Shalom Mana 192

Ano 24 - nยบ 192 - Jul/09 R$ 7,50

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ESPECIA

E D I T O R I A L

Parabéns, Comunidade Católica Shalom

“Q

ue grande alegria, Senhor Deus do Céu, Senhor Deus do grande universo...” Sim, é com cânticos de júbilo que nós, Comunidade Shalom, celebramos esses 27 anos.

Júbilo por Deus, por sua ação em nós, por sua infinita bondade e misericórdia.

O Senhor, que realiza tanto em nós, vasos de argila, merece todo amor do mundo.

Como deixar de agradecer por seus prodígios em nosso meio e em toda a sua Igreja? Como não agradecer por alcançar o homem, glória de Deus, na América Latina, na África e na Ásia?

Como não agradecer pelo Troféu Louvemos ao Senhor, pela premiação da nossa querida irmã Suely Façanha, como melhor intérprete católica do Brasil e pelo CD Ressuscitou, fruto daquilo que Deus tanto realizou em nós e, através de nós, no meio do seu povo e em toda sua Igreja pelo dom da música que Deus nos concedeu?

Como não agradecer por tantos eventos inspirados por este magnífico Deus que deixa-se alcançar, mais e mais, pelo homem, obra de suas mãos?

O que podemos dizer, além de que somos gratos por cada Halleluya, por seu encanto através da música, da arte, da Praça da Misericórdia, do Halleluya Kids e daquela multidão de pessoas que, misteriosamente, vão sendo atraídas pela presença amorosa do Senhor?

Como não ficar estupefatos diante das inúmeras iniciativas de Deus para ir ao encontro do homem? E não só, mas como aconteceu com Tomé, tocá-lo e deixar-se tocar por Ele? Deus imensurável, Conselheiro da Justiça, Príncipe da Paz! E, por que não agradecer ao Senhor mais uma vez (e sempre que tivermos oportunidade) por nosso pai e Fundador, Moysés Azevedo, que com seu coração inflamado de amor por Deus, desposa cada vez mais a Igreja, sua esposa, em cada homem e mulher do mundo inteiro, fazendo-nos compreender um pouco mais, ainda que de forma velada e lenta, como os discípulos de Emaús, a beleza e a grandeza desse mistério do amor de Deus pela humanidade?

E também por nossa Co-Fundadora, Emmir Nogueira, que no seu sim de cada dia, no seu gastar-se e desgastar-se, vai ensinandonos a percorrer o caminho da porta estreita do Evangelho que nos leva à verdadeira Felicidade?

Também a você, querido leitor, obrigada por fazer parte da nossa história.

Boa leitura e parabéns!

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Shalom Maná | Julho/2009

E X P E D I E N T E Coordenação Geral RICARDO MOREL LOPES Cristiano Tuli Coordenação Editorial Andréa Luna valim eliana gomes lima Equipe de Redação Andréa Luna valim andréia gripp eliana gomes Lima José Ricardo F. Bezerra Revisão José Ricardo F. Bezerra Sandra Viana rejane nascimento Editor de Arte AUGUSTO F. OLIVEIRA Gerente Comercial ELIANA GOMES LIMA Assinaturas Lane Marques Jornalista Responsável Egídio Serpa

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SUMÁRIO

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Orando com a Palavra Onde estás?

Família 15 Só Educar para quê?

Para quem? Para onde?

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Assunto do Mês

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Reportagem

Shalom – 27 anos

Troféu Louvemos o Senhor

Palavra do Papa 04 AExegeta, filósofo, poeta,

27 Especial Halleluya

07 Especial “Benedetto!

da Igreja 31 AA voz essência da religião

pastor e homem de Deus

Benvenuto a Nazareth” Nós e o Santo Padre em Israel Fé e Razão

Decálogo: Encontro do 13 Oamor de Deus e do amor do homem Atualidade

avião da Air France caiu!

18 OOnde estava Deus?

O som da esperança

33 Espiritualidade Expansão missionária

no Mundo 35 Acontece “Começar por Jerusalém”

42 Poesia Mulher...

43 Divirta-se Nomes de Deus na Bíblia

Aprendendo a conversar com Deus Filme: Laços de Esperança

44 Entrelinhas Capax Dei

Cáritas ativa plano de emergência no Paquistão Santa Sé defende direitos das vítimas de guerras

20 testemunho Tecendo o fio de ouro

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A PALAvRA DO PAPA

Exegeta, filósofo, poeta, pastor e homem de Deus Creio que Rábano Mauro nos dirige hoje estas palavras: “no trabalho, com seus ritmos frenéticos, e nas férias, temos de reservar momentos para Deus. Abrir-lhe nossa vida, dirigindo-lhe um pensamento, uma reflexão, uma breve oração e, sobretudo, não podemos esquecer o domingo como o dia do Senhor, o dia da liturgia, para perceber na beleza de nossas igrejas, da música sacra e da Palavra de Deus, a própria beleza de Deus, deixando-o entrar em nosso ser. Só assim nossa vida se torna grande, faz-se vida de verdade.”

Bento XVI Intervenção durante a Audiência Geral no dia 3 de junho de 2009

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ueridos irmãos e irmãs, Hoje quero falar de uma pessoa do Ocidente verdadeiramente extraordinária: o monge Rábano Mauro. Junto a homens como Isidoro de Sevilha, Beda o Venerável, Ambrósio Autpert, dos quais já falei em catequeses precedentes, ele soube durante os séculos da Alta Idade Média manter contato com a grande cultura dos antigos sábios e dos padres cristãos. Recordado com frequência como praeceptor Germaniae (mestre

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Shalom Maná | Julho/2009

da Alemanha), Rábano Mauro teve uma fecundidade extraordinária. Com sua capacidade de trabalho totalmente excepcional, foi talvez, o que mais contribuiu a manter viva a cultura teológica, exegética e espiritual à qual recorrerão os séculos seguintes. A ele fazem referência grandes personagens pertencentes ao mundo dos monges, como Pedro Damião, Pedro, o Venerável e Bernardo de Claraval, assim como um número cada vez mais consistente de “clérigos” do clero secular, que nos séculos XII e XIII deram vida a um dos floresci-

mentos mais belos e fecundos do pensamento humano.

Nascido em Mainz, por volta do ano 780, Rábano entrou no mosteiro quando ainda era muito jovem: deram-lhe o nome de Mauro em referência precisamente ao jovem Mauro, que, conforme o segundo livro dos Diálogos de São Gregório Magno, havia sido entregue, quando ainda era uma criança, por seus próprios pais, nobres romanos, ao abade Bento de Núrsia. Esta introdução precoce de Rábano como puer oblatus no mundo monástico beneditino, e os frutos que tirou para seu crescimento humano, cultural e espiritual, abriram possibilidades interessantíssimas não só para a vida dos monges, mas também para toda a sociedade de seu tempo, normalmente chamada “carolíngia”. Falando deles, ou talvez de si mesmo, Rábano Mauro escreve: “Há alguns que tiveram a sorte de terem sido introduzidos no conhecimento das Escrituras desde a terna infância (‘a cunabulis suis’) e se alimentaram tão bem da comida que a santa Igreja lhes ofereceu que podem ser promovidos, com a educação adequada, às mais elevadas ordens sagradas” (PL 107, col 419BC).

A extraordinária cultura pela qual se distinguia Rábano Mauro chamou rapidamente a atenção dos grandes de seu tempo. Converteuse em conselheiro de príncipes.

Comprometeu-se para garantir a unidade do Império e, em um nível cultural mais amplo, nunca negou uma resposta ponderada a quem lhe perguntava, que se inspirava preferentemente na Bíblia e nos textos dos santos padres. Apesar de ter sido eleito primeiro abade do famoso mosteiro de Fulda e depois arcebispo da cidade natal,

Há alguns que tiveram a sorte de terem sido introduzidos no conhecimento das Escrituras desde a terna infância (‘a cunabulis suis’) e se alimentaram tão bem da comida que a santa Igreja lhes ofereceu que podem ser promovidos, com a educação adequada, às mais elevadas ordens sagradas.”

Mainz, não deixou seus estudos, demonstrando com o exemplo de sua vida que se pode estar ao mesmo tempo à disposição dos demais, sem privar-se por este motivo, de um adequado tempo de reflexão, estudo e meditação. Deste modo, Rábano Mauro se converteu em exegeta, filósofo, poeta, pastor e homem de Deus.

As dioceses de Fulda, Mainz, Limburgo, e Breslávia o veneram como santo ou beato. Suas obras preenchem seis volumes da “Patrística Latina” de Migne.

Provavelmente compôs um dos hinos mais belos e conhecidos da Igreja latina, o Veni Creator Spiritus, síntese extraordinária de pneumatologia cristã. O primeiro compromisso teológico de Rábano se expressou, de fato, em forma de poesia e teve como tema o mistério da santa Cruz em uma obra titulada De laudibus Sanctae Crucis, concebida para propor não apenas conteúdos conceituais, mas também estímulos maravilhosamente artísticos, utilizando tanto a forma poética como a forma pitórica dentro do mesmo código manuscrito. Propondo iconograficamente entre as linhas de seu

escrito a imagem de Cristo crucificado, escreve: “Esta é a imagem do Salvador que, com a posição de seus membros, faz que seja sagrada para nós a doce e queridíssima forma da Cruz, para que, crendo em seu nome e obedecendo a seus mandamentos, possamos obter a vida eterna graças à sua paixão.

Por isso, cada vez que elevamos o olhar à Cruz, recordamos Aquele que sofreu por nós para arrancarnos do poder das trevas, aceitando a morte para tornar-nos herdeiros da vida eterna” (Lib. 1, Fig. 1, PL 107 col 151 C).

Este método de harmonizar todas as artes, a inteligência, o coração e os sentidos, que procedia do Oriente, seria sumamente desenvolvido no Ocidente, alcançando cumes inalcançáveis nos códices da Bíblia e em outras obras de fé e de arte, que floresceram na Europa até a invenção da imprensa e, inclusive, depois. Em todo caso, demonstra que Rábano Mauro tinha uma consciência extraordinária da necessidade de envolver a fé na experiência, não só a mente e o coração, mas também os sentidos através desses outros aspectos do gosto estético e da sensibilidade humana que levam o homem a desfrutar da verdade com todo seu ser, “espírito, alma e corpo”. Isto é importante: a fé não é só pensamento, toca a todo o ser. Dado que Deus se fez homem em carne e osso e entrou no mundo sensível, nós temos de procurar encontrar Deus com todas as dimensões de nosso ser. Deste modo, a realidade de Deus, através da fé, penetra em nosso ser e o transforma. Por este motivo, Rábano Mauro concentrou sua atenção, sobretudo na Liturgia, como síntese de todas as dimensões de nossa percepção da realidade. Esta intuição de Rábano www.edicoesshalom.com.br

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Mauro o torna extraordinariamente atual. Deixou também os famosos “Carmina”, propostos para serem utilizados, sobretudo, nas celebrações litúrgicas. De fato, o interesse de Rábano pela liturgia se dava totalmente por subentendido, dado que antes de tudo era um monge.

Ele, contudo, não se dedicava à arte da poesia como fim em si mesmo, mas utilizava a arte e qualquer outro tipo de conhecimento para aprofundar na Palavra de Deus.

Por isso, procurou, com o máximo empenho e rigor, introduzir seus contemporâneos, mas, sobretudo os ministros (bispos, presbíteros e diáconos) na compreensão do significado profundamente teológico e espiritual de todos os elementos da celebração litúrgica.

Deste modo, procurou compreender e apresentar aos demais os significados teológicos escondidos nos ritos, recorrendo à bíblia e à tradição dos Padres. Não hesitava em citar, por honestidade e para dar maior peso às suas explicações, as fontes patrísticas às quais devia seu saber. E se servia delas com liberdade e discernimento atento, continuando o desenvolvimento do pensamento patrístico. Ao final da “Primeira Epístola” dirigida a um corepíscopo da diocese de Mainz, por exemplo, após ter respondido a pedidos de esclarecimento sobre o comportamento que se deve ter no exercício da responsabilidade pastoral, escreve: “Escrevemos tudo isto tal como o deduzimos das Sagradas Escrituras e dos cânones dos Padres. Agora, o senhor, santíssimo homem, tome suas decisões como melhor lhe pareça, caso por caso, tratando de moderar sua avaliação de tal maneira que se garanta em tudo a discrição, pois ela é a mãe da fé cristã, que tem seus inícios na Palavra de Deus; esta, contudo,

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sempre está viva, desenvolve-se e se expressa de novas maneiras, sempre em coerência com toda a construção, com todo o edifício da fé”.

Esta é a imagem do Salvador que, com a posição de seus membros, faz que seja sagrada para nós a doce e queridíssima forma da Cruz, para que, crendo em seu nome e obedecendo a seus mandamentos, possamos obter a vida eterna graças à sua paixão.”

Dado que a Palavra de Deus é parte integrante da celebração litúrgica, Rábano Mauro se dedicou a esta última com o máximo empenho durante toda a sua existência.

Redigiu explicações exegéticas apropriadas para quase todos os livros bíblicos do Antigo e do Novo Testamento, com um objetivo claramente pastoral, que justificava com palavras como estas: “Escrevi isto... sintetizando explicações e propostas de outros muitos para oferecer um serviço ao pobre leitor que não pode ter muitos livros à disposição, mas também para ajudar quem, em muitos temas, não consegue aprofundar na compreensão dos significados descobertos pelos padres” (Commentariorum in Matthaeum praefatio, PL 107, col.

727D). De fato, ao comentar os textos bíblicos, ele recorria muito aos padres antigos, com predileção especial por Jerônimo, Ambrósio, Agostinho e Gregório Magno.

Sua aguda sensibilidade pastoral o levou depois a enfrentar um dos problemas que mais interessava aos fiéis e aos ministros

sagrados de seu tempo: o da Penitência. Compilou “Penitenciários” – assim os chamava – nos quais, segundo a sensibilidade da época, enumeravam-se os pecados e as penas correspondentes, utilizando, na medida do possível, motivações tomadas da Bíblia, das decisões dos concílios e dos decretos dos papas.

