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Cantor, compositor, instrumentista, pintor, voluntário social e agitador social - o artista que é a cara do Brasil

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ite o nome de Carlinhos Brown em uma conversa e instantaneamente surgirão as mais diversas opiniões. Os fãs defendem com ardor. Já quem não gosta, detona. Ninguém fica neutro. Pergunte sobre Brown para alguém que o conheça, pessoalmente. Boa-praça, gente fina e papo fácil são algumas das respostas que certamente surgirão. Então, o que faz este baiano, nascido há 48 anos, no bairro do Candeal Pequeno de Brotas, uma das mais antigas comunidades de Salvador, causar tanta polêmica, se polêmica, definitivamente, não é a praia dele? Talvez seja o fato de ele sempre se mostrar de peito aberto, coerente com seu trabalho, sem se orientar pelos modismos ou mudando de direção conforme as críticas. Porque o Brown de hoje é uma evolução natural do adolescente que, nos anos 80, aprendeu com Osvaldo Alves da Silva, o Mestre Pintado do Bongô, a marcar os primeiros ritmos que vinham dos terreiros de candomblé e integrou, como percursionista, as bandas de Luiz Caldas e Caetano Veloso. Aliás, os trabalhos com os dois famosos conterrâneos de origem em comum e destinos distintos na música contribuíram fundamentalmente na formação multirrítimica de Brown. Com Caldas, aprendeu os segredos da comuni-

cação com as massas e técnicas de gravação, nos estúdios WR. Pela voz de Veloso, emplacou seu primeiro sucesso nacional como compositor (“Meia Lua Inteira”, trilha da novela Tieta) e inspirou-se para consagrar, em letras e ao seu modo, prosa e poesia. O talento despontado de Brown seria confirmado ao longo da década de 90, com o sucesso do esperado primeiro disco solo, “Alfagamabetizado”, onde fez as vezes de cantor, compositor e instrumentista, e a consolidação da Timbalada como um dos grupos regionais mais influentes do País. Com alcance internacional, o grupo é o projeto mais bem-sucedido de sua carreira. Apesar de não tocar mais regularmente com a Timbalada, Brown continua a ser o mentor de seus integrantes e produziu todos os 14 CDs que a banda lançou até hoje. Em 2002, o álbum gravado com os amigos Arnaldo Antunes e Marisa Monte lançou o músico baiano ao topo de todas as paradas daquele ano. Sob a alcunha de Os Tribalistas, o trio cravou hits como “Já Sei Namorar” e “Velha Infância”, ultrapassou a marca de um milhão de discos vendidos e gerou uma expectativa descomunal quanto a um segundo disco - que nunca chegou sequer a ser esboçado. 31

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