Ato Arte | Histórias de Luz

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EDIÇÃO#3

HISTÓRIAS DE LUZ LÉO CARVALHO

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DIÁLOGO ENTRE O MUNDO COLETIVO E O OLHAR ATO ARTE é um coletivo que existe para estimular o diálogo entre a arte contemporânea e o público e que propicia a manifestação por meio do diálogo entre o mundo da arte e o apreciador. É também um intercâmbio de linguagens e uma oferta de produção artística que provoca a expansão cultural. Portanto, é de responsabilidade do ATO ARTE o estímulo à criação, ao debate, à produção e à promoção de projetos artísticos contemporâneos, envolvendo um coletivo de artistas comprometidos com o desenvolvimento da expressão artística contemporânea, que seja inédita na concepção e na apresentação, tenha uma proposta inovadora e possa distinguir-se perante a produção dessa arte no mundo. Aqui, no ATO ARTE, é possível encontrar um ambiente para dialogar sobre projetos e exposições e um acervo de obras orientadas para exigentes apreciadores de arte do nosso tempo. Contemple Capa e do lado esquerdo traz detalhe da Esperando na Janela, 2013, fotografia, 30 x 45,5 cm. 3


HISTORIAS DE LUZ LÉO CARVALHO – nasceu em 1984 e trabalha na Cidade de São Paulo

Pela simples observação, é possível deduzir características a respeito de um fato, pessoa ou local. Por exemplo, podemos dizer a idade aproximada de alguém apenas examinando alguns atributos, como cor e estilo do cabelo, rugas, postura corporal, roupas, ambiente, etc. A série fotográfica Histórias de Luz trata deste fenômeno em um local rico em diver sidade. E, por imagens captadas no interior da Estação da Luz, em São Paulo, podemos conjecturar histórias de vida e de personalidade das pessoas e do próprio local. Sem qualquer julgamento moral, as histórias dos personagens se revelam e se desdobram quando se observa as imagens, principalmente se entendermos um pouco mais sobre o local e seus frequentadores habituais: estação de trem, localizada no centro de São Paulo, que recebe uma média de 147 mil1 passageiros por dia advindos dos mais remotos locais do País. Mais do que criar preconceito, podemos interpretar ícones representativos de um grupo frequentador e morador da região e assim começar a captar a complexa malha de vidas que transitam em torno de comportamentos comuns. A estação recebe pessoas de todos os tipos, mas é visível a predominância de classes sociais mais baixas. Ali dentro é um ponto de prostituição. Inclusive, entre

os travestis e as messalinas, há um bom número de idosas já calejadas pela vida oferecendo programas e gesticulando exageradamente junto aos gritos estridentes de palavrões, que até podem incomodar os recém-chegados, mas que, com o passar do tempo, se tornam parte tão integrante do espaço como os arcos ingleses rebuscados trazidos de navio há mais de um século. Esta imagem é apenas um exemplo da falsa dicotomia entre o que foi construído como um espaço elegante e refinado, com material importado e caro para a época, e a frequência maciça de populares que por lá hoje transitam, com a possibilidade de tocar o piano que, estagnado, ali no meio do saguão principal, na passagem de quem chega e sai da estação, mexe com a imaginação aqueles que têm este instrumento no imaginário como ícone de bom poder aquisitivo. Acessível assim, só poderia ser ali. Alguns apressados para pegar o trem, outros tranquilamente visitam a famosa Estação da Luz e outros ainda na expectativa de sexo fácil e barato formam parte das histórias de São Paulo, um recorte do Brasil. Destinos que se cruzam, por vezes se entrelaçam, mas, assim como o trem que parte sempre em poucos minutos, cada um segue seu caminho e sua história.

1. Estação da Luz, Wikipédia, a enciclopédia livre. Página acessada em 14 de maio de 2014.

Ao lado, Ying Yang, 2013, fotografia, 48,5 x 30 cm. 4 5/14


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Acima, TrĂ­ade, 2013, fotografia, 30 x 51,5 cm. 6 5/14


Na pr贸xima p谩gina, Esperando na Janela, 2013, fotografia, 30 x 45,5 cm. 7


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Publicação Ato Arte Maio de 2014, São Paulo, Brasil

Histórias de Luz Série de fotografias: Léo Carvalho Foto da Capa, p. 2, p. 8-9 Esperando na Janela, 2013, fotografia, 30 x 45,5 cm. p. 5 Ying Yang, 2013, fotografia, 48,5 x 30 cm. p. 6-7 e 9 Tríade, 2013, fotografia, 30 x 51,5 cm.



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