Artefactos Dezembro 2021 - Agrupamnto de Escolas Martim de Freitas (Coimbra)

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arte factos

anos 50

dezembro 2021 | AE Martim de Freitas | ano 24

Histórias de uma Escola com História págs. 3 a 18 e Centrais dezembro 2021 | artefactos 1


editorial

índice

Os construtores

Luís Lobo, coordenador da Artefactos Uma família, um clube, um grupo cultural, uma cidade, uma escola... qualquer que seja o núcleo social tem sempre uma história e essa história é feita de muitas histórias que lhe vão dando cor e forma. Numa escola também é assim. Tão bem que o sabemos! Sem professores não se aprende e sem alunos não se ensina. E sem todos aqueles que, dia após dia, ajudam os professores a ensinar e os alunos a aprender a escola não funciona. Uma escola com 50 anos como a Martim (nome carinhoso dado por quem nela viveu e a ela está ligado) teve de viver dessas cumplicidades. Forma saudável de olharmos para um passado que faz com que se digam coisas como "Queria poder voltar" (Maria Ana Monteiro, na página 7) ou "enorme gratidão" (João Guedes, na página 4). Carregadas de sentimento são as afirmações de que "fui feliz lá" (Maria João Seabra Santos) ou "a mesma alegria, o mesmo entusiasmo e a mesma esperança" de quem foi aluna, estagiária e professora na mesma escola onde também teve os seus filhos (Paula Cabrita).

Estas coisas marcam. Marcamnos! Quando o nosso presidente do Conselho Geral sente "orgulho de fazer parte desta história", reflete aquele sentimento que nos toca a todos, com a mesma pujança. E são "as coisas inesquecíveis e inigualáveis" (Linhares de Castro) ou as "memórias e laços" (Maria Alberto Curado) que nos prendem à alegria de sermos parte deste cosmos que é a Escola Martim de Freitas, hoje sede de um grande agrupamento (talvez grande de mais) que nos arrasa, revolta, zanga e desgasta (porque as pessoas são feitas de emoções), mas que nos alegra, orgulha, invade e glorifica. Professores, alunos, pessoal não docente lembram os 50 anos de crescimento e glória mas não podem esquecer que esta escola merece mais e melhor e que não basta o esforço que todos fazem para que siga em frente. É preciso mais respeito por esta coisa enorme que é a Educação. Uma "escola humanista" (Filipe Xavier) "constrói-se pela ação diária de todos aqueles que nela exercem os seus diferentes papéis" (Alberto Barreira).

FICHA TÉCNICA: Propriedade: Agrup. de Esc. Martim de Freitas Coimbra | R André de Gouveia, Santo António dos Olivais, 3000-029 Coimbra Correio Eletrónico: artefactos@aemartimdefreitas.com Diretor: Alberto Barreira Coordenação: Luís Lobo Composição e Paginação: AEMF Impressão: MULTIPONTO, SA 2 artefactos | dezembro 2021 Tiragem: 600 exemplares

Na roda do tempo 3 Orgulho de fazer parte desta história - Armando Semedo 4 Uma enorme gratidão - João Guedes 5 Memórias da minha escola Linhares de Castro 6 Memórias e Laços - Maria Alberto Curado 7 Queria poder voltar - Maria Ana MOnteiro 9 Sempre uma escola humanista, de sucesso e de cidadania - Filipe Xavier 12 50 anos - Alberto Barreira 14 A mesma alegria, entusiasmo e a mesma esperança - Paula Cabrita 16 Martim de Freitas... fui feliz lá Maria João Seabra Santos 17 Ainda sobre a Martim... que já faz 50 anos! - Adélia Lourenço 20 Rostos - Fernando Antunes Histórias que fazem história 8 João Neto, Ex-Aluno, Judoca, treinador de alta competição 15 Henrique Valente, Ex-Aluno, Advogado Parlamento dos Jovens 19 2021/22: fake news em debate Escola em ação 23 Aprendizagens à volta da nossa Escola, EB1 Sta Cruz 24 Coselhas assombrada 25 Semana da Cultura Científica 26 Meu Mar, 3.º B, EB1 Montes Claros 27 Escola Amiga, EB1 Coselha 33 Noite Mágica, Ed. Física 35 A brincar, a brincar 37 Dia Internacional da Pessoa com Deficiência ... e muito mais Biblioteca 30 Leituras para aquecer Escola com Todos 38 Green Cork Escolas


na roda do tempo Armando Semedo Presidente do Conselho Geral

Orgulho de fazer parte desta história A rápida evolução da sociedade portuguesa nos últimos cinquenta anos alterou profundamente o modo de vida dos portugueses. Uma das alterações mais significativas verificou-se no ensino e na educação. Com o 25 de abril, assistimos a um dos maiores avanços geracionais: a massificação do sistema educativo e a transformação da escola pública numa escola plural, que permite a cada um as mesmas oportunidades, independentemente das suas origens sociais ou culturais. A constituição de 1976 consagrou os princípios fundamentais do sistema educativo, numa clara afirmação da democratização do ensino e da educação, com base no princípio da liberdade e igualdade de todos, em termos de oportunidades de acesso e de sucesso. A escola pública e o direito universal à educação e ao ensino foram conquistas da democracia que mudaram inteiramente o panorama sociocultural do país. É neste contexto que celebramos os 50 anos de existência da Martim de Freitas, relembrando o contributo que deu para a literacia de milhares de crianças e jovens e para a diminuição do abandono escolar. A sua conceção educativa, assente numa visão integradora, ajudou a formar cidadãos livres, responsáveis e interventivos, com sentido de cidadania. Foram muitas as transformações que a escola sofreu desde a sua fundação até aos dias de hoje. Ao longo destes anos, assistimos às mudanças que aconteceram por força das circunstâncias impostas,

ou pelas opções tomadas em cada momento: a construção das atuais instalações, o alargamento da escolaridade obrigatória, a implementação da educação especial, a transformação em agrupamento de escolas, foram várias e significativas as etapas de um percurso cheio de desafios e estímulos, em que as conquistas, os êxitos e os sucessos foram superiores às adversidades. Ano após ano, a renovação fez-se com a integração de uns e com o respeito pelo legado dos outros. As novas gerações mantiveram viva a memória do passado, respeitaram os valores edificados e deram continuidade a uma cultura de rigor, mérito e profissionalismo, que conquistou o respeito e o reconhecimento da comunidade. Hoje, orgulhamo-nos de fazer parte de um pedaço da história desta Instituição. Trilhar caminhos em tempos difíceis como os que vivemos, nem sempre é fácil. Sabemos bem que os infortúnios emergem com a complexidade dos tempos. Ainda assim, não nos resignamos, continuamos a enfrentar os desafios futuros com alento, esperança e tenacidade, para

responder às expetativas criadas e continuar a merecer a confiança dos que acreditam em nós e nos consideram uma escola de referência. As dificuldades que enfrentámos em diferentes ocasiões e em circunstâncias distintas, recordam-nos períodos complexos; porém, se outrora, nos mais variados cenários, conseguimos afastar dúvidas e ultrapassar barreiras que pareciam intransponíveis, certamente que no futuro conseguiremos superar todas as contrariedades. Para encerrar as comemorações, fazemos votos para que os próximos 50 anos sejam o espelho do sucesso que ajudámos a construir.

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na roda do tempo João Guedes Ex-Docente

Uma enorme gratidão É um orgulho ter pertencido à história da Escola Martim de Freitas. Durante 17 anos foi aí que partilhámos alegrias e tristezas, êxitos e fracassos, aventuras e rotinas. O balanço de uns e outros ou a enunciação de cargos e atividades não cabem em 2500 caracteres; preencho, pois, este momento de nostalgia com algumas lembranças, um pouco ao acaso. Entre os anos de 2002 e 2005 coordenámos, com outros professores, a revista ArteFactos e o Clube de Jornalismo. Logo no 1º número, um verdadeiro “furo”: descobrimos dois estudantes timorenses que tinham presenciado o massacre por tropas indonésias, no cemitério de Santa Cruz. Entrevistámolos na Praça da República, trouxemo-los à nossa escola, colocámos o tema na 1ª página e contribuímos, modestamente, para o levante patriótico que ajudou à independência de Timor. Lembro também uma visita de André Sardet, “pela mão” de uma antiga professora (Olá, dra Dulce Rajado!) e as coberturas das festas de final de ano (Obrigado, drs. Paula Ruas e Avelino Correia!). Impossível esquecer a euforia dos pequenos jornalistas numa visita à TVI, recebidos pelo amabilíssimo Pedro Pinto e

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pela estrela ascendente Cristina Ferreira. Pelo menos um desses “jornalistas” está a fazer carreira nessa área. Em 2008 lançámos a escola na atividade Parlamento dos Jovens, que continua a integrar o PAE. Lembramos o nervosismo das

primeiras iniciativas, a primeira vinda de um deputado, a divertida campanha eleitoral, a animada sessão escolar, a renhida sessão distrital, na Lousã. As aguerridas Maria José, Rita e Patrícia conseguiram a nomeação para a sessão nacional, realizada na Assembleia da República, com a participação de “deputados” de todo o país, onde tiveram papel destacado e contacto próximo com deputados e governantes que conheciam da televisão. Tudo devidamente relatado no ArteFactos de final do ano. Muito gratos estamos ao dr. Filipe Xavier que nos tem permitido prolongar esta experiência.

