Jornal A União

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Novas regras obrigam as operadoras de planos de saúde a serem mais transparentes Página 10

A UNIÃO

João Pessoa, Paraíba - SÁBADO, 22 de março de 2014

Chuvas

Período oferece riscos de contágios de doenças, inundações e transtornos Foto: Divulgação

Cleane Costa cleanec@gmail.com

Governo lança plano

As chuvas são sinônimo de fartura no campo e de garantia de abastecimento d’água para as populações, mas também podem significar transtornos como alagamento de ruas, inundações, transbordamento de canais, entre outros. Quando isto acontece, além dos prejuízos materiais, as pessoas ficam expostas a outros perigos, como as doenças. Entre as mais comuns estão a dengue e a leptospirose. É por isso que os órgãos governamentais chamam a atenção da população para redobrar os cuidados a partir de agora, quando as chuvas começam a cair principalmente na faixa litorânea do Estado, a fim de não contrair as doenças que podem ser transmitidas a partir da água que fica empoçada. A redução dos números de casos é a principal meta dos órgãos de saúde. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, no ano passado, foram notificados 17.585 casos suspeitos de dengue na Paraíba, representando um aumento de 52,3% em relação ao ano de 2012. Desse total, 4.173 casos foram descartados, 8.119 confirmados, 127 casos graves e 5.166 inconclusivos. Quinze pessoas morreram por dengue em 2013, sendo a maioria em João Pessoa, com cinco óbitos. No mês de janeiro deste ano, foram notificados 180 casos suspeitos de dengue com 50 já descartados. Com relação à leptospirose, a Secretaria de Estado da Saúde notificou 50 casos no ano passado, dos quais 20 foram confirmados. A doença matou quatro pessoas em 2013 na Paraíba, todas residentes em João Pessoa. Três casos já foram notificados este ano. Tanto a dengue como a leptospirose são doenças que exigem medidas preventivas, não somente por parte dos órgãos governamentais, mas também por parte da população, que deve se responsabilizar por sua saúde, a fim de que as ações se tornem eficazes. Não existem vacinas para evitar essas doenças, por isso prevenir é sempre o melhor remédio. Proteção No caso da leptospirose, os órgãos governamentais recomendam evitar o contato com a água e a lama das enchentes, protegendo a pele com roupas e calçados impermeáveis, principalmente se a pessoa tiver alguma lesão. O chefe do Núcleo de Controle de Zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde, Francisco de Assis de Azevedo, informou que a Paraíba

Contato com água e lama de inundações ocasionados por chuvas eleva o risco de contaminação por leptospirose

Há pouco tempo, a dengue era considerada uma doença de verão. Hoje, ela se manifesta o ano inteiro e também quando as chuvas caem. Na Paraíba, a Campanha Estadual de Combate à Dengue geralmente tem início no mês de março. Para este ano, a previsão é que seja lançada no próximo dia 22. Como não existe vacina contra a doença, a única forma de combater é a prevenção. Por isso, a Secretaria de Estado da Saúde recomenda aos municípios a continuidade das ações, bem como a manutenção dos ambientes públicos limpos, com o recolhimento regular de lixo nas vias e a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias. Além dos gestores, a Secretaria de Estado da Saúde recomenda que a população também faça a sua parte. É importante

também que a população verifique o adequado armazenamento de água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito. Para qualquer um dos quatro tipos de dengue existente o indivíduo pode apresentar febre, com duração menor que uma semana, associada a dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares, dor atrás dos olhos, dor nas juntas, sensação de cansaço e manchas avermelhadas espalhadas pela pele. Todo paciente com esses sintomas deve procurar um médico para avaliação, pois somente com o exame físico e laboratorial poderá ser feito o diagnóstico e tipo de tratamento adequado, internado ou domiciliar.

José Alves

zavieira2@gmail.com

nunca esteve em situação irregular em relação à leptospirose, mas alerta a população, sobretudo quem reside nas áreas ribeirinhas, para evitar os meios de contágio, especialmente na época de chuvas. As pessoas que trabalham nas lavouras da cana-de-açúcar e do arroz, em limpeza de esgotos sanitários e os garis estão na categoria de alto risco de contração da leptospirose, assim como os moradores de áreas que não possuem esgotamento sanitário nem coleta de lixo periódica. A Secretaria de Estado da Saúde já está elaborando material educativo para ser distribuído com a população e os municípios contendo advertências e cuidados relativos à doença, tendo em vista a proximidade do período de chuvas. A leptospirose só começa a se manifestar 15 dias depois que a pessoa teve contato com a água ou lama contaminadas. Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe e da dengue: febre, dor de cabeça e dores pelo corpo. Os pacientes também costumam apresentar vômitos, diarreia e tosse. Por apresentar, no início, sintomas simples, a doença muitas