Destes textos se serviram também os “carolíngios” em seu intento de reforma da Igreja e da sociedade. A este mesmo objetivo pastoral respondiam obras como De disciplina ecclesiastica e De institutione clericorum, nas quais, citando, sobretudo Agostinho, Rábano explicava para pessoas simples e ao clero de sua própria diocese os elementos fundamentais da fé cristã: eram uma espécie de pequenos catecismos.

Quero concluir a apresentação deste grande “homem da Igreja” citando algumas palavras suas nas quais se reflete sua convicção de fundo: “Quem descuida da contemplação, priva-se da visão da luz de Deus; quem se deixa levar pelas preocupações e permite que seus pensamentos fiquem turbados pelo tumulto das coisas do mundo, condena-se à absoluta impossibilidade de penetrar nos segredos do Deus invisível” (Lib. I, PL 112, col.

1263A). Creio que Rábano Mauro nos dirige hoje estas palavras: no trabalho, com seus ritmos frenéticos, e nas férias, temos de reservar momentos para Deus. Abrir-lhe nossa vida, dirigindo-lhe um pensamento, uma reflexão, uma breve oração e, sobretudo, não podemos esquecer o domingo como o dia do Senhor, o dia da liturgia, para perceber na beleza de nossas igrejas, da música sacra e da Palavra de Deus, a própria beleza de Deus, deixando-o entrar em nosso ser. Só assim nossa vida se torna grande, faz-se vida de verdade.”

ESPECIAL

“Benedetto!

Benvenuto a Nazareth”

Nós e o Santo Padre em Israel Era a comunidade cristã, a igreja de Jerusalém que se reunia pela primeira vez na história, desde a criação do Estado de Israel, para celebrar a Eucaristia ao ar livre neste local ímpar. Um pequeno rebanho. As palavras do Santo Padre na homilia falaram de esperança e da certeza de que carrega este povo que aqui vive e sofre pelas tensões políticas, em seu coração e em suas orações.

Elena Arreguy Missionária da Com. Católica Shalom em Haifa – Israel

O

s jornais deram notícias no mundo inteiro a respeito da peregrinação e da visita de Bento XVI à Terra Santa e, graças à tecnologia e a todos os sites católicos disponíveis, desde o popular www.zenit.org ao oficial www.vatican.va, é possível ter acesso a todos os discursos do Santo Padre, e quem quis, acompanhou pela internet, jornais ou TV seus passos dia a dia, da Jordânia a Israel.

O nosso relato, porém, não é jornalístico nem analítico, e tem tom familiar e filial, de quem aguardava ouvir a voz de Jesus na voz do sucessor de Pedro, de quem ansiava por receber sua bênção, chegar perto, ouvi-lo e declarar a alto e bom som: “nós o amamos Santidade! Nós que amávamos João

Paulo II reconhecemos no senhor a mesma presença e autoridade do Espírito Santo! Conte conosco como missionários, como almas esposas e consagradas, conte com nossa oração e obediência irrestritas...”.

Foi com o coração transbordando de pensamentos dessa natureza e de muito entusiasmo que nós sete (o Tennessee teve que permanecer em Isifya) seguimos para Jerusalém, dia 13 de maio, para

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acompanharmos de perto e ao vivo a missa com o Papa Bento XVI. Estávamos no Vale do Cedron, em frente ao Monte das Oliveiras onde se encontra o Santo Sepulcro. Do lado oposto do Monte se vê a muralha da Jerusalém Antiga com a Porta da Misericórdia, ou a Porta de Ouro que será aberta na segunda volta do Senhor. Ali, no meio do povo e não na área VIP, representávamos aqueles a quem amamos e servimos nesta terra onde somos missionários, e também toda a Comunidade, nossas famílias e amigos.

Os franciscanos, que têm a custódia do local, fizeram uma grande obra de aterramento e limpeza, resguardando as centenárias oliveiras, e montaram um palco gigantesco para a celebração da Eucaristia cujo tema era a Ressurreição do Senhor apresentada na pintura de Tomé tocando o lado de Jesus. Tudo extremamente significativo para nós, como vocação.

Vale a pena contar que na entrada passamos por 4 revistas: para entrar nos ônibus, depois para entrar no vale, a seguir uma terceira conferindo o código de barra de nossos convites para não haver falsificação e, por último, um detector de metal, igual ao dos aeroportos.

Foi longo e cansativo. Mas não houve surpresas, já que é conhecido o rigor de Israel com a segurança.

Foi por isso que nós saímos de casa às 9h30min para uma missa que começaria às 16h30min. Maratona!

Mas era contagiante a alegria por estarmos ali com nosso lanche e garrafas d’água levadas de casa – coisa de gente pobre, graças a Deus!

Era a comunidade cristã, a igreja de Jerusalém que se reunia pela primeira vez na história, desde a criação do Estado de Israel, para celebrar a Eucaristia ao ar livre neste local ímpar. Um pequeno rebanho. As palavras do Santo Padre na homilia falaram de esperança e da certeza de que carrega este povo que aqui vive e sofre pelas tensões políticas, em seu coração e em suas orações. Mas a boa surpresa e a festa também aconteceram antes da missa, assim que o Papa chegou ao local e nos encontrou a postos, “agarradinhos” nas grades que delimitavam o caminho por onde ele passaria de papamóvel.

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Estávamos lá, de pé, desde às 2 da tarde... e o esforço valeu a pena, pois Bento XVI nos viu por duas vezes e em Jerusalém! Cabeça alva, olhos muito azuis e olhar bondoso, sorriu para nós, shalomitas brasileiros e nos abençoou! Foi demais! Gritamos de um jeito, que me parece, só a gente sabe fazer, e conseguimos chamar sua atenção! Será que o Papa se lembrou da mesma gritaria em Roma no dia 22 de fevereiro de 2007? Qualquer semelhança não foi mera coincidência...

Dois dias depois, a missa em Nazaré também foi muito emocionante, foi histórica. Nunca houve em Israel um número tão grande de cristãos reunidos num evento público. Ficará na memória de todos a multidão de aproximadamente 40 mil pessoas em plena quinta-feira reunida desde a madrugada, vinda de todas as vilas e cidades, para celebrar a Eucaristia com o Santo Padre, o Papa (em árabe se diz Baba) Bento XVI! Dom Elias Chacour, arcebispo católico-melquita da Galileia, disse que os bispos, o Papa e ele mesmo, obviamente, já que a maioria das ovelhas presentes faz parte do rebanho confiado a ele, ficaram impressionados com o número de pessoas que ali estavam e consideraram essa missa como o ponto alto de toda a peregrinação do Santo Padre. Foi o testemunho mais eloquente para o país e para o mundo da presença cristã na Terra Santa!

Ali, no meio do povo e não na área VIP, representávamos aqueles a quem amamos e servimos nesta terra onde somos missionários, e também toda a Comunidade, nossas famílias e amigos.”

A Comunidade Shalom, missão de Nazaré, já estava presente na arena construída pelos franciscanos e pela Prefeitura, no Monte do Precipício quando nós, de Haifa e Isifya, chegamos às 4h30min para pegarmos um bom lugar e ficarmos todos juntos como irmãos. Dessa vez não faltou ninguém, nem o Tennesse. Estava frio, pois ainda era madrugada, mas depois o sol escaldante de verão, mesmo sendo ainda primavera, nos acompanhou durante a celebração que começou às 10h e durou mais de duas horas.

Nossas bandeiras brasileiras fizeram bonito na TV e deram testemunho de nossa identidade.

Dom Elias Chacour partilhou, depois que o Santo Padre partiu, que pôde conversar com ele, recebendo do Papa todo incentivo e encorajamento para continuar seu trabalho na Galileia, principalmente no que se refere aos jovens, aos dar-lhes oportunidade de boa e consistente educação. Esta bênção e incentivo também nos alcançam no trabalho que fazemos de evan-

gelização, mesmo que discreto, e de promoção humana, pois se estamos em comunhão e unidade com a Igreja, a unção que atinge as autoridades “escorre como óleo” e alcança quem abaixo está.

A importância de se investir na educação para os jovens árabescristãos de Israel é a permanência das novas gerações no país, que passam a competir e se firmar no mercado de trabalho em iguais condições, revertendo o quadro preocupante de imigração da população cristã. Dom Elias estava radiante com esse apoio paternal recebido do Papa já que o que ele diz e sua autoridade são a do próprio Senhor Jesus. Recebeu também uma simbólica oferta financeira do Vaticano para começar as obras da primeira Universidade Árabe-Cristã de Israel na Galileia que receberá o nome de Bento XVI e cuja pedra fundamental também foi abençoada no fim desta missa.

Em todos os lugares, desde a Jordânia, a multidão enlouqueceu querendo tocar, fotografar e ver de perto o Santo Padre. Vimos isso especialmente no fim da tarde, quando celebramos as Vésperas Solenes na Basílica da Anunciação em Nazaré. Foi especialíssimo este momento celebrativo de oração aos pés da Virgem. Bento XVI nos lembrou sábia e ungidamente que o mesmo Senhor que criara todas as coisas sem a aquiescência das criaturas, nem mesmo do homem

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ou da mulher, quis submeter-se ao Sim de uma Virgem para restaurar a comunhão de amor perdida... E nos lembrou que o Senhor, desde então, espera e conta com o sim de adesão de cada um de seus filhos e filhas, sim livre e dado por amor à sua vontade!

Estas Vésperas foram precedidas por um último momento inter-religioso onde novamente drusos, muçulmanos e judeus se manifestaram. O Papa teve mais uma vez a chance de dar sua palavra de esperança e de compromisso pessoal e de toda a Igreja Católica em favor do diálogo e da paz. O representante judeu pediu, no final, que todos passassem das palavras à ação, rezando um salmo pela paz. Bento XVI acolheu o pedido, levantou-se e com naturalidade todos os presentes deram-se as mãos e rezaram pedindo Shalom Adonai! Shalom Adonai!

Quantas vezes precisaremos, ainda, suplicar ao Senhor o milagre da paz? Ninguém sabe! Mas sabemos que essa é nossa vocação de batizados e de consagrados! E é tempo de fazê-lo comprometidamente com a vida e com as palavras, com a oração, sempre, mais ainda quando vemos a corrida

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nuclear rondando o mundo através de governos fechados ao diálogo e marcados por ideologias, como é o caso do Irã e da Coreia do Norte.

Penso que Bento XVI cumpriu aquilo que Deus o chamou a ser: pontífice, o sumo pontífice, quem faz novas pontes e reafirma as existentes. E seu exemplo humilde, pacífico, sereno e educado, numa palavra, sua santidade (sem querer fazer trocadilho!) tocou a todos.

Deu-nos o exemplo de como fazer o diálogo, pela atitude de acolhimento sincero, e de como fazer, nas palavras e orientações brilhantes, sábias, que merecem ser absorvidas e lidas.

Como se diz na Comunidade: que se faça uma leitura orante do que Bento XVI falou na Terra Santa.

Ele calou a boca das autoridades judias, fazendo cair por terra todos os argumentos contra os palestinos, e aprofundou as bases para um verdadeiro diálogo tendo como base a Verdade, a boa vontade, o perdão das dores passadas. Por outro lado, condenou abertamente todas as ações terroristas e convocou os jovens a assumirem seu papel positivo e ativo de construção de uma nação onde haja mais tolerância e paz, calando dessa vez a boca dos radi-

cais palestinos. Espero que muitos tenham ouvidos para ouvir e coração para acolher – começando por nós mesmos – o que o Santo Padre disse, pois ele falou como quem tem autoridade e sua mansidão muito semelhante a do Cordeiro, atraiu, reconfortou, iluminou. Ele convocou a comunidade internacional a participar deste processo de diálogo para que haja paz duradoura e dignidade para todos no Oriente Médio, começando pela questão Israel-Palestina.

Em cada um de nós ficou o compromisso de viver o chamado à paz, a ser discípulo da paz como Carisma Shalom, rezando sempre mais pelo Santo Padre, apoiando-o integralmente como sucessor de Pedro.

Também fica a esperança de que as graças derramadas de abertura e de desejo profundo de um novo tempo entre árabes e judeus, se concretize em encontros e ações conjuntas sucessivas que contribuam para colocar fim à injustiça e às mortes de inocentes.

Que grande graça estar presente de corpo e de coração nesta peregrinação do Santo Padre... Bendito seja Deus! Bendito seja Adonai, El Messih, o Príncipe da Paz! Shalom! Shalom!

ORAnDO COM A PALAvRA

?

Onde estás

“Ouvi teus passos no jardim, tive medo porque estou nu e me escondi”. Abstraindo-se daquela situação específica, Deus que está sempre em busca do homem, continua a nos perguntar: Onde estás? qual a tua resposta?

José Ricardo Ferreira Bezerra Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

C

omo sempre fazemos, vamos iniciar rezando: “Ó vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, acendei neles o fogo do vosso amor.

Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado e renovareis a face da terra”. Oremos: “Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos

sempre de sua consolação. Por Cristo Senhor nosso.

Amém”.

Os leitores antigos desta seção sabem que o seu objetivo é levar-nos a ler e meditar com a Palavra de Deus através do antigo e comprovado método da Lectio Divina que consiste em quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação. Caso você tenha dúvida consulte os outros números ou escreva-nos (josericardo@comshalom.org). www.edicoesshalom.com.br

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O que estás fazendo de tua vida? Onde está o meu filho que eu criei para mim? Por que tu estás distante? Vem para perto, pois te amo e te quero dar o que tu precisas, a vida! Onde estás, filho querido?”

Tomemos neste mês, mais uma vez, um trecho do Antigo Testamento. Leia com atenção, pelos menos três vezes, a passagem do pecado de Adão e Eva, narrada em Gn 3,1-13 e façamos uma lectio conforme a sequência indicada na introdução deste livro.