Outro momento engraçado foi a co-organização de uma pequena feira medieval, um pouco trapalhona, em junho de 2006. (Por onde anda, dra Ana Nogueira?) Muito vívida, também, aquela

tarde em que um grupo de professores juntou a sua voz a um mar de outras que encheram a avenida da Liberdade para mostrar o seu desagrado a quem achou boa política dividir e desrespeitar os docentes, degradar as suas condições de trabalho e rebaixar o seu prestígio junto da sociedade, com vista à sua proletarização e, por essa via, à redução dos custos com a educação. Foi por estas e por outras (ex. o “fator de sustentabilidade”) que decidimos retirar-nos, após, 39 anos de serviço. Confessamos que, de vez em quando, nos assalta um pesar por não termos dado mais uns anos à escola, por termos “abandonado” aqueles que, malgrado todos os desrespeitos, continuam a fazer dela um lugar bem frequentado. E, excluindonos, lamentamos que o potencial formativo dos professores “seniores” seja mal aproveitado. Fica-nos uma enorme gratidão por tanto que recebemos daqueles – professores, alunos, funcionários, sem ordem de prioridade – que connosco conviveram e nos aturaram as teimosias. (Tantos rostos, tantas pessoas interessantes, tantas histórias…) Muitas venturas para os próximos 50 anos!


na roda do tempo Linhares de Castro Ex-Presidente do Conselho Diretivo

Memórias da minha Escola Em 1990 apresentei-me na Escola Básica 2/3 Martim de Freitas, para viver um período de grande realização profissional e pessoal. Declaro solenemente: foram dos anos mais ricos da minha vida profissional e muito aprendi com um lote de profissionais de mão cheia, incluindo os funcionários administrativos e os de apoio, sempre inexcedíveis na sua vontade de bem servir a escola pública. Escola de referência na cidade de Coimbra, com alunos oriundos dos mais diversos grupos socioeconómicos é uma verdadeira escola pública onde todos se cruzam e aprendem e partilham vidas e saberes. Muitos alunos e muitos profissionais docentes e não docentes estão comigo ainda hoje, recordação inolvidável da minha vida. Recordo o N…, um menino fora da caixa, pouco ou nada estudioso, oriundo de um meio bem difícil e que levantou muitos problemas ao longo dos anos da sua permanência na escola. Ganhamo-lo pelo futebol, para o qual tinha inata habilidade. O problema que se nos punha era sabermos se o poderíamos levar a algum torneio interescolas ou se ele se encarregaria de arranjar problemas com os miúdos dos outros estabelecimentos de ensino. Aqui entrou a excelente relação que com ele fez o Miguel Santos (um amigo que nos deixou tão cedo e de forma tão brutal) que o controlava com grande esforço mas reconhecido êxito. A última vez que vi o N… foi na visita que lhe fiz à enfermaria

de infectocontagiosas dos HUC durante um seu internamento. Já nenhum de nós estava na escola, mas mantivemos algum contacto nessa altura. Entretanto nunca mais soube dele. Ainda tenho na memória o B…, um rapaz abandonado pelos progenitores. Vivia com os avós, numa casa muito humilde que eu visitava em tardes de sábado e que vim a encontrar muito mais tarde em Miranda do Corvo, na ADFP. Quando soube que a minha filha ali trabalhava, fez questão de me esperar muitas manhãs para me cumprimentar e dar dois dedos de conversa. Faleceu muito jovem, que há opções de vida que não perdoam. Para não maçar muito quem me lê só mais uma foto tirada do meu álbum de recordações. O L… era outro menino difícil, família mais ou menos destruturada e que assistia ao que se passava em casa com ar de revolta. Um dia foram chamar-me ao Conselho Diretivo de que eu fazia parte, porque ele estava a implicar grosseiramente com uma professora. Fui à sala, a confusão era mais do que muita, levei-o para uma sala ao lado que

estava vazia e tivemos uma dura conversa. Aí uns vinte anos depois, durante uma campanha eleitoral, andava eu nos arredores da cidade quando de um telhado de uma casa em obras, um trabalhador gritou “professor Linhares, sou o L…”. Desceu e fez questão de me dar um abraço. Os camaradas que me acompanhavam ficaram surpresos com a minha popularidade… Os 50 anos da “minha” escola fazem-me levantar da memória coisas inesquecíveis e inigualáveis. Obrigado, colegas, obrigado, funcionários, obrigado, alunos. Este homem de lágrima fácil recorda-vos sempre com Amizade e gratidão.

Os 50 anos da “minha” escola fazem-me levantar da memória coisas inesquecíveis e inigualáveis. Obrigado, colegas, obrigado, funcionários, obrigado, alunos. dezembro 2021 | artefactos 5


na roda do tempo Maria Alberto Curado Ex-Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação

Memórias e laços Tal como acontece com Saramago, em As pequenas Memórias, também a mim “me é difícil (…) situar certos acontecimentos no tempo”. Talvez porque o que é realmente importante são as marcas que as vivências deixam em nós. Por isso, recordo episódios que me abrem um sorriso melancólico no rosto, associado a uma grande certeza: a de que foi longo o tempo em que fiz parte das associações de pais do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas (AEMF). O tempo que preencheu a infância e a primeira juventude dos meus dois rapazes - e tão felizes que eles foram neste agrupamento!! Penso que terão sido cerca de 14 anos, anos do “coração”, com lágrimas fáceis, feitas de emoções incontidas… Os Pais/EE quiseram abraçar esta Escola, partilhar as suas inquietações, aliar-se às suas lutas, colaborar na sua reflexão, instigar a discussão de ideias, mas nunca de forma invasiva. E esta Escola era, para nós, Pais/EE, um espaço familiar, onde ninguém precisava de pedir licença para entrar, um espaço de conforto, de diálogo, de consensos. Perdeuse a conta às inúmeras reuniões com os Diretores, a Dra. Adélia Lourenço e, depois, o Dr. Alberto Barreira, ou, ainda, de Conselho Geral, onde avançávamos

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madrugada fora, porque ninguém “assinava de cruz”, até que os seus Presidentes, Dr. Filipe Xavier e Dr. Armando Semedo, encerravam os cansadíssimos trabalhos, com a habitual simpatia. Estas Associações de Pais eram, no seu interior, coesas, solidárias nos objetivos e cúmplices no trabalho, imperando o espírito de equipa. Era na diversidade dos seus elementos que se enriqueciam os contributos, que se trilhavam novos caminhos, que jamais desaparecerão. No entanto, a par do trabalho, criavam-se empatias e laços que perduram. Por isso, as incomensuráveis horas partilhadas são inesquecíveis! Revisitando esse tempo, sem fio cronológico condutor, o suspiro ainda surge quando se observa o renovado edifício da EB1 de Montes Claros, que esteve à beira de o não ser; quando se recorda

o exército de Pais/EE que marcou presença connosco na Sessão de Câmara, com a exigência de melhores refeições para os nossos alunos; ou, ainda, quando lembramos o brilho desmedido nos olhos das crianças diante das prendas recebidas, as mesas de ping-pong e uma tonelada de brinquedos; mas também, quando passamos na Alameda e vemos os alegres grupos saltitantes de alunos em segurança numa “nova” paragem de autocarro. Algumas das pequenas grandes conquistas! Foi uma honra e um prazer ter feito parte destas equipas de Associações de Pais que, em colaboração com os restantes elementos da comunidade educativa, contribuíram para que o AEMF fosse uma Escola com todos e de todos. Por tudo isto, e por aquilo que é indizível, valeu mesmo, mesmo a pena!


