia, ele chegou na concentração, junto com um grupo de garotos do morro, sem saber qual instrumento iria tocar. Apreensão e medo de errar foram substituídos por um misto de espanto e decepção. “Desfilei tocando taco”, conta Ailton. Sim, taco de piso. “No refrão que dizia ‘Laura, que não sai da minha mente’, a molecada batia os tacos três vezes após o ‘Laura’”. Muitos desfiles e aprendizados depois, o músico autodidata nascido no Bu-

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raco Quente se tornaria o principal líder da bateria de Mangueira. Foi em 2011, quando assumiu a função de mestre a apenas 45 dias do Carnaval. “Foi uma dupla emoção, porque eu também fui um dos autores do samba-enredo. Naquele ano, a bateria ganhou todos os prêmios carnavalescos existentes”, relembra. Ailton conta que prepara mais uma atuação inédita para a bateria ‘Tem que respeitar meu tamborim’, nome original que voltou a ser adotado pelo grupo de ritmistas. “Todo o mundo espera uma forma de apresentação surpreendente da nossa bateria. Com simplicidade e ousadia,

buscamos sempre fazer a diferença”, diz, antecipando apenas que a bateria fará bossas com ritmos como os do olodum, Filhos de Gandhy e forró. E o que a Mangueira tem de único em sua batida? “Todas as escolas têm surdos de primeira, segunda e terceira. Nós só temos o surdo de primeira e o surdo mor. Nossas caixas também tocam com uma divisão diferente”, ensina. Mestre Ailton revela ainda que terá triângulos e timbaus no desfile deste ano.


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