A história é bem conhecida não é verdade? E o ensinamento mais importante dela é mostrar que nossos primeiros pais desobedecerem a Deus comendo o fruto da árvore proibida. Certamente o Senhor lhe tocou através de alguns versículos com os quais você deve ter meditado e orado. Como partilha pessoal, chamou-me a atenção a pergunta de Deus para Adão. Vejamos: Após a queda, eles tomam consciência de que estão nus e entrelaçam folhas de figueira e se cobrem. Quando Adão ouve Deus que se aproxima, tenta se esconder da sua presença e o Senhor pergunta: “Onde estás?” (Gn 3,9). Você meditou com esta indagação do Senhor? O que esta pergunta lhe questiona hoje? A resposta de Adão foi: “Ouvi teus passos no jardim,

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tive medo porque estou nu e me escondi”. Abstraindo-se daquela situação específica, Deus que está sempre em busca do homem, continua a nos perguntar: Onde estás?

Qual a tua resposta? No sentido literal você poderia dizer: “Ora, Senhor, eu estou no meu quarto...”

Ou: “Eu estou nesta igreja/capela, fazendo o meu estudo bíblico...”

Mas a pergunta de Deus vai além. No sentido espiritual, podemos entendê-la como um questionamento do Senhor a respeito de nossa vida. O que estás fazendo de tua vida? Onde está o meu filho que eu criei para mim? Por que tu estás distante? Vem para perto, pois te amo e te quero dar o que tu precisas, a vida! Onde estás, filho querido?

Inicie respondendo, em oração a Deus, com as suas próprias palavras ou com a seguinte sugestão: “Senhor, tu me conheces mais do que eu mesmo... Tu me vês por inteiro, tu conheces meus pensamentos, palavras, projetos, tudo o que faço, tudo o que fiz... Obrigado pelo teu amor, por me teres criado para ti e colocares no meu coração este desejo de infinito que somente tu podes saciar... Obrigado pelo meu Batismo que me tornou verdadeiro filho teu... Perdão, Senhor, pelas vezes que desprezei a tua graça, pelas vezes que te rejeitei e me afastei de ti.... Obrigado pelo sacramento da Reconciliação que me dá nova chance de retornar à vida que pre-

parastes para mim... Obrigado por estares sempre comigo, embora eu nem sempre esteja contigo... Dáme, hoje, a força e a coragem de realizar na minha vida os teus desígnios de amor para mim... Quero me comprometer hoje diante de ti em colaborar com a tua graça...” Vá continuando conforme o Espírito Santo o mover.

Após sua oração, peça ao Senhor a graça de contemplar com os olhos dele toda a criação como está escrito no final do primeiro capítulo do livro do Gênesis. “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn 1,31a).

Tudo era muito bom! Caso sinta dificuldades em contemplar a criação, olhe para o seu polegar, sua impressão digital e maravilhe-se com ela. Não há nenhuma outra igual à sua. Você é único!

Este foi apenas um versículo do trecho proposto. E você deve ter notado que o chamado “protoevangelho”, a promessa do Salvador em Gn 3,15 não está incluída na passagem.

Caso não tenha feito suas meditações e orações no seu caderno, tome-o agora e anote as principais graças e rhemas desta lectio, principalmente os seus compromissos que você assumiu com Deus neste dia. Ó Maria, Causa de nossa alegria, rogai por nós que recorremos a vós.

Shalom!

Fé E RAzÃO

O Decálogo: Encontro do amor de Deus e do amor do homem

O Decálogo é para o homem fonte de liberdade e de amizade com Deus, pois através dele o Senhor revela ao homem sua santíssima vontade que é sempre benevolente, e que é também expressão da sua presença amorosa e verdadeira na vida do povo ao qual Ele oferece a Aliança.

Sílvio Scopel Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

A

palavra Decálogo é uma palavra grega usada pela Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) que significa literalmente Dez Palavras. Na Tradição hebraico-cristã é o termo técnico utilizado para expressar o todo dos Dez Mandamentos da Lei de Deus, confiados a Moisés no monte Sinai segundo a narrativa do livro do Êxodo (Ex 20,1-17) ou no monte Horeb segundo Dt 4,9.5,1-21.

Nas duas narrativas o Decálogo está ligado ao êxodo, não enquanto livro do Êxodo, mas ao êxodo enquanto evento de libertação do povo de Deus das mãos dos egípcios. Ao mesmo tempo, o Decálogo faz parte da proposta da Aliança entre Deus e o povo eleito. Nesta perspectiva compreendemos que as Dez Palavras indicam as condições de uma vida liberta da escravidão do pecado, aberta à vontade de Deus e ao amor ao irmão; pois o Decálogo se apresenta em duas tábuas, que na tradição cristã são interpretadas à luz do Novo Man-

damento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração... Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39). Os três primeiros Mandamentos são relacionados à primeira tábua da Lei e dizem respeito à prioridade que o amor a Deus deve ter em nossas vidas.

Os outros sete Mandamentos são relacionados à segunda tábua e consideram as relações dos homens entre si. A partir daqui, compreendemos que além de indicar a primazia de Deus em relação a todas as coisas o Decálogo tem como intenção salvaguardar a

grandeza, a dignidade e a honra do homem. Pois os três primeiros Mandamentos vinculam o homem a Deus, princípio e fim de sua existência. E os outros sete orientam o homem para o amor ao próximo.

Amor este que o realizará no dom perfeito de si mesmo.

O Decálogo é para o homem fonte de liberdade e de amizade com Deus, pois através dele o Senhor revela ao homem sua santíssima vontade que é sempre benevolente, e que é também expressão da sua presença amorosa e verdadeira na vida do povo ao qual Ele oferece a www.edicoesshalom.com.br

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Guardar os Mandamentos é fonte de vida, de vida em abundância, de vida eterna e de plenitude de vida. O seguimento de Jesus não exclui, mas ao contrário, implica também na observância dos Mandamentos.”

Aliança. Ou seja, Deus, no Decálogo se deixa conhecer, demonstra o quanto ama o homem e o quanto se preocupa com as relações dos homens entre si. Sendo assim, no Decálogo, Deus e o homem se encontram, o amor entre Deus e o homem se realizam, o amor de Deus que se revela e o amor do homem que é resposta concreta ao amor de Deus através da obediência à sua vontade manifesta.

No Novo Testamento o Decálogo não é abolido, mas pelo contrário, o Mestre o leva à perfeição. Certa vez, um jovem veio a Jesus e perguntou-lhe: “mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” Ao que Jesus respondeu: “se queres entrar na vida eterna, guarda os mandamentos” (Mt 19,16s).

Neste momento, sem tomar como objeto do nosso estudo a continuação desse diálogo, percebemos que Jesus indica a vivência dos Mandamentos como caminho para a eternidade. Guardar os Mandamentos é fonte de vida, de vida em abundância, de vida eterna e de plenitude de vida. O seguimento de Jesus não exclui, mas ao contrário, implica também na observância dos Mandamentos. É interessante notarmos que na sequência do diálogo de Jesus com o jovem rico

encontraremos um caminho de pobreza aconselhado pelo Senhor. E se notarmos que no mesmo capítulo, o evangelista vai tratar do Matrimônio e da Castidade, percebemos assim, que Mandamentos e Conselhos Evangélicos caminham juntos fazendo parte ambos do seguimento de Jesus.

No Sermão da Montanha, que Mateus apresenta como a segunda Lei, ou como a Lei levada à perfeição, Jesus não somente retoma, mas também aprofunda os Mandamentos: “Ouvistes o que foi dito: não matarás... Eu porém vos digo: aquele que chamar o seu irmão idiota estará sujeito ao julgamento do Sinédrio” (Mt 5,21-22). Em Cristo, o Decálogo passa a ter valor de Lei interior que orienta não somente as nossas ações exteriores, mas os movimentos do nosso coração. Sendo assim, em Jesus, o Decálogo não pode mais ser relacionado às práticas moralistas, mas como caminho de conversão, pois o Senhor não quer somente as nossas ações, mas o nosso coração. Deus, que revela o seu amor também no Decálogo, quer o coração do homem, o centro das decisões e a sede dos sentimentos humanos.

O Decálogo, enquanto resposta amorosa dos filhos de Deus à vontade do Pai, hoje, se torna mais atual do que nunca.

Basta olharmos para o mundo que está ao nosso redor, para cultura de morte que vai se instalando e compreenderemos que em Cristo o Decálogo responde às mais graves exigências de paz do mundo hodierno. E mais do que nunca, as Dez Palavras são fonte de vida (Dt 30,16).

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Shalom Maná | Julho/2009

“Sê firme e corajoso. O Senhor está contigo em qualquer parte onde fores.” Jos 1,9

SÓ FAMíLIA

Educar

para quê? Para quem? Para onde?

Pensando em educação de filhos, relembrei uma narrativa histórica escrita em um diário de uma senhora católica, mãe de dez filhos, que sentiu necessidade de derramar seu coração nos seus escritos. Este relato a respeito de um de seus filhos que faleceu de tétano, aos oito anos de idade, impressionou-me profundamente, pelos tesouros cristãos valiosos que contém.

Refletiremos sobre este tema em dois artigos, a fim de extrair da referida narrativa aquilo que de precioso possui, e que se aplica ao nosso tempo, para a edificação de famílias profundamente cristãs, a fim de que sejam celeiros de pessoas felizes e santas. www.edicoesshalom.com.br

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F

iz questão de transcrever na íntegra alguns trechos que seguem abaixo. Acompanhando cada trecho, sinalizamos a percepção de alguns valores importantes para a família cristã em nossos dias, a fim de ajudar-nos a rever o percurso que temos feito

como família, neste tempo de pósmodernidade.

Parecem escritos de um século distante, mais precisamente, 1933...

No entanto, não está tão longe de nós! Neste tempo, as famílias católicas respiravam mais fortemente um clima de fé e de valores que exalavam perfume de céu! Meu Deus!

“Lúcio Flávio: Recordando o curto espaço de tempo em que viveu o meu filho, neste pobre exílio. Na cruz encontro o segredo das grandes consolações e das verdadeiras seguranças. Louvado seja Jesus Cristo!

Nasceu Lúcio Flávio aos dezoito de abril de 1925, no Engenho Passo da Pátria, no município de Palmares, Pernambuco. Foi o meu quarto filho. O seu nascimento foi muito rápido e feliz.”

Favorecer um ambiente espiritual em casa, expressa a importância que damos a essa área da nossa vida. “...O bercinho que fora preparado, antes do nascimento, tendo as cores do Sagrado Coração, poucos instantes repousava nele. Quase que foi um objeto inútil.”

A atenção e o respeito pelas pessoas é um dos tesouros a ser resgatado neste tempo de individualismo e indiferença nos relacionamentos.

“Muito novinho mostrou-se muito carinhoso. Tinha quase mania de beijar-nos. E como nem sempre prestávamos atenção, beijava as nossas roupas. Foi necessário repreendê-lo para que deixasse isso. Junto ao papai, com a idade de três anos, ficava por muito tempo a catar a cabeça para fazê-lo dormir. Se o via repousando, procurava que ninguém se aproximasse para não perturbar o seu sono e o fazia por meio de gestos, pois tinha ainda dificuldade de falar, apesar de ter compreensão tão clara.”

Testemunhar aos filhos, com a própria vida, o temor a Deus, leva à consciência de nossa condição de criaturas que devem ao Criador amor, gratidão e reverência, afastando-nos da soberba e da independência de Deus.

“Aos seis anos fez a primeira comunhão. E foi com grande fé que recebeu o pequeno Jesus. Na confissão foi muito escrupuloso. Já depois de ter recebido Nosso Senhor, chegou-se a mim chorando para dizer que tinha esquecido um pecado. O sacerdote que o confessou, Revmo. Frei Inácio, capuchinho, vendo-o assim inquieto, o tranquilizou, ouvindo-o novamente. Disse-me depois: ‘O seu filhinho é um anjo’. Nesse mesmo dia, recebeu o Santo Crisma. Isso aconteceu por ocasião de umas missões pregadas em nosso engenho. Então, ele me disse: ‘Mamãe, você me disse que eu ouviria Jesus falar em meu coração, cansei de escutar e não

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Shalom Maná | Julho/2009

Uma vez, tendo adoecido, me chamou: ‘Minha mãe, eu ontem menti, mas já pedi perdão a Nossa Senhora.’ Tranqüilizei-o dizendo: Certamente ela já lhe perdoou.’

Laura Martins Missionária da Com. Católica Shalom em Fortalez/CE

o ouvi.’ Parece que Nosso Senhor não o queria vaidoso.”

Não tinha muito gosto pela oração. Posso mesmo dizer que ele tinha preguiça de rezar. Mas aos sete anos, ele me disse: ‘Mamãe, eu não tenho mais preguiça de rezar.’ No dia do Batismo, recebeu o escapulário do Carmo. A sua roupa do batizado foi branca e nesse dia eu tive a impressão que ele ia fugir para o céu. Foi também consagrado à Santíssima Virgem tendo sido a sua madrinha, minha irmã Stela, que foi para o Carmelo e hoje é religiosa carmelita.”

Incentivar a verdade e a simplicidade no convívio familiar

“A sua consciência era muito delicada. Por duas vezes, tendo visto pessoas pouco decentes não descansou enquanto não me disse.

E ele disse à própria pessoa que ela não estava ‘decente’.

Uma vez, tendo adoecido, me chamou: ‘Minha mãe, eu ontem menti, mas já pedi perdão a Nossa Senhora.’ Tranquilizei-o dizendo: ‘Certamente ela já lhe perdoou’.

Aos seis anos, ele já montava muito bem a cavalo e gostava muito desse esporte. Começou a estudar também nesta idade. Não fez muito progresso porque a sua mestra – a própria mãe – não se esforçava. Às vezes, na aula, me tornava muito severa, pois eu queria que o esforço fosse só dele.