na roda do tempo

Maria Ana de Almeida Monteiro Ex-Aluna, estuda na Escola Secundária José Falcão

“Queria poder voltar” Sempre que reflito sobre escola, os meus pensamentos não vão muito longe: Escola é Martim de Freitas! Quando no meu 5º ano fui aceite, mal sabia ao que me estava a entregar, como seria a minha adaptação, os novos professores, “mestres universitários, autênticas faculdades do conhecimento”, tinha para mim... Sei, agora, o quão improvável era antever o presságio de tantas alegrias, o quanto me iria afeiçoar àquelas pessoas e Lugar, que me transformaria num tudo a partir de nada. Entrado o portão principal, trocados os “bons-dias” com o Sr Vilão e D. Céu, abre-se a escadaria de acesso ao bloco da Direção. Gostava das idas à Direção, antecipadoras de atividades de interesse geral... e a figura do Diretor encerrava em si uma pessoa congregadora e líder..., mais tarde, aliado da “minha” singular Prof. Milene, veio alimentar um projeto ainda maior. Lembro-me de nunca estar sozinha nas infinitas voltas à escola. Pertencia ao grupo dos impartíveis amigos: Matilde, André, Pinto, Miguel, Inês, Guilherme, Zé e, mais tarde, Henrique, Beatriz, Maria, Afonso e Rodrigo. Acamaradávamos muito. Juntarmo-nos simplesmente e a cada professor, no fim da aula, garantia ambiente acolhedor e celebratório. Como recontar esses pedagogos tão distantes (e tão presentes)? Marcou-me a minha primeira DT, Odete Xavier, Sr.ª extremamente generosa.

Todas as crianças têm uma relação especial com alguns professores, não sou exceção. Tive professores fora de série: ensinavam a não ficar pela rama, a questionar, a exigir mais de nós, a nunca dar menos do que o melhor. Poder ser amiga de todos eles fazia-me cócegas no ego. Deles herdei muitas teorias: “aprender a aprender”, “saber ler nas entrelinhas” e “usar conhecimento à posteriori”. As atividades mais impactantes eram os campeonatos desportivos e as festas de abertura e fim do ano, o trabalho dos meus Profs. Paula Rovira e João Nuno não resultava em menos que autênticos musicais la Féria... Evoquem-se as salas, em

Quando no meu 5º ano fui aceite, mal sabia ao que me estava a entregar, como seria a minha adaptação, os novos professores, “mestres universitários, autênticas faculdades do conhecimento”, tinha para mim... Ciente de que estes pequenos viveres não chegam para revelar a tela de mais-valias que a “minha” escola pintou na minha essência, a Martim foi segunda casa, metáfora de vida e prova de que somos os discípulos do amanhã.

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especial a de espanhol, que a partir do meu 7º ano passou a expor um cartaz da minha

autoria. Lembrança que a escola cravou em mim foi a inesperada vitória no concurso “Pilar Moreno”. O que esse cartaz e a viagem de estudo que se seguiu (a Bragança, Rio de Onor, Puebla de Sanabria e Salamanca) viriam a proporcionar. Graças à Prof. Milene e ao carinho pelo “seu” 9ºG, convencionou-se que tal visita testaria um outro concurso: gravar um vídeo alusivo a uma visita a Espanha. Recordo a ânsia posta na chegada do resultado, passaporte para mais uma viagem que a Pandemia levou ... estávamos imbuídos na poesia de Camões, na aula da Sr.ª Prof. Helena Ligeiro, quando a Dr.ª Cecília anunciou...” ganharam”! Éramos a Pandilla Genial! Ciente de que estes pequenos viveres não chegam para revelar a tela de mais-valias que a “minha” escola pintou na minha essência, a Martim foi segunda casa, metáfora de vida e prova de que somos os discípulos do amanhã. Queria ficar... foi preciso partir..., mas levo para a vida!

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histórias que fazem história

João Neto

Ex-Aluno, Judoca, treinador de alta competição

Por onde anda (local onde vive, qual a sua atividade principal, que outra atividade relevante quer salientar)? Continuo a morar em Coimbra. É uma cidade que gosto bastante e não me imaginaria a viver noutro local. Neste momento sou treinador de Judo da Associação Académica de Coimbra e trabalho fundamentalmente com atletas de alta competição, nomeadamente com a Catarina Costa que esteve presente nos Jogo Olímpicos de Tokyo. O que sente quando se fala da “Martim”? Curiosamente este ano o meu filho mais velho, o Guilherme, entrou para o 5° ano e pude voltar a reviver também um pouco os meus tempos de juventude, das correrias matinais para não levarmos falta, das situações caricatas do dia a dia...

Para além disso traz me também memórias boas da minha Mãe que foi professora durante bastante tempo na escola e tinha uma grande paixão pelo que fazia. A Martim é sem dúvida um local que traz recordações muito boas! O que mais o/a marcou na sua passagem por esta escola? Talvez os amigos que ficaram para a vida e também alguns professores que me influenciaram bastante. Que mensagem gostaria de deixar aos atuais alunos? Que dêem o melhor deles nas pequenas coisas que fazem, que valorizem mais o que são em detrimento do que têm e que trabalhem com objetivos, determinação e foco.


na roda do tempo Filipe Xavier Ex-Presidente do Conselho Executivo

Sempre uma escola humanista, de sucesso e de cidadania A Instrução Emancipa e tem que contribuir decisivamente para que os Jovens tenham o Direito de “ Ter Asas para Voarem…” e Potenciarem as suas Capacidades e os Talentos de Cada Um.

É, com muita emoção e satisfação, que partilho convosco a minha reflexão bastante sentida sobre a comemoração dos 50 anos da Escola Martim de Freitas. Tive “a estrelinha” ser colocado como Professor do Quadro da EMF (já com quase 17 anos de atividade docente) em setembro de 1995- ano de comemoração dos 25 anos da nossa escola e concluir essas funções/ passar à categoria de professor aposentado em novembro de 2020, ou seja, pude assistir,

também, à comemoração dos 50 anos. Desde o primeiro momento que me senti apoiado e bem integrado por aqueles colegas, os quais intitulo “ a primeira geração” que estavam intimamente ligados à escola desde a sua fundação e que me transmitiram o sentido e significado da Cultura desta Escola e o respetivo e constante desafio. Esse desafio para mim e para os docentes que entraram na década de 90 – “ a segunda geração”- foi motivante com o

grande objetivo dessa cultura de escola ser constantemente renovada, enriquecida, pois a escola deve sempre interrogarse sobre o sentido profundo de que se reveste a educação, suas responsabilidades para com as gerações, que tem de preparar o mundo de amanhã, suas perspetivas e finalidades. E a EMF fervilhava de atividades imbuídas da influência da Área Escola, vários clubes e com um novo Projeto Pedagógico, existente a nível nacional- Território Educativo de Intervenção PrioritáriaTEIP-, que englobava dois estabelecimentos de ensino do 1º Ciclo: Montes Claros e Celas (entretanto extinto). Este projeto reputo de muito importante pela mais valia que originou na nossa escola, a saber: - prevenção e redução do abandono escolar precoce e do absentismo - promoção do sucesso educativo de todos os alunos, através da redução do número de alunos por turma, grupos de nível e mais recursos docentes - trabalho interciclos, preparando e muito bem a EMF para o Agrupamento de Escolas, que surgiu em 2003 E outro desafio surgiu em maio de 1998, quando foi publicado o Decreto-Lei Nº 115/A/ 98, de 4 de maio, que instituía o – Regime de Autonomia, Administração e Gestão dos Estabelecimentos da Educação Pré-Escolar e dos Ensinos Básico e Secundário. dezembro 2021 | artefactos 9


Apresentava entre outros eixos prioritários o primado de critérios de natureza pedagógica e científica, a escola construir a sua autonomia e garantir a participação da sociedade civil. Este último originou um amplo debate interno e muitas interrogações sobre a sua positividade, que o tempo veio demonstrar/confirmar essa positividade. E assim surgiu a elaboração de documentos estruturantes do processo de autonomia: Projeto Educativo, Regulamento Interno e Plano de Atividades, documentos estes com a participação ativa da comunidade educativa, grande novidade deste novo modelo de gestão das escolas. Comunidade Educativa que estava então representada no Conselho Pedagógico (atualmente não) e principalmente na Assembleia de Escola, depois denominada Conselho Geral com representantes do pessoal docente, não docente, autarquia, pais/encarregados de educação, instituições/organismos locais. Orgulhosamente, fiz parte deste órgão, com diferentes cargos, entre 1998 a 2017. Por isso, sublinho a sua importância e o seu contributo para a excelência do