Prevenção à leptospirose A melhor forma de prevenir a doença é evitar a proliferação de ratos. Isso pode ser feito da seguinte maneira: Manter os alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores; Armazenar o lixo em sacos plásticos em locais elevados do solo, colocando-o para coleta pouco antes do lixeiro passar; Manter limpos e desmatados os terrenos baldios; Jamais jogar lixo à beira de córregos, pois além de atrair roedores, o lixo dificulta o escoamento das águas, agravando o problema das enchentes; Grama e mato devem ser mantidos roçados, para evitar que sirvam de abrigo para os ratos; Fechar buracos de telhas, paredes e rodapés para evitar ratos dentro de casa; Manter as caixas d’água, ralos e vasos sanitários fechados com tampas pesadas; Lembre-se: uma vez instalados num determinado local, os ratos começam a se reproduzir, multiplicandose rapidamente, o que dificulta o seu controle e aumenta o risco de transmissão de doenças. Cuidados com a preparação dos alimentos

vezes só consegue ser diagnosticada quando o paciente já está apresentando sua forma mais grave. O rato é considerado o principal transmissor da leptospirose, mas os cães também são transmissores, pois,

assim como os ratos, podem eliminar as leptospiras – bactéria causadora da doença – pela urina. Outras fontes de contaminação incluem também esgotos, solo úmido ou vegetação contaminada com urina.

Combate à dengue exige participação de todos Dicas Mantenha a caixa d’água sempre fechada com tampa adequada;

Encha de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta;

Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas;

Guarde garrafas sempre de cabeça para baixo;

Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje;

Entregue seus pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os sem água em local coberto e abrigados da chuva;

Lave semanalmente por dentro com escovas e sabão os tanques utilizados para armazenar água;

Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada;

Mantenha bem tampados tonéis e barris d’água;

Não deixa sacos plásticos e objetos que possam acumular água expostos ao tempo.

A ação mais simples para prevenção da dengue é evitar o nascimento do mosquito Aedes aegypti, já que não existem vacinas ou

medicamentos que combatam a contaminação. Para isso, é preciso eliminar os lugares que eles escolhem para a reprodução.

O plano de apoio ao enfrentamento dos surtos de Doenças Diarreicas no Semiárido paraibano foi lançado ontem pelo Governo do Estado em parceria com o Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde municipais, visando o tratamento ao agravamento dos casos. E, ainda, ao aumento de internações. Segundo afirmou a gerente executiva do Conselho de Secretarias de Saúde da Paraíba (Cosems-PB), Talita Tavares Alves de Almeida, os idosos com idade entre 65 e 70 anos são as maiores vítimas da doença na Paraíba. Só no ano passado, foram notificados mais de 18 mil casos no Semiárido paraibano, um aumento de 75% em relação aos casos ocorridos no ano de 2012. Apesar do aumento da doença em 2013, apenas um óbito foi registrado pela doença no município de Esperança. “Por mais que a seca aconteça por situações climáticas, temos que fazer campanhas para que as pessoas se conscientizem de que o simples ato de lavar as mãos e lavar os alimentos, são formas de combate a diarreia e isso devem mudar o quadro”, disse Talita, afirmando que todos os estados do Nordeste também sofreram com o aumento das notificações de Doenças Diarreicas Agudas (DDA), no ano passado. Ela explicou que o plano de combate consiste primeiramente em melhorar a qualidade da água que é fornecida aos municípios do Semiárido num trabalho conjunto entre Cagepa, Aesa, Secretarias da Saúde do Estado e Municípios, além da Funasa, Exército e Vigilância Sanitária, cada um dentro de sua esfera de trabalho, mas sempre monitorando a qualidade da água que é levada para os municípios em carros-pipa. O combate também deve ser feito com a capacitação de pessoas da área de saúde para que elas cuidem com mais precisão e atenção das pessoas contaminadas pela DDA. Talita informou que este ano ainda não existe um balanço sobre os casos da doença, mas afirmou que o Governo do Estado vem trabalhando muito em parceria com o Ministério Público para baixar os números dos surtos de doenças diarréicas agudas que ocorrem principalmente em razão da seca e da ausência de água adequada para o consumo humano. As regiões onde mais ocorrem os surtos de doenças diarreicas são as regiões de Campina Grande, Cariri, Sertão e Alto Sertão.


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