Ele disse: ‘mamãe, você não me ensina. Deixa essa conversa e cuida de mim’. Eu achava que ele tinha razão, mas não me corrigia.

Um dia, quando eu ia preparar o seu exercício de caligrafia, ele disse: ‘Deixe que eu escrevo a frase’. E escreveu: ‘Maria, você é o meu consolo’.

Outras vezes, ele formava outras frases. Um dia ele escreveu: ‘Eu amo a minha mãe.’

E esta mamãe era tão pouco admiradora deste filho extremoso e ousou lhe dizer: Oh Lúcio, que preguiça é esta? Isso é escrita?”

Ele ficou tristezinho e respondeu: “Minha mamãe, eu ia fazer outra frase. É porque eu queria lhe dizer isto. Eu lhe quero tanto bem, minha mãe!

Nunca lhe fiz um carinho espontâneo depois de crescido. Sou pouco afetuosa com todos eles.

De outra vez, ele me pediu para escrever ao irmão que estava no seminário: ‘Iel (abrev. de Manoel), estive muito triste porque mamãe me bota para estudar. Mas ela é muito braba. Aceite o abraço de seu irmão, Lúcio’. Eu apreciava muito esta simplicidade e tratei logo de enviar a carta. Era a pura verdade.

Uma vez, tendo encontrado uma pedrinha parecendo mármore róseo, ele veio me trazer dizendo: ‘Tome mamãe, como uma lembrança minha’. Como eu não tivesse guardado logo, ele disse: ‘Mamãe, você não guardou. Guarde, mamãe.

Esse é o meu presente.’

Um dia ele disse: ‘Eu não quero viver sem a minha mamãe. Quero o quê?!... Eu não ia aguentar’.

Mas os cinco primeiros anos, para imitar talvez os irmãozinhos que diziam quererem ser padre, ele também dizia que seria, mas, tendo papai mostrado desejo que ele viesse a ser militar, ficou com esta aspiração. E muitas vezes ele dizia: ‘Vou ser general’ . E para que a mamãe se consolasse com o seu futuro militar, ele dizia: ‘Mamãe, a primeira vez que eu vier como militar, nesta casa, lhe levarei a Roma. Você e papai irão morar comigo.’ Ele dizia isto porque uma vez havia me perguntado seu eu desejaria ir a Roma e porque eu não ia. Respondi-lhe que era por não ter recursos.”

Favorecer ambiente familiar onde se pratique as virtudes cristãs

“Ele era modesto em extremo.

A última vez que recebeu Nosso Senhor, mandei que o fizesse descalço para não humilhar algumas crianças do engenho que neste dia faziam a primeira comunhão sem sapatos. Ele obedeceu prontamente com todo prazer, o que não se deu com o irmãozinho Marcus, que por ser meio altivo, não gostou, pois estava fazendo também a primeira comunhão descalço.

Era incapaz de faltar a caridade com os companheirozinhos pobres, filhos dos operários do engenho. Ensinava-lhes o catecismo e muitas vezes aconselhava-os a se perdoarem. Gostava de dar seus brinquedos e roupas a estes pequenos.

Dois dias antes de morrer, ele me pediu: ‘Dê ao Carlinhos o meu chapéu de palha’. E veio muito satisfeito mostrar-me o menino assim, pronto com a roupinha.”

O ambiente familiar deve ser uma escola para a vida, onde, por amor, deve-se oportunizar a todos a vivência concreta da caridade para com os necessitados, os pobres, os doentes, os que sofrem...

A experiência da alegria interior que brota no coração daquele que se doa é um campo fecundo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, pautada nos valores fundamentais da vida humana – os valores cristãos. Crianças, jovens e adolescentes que têm essa oportunidade, tornam-se felizes e serão adultos mais humanos e mais comprometidos com os seus semelhantes.

Na próxima edição traremos mais trechos desse precioso relato histórico para nossa edificação como famílias cristãs. www.edicoesshalom.com.br

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AtuALIDADE

O avião da Air France caiu!

Onde estava Deus?

Poderíamos ainda perguntar: “mas Deus não é amor, por que então permite o mal?” Ou: “a existência do mal não coloca em cheque a doutrina da onipotência divina?” “Deus é verdadeiramente o Todo-Poderoso?” Ou ainda: “Deus existe?”

Sílvio Scopel Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

P

ara essas perguntas dolorosas, dramáticas e inevitáveis num momento como este, que estamos vivendo, não temos uma resposta rápida, nem do tipo 2 + 2 = 4. Ao mesmo tempo, não devemos temer essas perguntas; precisamos deixar que essas interrogações venham à tona, pois uma tragédia como essa tem algo a nos falar. E, com humildade, precisamos procurar o sentido para tal acontecimento.

Quando perguntamos o “porquê” do sofrimento, na verdade, já estamos afirmando que este tem um sentido. Mesmo que este sentido ainda nos desconhecido, o espírito humano consegue intuir o seu significado e se mover rumo à sua procura. A nossa pergunta expressa o reconhecimento de que o sofrimento tem um conteúdo a ser descoberto e uma lição a ser aprendida. E o desejo de aprender com o mistério da dor. Viktor Frankl diz que o sofrimento faz com que o homem se torne lúcido diante do cotidiano que tende à dispersão. E ainda, a dor nos convida a

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Shalom Maná | Julho/2009

tomarmos posse de nós mesmos, da nossa situação e do verdadeiro significado das nossas vidas.

Como cristãos, é no patrimônio da nossa Fé, na gigantesca herança que recebemos desde os nossos primeiros pais, no todo e em cada parte do tesouro da nossa Fé que encontramos a resposta para o sofrimento e para um acontecimento como a queda do avião da Air France. Para compreendermos uma realidade pontual na história precisamos analisar o todo, o modo como Deus sempre agiu com o homem.

Precisamos olhar para a bondade da criação, para o drama do pecado, para o amor paciente de Deus que se antecipa ao homem pelas suas Alianças, pela Encarnação redentora de seu Filho, pelo dom do Espírito Santo e pela Instituição da Igreja que atualiza a obra redentora de Cristo pondo-a à disposição de todos os homens em todos os tempos.

O Catecismo da Igreja Católica diz que Deus, por livre amor e vontade, quis criar o mundo em estado de caminhada. Então, seja o mundo, sejamos nós como presença no mundo, estamos a caminho do absoluto. E aí, ao perguntarmos qual o sentido do sofrimento, podemos também, nos interrogar: “o que acontece com a vida que está a caminho?” Para isso sim, parece que temos uma resposta rápida.

Durante uma caminhada que tem a duração da vida do mundo, por muitas vezes teremos o ar puro das montanhas para respirar, ou a beleza do mar para contemplar.

Mas também, enfrentaremos cansaço, dores muscula-

“Pelo sacrifício da vida de Cristo, Deus realizou a maior de suas obras em favor dos homens. Será que Deus, que é amor e verdade sem fim, não

quer realizar algo em nossas vidas a partir do sacrifício daqueles inocentes mortos neste acidente?”

res, torções no tornozelo e outras coisas desafiantes. Ao final da caminhada tudo terá valido a pena, pois tudo terá favorecido o nosso crescimento.

Eis então, a resposta cristã ao problema do sofrimento: Deus Todo-Poderoso não permitiria que de modo algum acontecesse qualquer coisa de mal, se dela não pudesse tirar um bem ainda maior.

Ao analisarmos a pedagogia de Deus para com o homem durante toda a história da salvação, podemos concluir que a afirmação acima é verdadeira. Que esta não é somente uma teoria, mas é um dado, de fato.

Deus é tão poderoso que, além de criar do nada todas as coisas boas, Ele também é capaz de extrair do mal um bem ainda maior.

Voltemos ao assunto que nos aflige nestes dias, ou seja, o desaparecimento do avião da Air France.

Realmente nos deparamos com um acontecimento que nos tira o chão, que nos deixa perplexos e que nos leva a perguntarmos: “por quê?” Dirigimos esta pergunta a nós mesmos, aos outros... a Deus.

Enfim, estamos diante da nossa fragilidade, diante das nossas limitações, pois por mais que a inteligência humana realize prodígios, muitas vezes, o trabalho das mãos do homem se volta contra o próprio homem. Estamos diante de algo que nos leva a perguntar: “por que uma morte assim?” Impõenos outra pergunta: “qual é o sentido da vida aqui?”

Pelo sacrifício da vida de Cristo, Deus realizou a maior de suas obras em favor dos homens. Será que Deus, que é amor e verdade sem fim, não quer realizar algo em nossas vidas a partir do sacrifício

daqueles inocentes mortos neste acidente?

Certa vez, o autor de um filme colocou sobre os lábios de um personagem a afirmação: “O sofrimento é o grito de Deus para acordar o mundo surdo”.

Com a nossa Fé nós professamos que Deus não é, nem direta, nem indiretamente a causa do mal, mas que o permite para dele tirar um bem maior. Então, ao perguntarmos: “onde estava Deus quando isso aconteceu?” Encontramos como resposta que, como aconteceu com Jesus Cristo, Deus estava presente na pessoa daquele que sofre em favor dos homens.

Aquelas vidas mergulhadas no oceano não ficaram sem sentido pela morte que tiveram, muito menos desapareceram na história, muito pelo contrário, ganharam ainda mais sentido com o sentido que podem dar à nossa existência.

Estão ainda mais vivas pela vida que podem gerar em nossos corações. Eis um pouquinho do porquê de um tal acontecimento. Na ótica de Cristo, pode ser visto como morte que gera a vida. www.edicoesshalom.com.br

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tEStEMunHO

Tecendo o

fio de ouro

é com grande alegria que partilho com você a experiência que tive com o Caminho Ordo Amoris que me devolveu verdadeiramente o sentido da minha vida, de pertença a Deus e à Comunidade.

Tânia Maria dos Santos Missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

R

ezando com o Tecendo Fio de Ouro, Deus foi me reconciliando com o meu passado, fazendo-me tomar a minha vida em minhas mãos e me sentir responsável por ela.

O caminho de cura e autoconhecimento foi me fazendo concretamente mergulhar na experiência de oração e de confiança, em total abandono nas mãos de Deus. Permitindo que a sua mão alcançasse as áreas mais sombrias e dolorosas da minha história.

Deus foi me fazendo reconciliar com os meus pais que faleceram.

Minha mãe faleceu no meu parto,

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Shalom Maná | Julho/2009

pois ela não podia engravidar. Meu pai tinha problemas cardíacos e faleceu quando eu tinha apenas um ano de idade. Fazer memória da minha gestação e nascimento não foi tão fácil, pois eu nunca soube quem eram meus pais e nem como eles haviam falecido. Não os conhecia, mas naquele momento em que rezava com esta fase da minha vida fui percebendo o quanto fui amada e desejada por Deus e, de um modo especial. pelos meus pais.

Fui adotada, ainda aos dois meses de vida, pelos meus padrinhos de Batismo que eram amigos dos meus pais, aos quais sou imensamente grata.

Quando falo que Deus me reconciliou com os meus pais é porque eu pensava que, eles haviam me abandonado. Digo isto, porque aos sete anos de idade meus pais adotivos me contaram que eu era adotada e que meus pais eram falecidos, mas não percebia que, dentro de mim, depois daquele dia havia uma profunda dor por não tê-los conhecido e ao mesmo

tempo não compreendia por que minha família biológica não tinha me adotado. Por que meus pais me entregaram aos seus amigos ao invés de ser entregue aos meus verdadeiros parentes?Em tudo tem a mão e o desígnio de Deus a conduzir a minha história.

E por falar em desígnios de Deus, logo depois do Tecendo Fio de Ouro, fui de férias e conversei com meus pais adotivos sobre o que Deus havia realizado em mim.

Eles ficaram surpresos e me falaram que eu tinha um irmão. Imediatamente quis conhecê-lo e saber mais sobre nossa família. A providência de Deus se manifestou poderosamente, ao ponto de um amigo me convidar para as bodas de ouro de seus avós, que seriam celebradas na mesma cidade do meu irmão Quando cheguei naquela cidade, percebi que Deus me fez contemplar sua ação ao reconstruir minha história. Hoje meu irmão e eu nos comunicamos e somos amigos.

Participando do Cura para o Amor, Deus continuou a realizar uma obra de cura e salvação, quando fui totalmente revestida de profunda gratidão pelo Carisma e pela Vocação que o Senhor havia me dado, pois foi através deles que o Senhor manifestou sua intervenção na minha vida.

A reconciliação que Deus me fez experimentar levou-me a uma profunda liberdade interior e a um desejo de santidade. Isso eu experimento na vida comunitária, nos relacionamentos. Tudo isso me leva a querer ofertar mais e melhor a minha vida em favor dos homens e da humanidade que sofre.

Eu tenho descoberto o segredo da vida e da felicidade, que é o próprio Deus!

Caminho Ordo Amoris

C

omo sinal de sua misericórdia, Deus nos tem dado grandes graças de formação, entre elas a formação humana, da qual faz parte o autoconhecimento e a cura interior. Temos trabalhado com o Tecendo o Fio de Ouro, quer como projeto, quer como retiro, curso e roteiro individual, há mais de cinco anos, no Brasil, na França e na Itália. Há um ano, o TFO, como o chamamos familiarmente, foi incorporado ao que chamamos de Caminho Ordo Amoris, uma sequência de três retiros/ cursos para o autoconhecimento e cura interior, destinada a ajudar-nos a tudo ordenar para o amor, isto é, a sermos santos. Abaixo, a sequência do Caminho: Cura para o Amor – retiro/ curso feito em unidade com uma

metodologia canadense trazida para o Brasil pelo casal Parrinay que ministra o retiro em Sanary, na diocese de Toulon, na França, onde toma o nome de “Séssions Agape”. Conforme comprova nossa experiência, o ideal é que se inicie o Caminho Ordo Amoris por este retiro ou curso, que em breve, estará acessível em livro e DVDs pelas Edições Shalom.