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funcionamento da EMF, com opiniões muito construtivas e um ótimo ambiente de trabalho interprofissionais. De destacar, ainda, o protocolo com o Hospital Pediátrico, que permitia a docentes acompanharem /apoiarem pedagogicamente jovens alunos internados e deste modo, minimizar, os problemas de saúde e de situações humanas bastante marcantes. Outro protocolo foi a integração administrativa do Centro Educativo dos Olivais na nossa escola, que tem permitido a fixação anual de professores para lecionarem a jovens que precisam, como cidadãos, de serem reabilitados, adquirir mais habilitações, para que o seu futuro seja mais condigno com a sua condição humana. E onde a EMF continuou a ser inovadora? - Primeira escola de Coimbra a apresentar Clube de Dança e a Disciplina de Dança - A nível informático foi a que melhor se apetrechou a nível de rede e conseguiu manter sempre em pleno funcionamento todos os equipamentos - Primeira escola de Coimbra a nível de línguas oferecer, no 3º ciclo, as disciplinas de

Espanhol e Alemão. No âmbito da disciplina de Espanhol realizámos um intercâmbio com uma escola de Gijon. - Com o Grupo de Educação Física comemorar os anos / jogos olímpicos convidando a campeã olímpica Rosa Mota e daí o nome atribuído ao Pavilhão Gimnodesportivo E o que dizer das Visitas de Estudo ao Estrangeiro e do Projeto Parlamento dos Jovens? Foram atividades altamente motivadoras e motivantes para todos nós. Com efeito, é da mais elementar justiça louvar aqueles docentes “ que ousaram…” desafiar todas as dificuldades e burocracias para proporcionarem aos nossos alunos visitas a diversos países europeus, conhecimento das respetivas culturas que de outra forma não lhes seria possível. E o referido Projeto PJ que entusiasmou os nossos alunos e a escola, atingindo uma relevância pelo crescente número de alunos participantes, permitiu educar para a cidadania, estimulando o gosto pela participação cívica e política, promovendo o espírito crítico, o debate democrático e o respeito pela diversidade de opiniões, ou seja, a Cidadania na sua plenitude, pois pretendemos cidadãos atuantes e preocupados com o presente e o futuro de Portugal. O que nunca esqueceremos? - Professores, Funcionários e Alunos que fisicamente nos deixaram, mas que perduram na nossa memória, pela marca/ contributo que deixaram - A satisfação/motivação com que todos vínhamos trabalhar pois sentíamos que o nosso contributo para uma Escola de Referência era importante e reconhecido - Os meus alunos que quiseram


ter/contribuir para “ Um Ensino e Escola Diferente…” - Os meus 25 anos na EMF e todos aqueles com que trabalhei Mas claro, que houve, obviamente, constrangimentos, inquietudes, momentos de desânimo, perplexidade, com decisões ministeriais, desacordos entre o Centro de Área Educativa e a DREC, algumas visitas inspetivas da Inspeção Geral da Educação, diminuição dos orçamentos do Ministério da Educação/Governos para as escolas e a diminuta autonomia da escola. Contudo, o saldo é extremamente positivo e “ esta 2ª geração” conseguiu manter, reforçar, enriquecer “ A Cultura da EMF” e “ A Sua Marca” reconhecida pela comunidade, pelos organismos oficiais e instituições.

É este o desafio que deixamos/ lançamos “à atual 3ª geração” e futuras gerações de docentes e comunidades educativas atual e futuras da Nossa Escola/Nosso Agrupamento. O mundo está em constante mutação/transformação e a sociedade atual exige uma união cada vez mais interligada entre a vida e a educação. O futuro da educação será a personalização para responder às necessidades de cada criança, como indivíduo único, para que todos possam ascender a um certo nível de bem estar, de instrução, de democracia. Um perfil de base humanista significa a consideração de uma sociedade centrada na pessoa e na dignidade humana, como valores fundamentais. E a Nossa Escola tem que ser sempre proativa, com um

processo/Projeto de criação e de inovação, construtora de novos saberes e novas sociedades. Temos que ser Ousados, Insistir, Persistir, Resistir e Nunca Desistir e Sempre Imbuídos de dar o nosso Contributo para uma Escola Democrática, Moderna, Mais Igualitária, de Intervenção Cívica, uma Escola Progressista ao Presente e ao Futuro da sua Comunidade, da Cidade e do País. A Instrução Emancipa e tem que contribuir decisivamente para que os Jovens tenham o Direito de “ Ter Asas para Voarem…” e Potenciarem as suas Capacidades e os Talentos de Cada Um. Em suma, Uma Escola Humanista, de Sucesso Pleno -académico e pessoal- e de Cidadania ativa e formadora. Escola de Referência/ Excelência Sempre.

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na roda do tempo

“50 anos”

Alberto Barreira Diretor do AE Martim de Freitas

Ainda que os tempos sejam hoje de grandes incertezas, de novas e exigentes demandas, a determinação, capacidade de resistência e de elevado sentido de responsabilidade desta comunidade educativa, permite encarar o futuro com algum otimismo Dos velhos “galinheiros” à nova sala de ginástica; dos tempos pré-democracia aos tempos da pandemia, da velha Escola Preparatória até ao Agrupamento de Escolas... vão 50 anos! 50 anos a marcar a história da vida de todos os que por aqui passaram. Cinco décadas de construção e afirmação de uma escola que se tornou uma referência no domínio da educação na cidade. Pelo meio, enfrentaram-se relevantes crises políticas, sociais e económicas. Implementaram-se

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reformas profundas. Instituíram-se novos currículos, programas, metas. Decretaram-se e revogaram-se enquadramentos legais e ordenamentos jurídicos. Lançaram-se planos e projetos nas mais variadas áreas e dimensões. Trouxeram-se para a escola novas disciplinas, novas competências e novas tecnologias. Exigiram-se novas abordagens, metodologias e modelos de ensino. A todas estas transformações a Escola Martim de Freitas foi resistindo e, em muitos momentos, sendo até pioneira na sua aplicação. A capacidade de se


adaptar às exigências de cada tempo, de antecipar desafios e de criar sinergias no seio da sua comunidade foram permitindo a construção de uma escola aberta, inovadora e inclusiva. Uma instituição consciente de que o seu ativo mais importante são as pessoas e que a essência da sua ação deve centrar-se na satisfação das necessidades dessas pessoas. A história de uma escola constrói-se pela ação diária de todos aqueles que nela exercem os seus diferentes papéis. Ao longo destas últimas cinco décadas, milhares de famílias confiaram os seus filhos à Escola Martim de Freitas. Mais o que isso, através da sua participação nas estruturas da escola e da ação individual, ajudaram a escola a crescer e a consolidar-se. O seu nível de exigência obrigou - e continua a obrigar – a escola a prestar um serviço de elevada qualidade. No processo de afirmação de uma instituição com estas características, é fundamental o surgimento de referências que, para além de assegurarem o seu bom funcionamento, possam constituirse como fiéis depositários de uma determinada cultura de escola. Nesse domínio, o pessoal não docente, assume um papel importante, não só pela proximidade aos alunos como pela longa permanência em funções na escola. São eles que, muitas vezes, são reconhecidos e identificados pelos elementos da comunidade educativa e que fazem parte das vivências e memórias dos que por aqui foram passando. Foi graças à sua colaboração que, entre outras, se fizeram saraus, festas, arraiais que muito contribuiu para enriquecimento da oferta da escola. Na formação dos milhares de jovens que aqui completaram os anos iniciais da sua formação foi decisivo o papel de centenas de professores que aqui exerceram funções. Alguns, apenas com breves passagens, outros com carreiras praticamente completas aqui cumpridas. A grande maioria conseguiu, pelo seu empenho, determinação e profissionalismo, ficar na memória dos seus muitos alunos. Alguns são ainda hoje recordados como verdadeiros mestres que foram determinantes no percurso formativos de algumas figuras da sociedade coimbrã nas mais variadas áreas. O seu legado continua a ser uma fonte de inspiração e a marcar muito daquilo que a escola é hoje.

No entanto, foi sobretudo graças aos seus alunos, às suas capacidades, competências e disponibilidade para aprender que a Escola Martim de Freitas foi ganhando força. O compromisso e empenho que, na grande maioria, sempre manifestaram com a sua vida escolar foi permitindo construir percursos plenos de sucesso que se estenderam muito para além da sua passagem pela escola. Foram acima de tudo eles que, com os seus desempenhos em níveis mais avançados da sua escolaridade, que melhoram divulgaram a qualidade do serviço aqui prestado. Eles foram, e continuam a ser, os maiores embaixadores desta instituição. Oxalá, no futuro esta possa ter capacidade de resposta para todos os que aqui desejam estudar e oferecer-lhe as melhores condições para que alcancem o sucesso académico, cívico, profissional. Ainda que os tempos sejam hoje de grandes incertezas, de novas e exigentes demandas, a determinação, capacidade de resistência e de elevado sentido de responsabilidade desta comunidade educativa, permite encarar o futuro com algum otimismo. O compromisso continua a ser o mesmo de há 50 anos, formar indivíduos responsáveis, criativos, com sentido critico, solidários e capazes de tornar o mundo em que vivemos num lugar melhor.

A história de uma escola constrói-se pela ação diária de todos aqueles que nela exercem os seus diferentes papéis

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na roda do tempo

A mesma alegria, entusiasmo e a mesma esperança Paula Cabrita, Professora

O que interessa, em qualquer lugar do mundo global é uma escola que faça as crianças aprenderem sentindo-se felizes e integradas. Em 1971, tinha terminado o 4º ano e morava em Moçambique, na altura uma colónia portuguesa, onde nasci. Os meus pais resolveram vir um ano para o que nós chamávamos, a Metrópole, por razões das suas vidas profissionais, viemos para Coimbra. Sendo eu gémea de um rapaz e tendo um outro irmão um ano mais velho, a escola escolhida pelos meus pais para nos inscreverem, nos designados 1º e 2º anos do ciclo, foi a Martim de Freitas que tinha acabo de ser construída, em pré-fabricados, que seriam temporários. A escola tinha uma característica muito moderna para a época – era mista- admitia rapazes e raparigas pelo que os 3 irmãos estaríamos na mesma escola. As aulas começavam em outubro e iniciaram na primeira semana sem mobiliário. Tivemos que nos sentar no chão até chegarem as cadeiras. Achámos muito engraçado. Outra particularidade é que tivemos aulas de natação, na piscina Municipal. Como todos nós tínhamos aprendido a nadar cedo eramos dos que nadavam bem e os meus irmãos foram para a académica nadar. Também havia equipas de basquete escolar. 14

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Recordo, também, que houve, no final do ano, uma excursão com todas as turmas do 1º ano, a Conimbriga e às grutas de Sto. António. Naquela altura não se chamavam visitas de estudo, embora se aprenda sempre quando se sai para o exterior da escola. A disciplina de Moral e Religião era obrigatória e a minha professora de Moral era a minha diretora de turma. O diretor da escola era o Dr. Oliveira que era o pai de uma colega minha de turma. Foi um ano muito diferente e divertido no fim do qual regressámos a Moçambique. Em 1983/84, doze anos depois, regressei à Escola Martim de Freitas, que continuava nos mesmos pré-fabricados, agora envelhecidos, no mesmo local, desta vez como professora estagiária de Ciências e Matemática do ramo educacional de Biologia. Eramos 5 no grupo de estágio e todas tínhamos 3 turmas. Como dávamos aulas e avaliávamos os alunos recebíamos ordenado. Nesse ano tive aulas ao sábado de manhã. Detestava, porque era jovem e gostava de sair à noite de sextafeira. Também foi o ano do meu cortejo da Queima das Fitas de

cartola. Em 1994 estive durante uns meses destacada, nesta escola no fim da gravidez do meu filho mais novo. Havia pouco quem trabalhasse no computador o Dr. Linhares de Castro deu-me algum trabalho para eu fazer em casa no meu computador pessoal e levava em disquete para a escola. Em 2001/2002 inscrevo o meu filho mais velho na Escola Martim de Freitas, agora num edifício novo e em 2003/2004 inscrevo o filho mais novo. Nesta época faço parte da direção da associação de pais e encarregados de educação. Achei piada ao facto de também terem aulas de natação. Em 2019 consigo colocação como professora do Quadro de agrupamento na Escola EB123 Martim de Freitas, situação que aspirava. Assim, por coincidência em 2021, exatamente 50 anos depois, aos 60 anos de idade, encontro-me a dar aulas numa escola que estreei como aluna aos 10 anos. Na Escola Martim de Freitas tive os papeis de aluna, no primeiro ano da escola, professora estagiária, professora destacada, mãe e encarregada de educação, membro da direção da associação de pais e encarregados de educação, professora de matemática, professora de ciências, diretora de turma, subcoordenadora de grupo disciplinar e cooperante no estágio final de futuros professores da minha área. Conheci a escola, na década de 70, como aluna, escrevia


histórias que fazem história à mão em cadernos já com folhas perfuradas, desenhava mapas com papel vegetal e os manuais, plastificados pelos pais, passavam do irmão mais velho para o mais novo. Conheci a escola na década de 80 no primeiro ano de professora. Os testes eram feitos em folhas de stencil com umas canetas de bico fininho ou à máquina de escrever (para os mais aptos) que se policopiavam. Usavamse aparelhos retroprojetores ou episcópios onde se podiam mostrar as fotos do manual ampliadas. Na década de 90, houve bastante desenvolvimento tecnológico e as escolas foram equipadas com algum material informático e quando os meus filhos frequentaram a Martim de Freitas na entrada do séc. XXI já faziam trabalhos no computador e tiveram clube de informática. Agora, na segunda década do seculo XXI, e 50 anos depois da minha estreia como aluna, sou professora numa realidade jamais imaginável. Com aulas online e/ou aulas presenciais, com email institucionais, com plataformas de aprendizagem, com confinamentos, álcool gel e com máscaras a tapar os rostos com restrições nos espaços, com reuniões virtuais através do computador. Como professora, contabilizo que estou 25 horas na escola e que há 36 anos, quando comecei estava 22 horas. Mas, apesar de tudo, quando hoje entro na escola, (re)vejo nos menines (termo agora a entrar em debate social) a mesma alegria, entusiasmo e a mesma esperança que eu sentia há 50 anos quando entrei nesta casa. O que interessa, em qualquer lugar do mundo global é uma escola que faça as crianças aprenderem sentindo-se felizes e integradas.

O meu grupo de amigos, que ainda são os meus amigos de hoje, numa visita de estudo a Braga.

Henrique Valente

Ex-Aluno, Advogado A Martim de Freitas marcou, de forma profunda, um período importantíssimo da minha vida que recordo com muita saudade. Foi na Martim de Freitas que conheci professores únicos, que, quinze anos volvidos, ainda se lembram de mim e eu deles. Professores com uma paixão ímpar pelo ensino, para quem o nosso bem-estar era tão importante como a nossa aprendizagem, comprometidos em proporcionar-nos as ferramentas que estavam ao seu alcance para um dia nos tornarmos cidadãos activos e empenhados nas causas que nos movem. Os meus amigos da Martim de Freitas ainda são os meus amigos de hoje. As mesas de ping-pong de cimento e as bancadas junto ao pavilhão foram substituídas pela mesa de um qualquer café de Coimbra ou de Lisboa, mas é a ligação que criámos na Martim de Freitas que ainda nos une. Recordo inúmeras aventuras e traquinices daquele tempo, próprias da idade. As pizzas no “Kubiclo” que nos sabiam a uma pizza acabada de sair de um qualquer forno em Nápoles... A loja de gomas que, a troco de um euro, faziam o nosso dia... as partidas de Volley, desporto no qual já éramos verdadeiros especialistas... o Clube Europeu... as “tardes livres”

em que preferíamos ficar na escola em vez de irmos para casa... porque era muito mais divertido estar com os nossos amigos da Martim de Freitas do que noutro sítio qualquer! Na Martim de Freitas aprendi a importância de sermos leais e solidários com quem nos rodeia. Existia um espírito inigualável de entre-ajuda e camaradagem: no meu grupo de amigos, ninguém ficava para trás! E creio que assim era porque a escola assim nos ensinava. Muitas vezes questionamos os caminhos que decidimos seguir na vida. Questionamos as escolhas que fazemos em relação ao curso que tiramos, à área profissional em que nos inserimos, à cidade que escolhemos para viver, às relações pessoais que decidimos alimentar ou abandonar... Em relação à minha vida, fui fazendo escolhas - sobre algumas dessas escolhas, tenho várias dúvidas. Sobre outras, nem tanto. Mas a Martim de Freitas foi uma das melhores escolhas com que a vida me brindou não foi uma escolha minha, é certo, foi dos meus pais. Mas recordo a escola com o orgulho de quem a escolheu a dedo, por ter vislumbrado, ao longe, aquilo que ela era e é uma escola verdadeiramente marcante e inesquecível, da qual farei sempre parte. Que dure por vários séculos! dezembro 2021 | artefactos 15