Tecendo o Fio de Ouro – o ideal é que seja feito como o segundo passo no Caminho Ordo Amoris, mas pode também ser feito como primeiro momento. Além do livro, está agora disponível em DVD, pelas Edições Shalom.

Liberdade Interior – retiro/curso que nos leva ao batismo na fé, na esperança e na caridade como meio de alcançar a liberdade interior, da

O livro

Tecendo o Fio de Ouro

É

um roteiro para a descoberta do amor que Deus tem por você. É fruto da experiência de mais de 24 anos da Comunidade Shalom com relação à história da salvação pessoal, escrita por cada um de nós seguindo três roteiros anteriores ao atual, desde os primeiros tempos de comunidade.

Ele propõe-se a ajudá-lo a conhecer-se melhor, louvar a Deus por seus imensos benefícios em sua vida (fazendo a memória de fé), deixar-se curar pela Trindade que habita em você (fazendo a

qual já nos falava o autor da Imitação de Cristo. O ideal é que seja o terceiro passo do Caminho Ordo Amoris. A metodologia para este retiro, assim como para os outros do Caminho está disponível pelo e-mail cursos@comshalom.org.

Para saber mais: www.edicoesshalom.com.br ou ligue: (085) 3308.7575 | 3308.7403 | 3308.7417 memória de amor) e projetar-se para o futuro em uma vida mais santa, com maior radicalidade evangélica, na qual Deus seja, de fato, tudo, amado acima de todas as coisas e pessoas (fazendo a memória de caridade). Baseia-se no princípio de que o Ressuscitado que passou pela Cruz faz, de fato, novas todas as coisas e todas as áreas de nossas vidas. É um roteiro para que você escreva com muito louvor e amor a Deus a sua história de amor, a história do amor de Deus expresso concretamente em sua vida. www.edicoesshalom.com.br

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ASSuntO DO MÊS

nidade Católica u m o C s, ó n e u q Neste mês em s mais ersário, celebramo iv n a s o m ze fa , m itos Shalo amos os imensos fe rd co re e s ça ra g e d os um ano vocês, cantarmos m co ra a p E, r. o s do Senh s vidas, partilhamo a ss o n em s eu D e louvores d evista com nossa tr en ta es a ri g le a com grande M a ri a E m m ir ra o d a d n u -F o C ir m ã , m ã e e .

Oquendo Nogueira

Por Carmadélio Silva Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

Shalom Maná – Qual a grande graça que a Comunidade Shalom recebeu de Deus nestes 27 anos?

Maria Emmir O. Nogueira – A meu ver, a graça de não perder o fervor inicial e sustentar-se somente em Deus.

O que mais lhe impressionou como ação de Deus nestes 27 anos de caminhada dentro da Comunidade Shalom?

O sem-número de provas de que essa Obra é de Deus, porque se não fosse, não teria subsistido.

Na sua visão qual a contribuição que nossa Comunidade tem a oferecer humildemente à Igreja?

Devemos seguir um princípio evangélico muito caro ao nosso fundador: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

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MISSÕES NO BRASIL • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Aparecida/SP Aracaju/SE Aracati/CE Belém/PA Belo Horizonte/MG Brasília/DF Campos/RJ Chaves/PA Crateús/CE Crato – Juazeiro/CE Cruzeiro do Sul/AC Curitiba/PR Eunápolis/BA Fortaleza/CE Florianópolis/ PR Garanhuns/PE Guarulhos/SP Itapipoca/CE João Pessoa/PB Macaé/RJ Macapá/PA Maceió/AL Mossoró/RN Natal/RN Noviciado – Pacajus/CE Pacajus/CE Palmas/TO Parnaíba/PI Patos/PB Própria/SE Quixadá/CE – Noviciado Quixadá/Ce Recife/PE Rio de Janeiro/RJ Salvador/BA São Paulo/SP São Luís/MA São Paulo/SP Senhor do Bonfim/BA Sobral/CE Teresina/PI

Shalom Maná | Julho/2009

MISSÕES INTERNACIONAIS • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Anguilara/Itália Argélia/África Avignon/França Braga/Portugal Burnemouth/ Inglaterra Caiena/Guiana Francesa Civita Castella/ Roma Haifa/ Aisefya/ Israel La Garde /França Londres/ Inglaterra Lugano/Suíça Madagascar/ África Montevidéu/ Uruguai Nazaré/Israel Santiago/Chile Tunísia Toronto/Canadá Toulon/Eveche/ França Toulon/Pan du Las Volterra/Itália Budapeste/Ungria

Missão de Garanhus/PE

Missão de Roma/Itália

Missão de Santiago/Chile

Hoje:

• Estamos em 56 Dioceses • Temos 80 casas da Comunidade de Vida • Somos 800 membros da Comunidade de Vida • Somos 2.500 membros da Comunidade de Aliança Missão de Lugano/Suíça

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Como você percebe a expansão missionária da Comunidade?

Muito surpresa. Gratíssima a Deus, mas sabendo que estamos apenas no começo, pois não estamos ainda na África, nos Estados Unidos, na Austrália e em outros locais onde o homem clama por Deus.

Qual o nosso maior desafio como Vocação Shalom para os próximos anos, em um mundo com tantas mudanças?

O conselho de São Paulo: verificar tudo, para estarmos sempre atualizados e evangelizando com os meios e linguagens mais modernas, porém sem jamais deixar-se levar pela mentalidade do mundo ou pelos apetites da carne que, em geral se utilizam desses meios para propagar-se.

O Shalom é conhecido por sua evangelização e formação. Afinal, qual é nossa prioridade?

Para nós, como para a Igreja, a evangelização para ser completa deve abranger o anúncio (kerigma), a formação (catequese) e o serviço (diaconia). Os três formam uma tríade inseparável, que tem o nome genérico de “evangelização”. Nós, do Shalom, existimos para evangelizar, como disse nosso fundador em 2005. Para nós, foi uma alegria quando Bento XVI confirmou que a Igreja existe para evangelizar.

Missão de Santo Amaro/SP

Existe um processo formativo no Shalom que abranja desde os grupos de oração até a Comunidade?

Existe, sim, um caminho de anúncio – catequese – serviço. É um caminho de discipulado, em primeiro lugar. Chama-se Caminho da Paz. Ele começa com o anúncio, que pode ser uma evangelização pessoa a pessoa, um grande evento, vigílias de evangelização, evangelização nos ônibus... Durante esses eventos ou encontros pessoais a pessoa é convidada a frequentar um de nossos grupos de oração, onde ela começa a fase do discipulado, com período de vários anos. Tal período, entretanto, não desemboca necessariamente na Comunidade, pois somente algumas pessoas receberam de Deus uma vocação específica. Este caminho é enriquecido por uma formação nas dimensões espiritual e acadêmica, correspondentes à Formação Básica e à formação acadêmica no Instituto Parresia (Escrituras, Mariologia, Filosofia, Teologia).

Que graça você mais pede a Deus para a Obra Shalom?

Humildade, humildade, humildade, fidelidade ao Senhor e ao Carisma que nos foi confiado e à Igreja; renovado fervor, sincero amor a Maria.

E para o mundo, o que mais pede?

Que todos conheçam e vivam a verdadeira Paz que é Cristo Jesus Vivo hoje.

Que palavra você diria para nossos leitores e membros da Comunidade Shalom?

Bendito seja Deus! Na verdade, não há outra coisa a dizer. A Obra é Dele, a Comunidade (que é parte da Obra) é Dele, tudo o que nos tem acontecido vem Dele e para Ele deve ir. Ao Senhor, o louvor, honra, glória, gratidão, majestade, reconhecimento, serviço, exaltação, adoração para sempre. A Ele tudo o que temos e somos para sempre.

AMIGOS DO SHALOM NO BRASIL • Manaus/AM • Rio branco/AC • Santarém/PA • Santarém/PA • Caicó/RN • São Fernando/RN • Equador/RN • Juazeiro/BA • Petrolina/PE • Valente/BA • Picos/PI • Araraquara/SP • Linhares/ES • Piabetá/RJ • Colatina/ES • São Vicente/SP • Santo André/SP INTERNACIONAL • Japão • Bélgica • Canadá • Austrália

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Shalom Maná | Julho/2009

especial

luya que nunca acaba”, o Halle ta es “F a ra pa ão aç ar ep ao as de pr perança”. O tema faz eco Começamos a viver os di Es da m so “O a: m te o la to vem com s se deixem plasmar pe ão 2009. Neste ano o even ist cr os s do to e qu nto XVI, para amente; foi-lhe dada rs ve di apelo do Santo Padre, Be ve vi a nç ra pe es na. “Quem tem esperança que não enga pa. uma vida nova”, diz o Pa Antônio Marcos Aquino Missionário da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

O

Halleluya é uma grande festa da esperança! De início achamos que se trata apenas de uma festa como as outras, com músicas católicas, atrações, danças, muitos jovens, um espaço de novas amizades, um ótimo lugar para passar as últimas noites das férias. Sim, o Halleluya é também isto, mas não somente isto.

Quando chegamos ao Halleluya compreendemos logo o porquê de se chamar

“uma festa que nunca acaba!” O que está por trás de tudo o que vemos lá é, de fato, a comunicação de uma mensagem, de uma notícia, de um acontecimento, de uma Pessoa: Jesus Cristo e o seu amor misericordioso! Sim, Jesus é a grande festa, o principal segredo de tudo o que é mostrado no Halleluya. Trata-se da oportunidade de conhecermos o que verdadeiramente pode nos fazer feliz. É que vemos no rosto das pessoas que lá estão para acolhê-lo e lhe conduzir ao segredo do Halleluya: Jesus.

Fotos: Fernando Maia Cunha

O que está por trás de tudo o que vemos lá é, de fato, a comunicação de uma mensagem, de uma notícia, de um acontecimento, de uma Pessoa: Jesus Cristo e o seu amor misericordioso!”

As pessoas dizem: “é gratuito?!”

E nós respondemos: “claro! Absolutamente gratuito!” A única coisa que é preciso fazer é sair da sua casa e ir para lá! Detalhe, melhor ainda, quando chamamos nossos amigos, amigas, parentes e outros.

Veja só o que está disponível no Halleluya deste ano: • Acesso fácil ao evento, mas é sempre bom chegar cedo. Estará disponível um amplo estacionamento devidamente monitorado pela segurança do evento; • Mais de mil pessoas trabalhando com alegria e gratidão para acolhê-lo bem e lhe favorecer o melhor; • Grande alegria é poder conviver, conversar com os irmãos, Consagrados na Comunidade de Vida e Comunidade de Aliança, como também com a multidão de jovens e adultos engajados na Obra Shalom; • Espaço cada vez maior, ao ar livre, ventilado e de céu estrelado, lindo; • Palco com tamanho proporcional ao espaço, podendo ser visto nitidamente a uma distância de 500 metros. O som e os telões favorecem a transmissão para quem não pode chegar mais perto do palco; • Neste ano, muito mais atrações da boa música católica, tais como: Missionário Shalom, Walmir Alencar (Adoração e Vida), Mensagem Brasil, Suely Façanha, Ana Gabriela, David-

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mais, pode ser acompanhado son Silva, Adriana, Celina Borpelos irmãos que trabalham na ges, Comunidade Canção Nova, área; Comunidade Recado, Filhos de Davi, e muitas outras atrações!

• Tudo isso e muito mais acontece com segurança, sem violência, Espaço da Misericórdia: diversos sem desordem. Estão ainda disSacerdotes confessando durante poníveis ambulatórios, médicos, toda a noite; bombeiros, imprensa dos diverEspaço para acompanhamento sos meios de comunicação do espiritual, oração de cura e aconEstado do Ceará, inclusive com selhamento; a doação de jornais do dia!

Capela do Santíssimo SacraPerceba que o Halleluya é mesmento e adoração ao Santíssimo mo uma festa diferente! Tudo durante um momento de cada isto tem o objetivo de fazer você noite no palco! perceber que a verdadeira alegria Diversos stands para você visitar e felicidade é conhecer e fazer a na hora que quiser e conhecer to- experiência de encontro pessoal dos os Projetos da Comunidade Católica Shalom, o Vocacional, Você nossos produtos (Edições já pode adquirir em Shalom), mas também nossas livrarias o Kit Halleoutras Comunidades luya: blusa, chaveiro, caneca e Novas, seus carismas... ainda um adesivo para seu carro.

Praça da alimentação Ent re nessa festa! com diversas opções para repor as energias; Espaço do Halleluya Kids (Seminário de vida para as crianças, palestras, músicas, brincadeiras e muito mais); Neste ano o Halleluya traz um espaço novo dedicado aos jovens; Espaço de formação: cursos de 30 minutos são ministrados (assuntos da atualidade, Família, Juventude, à luz do Evangelho e do Magistério); Lá no Halleluya, você obtém informações de como ajudar um jovem dependente de drogas e

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com Jesus Cristo. Ele é o segredo de tudo o que acontece lá porque Jesus o ama e quer transformar sua vida como transformou a nossa. Não vale a pena buscar outras festas que acabam colocando nossas vidas em perigo e nada nos acrescentam. O Halleluya nos oferece o melhor presente que uma pessoa deseja receber: Jesus Cristo, o sentido da nossa vida!

Santo Agostinho, um jovem que vagou muito à procura do sentido de vida, disse que “o seu coração só encontrou repouso quando Jesus entrou na sua vida”.

Este é um convite pra você e um chamado de Deus ao seu coração.

Dizia o Papa João Paulo II aos jovens: “Não tenham medo de deixarem Cristo entrar nos vossos corações. Ele não vos roubará a vida e a liberdade, mas é Jesus o único que pode fazê-los verdadeiramente felizes. Só Cristo pode satisfazer aos anseios mais profundos dos vossos corações!”.