na roda do tempo Maria João Seabra Santos Ex-Aluna, docente universitária

Martim de Freitas... Fui feliz lá. Não sei se a Escola Martim de Freitas já tinha a alcunha de “galinheiros” quando a fomos inaugurar, mas julgo que isso só aconteceu mais tarde. O nome assentava-lhe bem. Eram pavilhões pré-fabricados verdes, corredores que nos pareciam longos com portas a dar para telheiros igualmente efémeros, no exterior. Tudo feito para durar pouco mas que depois acabou por ficar durante anos, na zona que hoje é ocupada pelo estacionamento do Pingo Doce de Celas. No primeiro dia tudo era novidade. O espaço, os professores diferentes a cada hora, as novas colegas da turma feminina, a sensação de liberdade, de menos controlo… Recordo o momento em que alguém disse que as mesas e cadeiras estavam a chegar. Todos saímos das salas onde até aí tínhamos estado sentados no chão em volta, com as costas apoiadas nas paredes. Muitas dezenas de crianças a correr entre as salas e as camionetas e de novo para as salas, transportando cadeiras no meio da maior chilreada de excitação. Quando penso neste episódio

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insólito, por vezes fico na dúvida: aconteceu assim mesmo ou foi construído algures pelo caminho na minha memória? Por essa altura houve uma inauguração no largo do Trianon, veio um ministro. As crianças cantaram, houve discursos e uma menina entregou um ramo de flores. Esta é uma recordação a preto e branco. A Avenida Calouste Gulbenkian foi “rasgada” no mesmo ano, o que acrescentou experiências enlameadas à novidade do ciclo preparatório. Dentro das salas, onde passámos a ter carteiras, partilhava a minha com a querida Luisinha, a minha companheira, que a partir de certa altura passou a ser somente a “compa”. Difícil era calar-nos durante as aulas! E se não podíamos falar comunicávamos por bilhetinhos. Recordo com muito carinho a professora de história Luísa Mendes, um elo tão maternal com o nosso passado recente. As manhãs de sábado eram desportivas, o desporto escolar a dar os primeiros passos. No final dos dias de aulas íamos explorar os campos em volta. Para lá da escola o mundo descampado era nosso e tudo era possível. Havia uma “pista” a espreitar por debaixo de cada árvore, de cada pedra e dentro de cada ruína. As aventuras dos livros dos 5 e dos 7 eram reconstituídas com vantagem nas nossas vidas cheias de energia e imaginação ilimitada. Fomos famosas muitas vezes! Um dia houve uma excursão. Li e reli o programa vezes sem

conta, sabia todos os pormenores de cor. Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça, Grutas de Santo António, fábrica de vidro da Marinha Grande, São Pedro de Moel e paragens para piquenique, provavelmente não por esta ordem. E no autocarro, cantámos. Quando deixei a Martim de Freitas, dois anos depois de ter entrado, havia um buraco que para nós assumia a dimensão de uma cratera à frente da porta de uma das salas. Mas os pavilhões perduraram ali, “transitórios” durante muito tempo, a alimentar as memórias de muitas gerações depois da minha. Trinta anos mais tarde regressei na qualidade de mãe, numa era diferente da história da escola e da minha história pessoal. Daquilo que eu recordava, pouco ou nada permanecia para além do nome. A Martim de Freitas funcionava agora em novos edifícios arranjadinhos, construídos numa área não muito distante da anterior. As mães e pais eram chamados à escola para reuniões, comissões e um envolvimento e participação que não estava ao alcance dos meus próprios pais, na época em que eu era aluna do ciclo preparatório. Tudo mais moderno e arejado, o espaço físico e as mentes. Mas recordo os velhos “galinheiros” com uma nostalgia sorridente.


na roda do tempo Adélia Lourenço Ex-Presidente do Conselho Executivo

Ainda sobre a Martim...que já faz 50 anos! Falar de ações, emoções, obstáculos e conquistas numa década de gestão que faz parte da História da Martim, é voltar atrás a um espaço e a um tempo que constituiu um desafio, pleno de oportunidades e emoções que preencheram uma parte significativa dos meus dias. Isto porque construir uma escola pública que arrisque ser diferente é um desafio enorme, para toda a comunidade educativa e para a gestão em particular, porque o desassossego passa a ser uma constante. Ao assumir a Direção da escola, procurei pôr em prática o modelo de escola em que acreditava, que fosse agregador, participado nas decisões e em que todos se envolvessem nas ações a implementar de modo a percorrer um caminho com o objetivo do cumprimento de um Projeto, que fosse tão completo quanto fossemos capazes, para a Educação dos nossos alunos. Se importava dar continuidade ao trabalho de melhoria que vinha sendo feito anteriormente, importava também do meu ponto de vista acrescentar elementos diferenciadores que

pudessem aproveitar o que de melhor havia nas políticas educativos do momento, mas que conseguissem alargar o estreito corredor de liberdade existente, para introduzir práticas criativas, inovadoras, projetos e fazendo o possível para formar alunos que adquirissem saberes consistentes, mas também pudessem ter experiências enriquecedoras em múltiplas áreas. E isso foi possível! É a partir da conceção do mundo, da sociedade e da

transformar se necessário. Para mim, a escola tinha que funcionar com regras claras, onde cada elemento da comunidade devia saber exatamente a importância do seu papel no processo educativo, da sua liberdade de intervenção e ação e do seu limite e isso nem sempre foi fácil de garantir e gerir! Estes foram anos de uma aprendizagem constante e de enormes desafios, que procurei ver como oportunidades de renovação e me permitiu novas vivências e olhares a exigir sempre

educação que a escola procura desenvolver conhecimentos, capacidades e atitudes, que irão permitir no futuro que os alunos se vão relacionar com a sociedade, com os outros, com a natureza e com a interpretação e compreensão do mundo, por vezes muito diferente do seu, de modo a exercer ações que o possam

constantes e diferentes ações. A necessidade de implementar habilidades e competências, com base no relacionamento interpessoal, com todos os elementos da comunidade educativa, foi também uma tarefa complexa, mas interessante! Exigia uma linguagem adequada para cada elemento dezembro 2021 | artefactos 17


e muitas vezes pelas diferentes perceções sobre a Escola em sentido lato, ficava a sensação que falávamos uma outra linguagem! Existem algumas semelhanças e diferenças entre as práticas de professor e o órgão de gestão de uma escola, e é bom que todos estejamos conscientes disso. Ao exercer apenas funções docentes, tem-se uma visão muito abrangente dos alunos, de uma parte que é muito importante, mas não do todo. Na gestão essa visão ampliase na medida em que os problemas levantados, vindos de diversos elementos têm que ser compreendidos para serem solucionados e isso permite-nos perceber a diversidade de anseios e as perplexidades de todos. Ouvir e escutar o outro, respeitar as suas opiniões, resolver os seus problemas e ou situações mais ou menos complexas, que requeriam uma tomada de posição, nem sempre era bem interpretada e compreendida por outros agentes do processo educativo, mas isso também faz parte! A escola precisa de realizar escolhas e são essas escolhas de ação, sempre discutíveis e criticáveis que a diferenciam! E estive sempre consciente dessas críticas, mas era a decisão certa para o contexto e para o momento. Nos momentos em que era necessária uma tomada de decisão mais delicada, socorriame do núcleo de gestão ou de outros mais próximos para ouvir as suas opiniões mas por vezes era necessário decidir sozinha. Por isso percebi também que a gestão tem momentos solitários, quase vazios... de encontro connosco, que exigem determinação, risco e coragem porque as decisões tomadas são sempre da nossa