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É Jesus quem, por diversos modos e maneiras, tem atraído e transformado tantas pessoas que chegaram ao Halleluya necessitadas de uma vida nova ou de uma orientação vocacional, um conselho ou ainda a confissão depois de tantos anos sem fazê-la. Esta é a nossa esperança e queremos comunicá-la a você! É preciso dizer que foram milhares de pessoas que encontraram a felicidade porque encontraram Jesus no Halleluya! Muitos jovens acompanharam o evento pela internet, através do site: www. comshalom.org/halleluya acharam fantástica a transmissão, mas disseram no ano seguinte que se arrependeram de não terem ido.

Portanto, deixe a internet para aqueles que realmente não têm como vir. Quanto a você, esta é a sua oportunidade!

Um fato curioso que também deve ser ressaltado: muitos jovens (em grupos) que chegaram durante

a noite e iam para outras festas da cidade não resistiram em ver tantas pessoas, jovens e adultos se dirigindo para o Halleluya cantando, alegres e felizes. Muitos vêm por curiosidades e testemunham que foram salvos.

Talvez agora você entenda melhor quando dizemos que o Halleluya é uma Festa que nunca acaba! Se por acaso você conseguiu, pacientemente, ler este artigo até o fim e nunca foi ao Halleluya, esta é a oportunidade.

Não tenha medo, não ignore este convite e venha ao Halleluya e saiba que a sua vida terá um antes e um depois, assim como foi na minha vida e na vida de milhares de jovens. Esta é a água de que tem sede o seu coração! Este é o som de que tem necessidade a sua alma. Portanto, deixe este som vibrar em você, viva desta esperança real e tenha uma vida nova. Venha ao Halleluya!

A VOZ DA IGREJA

A essência da religião São Paulo, falando aos atenienses no Areópago, afirmou que Deus fez os homens “a fim de procurarem a divindade (...) ela não está longe de nós” (At 17,27). Apesar da variedade nas manifestações de fé, a criatura racional é considerada um ser religioso.

Cardeal Dom Eugenio Sales Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro/RJ

T

rata-se da “íntima e vital ligação a Deus” (“Gaudium et Spes”, nº 19). As consequências dessa atitude são sintetizadas na célebre frase de Santo Agostinho, no início de sua obra “Confissões”: “Criastes-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousar em Vós” (Livro I, 1).

Ao lado dessa exigência de nossa própria natureza, há uma outra. Diante da diversidade e até contradição nas crenças, é dever investigar com afinco a verdade. Deus não ensina doutrinas contrastantes, nem dita regras de procedimentos antagônicos. A obrigação de buscar, mesmo sem chegar a resultados definitivos, tranquiliza a consciência. O Pai levará em conta este esforço sincero, mesmo que os indivíduos cheguem a conclusões diferentes. O inaceitável é o nivelamento dos opostos. A indagação dos caminhos traçados satisfaz o Senhor misericordioso, que penetra no âmago de cada um e vê nossa fraqueza e limitações. Resta sempre o estrito dever de procurar a verdadeira crença e o comportamento daí resultante. O Concílio,

na declaração “Dignitatis Humanae” sobre a liberdade religiosa, afirma: “todos os homens têm o dever de buscar a verdade, sobretudo no que diz respeito a Deus e à Sua Igreja e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar” (nº 1). E afirma: “Acreditamos que esta única religião verdadeira se encontra na Igreja Católica e Apostólica”.

Na sua essência, religião é o relacionamento com a divindade e não um instrumento para favores terrenos, busca de solução aos problemas econômicos, restabelecimento da própria saúde ou atendimento das aspirações que lhe vêm ao coração.

Igualmente não se restringe a um contato egoísta com Deus, à procura dos próprios interesses isolando-se da comunidade a que

Na sua essência, religião é o relacionamento com a divindade e não um instrumento para favores terrenos, busca de solução aos problemas econômicos, restabelecimento da própria saúde ou atendimento das aspirações que lhe vêm ao coração.” www.edicoesshalom.com.br

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O anseio por desvendar o futuro alimenta uma clientela numerosa.

Isso não é uma novidade entre os homens. Desde os mais remotos tempos, registram-se essas tentativas de contato com o além.” pertence. Nem trata exclusivamente do campo espiritual, mas abrange o homem todo, corpo e alma. Por isso, o Papa João Paulo II ensinou: “O exercício do ministério da evangelização no campo social (...) é um aspecto do múnus profético da Igreja” (Encíclica “Sollicitudo Rei Socialis”, nº 41).

O assunto ora tratado é de grande importância. Nascem inúmeras doutrinas que se expandem sob o impulso das correntes de pensamento vigentes. Já São Paulo advertia: “Não sejamos mais crianças, joguetes das ondas agitadas por todo vento de doutrinas, presas pela artimanha dos homens e de sua astúcia que nos induz ao erro” (Ef 4,14).

O rápido surgimento de seitas, fenômeno universal e que não afeta apenas o cristianismo, traz consigo inúmeras expressões religiosas e comportamentos diversos. Aparecem novas formas de religiosidade. Procuram atender às aspirações e às mais variadas necessidades das diferentes camadas da sociedade. Prometem resolver os problemas que angustiam a população, mesmo que sejam de ordem puramente temporal. Algumas vinculam o êxito dos pedidos a valores pecuniários.

O anseio por desvendar o futuro alimenta uma clientela numerosa. Isso não é uma novidade entre os homens. Desde os mais remotos tempos, registram-se essas tentativas de contato com o além. As práticas mágicas perdem-se no passado e seus vestígios confundem-se com as primeiras manifestações do homem. Contudo, a antiguidade, em si, não é garantia de veracidade.

O progresso da ciência e o esclarecimento da origem de muitas expressões da natureza poderiam dar uma direção a essas atitudes.

Isso, no entanto, não tem ocorrido. Com os maiores avanços técnicos, convivem à busca de soluções em doutrinas que não se coadunam com o nível intelectual de nossos dias.

Há uma sede de milagres, aparições e prenúncios. E, às vezes, arrastam multidões.

Pode haver uma presença real do divino, mas

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o comum é se ter na raiz aproveitadores ou indivíduos de boa fé sem um indispensável espírito crítico que ilumine esses acontecimentos. As autoridades eclesiásticas são muito prudentes. Somente após exaustivos exames e aprofundados estudos manifestam-se sobre a veracidade dos fatos. Revelam ingenuidade ou imprudência os que desprezam essas medidas acauteladoras. Constata-se, com certa frequência, entre os fiéis, uma religião intimista, que expressa tendências egoístas orientadas para a satisfação própria. No entanto, somos uma comunidade e não a justaposição de pessoas.

Quanto mais anêmica é a fé, mais fácil enveredar por esses caminhos.

A sede de Deus, do transcendental, constitui um valioso meio para a preservação ou a recondução à verdadeira fé. No entanto, esses sentimentos, deixados às aspirações meramente subjetivas, são elementos negativos.

Para os católicos, há normas objetivas. Diante de todos esses fatos, ensinamentos e anseios são elas que conferem autenticidade.

A deficiência de uma instrução religiosa aliada à falta de solidez nas atitudes, tornam o fiel frágil vítima dos “falsos apóstolos, operários enganadores, camuflados em apóstolos de Cristo”, como nos adverte São Paulo (2Cor 11,13).

Esses e outros desvios causam pesados danos. Para enfrentá-los, dois fatores são importantes e se completam: o estudo do “Catecismo da Igreja Católica” (ou do Compêndio do Catecismo) e a humilde obediência à Igreja como a estruturou Jesus Cristo.

O primeiro nos apresenta, em sua pureza, o ensino do Senhor. Possibilita-nos julgar o que é certo e de acordo com o Magistério.

A ignorância religiosa é um grande mal, que prejudica gravemente o trabalho pastoral e a espiritualidade dos fiéis. A melhor compreensão do que é a Igreja de Cristo, leva-nos a obedecer às suas diretrizes.

Uma vida cristã sadia e operante é uma bênção de Deus.

O anúncio do Evangelho é a comunicação que transforma a vida, incute a esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo” (Spe Salvi, 2).

Josefa Alves Missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

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de pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16,15) O mandato missionário está estreitamente ligado à Ressurreição do Senhor. Tendo ofertado livremente a sua vida, Jesus Ressuscitado nos doa o seu Espírito e nos envia como testemunhas do seu amor.

Ser missionário é ser testemunha do amor de Deus por cada homem, é ter um coração abrasado e por isso, inquieto, desejoso de aquecer e inflamar os corações daqueles que não se sabem amados, daqueles que desconhecem ou ignoram o Amor, que buscam ou oferecem uma falsa felicidade onde só existem treva e morte.

Observando a situação atual das sociedades: guerras, inversão de valores, impureza, corrupção, violência, mentiras, drogas, massacre

dos inocentes, miséria, traições e tantas outras situações de morte, constatamos que a criação espera com impaciência a revelação dos filhos de Deus; que ela geme como nas dores de parto, esperando ser libertada da escravidão da corrupção (Cf. Rm 8,19-22). Porque quando o desenvolvimento econômico e social não tem como finalidade a dignidade e o bem do homem, quando não tem em vista o desenvolvimento solidário, então o progresso perde a sua potencialidade, porque não oferece esperança; o progresso perde a sua força porque não mostra ao homem uma direção segura; o seu futuro aponta para o vazio. “Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente.

O anúncio do Evangelho é a comunicação que transforma a vida, incute a esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo” (Spe Salvi 2). Observando o mundo ao nosso redor, percebemos que é hora de partir, como os dois discípulos de Emaús, que ao reconhecerem o Senhor, partiram imediatamente (Lc 24,33) e foram anunciar o que tinham visto e ouvido. “Quando se faz uma verdadeira experiência do Ressuscitado, alimentando-se do seu Corpo e do seu Sangue, não se pode reservar para si mesmo a alegria sentida. O encontro com Cristo, continuamente aprofun-

Expansão missionária

ESPIRItuALIDADE

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Foto: Fernando Maia Cunha

dado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e, em cada cristão, a urgência de testemunhar e evangelizar” (MND 24).

A missão é uma das características fundamentais da Igreja e uma das formas de levar a Salvação de Deus para o mundo, para cada homem. A Igreja é por natureza missionária: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16,15).

Cada missionário que vive com fidelidade a desafiante, mas ao mesmo tempo, gratificante tarefa de testemunhar o Evangelho e de servir aos homens é como um braço da Igreja que alcança, abraça, cuida, ama os seus filhos.

Com o dom do Espírito Santo, em Pentecostes, a Igreja partiu em missão, e é no poder desse mesmo Espírito que ela realiza diferentes apostolados em todas as partes do mundo, promovendo a caridade, suscitando a esperança, dando as bases necessárias para o sustento da fé. Existe, portanto, um rela-

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cionamento muito estreito entre o celebrar a Eucaristia e o anunciar o Cristo. Entrar em comunhão com Ele, no banquete da Páscoa, significa ao mesmo tempo tornarse missionário do evento que tal rito atualiza; num certo sentido, significa torná-lo contemporâneo de todas as épocas, até que Ele volte.

A missão é uma questão de amor, pois é a caridade de Cristo que nos impele (2 Cor 5,14), é Deus que no seu infinito amor nos envia em missão, convidando-nos em primeiro lugar a beber �da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo coração traspassado brota o amor de Deus� (Deus caritas est, 7). Nessa puríssima fonte, encontramos a compaixão, a misericórdia, a paciência, a disponibilidade, a alegria, o acolhimento, a atenção, o interesse pela vida e pelos problemas das pessoas; encontramos o sentido do deixar tudo para seguir o Cristo pobre, casto e obediente.

Todo batizado é missionário, é chamado à missão, e não podemos descansar tranquilos enquanto Jesus Cristo é desconhecido por três quartos da humanidade. Desconhecer Jesus Cristo é desconhecer a verdadeira felicidade e o sentido pleno da própria vida. É por isso que o imperativo paulino, �o amor de Cristo nos impele�, deve arder em nossos corações.

O coração missionário desconhece fronteiras e por meio da oração faz missão naqueles lugares onde, infelizmente, o Evangelho não pode ser anunciado, onde é proibida a atividade missionária da Igreja, onde nossos pés ainda não podem tocar. Obedecendo a voz de Cristo, que como aos discípulos, também nos ordena: Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16), vamos ao encontro do homem sedento e faminto da única Água e do único Pão que saciam plenamente: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não mais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede (Jo 6,35).

ACOntECE nO MunDO

A

Organização de Direito Pontifício para o diálogo entre a Igreja do Oriente e a do Ocidente “Catholica Unio” impulsionou alguns encontros de oração extraordinária de todas as igrejas para a reconciliação e a paz.

Os encontros desta iniciativa, chamada “Começar por Jerusalém”, serão realizados a cada mês em uma igreja da Cidade Santa.

A Antiga Igreja Sírio-Ortodoxa de São Marcos, no coração da parte antiga de Jerusalém, acolheu na vigília de pentecostes, o primeiro dos encontros.

A oração se desenvolveu em língua aramaica, o antiquíssimo dialeto que Jesus falava, conservado apenas por uma pequena minoria cristã, e incluiu orações em árabe e em inglês.

Representantes das diversas confissões cristãs e fiéis locais, guiados pelo vigário patriarcal sírio-ortodoxo para Jerusalém e Jordânia, o Arcebispo Mar Swerios Malki Murad, oraram juntos durante uma hora pedindo a paz e

“Começar por

Jerusalém” a comunhão para Jerusalém e para todo o mundo.

A Igreja de São Marcos de Jerusalém foi a casa do discípulo Marcos e, depois, o lugar da efusão do Espírito Santo, segundo a tradição dos sírio-ortodoxos.

Também é um lugar significativo para esta iniciativa de unidade

e reconciliação pelo particular vínculo de comunhão que existe entre a Igreja Católica e esta antiga Comunidade Oriental.

A busca da paz entre as populações de Israel e da Palestina é um dos compromissos do Conselho Ecumênico das igrejas desde 1948.

Cáritas ativa plano de emergência

no Paquistão A

rede internacional da Cáritas acaba de fazer um pedido urgente de ajuda de 7 milhões de dólares (cerca de 5 milhões de euros) para apoiar

o plano de ajuda humanitária destinado a 385 mil desabrigados, posto em andamento pela Cáritas Paquistão.

No último mês, mais de dois milhões e meio de pessoas abando-

naram seus lares na província fronteiriça do noroeste do Paquistão como consequência dos violentos confrontos armados que se registram nessa região entre o exército paquistanês e os talibãs. www.edicoesshalom.com.br

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Cerca de 80% destas pessoas estão em escolas, edifícios públicos, moradias privadas ou com suas famílias. O resto foi assentado em campos temporários.

As necessidades de toda essa gente são enormes. Também é preocupante o fato de provir de regiões frias; essas pessoas não estão acostumadas ao calor, o que está propondo numerosos problemas de saúde em uma região onde os recursos de saúde são muito limitados.

Muitos desabrigados fugiram apressadamente de seus lares e não levaram nada consigo. Há uma grande escassez de comida e água potável; as mulheres e as crianças se encontram em condições especialmente vulneráveis.

Os equipamentos da Cáritas, que contam com o apoio de membros da rede internacional da Cáritas, estão distribuindo colchões e roupa de cama, mosqueteiros, barracas de acampamento (2.400 até agora), utensílios de cozinha e produtos hi-

Santa Sé defende direitos das

vítimas de guerras

O

arcebispo Silvano M. Tomasi, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e outras instituições internacionais em Genebra, na sessão do grupo de especialistas governamentais dos Estados que ratificaram o protocolo sobre os resíduos bélicos não explorados ou abandonados, realizada em abril,

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mas cuja intervenção foi divulgada pela Santa Sé dias depois.

Este protocolo faz parte da convenção sobre a proibição ou limitação de algumas armas convencionais que podem produzir efeitos traumáticos, excessivos ou indiscriminados sobre as pessoas, que encontrou entre seus primeiros impulsionadores a Santa Sé.

giênicos. Até o momento, a Cáritas prestou ajuda a mais de mil famílias.

A Cáritas Espanhola respondeu a este apelo urgente de ajuda com o envio inicial de 100 mil euros procedentes de seus fundos de emergência.

Em primeiro lugar, o prelado vaticano insistiu em que as vítimas dos conflitos e das armas “devem receber uma assistência apropriada e específica, sem nenhum tipo de discriminação”.

Em segundo lugar, o representante papal pediu que se garantissem os recursos humanos e econômicos necessários para atender as vítimas de conflitos; criar as estruturas necessárias para sua reabilitação física e psicológica; criar estruturas educativas e formativas para tornar possível a reinserção social, econômica e política das vítimas; e levar em conta que a política de assistência inclui o meio familiar e comunitário da vítima.

A intervenção do núncio vaticano faz parte de uma autêntica campanha que a Santa Sé está promovendo nas Nações Unidas contra os armamentos e que teve outra manifestação importante com a intervenção do arcebispo Celestino Migliore, na sede de New York para exigir a ratificação do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

REPORtAGEM

Troféu

Louvemos o Senhor no dia 13 de maio, na cidade de valinhos, São Paulo, a tv Século XXI promoveu o troféu Louvemos o Senhor. Foi um momento de grande importância para a música católica, pois até então, não havíamos visto nada igual. nenhuma iniciativa semelhante havia sido tomada nos seus quase 30 anos de história, quando alguns dos pioneiros como Pe. Jonas e Pe. zezinho começaram uma grande reviravolta musical: músicas para louvor, fraternidade, evangelização e animação de grandes assembleias.

Por Suely Façanha Missionária da Com. Católica Shalom em Fortaleza/CE

P

adre Eduardo Dougherty e sua equipe promoveram o evento de entrega das estatuetas a indicados para 17 categorias.

Foi uma noite glamorosa. Estavam presentes a TV Século XXI e grandes nomes da música católica destas três últimas décadas.

Estávamos lá representando a Comunidade Católica Shalom, também como Edições Shalom eu, Suely Façanha, Nicodemos Costa, Ana Gabriela, Leozany Oliveira e Fernando Maia.

Concorremos em várias categorias: “Melhor Intérprete Feminino e Masculino”, “Melhor Cantor e Cantora”, “Melhor Música para a Celebração Eucarística” e “Música do ano”.

Não estávamos ali para defender uma identidade, como por exemplo, Suely Façanha ou Missionário Shalom. Estávamos como comunidade. Éramos um corpo só.

Isso ficou muito forte entre nós.

Contemplar também um pequeno sinal do nosso serviço à Igreja já que muitas indicações para a cate-

goria “Músicas para liturgia” eram composições nossas, do CD Ressuscitou, preparado para o Jubileu da Comunidade em 2007.

O evento teve início às 19h com um coquetel. Às 20h acompanhamos então, a transmissão ao vivo do Troféu Louvemos o Senhor. Fui contemplada com o Troféu Melhor Intérprete Feminino em 2008.

Recebemos ainda o Troféu de Melhor Música para a Celebração Eucarística.

A emoção foi muito grande.

Apesar de entender que ser pre-

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Não estávamos ali para defender uma identidade, como por exemplo, Suely Façanha ou Missionário Shalom. Estávamos como comunidade. Éramos um corpo só. Isso ficou muito forte entre nós.” miada não seria o mais importante, mas perceber o cumprimento de nossa missão como Comunidade, ter a estatueta nas mãos para mim foi, além de uma grande alegria, um novo impulso para a retomada da minha missão pessoal de evangelizar através da música, já que estive mais dedicada nos anos de 2007 e 2008 à minha família em virtude do nascimento dos meus dois filhos, Rafael e Felipe.

Aproveito para anunciar que estamos preparando mais um CD. Ele será a coletânea das músicas mais importantes dos meus 13 anos de ministério solo. Não deixe de interceder por este projeto.

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A intérprete Suely Façanha e ao seu lado o cantor Cosme.

Agora, confira a partilha de alguns irmãos compositores do CD “Ressuscitou”, onde podemos encontrar a música vencedora do troféu: Qual foi a inspiração de compor este CD? Nicodemos Costa: A iniciativa das composições foi em vista do nosso Jubileu de 25 anos. Uma ação comum da Assessoria Litúrgico Sacramental e da Secretaria de Artes, setores da Comunidade que Nicodemos Costa dentre outras atividades lidam com Compositor a Beleza Sagrada, a Arte e Música Sacra, como também a Liturgia.

Em comunhão, unidade e escuta de Deus seguindo a condução

do Espírito e dos seus carismas.

Muitas músicas nasceram propriamente em momentos de oração comunitária e na celebração das Laudes como, por exemplo, o refrão de Ressuscitou, o Santo, e a Ação de graças.

Depois, desse misturar de grãos pela partilha dos dons de cada um, aquecidos pelo Espírito para formar um só pão, desde os primeiros momentos da composição e confecção do CD, já dava para perceber um cunho profundamente litúrgico e vocacional.

No Jubileu dos 25 anos, estar novamente em comunhão e unidade com vários compositores da Comunidade, de todas as partes do mundo, irmãos antigos e novos, nos fez perceber a beleza que existe no jardim da Comunidade.”

do nosso Carisma. Atentos às orientações da Igreja para cada momento da Celebração Eucarística refletidos no Kyrie, Glória, Santo, Comunhão, Agnus Dei...

Procurando seguir indicações como o uso do Latim e Grego (Kyrie), de cantar nas partes fixas Como foi a composição das mú- como reza a Oração Ipice Liter sicas deste CD? Contou com a como diz a Igreja. Ser o mais participação de outras pessoas? adequado liturgicamente falando Nicodemos Costa: Foi uma para a Celebração. Seguindo conexperiência ímpar, pois já havía- selhos e orientações do Moysés, mos trabalhado assim nos 10 anos nosso Fundador, que tanto ama a da Comunidade e nos 20 anos que Liturgia. Para tal desenvolvemos teve como fruto o CD Na Dança pesquisa tanto no âmbito litúrgico da Vida. como vocacional. Esse ser filhos da N o Jubileu dos 25 anos, estar Igreja com o que é próprio do nosnovamente em comunhão e uni- so Carisma, deu um tom distinto, dade com vários compositores da um colorido próprio as melodias comunidade, de todas as partes do das composições do CD. mundo, irmãos antigos e novos, nos fez perceber a beleza que existe E como se deu o processo após as no jardim da Comunidade. Como composições do CD? Nicodemos Costa: Após o Rediz o famoso teólogo Hans Urs Von Balthasar “Os vinhos antigos e tiro de Compositores e os ensaios novos, de todas as épocas, juntos na para a Celebração do Jubileu dos mesma Adega” referindo-se à Igre- 25 anos aos 9 de julho de 2007, ja e seus santos, me fez constatar o começamos a discernir o repertósabor novo que o Espírito deu aos rio do CD, arranjos... Eu fui me diversos carismas de composição reunir com o Cristian Lopes em reunidos na mesma intenção. Isso Cachoeira Paulista para o primeiro dá um toque especial ao CD Res- contato dele com o repertório essuscitou que fica assim com um colhido, já passando o que esperávamos para o arranjo instrumental semblante comunitário. de cada música.

Fale-nos um pouco como foi Somos gratos ao Cristian, que compor este CD para Missa? desde o CD Na Dança da Vida, Nicodemos Costa: Em todos tem grande unidade conosco e os momentos estávamos imbuí- bastante sensibilidade e abertudos com uma atenção amorosa e ra para um trabalho deste tipo. zelo particular para com a Sagrada Lembro-me como hoje daquela Liturgia, atitude tão característica reunião; depois o Fernando Mar-

tins foi para um segundo contato com ele. E após a gravação foram o Wilde Fabio e o Fernando para a mixagem e a masterização enquanto eu e o Cristiano Pinheiro, que havia levado mais à frente a gravação, ficamos trabalhando junto com os meninos (na mixagem e na masterização), a distância, confirmando até aqui a marca da unidade forte nesse CD. E como foi o Troféu Louvemos?

Nicodemos Costa: O Troféu Louvemos ao Senhor foi uma bela surpresa de Deus e um cumprimento de tantas profecias, do tão falado retiro de compositores, que deu origem ao CD. Perceber a Mão de Deus a conduzir todas as coisas segundo o seu beneplácito, como também ver ali confirmada nossa missão nas categorias que fomos indicados, e contemplarmos a bondade de Deus em estarmos ali, local onde estava tão bem representada a música católica do Brasil, dentre tantos pioneiros, como Pe Zezinho , Ir. Mirian Colin e tantos outros músicos antigos e novos, nós, como vasos de argila que somos, e que portamos também nosso contributo, fruto do que a Graça realiza em nós, para a Música Católica e Litúrgica do Brasil é motivo de nos alegramos e Louvarmos ao Senhor nosso Deus fonte de todas as inspirações e melodias. Ao Ressuscitado que passou pela Cruz, nosso Esposo e Senhor todo nosso louvor e amor eternamente ! www.edicoesshalom.com.br

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tar este CD como um dos frutos do nosso Ano Jubilar (aniversário de 25 anos) como Comunidade Shalom. O nosso Carisma é extremamente visível e palpável no repertório, nos arranjos, nos vocais... Isto é uma grande graça, pois sempre, em nossa história, enxergamos a música como um dos meios mais preciosos para transbordar a riqueza que Deus nos dá em nossa Vocação.

Cristiano Pinheiro Compositor

O que foi para você realizar o trabalho do Ressuscitou?

Cristiano Pinheiro: O trabalho neste CD “Ressuscitou” foi para mim uma prova concreta de que tudo o que é feito a partir da UNIDADE dá frutos abundantes. Éramos cerca de oito irmãos e irmãs da Comunidade que, rezando juntos, louvando juntos, sofrendo juntos e amando juntos pudemos ser canais de algo novo que Deus queria comunicar e realizar. Desde a experiência de compormos as canções até as gravações pudemos provar da grande alegria de sermos irmãos e de que nada podemos sozinhos, temos dons distintos que se complementam. A beleza da unidade é um dos “panos de fundo” deste trabalho, uma marca singular deste CD que muito contribuiu para que houvesse, de fato, uma verdadeira beleza e uma unção particular.

O que mais lhe impressionou neste CD? Cristiano Pinheiro: O que muito me impressiona neste CD é que ele é carregado de uma expressão da nossa espiritualidade como Carisma Shalom. Não podemos, de forma alguma, deixar de con-

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Shalom Maná | Julho/2009

Wilde Fábio Compositor

Como era concretamente que se dava este processo? Reza primeiro, depois compõe...?

Wilde Fábio: Acontece tudo junto, ao mesmo tempo. Com certeza, primeiro perdemos um tempo nos demorando na presença do Senhor sem nos preocuparmos em compor nada, apenas ouvi-lo, amálo e louvá-lo. Depois, aos poucos, à medida que o Senhor vai falando, vamos nos abrindo à composição.

Assim, ao mesmo tempo, temos moções, diálogos, partilhas, ideias, sugestões, orações em línguas, palavras que o Senhor dá... um senta, outro fica de pé, outro escreve, outro toca, outro sugere uma frase... e é neste clima de oração em tempo integral que as composições vão saindo. Participam desse processo

nossos gostos, estilos e, sem sombra de dúvida, o diálogo e a caridade são os elementos essenciais em uma composição assim, que não é fácil! Mas com certeza o fruto é maravilhoso e disso todos hoje podemos provar.

Depois disso, como se dá a produção em si?

Wilde Fábio: Com o repertório pronto fomos enviá-lo para o arranjador. Havíamos contratado o Cristian, um irmão da Canção Nova, arranjador muito ungido com o qual já havíamos trabalhado em outros projetos.

Enviamos para ele o repertório com as composições e o Fernando Martins viajou para São Paulo, lá criaram os arranjos base, e gravaram a base (violão, teclado, baixo, batera). Estes arranjos voltam pra cá onde gravamos toda a parte de voz, aqui em Fortaleza mesmo, com o nosso povo com que sempre trabalhamos. E aqui tome voz até dizer chega. Depois volta de novo para São Paulo, onde estavam sendo gravadas as cordas e os metais, para Mixagem e Masterização por Thiago Mattos, na Codimuc, onde fomos eu e o Fernando Martins acompanhar todo o processo de ver volumes, timbres, sobras, a sonoridade do disco. Enfim, fazer todo o fechamento de design, encarte até ir pra fábrica.