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responsabilidade e por isso assumi-as sempre! Considerei sempre importante a existência de uma consciência crítica, um olhar atento e a participação efetiva de todos os atores da comunidade escolar, com corresponsabilidade através da cooperação de todos num trabalho que era um processo infindável, inacabado. Contudo consciencializar para a importância de um projeto pedagógico diferente e diversificado, com base numa participação efetiva, em que a definição de prioridades é um fator aglutinador, é um caminho moroso, por vezes difícil de concretizar. Muito mais porque a possibilidade da participação de todos, implica responsabilidade nas decisões e nem sempre todos estão dispostos a correr esse risco. Na gestão da escola, apesar de liderar decisões que envolviam questões pedagógicas, quando articulava com os coordenadores,

diretores de turma ou professores e associação de pais, sobre as formas de melhorar qualquer aspeto da vida da Escola, desempenho dos alunos ou os projetos da escola, levei sempre em consideração as opiniões daqueles que as fundamentavam de uma forma consistente, se prontificavam a ajudar, empenhando-se exaustivamente. Continuo a admirá-los e agradecer-lhes todo o seu empenho e contributo, foram eles que permitiram a concretização dos ideais projetados. Que nos próximos 50 anos a Martim mantenha a expectativa de uma escola de qualidade, que continue a estimular o sentido de pertença, a promover a riqueza da diversidade, a refletir sobre si própria e a encorajar o compromisso para uma sociedade plena e justa. Por mim, continuo a falar dela e das nossas realizações, com o mesmo entusiasmo de sempre!


parlamento dos jovens

2021/22: fake news em debate O Programa Parlamento dos Jovens é uma iniciativa da Assembleia da República. As escolas mobilizam-se para o debate e os alunos preparam e apresentam as suas listas, debatem os programas e elegem os seus representantes. Os objetivos são: educar para a cidadania, promovendo a participação cívica e política e a participação em processos eleitorais, ao mesmo tempo que os jovens ficam a conhecer a Assembleia da República e o seu funcionamento. O que é o mandato atribuído ao parlamento e aos seus deputados, como se tomam aí as decisões e a importância do debate democrático estão na base deste estimulante Programa. Na EB Martim de Freitas há 5 listas, e tudo se faz sob a coordenação do professor João Ferreira. Vamos conhecê-las! Lista A Ana Filipa, 8.º G Patrícia Almeida, 8.º G João Ferreira, 8.º C Leonor Cunha, 8.º C Matilde Carvalho, 8.º G Rodrigo Sequeira, 8.º G Laura Lavrador, 8.º G Inês Batista, 8.º C Manuel Palma, 8.º G Lista B Rita Varandas, 8.º B Mariana Simões, 8. º B Joana Farinha, 8.º B Rafael Cortesão, 8.º E José Pedro Rodrigues, 8.º B Tiago Pereira, 8.º B Laura Fernandes, 8.º B Maria Inês Nogueira, 8.º B José Pedro Fernandes, 8.º B Martim Gonçalves, 8.º B

Lista C Hugo Noronha, 7.º B Alexandre Pereira, 7.º B Leonor Faustino, 7.º B Diogo Tavares, 7.º B Nuno Noronha, 7.º B Vitória Santos, 7.º B Afonso Moreira, 7.ºB João Pedro Casimiro, 7.º B Matilde Ferreira, 7.º B Lorena Reis, 7.º B Lista D Tomás Barateiro, 8.º D Matilde Saavedra, 8.º D Mafalda Matos, 8.º D Vicente Pinto, 8.º D Matilde Madeira, 8.º D Matilde Rodrigues, 8.º D Joaquim Cunha, 8.º D Joana Leal, 8.º D Madalena Pessoa, 8.º D Francisco Fernando, 8.º D Lista E Vicente Pereira, 9.° B Francisco Pereira, 8.° D Guilherme Rocha, 9.° B Sara Cardoso, 9.° B José Cunha, 8.° D Gonçalo Franca, 8.° D Laura Casacas, 9.° B Leonor Branco, 8.° D Matilde Freitas, 8.° D Sofia Matos, 8.° D As listas revelam preocupação com as fake news e apresentam propostas para lhes fazer face: Criação de um site independente que verifique notícias falsas (Listas A, B e D); aproveitamento dos noticiários dos canais TV para desmentidos (Lista A); realização de ações de formação/sensibilização em torno da literacia da informação, abertas a todos, em escolas e locais públicos (Lista B, C e E); a criação de uma entidade reguladora que combata e retire

Lista A

Lista B

Lista C

Lista D

Lista E notícias falsas da net (Listas C e E); utilização da televisão pública para alertar a população para os perigos da desinformação (Lista C). | LL dezembro 2021 | artefactos 19


Para quando, talvez... de É dificil a escolha se nos deixam nas mãos um trabalho que foi feito com carinho para perpetuar o momento. Na captação da imagem, fixamos o momento. Quando fotografamos, o presente deixa de o ser, imediatamente. A câmara de Fernando Antunes esteve sempre presente. Registou momentos de partilha. Revelou a vida do coletivo e faz parte deste património. Pedimos ao professor Fernando Antunes que nos cedesse algumas dos milhares de fotografias que tem sobre a vida da Martim de Freitas. Ao telefone, depois de uma viagem, disse que iria escolher um tema

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que tivesse a ver com o momento que vivemos - a festa, o Natal, o convívio... a comemoração. Selecionámos as que nos dão esperança de voltarmos a juntar-nos assim. Rindo a bom rir, com beijos e abraços. Todos juntos. Há quem já não esteja entre nós mas será sempre dos nossos.


novo!

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destaque ... No Conservatório de Música

Diplomas foram entregues em Saraus memoráveis Realizou-se, nos dias 9 e 19 de novembro de novembro, no Grande Auditório do Conservatório de Música de Coimbra, os “Saraus de Entrega de Diplomas” do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas para os alunos que no ano letivo passado obtiveram os Diplomas de Mérito. Estes diplomas inserem-se numa conceção de ensino/aprendizagem que visa a procura da excelência, tanto no domínio cognitivo como no das atitudes e valores. Pretende-se, assim, não apenas reconhecer os bons resultados escolares, mas também estimular o gosto por aprender, a vontade de se auto superar e o desenvolvimento de uma cida-

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dania ativa e responsável. Para além de um momento simbólico, a entrega de diplomas não deixa de ser, também, o reconhecimento da cumplicidade e esforço dos familiares, professores e auxiliares. A entrega de diplomas aos alunos que obtiveram Quadro de Distinção e Louvor, Quadro de Distinção e Quadro de Valor (Mérito Desportivo, Mérito Cultural e/ou Mérito Artístico) no ano letivo 2020-21 foi acompanhada de memoráveis atuações de música e dança executadas por alunos da EB Martim de Freitas. Também a qualidade das atuações, associada ao elevado número de alunos que receberam os diplomas, foram bons motivos para assinalar os 50 anos da Escola Martim de Freitas.


escola em ação

Aprendizagens à volta da nossa Escola Neste período letivo, a turma do 3º ano da Escola de Santa Cruz fez duas visitas de estudo ao meio local. No dia 20 de outubro, realizámos um itinerário, tema este, que trabalhámos em Estudo do Meio e Matemática. Tivemos como Ponto de Partida a nossa escola EB de Santa Cruz e o Ponto de Chegada foi o Largo 8 de Maio.

Percorremos vários locais de comércio: Mercado Municipal, perfumaria, cabeleireiro e outras lojas. Vimos um espaço de Segurança, nomeadamente a PSP e um espaço de educação, a Escola Secundária Jaime Cortesão. Passámos por um espaço de cultura e de lazer, o Jardim da Manga. Parece um lugar mágico! Entrámos, subimos as escadas e ouvimos as nossas professoras a contarem a História daquele local. Quando chegámos ao Largo 8 de Maio, que era esse o nosso Ponto de Chegada, vimos a Igreja de Santa Cruz, onde observámos muitos vestígios do estilo Manuelino. Este é um espaço de cultura

e também religioso. No dia 24 de novembro aprendemos e descobrimos muito mais sobre a nossa localidade, onde pudemos visitar e conhecer muitos monumentos que existem próximo da nossa escola. Neste dia, percorremos a Avenida Sá da Bandeira e encontrámos dois monumentos. Um deles fica mesmo à porta da nossa escola, sendo este em homenagem a Luís Vaz de Camões. Mais adiante,

vimos e analisámos outro monumento em honra dos Soldados Combatentes, mortos na Primeira Grande Guerra Mundial. Fomos até à Universidade de Coimbra e lá vimos muitos estudantes com os seus trajes académicos e a estátua de D. Dinis. Aprendemos muito sobre este Rei e sobre a História da Universidade e ficámos a conhecer muito melhor o passado da nossa localidade. Texto da turma do 3º Ano – EB1 de Santa Cruz

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escola em ação

Coselhas Assombrada!