Depois, aos poucos, à medida que o Senhor vai falando, vamos nos abrindo à composição.

Assim, ao mesmo tempo, temos moções, diálogos, partilhas, ideias, sugestões, orações em línguas, palavras que o Senhor dá...”

POESIA

Mulher...

Pensamento teu, Sonho realizado sou eu!

Vida gerada Criança esperada Filha separada Mulher consagrada

Vida de pobreza Vida de riqueza Vida de beleza Vida de delicadeza Pensamento teu, Sonho realizado sou eu!

Vida doada Vida ofertada Vida fecundada Vida transbordada

Vida de maternidade Vida de doação Vida de docilidade Vida de realização

Pensamento teu, Sonho realizado sou eu!

Vida de felicidade Vida de dor Vida de realidade Vida de amor

Vida encontrada Vida alcançada Vida agraciada Vida transformada

Amor generoso seu Sonho realizado sou eu!

Syomara de Fatima Araujo

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Shalom Maná | Julho/2009

DIvIRtA-SE

Nomes de Deus na Bíblia por José Ricardo Ferreira Bezerra HORIZONTAIS 1 - O que era esperado conforme a Escritura (Jo 7,42) 2 - O que veio destruir os espíritos maus (Lc 4,34) 3 - O que está acima de todas as coisas (At 7,48) 4 - O que dele se alimenta não tem mais fome (Jo 6,34) 5 - O título que Jesus aplicava a si mesmo (Mt 8,20.29) 6 - O nome dado por José para o filho nascido de Maria (Mt 1,20 ) 7 - Aquele que melhor pastoreia as ovelhas (Jo 10,11) 8 - O bem mais precioso. A existência (1Jo 1,2) 9 - O oposto à mentira. Causa da liberdade. (Jo 8,32; 14,6) 10 - que está no início de todas as coisas (Ap 3,14) 11 - A primeira letra em grego (Ap 1,8) 12 - Estrada. via. Os cristãos eram seguidores do … (At 19,9.23) 13 - O que sacia a sede para sempre (Jo 7,37)

Aprendendo a conversar

com Deus J

oaquim, certa vez, estava sem um burrico que o ajudasse em seus afazeres.

Desesperado, sem ter meios de encontrar um, começou a rezar, pedindo a Deus que lhe enviasse um burrico. Rezou por algum tempo e, certo dia, ao andar por uma estrada, deparou-se com um homem montado num burrico e atrás estava outro burrico mais jovem.

Joaquim aproximou-se do homem e este lhe disse: – Mas que vergonha, eu estou trazendo um burrico de tão longe, estamos todos esgotados, e aqui está este homem descansado, sem fazer nada!

E ameaçando-o com uma espada, completou:

– Vamos! Coloque o burrico nas suas costas e venha comigo até a próxima cidade!

Joaquim, com medo não disse nada, simplesmente colocou o burrico em suas costas e seguiu o homem. Andaram por várias horas e Joaquim estava exausto de tanto peso. Ao entardecer, chegaram à cidade mais próxima e o homem simplesmente fez Joaquim descer o burrico das suas costas e seguiu adiante, sem sequer agradecer.

Joaquim ergueu os seus olhos para o céu e disse: – Está bem, Senhor.

Aprendi a minha lição. Na próxima vez serei mais específico...

Horizontais 1. Messsias/ 2. Santo de Deus/ 3. Altíssimo/ 4. Pão da vida/ 5. Filho do Homem/ 6. Jesus/ 7. Bom Pastor/ 8. vida/ 9. verdade/ 10. Princípio/ 11. Alfa/ 12. Caminho/ 13. Água viva.

Verticais 1. Iahweh/ 2. Omega/ 3. verbo/ 4. Luz verdadeira/ 5. Fim/ 6. Elshaddai/ 7. Shalom/ 8. Onipotente/ 9.

Porta/ 10. Senhor/ 11. Adonai/ 12. vivente/ 13. Palavra/ 14. Cristo.

VERTICAIS 1 - O nome que Deus se revelou a Moises (Ex 3,14) 2 - A última letra em grego (Ap 21,6) 3 - A ação de Deus. Por Ele foram feitas todas as coisas (Jo 1,1-3) 4 - que ilumina todo homem (Jo 1,9) 5 - O que está no término de tudo (Ap 22,13) 6 - O Deus do céu (Gn 17,1; 28,3; 35,11; 43,14;49,25) 7 - A paz em hebraico (Jo 20,19 e Ef 2,14) 8 - Aquele que tem todo poder (Sl 91,1) 9 - Se alguém entrar por passar por ela será salvo (Jo 10,9) 10 - que está no domínio de tudo. Kyrios em grego (At 2,36) 11 - O nome em substituição a Yahweh por respeito (Ex 20,7; Dt 5,11) 12 - O que possui a vida como coisa própria (Ap 1,18) 13 - O meio pelo qual Deus criou tudo (Sb 9,1; 1Pd 2,2.8) 14 - O ungido de Deus. Messias em grego (Jo 1,41)

Filme:

Laços de Esperança

O

joalheiro vivido pelo premiado ator Burt Lancaster neste filme, percebe na venda do dia a dia o quanto as noções do casamento são subjetivas.

Ele acompanha a trajetória de Teresa e Andrew, um jovem casal que olha, cheio de esperança, para duas alianças numa vitrine, acreditando que ali esteja a chave para a felicidade. Dias depois, outro casal, Ana e Estéfano, desgostosos de seu casamento, tentam vender seus anéis. A ironia ocorre vinte anos depois, quando os filhos do primeiro casal e os filhos do segundo, aparecem naquela loja, para consultar ao agora velho joalheiro, sobre qual a aliança seria a melhor para o noivado deles. Fruto das conversas que tinha com os jovens enquanto trabalhou em uma paróquia universitária, o papa João Paulo II escreveu essa história intitulada “A Loja do Ourives” (que na verdade virou uma peça de teatro dirigida pelo próprio autor em 1960). Nela, o então bispo Karol Wojtyla parte do princípio de que o desejo deve servir para que um casal possa se conhecer melhor como um todo. www.edicoesshalom.com.br

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ENTRELINHAS

por Elena Arreguy Sala | Missionária da Comunidade Católica Shalom em Haifa – ISRAEL

Capax Dei

Não existe maior felicidade do que esta: ser apresentado a Deus! Conhecê-lo como Ele quis se revelar, como Pai misericordioso tornado acessível, tangível, amável e “experienciável” – será que existe esta palavra? – em Cristo Jesus nosso Senhor, pela presença e ação amorosa e inconfundível do Espírito Santo.

E

screvo este artigo pensando especialmente nos jovens que terão sido apresentados a Jesus Cristo, Vivo e Ressuscitado, durante o festival de arte e evangelização chamado Halleluya, que acontece há mais de dez anos em Fortaleza, no último fim de semana de julho, e que oferece uma opção genuinamente saudável e enriquecedora de diversão e alegria. O Halleluya se contrapõe aos carnavais fora de época que acontecessem mensalmente no Nordeste brasileiro e que geram rios de dinheiro e também rios de lágrimas, no dia seguinte.

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Shalom Maná | Julho/2009

Não existe maior felicidade do que esta: ser apresentado a Deus!

Conhecê-lo como Ele quis se revelar, como Pai misericordioso tornado acessível, tangível, amável e “experienciável” – será que existe esta palavra? – em Cristo Jesus nosso Senhor, pela presença e ação amorosa e inconfundível do Espírito Santo. Deus não é complicado, fomos e somos nós que o complicamos ou complicamos nosso relacionamento com Ele por nossas resistências e divisões interiores, por nossos pecados e insanidades.

Em Deus, tudo é superlativo porque as palavras não o contêm, e talvez uma das palavras que valha

mais a pena relembrar neste artigo, além de sua maravilhosa paciência e ternura, é que Ele está pertíssimo de nós. Ele está dentro de nós, habitando nas profundezas do nosso ser como um cristal belíssimo, vivo e fulgurante, (usando uma imagem que nos foi dada por Sta.Teresa d’Ávila desde o século XVI para ilustrar a dinâmica da presença viva de Deus em nosso interior), e de lá deseja nos iluminar, amar, pacificar e se relacionar conosco de maneira íntima, pessoal e fraterna. Ele não nos chamou amigos?

E no “lugar” onde Deus habita, que é a realidade mais profunda de cada pessoa humana, usando uma

Fotos: Fernando Maia Cunha

linguagem espiritual cristã, e que vai além das realidades psíquicas e mentais, somente Ele cabe, somente Ele encaixa, somente com Ele conseguimos dizer ao complexo e belo quebra-cabeça que somos: “Encontrei o desenho! Descobri a figura! A imagem se fez! Vejo-te, Senhor! Vejo-te em mim!”. Habitas aqui, habitas em mim... como diz a ungida canção interpretada pelo Walmyr Alencar.

Aprendi numa aula sobre os fundamentos da espiritualidade, dadas por um carmelita, que esta capacidade para Deus que nossa alma e espírito têm, (sendo espírito, neste caso, a parte mais profunda de nossa alma, usando uma nomenclatura espiritual e não psíquica), foi alcunhada pelo teólogo alemão Karl Rahner como Capax Dei. Este grande teólogo trabalhou nas comissões

teológicas durante os anos de trabalho do Concílio Vaticano, junto com o atual Papa Bento XVI, e tem uma obra vastíssima e importante. Quando ele fala sobre a alma humana é muito feliz ao descrevê-la como um abismo, um vácuo, um espaço “superexistencial” feito para Deus e onde somente Sua presença satisfaz. O vazio

que há em nossas almas é Capax Dei somente!

E sabe quem une as duas partes que se completam e encaixam perfeitamente? A nossa vontade unida à vontade de Deus, o SIM irrestrito a Jesus para que o Espírito Santo aja com liberdade. A cada sim dado e repetido, a cada união de vontades e de livres-arbítrios, a www.edicoesshalom.com.br

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nossa com a de Deus e a dele com a nossa, o cristal citado por Santa Teresa brilha mais intensamente porque o abismo onde só cabe Deus vai sendo visitado e preenchido pela presença Dele!

Por outro lado, a cada não à vontade de Deus, ao amor de Deus, à Palavra de Deus, à Igreja de Deus, aos sacramentos, à vivência autêntica da consagração e da vocação específica recebida, a cada vez que acolhemos a mentira demoníaca de temer a vontade de Deus, é como se o cristal fosse encoberto por camadas de lama que escondem o seu brilho, e com o tempo, até a percepção de sua presença. Quantas pessoas sequer se lembram e muitas até fazem questão de negar veementemente que têm uma alma imortal criada para Deus por Amor e para o Amor?

Por isso é tão essencial mostrar aos jovens – e a todos os que queremos alcançar com nosso testemunho de vida e evangelização – que a alma imortal que cada um carrega em si pelo simples fato e maravilhoso fato de ser humano, só será verdadeiramente livre e feliz se disser sim a Jesus Cristo. Aqui se encontra o segredo e a fonte da felicidade que todos querem encontrar a todo custo e a qualquer preço. E essa vontade profunda de ser feliz só a temos porque o abismo que carregamos em nós existe para ser preenchido por esta presença e pessoa que é o Deus

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Shalom Maná | Julho/2009

Vivo e Verdadeiro revelado em Jesus Cristo, que é Ele mesmo.

Num mundo e numa sociedade cada vez mais secularizados e sem verdadeira espiritualidade, onde todos os veículos de entretenimento e quase todas as instituições mentem e inventam as coisas mais estapafúrdias para as pessoas serem felizes, onde as ideologias querem

A cada sim dado e repetido, a cada união de vontades e de livres-arbítrios, a nossa com a de Deus e a dele com a nossa, o cristal citado por Santa Teresa brilha mais intensamente porque o abismo onde só cabe Deus vai sendo visitado e preenchido pela presença Dele!” substituir a Verdade revelada, nós, cristãos, temos sido tratados e vistos muitas vezes, como antiquados, retrógrados, ultrapassados ou até meio inocentes e bobinhos... Mas é tempo de permanecermos seguros e firmes, santamente firmes em nossas convicções, total e plenamente apoiados em Deus e em comunhão com a Igreja, mesmo que o mundo vire de pernas para o ar. Basta pensar no parlamento europeu que quer banir a palavra Deus de sua consti-

tuição e estatutos, ou nas expressões artísticas e culturais, científicas e sociais que querem negar Deus, negar a cultura cristã-católica, que querem banir a Igreja e todas as verdades de fé que ela preserva. Mais do que nunca, nossa postura firme e séria, comprometida, por que não dizer feliz e rebelde, determinada a ir contra a maré é fundamental e importantíssima.

O nosso grito apontando o Cordeiro de Deus que está vivo e está no meio de nós – fora e dentro!

E nos Halleluyas de todas as missões – é crucial para que as pessoas, de todas as idades, e as instituições, não se esqueçam ou sejam relembradas, ou mesmo aprendam, ou ao menos escutem, mesmo que rejeitem, que no Capax Dei que em cada um existe, só cabe Dei como resposta. Somente Deus!

Não há dinheiro abundante, sexo desvairado, realização intelectual, realização afetiva, projetos bemsucedidos, política, ideais, pessoa humana, liderança de A ou B, seja o que for e quem for, que mate a sede de água viva, a fome de amor eterno, ou substitua o encontro com o mais Belo de Todos os Homens, Jesus, o Senhor.

Ele aguarda o nosso sim para unir-se a nós pessoalmente e nos fazer felizes e belos, livres como Ele é.

E sua pergunta continua ecoando: “Tu me amas?” ( Jo 21,15ss). www.elenarreguy.blogspot.com elenarreguy@gmail.com