Dia Nacional do Pijama

No dia vinte e nove de outubro festejou-se o Halloween na Nossa Escola. Toda a escola estava fantasiada com os trabalhos feitos pelos alunos. Houve um concurso de vassouras e de chapéus. Nesse dia, os alunos, professores e funcionários vieram mascarados de personagens assustadoras. O dia acabou com a entrega de diplomas de participação e a atribuição dos prémios aos três melhores trabalhos. Foi um dia feliz/aterrador!

Na EB1 de Coselhas Uma escola solidária

Alunos do 4.º ano, EB1 de Coselhas

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Na EB1de Coselhas, no dia 22 de novembro, comemorámos o Dia Nacional do Pijama, com o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar para o “direito de uma criança crescer numa família”. Vestidos com os nossos pijamas e algumas pantufas, passámos um dia diferente entre jogos, danças, canções, histórias, e muito divertimento. Para que a magia do amor se espalhe e os nossos desejos se concretizem, construímos uma “Árvore dos Sonhos” com botões “mágicos”. Cada botão representa um sonho que partilhámos com os amigos. Encheu-nos o coração trazer a casinha mealheiro com os nossos donativos, o que, com toda a certeza, irá fazer a diferença junto de quem mais precisa. Viva o Dia Nacional do Pijama! E não se esqueçam que todos podemos ser solidários: http:// www.mundosdevida.pt


escola em ação

Semana da Cultura Científica Decorreu entre os dias 22 e 26 de Novembro a Semana da Cultura Científica 2021/2022 da Escola Martim de Freitas, dinamizada pelo grupo de Física e Química em articulação curricular com a Biblioteca Escolar.

Este ano o tema escolhido foi “ADOTEI…”, ligado ao tema aglutinador do Agrupamento: Eu (que o fiz), os outros (com quem partilho e alguns com quem trabalhei colaborativamente) e a Terra (tentamos usar ao máximo matérias que obedecessem à regra dos 4 R´s). Os alunos do 7º ano adotaram Astros, os de 8º ano adotaram Moléculas e os de 9º ano adotaram Cientistas. Todos participaram ativamente com construções criativas e apelativas, que foram expostas no átrio do bloco E, contribuindo para uma divulgação dinâmica e interativa da Cultura Científica da nossa Comunidade Escolar. Estão, por isso, todos de parabéns! Além da exposição também tivemos palestras, de literacia científica, dirigidas aos alunos. O Doutor António Piedade- Divulgador de Ciência e a professora Helena Arede do Centro de Ciência Viva Rómulo de Carvalho, aceitaram, gentilmente, o convite para vir à nossa escola falar sobre Ciência e a sua relação com tudo o que temos à nossa volta

António Piedade é licenciado em Bioquímica, mestre em Biologia Celular e doutorando em Tecnologia Bioquímica, pela Universidade de Coimbra. Considera ser obrigação do cientista divulgar a ciência aos cidadãos em geral.

Helena Arede (Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho), prestou uma justa e oportuna homenagem a, seguramente, um dos maiores cientistas, pedagogos e divulgadores de ciência portugueses precisamente, Rómulo de Carvalho

A adesão do público foi grande e esperamos ter contribuído para estimular, em cada um dos nossos alunos, a curiosidade pela Ciência e a perceção da sua importância para o mundo em que vivemos!

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escola em ação

Meu Mar Azul, verde ou prateado. Meu grande Mar salgado! Meu Mar das brincadeiras, dos divertidos mergulhos e saltos nos pedregulhos. Meu Mar de areia macia, de conchas encurvadas, de ondas encantadas. Meu Mar do pescado, dos búzios azulados, das algas coloridas, dos corais cristalizados. Meu Mar... Meu Mar amado! Meu Mar abençoado! Turma 3º B, EB1 Montes Claros

Sessão sobre Higiene Oral A Senhora Enfermeira Cristina Crespo, do Centro de Saúde de Celas, desafiou os alunos da EB1 de Santa Cruz a aprenderem mais sobre a sua Higiene Oral, com Dr. Relvas. O desafio foi prontamente aceite, tendo os alunos do 4.º ano assistido a uma sessão sobre este tema, sempre tão pertinente, e participado com o habitual entusiasmo. Foi uma sessão muito rica em partilha de conhecimentos e em construção de novas aprendizagens!

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destaque EB1 de Coselhas

Escola Amiga Escola Amiga da Criança é uma iniciativa conjunta da CONFAP, da Leya e do psicólogo Eduardo Sá, que visa distinguir escolas que concebem e concretizam ideias extraordinárias, contribuindo para um desenvolvimento mais feliz da criança no espaço escolar e essencialmente partilhar essas boas práticas. Dia 20 de novembro, a EB1 de Coselhas, foi distinguida na 4.ª edição da Escola Amiga com os projetos “Histórias com História” e “Pequenos Cientistas”, desenvolvidos no ano letivo transato. O projeto Histórias com História é uma parceria da Escola com a Família e surgiu no âmbito das comemorações do 25 de abril. Os alunos da turma de 4.º ano realizaram uma série de entrevistas aos avós com o intuito de recolher testemunhos sobre o Estado Novo, o dia da Liberdade e as mudanças que esse dia trouxe. Trata-se, efetivamente, de histórias/memórias dos avós que formam um belo conjunto de depoimentos sobre um período importante da nossa História mais recente. https://www.youtube.com/watch?v=9enCTGkB8ls Já na categoria “escola em casa” foi distinguido o projeto “Pequenos Cientistas” que mostra como a cozinha lá de casa pode, muito bem, transformar-se numa extensão do laboratório da Escola. https://www.youtube.com/watch?v=LXSQQAD-abE&t=11s

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escola em ação 5 de outubro - feriado nacional. Porquê?

Implantação da República

No Dia Mundial do Professor “Os professores são o

Dra. Joana Santos (HUC)

verdadeiro fermento da evolução, a farinha são os alunos” Professor, Gouveia e Melo

Decorria o ano de 1994 e as Nações Unidas, escolhiam

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O século XX ficou conhecido pelo século de grandes transformações, onde o tempo e o espaço, são fundamentais para a compreensão do que aconteceu logo nas primeiras décadas deste século, em Portugal. No dia cinco de outubro de 1910, às 9h00, dos Paços do Concelho de Lisboa (onde se encontra atualmente a Câmara Municipal de Lisboa) os republicanos gritaram aos ventos e aos habitantes que a REPÚBLICA chegara...

Este novo sistema de governo foi proclamado. Contudo, face às dificuldades de comunicação muitos só souberam da mudança de regime passado de alguns dias/ semanas. Era necessário agir de imediato. Sem perder tempo, na capital foi criado um governo provisório chefiado por Teófilo Braga, que governaria até à realização das primeiras eleições e se escolheria, de entre os candidatos, um presidente… Com esta mudança foram alterados alguns símbolos do País, como o hino que passou a ser a Portuguesa e a bandeira nacional, que passou de azul e branca monarquia para verde e vermelha republicana. (In Internet)

em Assembleia, o dia 5 de outubro para o Dia Mundial do Professor/a … Ninguém nasce ensinado! Como já nos habituou, a nossa escola associou-se a esta comemoração, onde o Departamento de Ciências Sociais e Humanas, mais concretamente o Grupo de História, por iniciativa da professora Teresa Duarte, trouxe à escola a Terapeuta da Fala, Doutora Joana Santos (HUC). Porquê uma Terapeuta da Fala? Como a principal ferramenta dos professores é a voz e nem todos a conseguem posicionar de forma correta. Convidou-se, por isso, alguém especializado na área para ajudar. A Dra. Joana ensinou-nos um conjunto de exercícios práticos para uma boa colocação de

voz, mas principalmente deunos informação para preservar tão importante instrumento de trabalho. Esta atividade, por questões logísticas, foi direcionada para professores do 2º e 3º ciclos. Se, ao entrar, cada um recebeu uma garrafa de água, bem fundamental à vida, no final ofereceu-se uma peça de fruta, principalmente maçãs que tantos benefícios têm para a nossa saúde em geral. Os cerca de 40 participantes, repartidos por duas sessões, saíram ávidos de mais informação. Sugeriram que se fizesse algo mais. Nunca se sabe… Obrigada pela presença de cada um(a). Obrigada, Dra. Joana Santos. Feliz Dia do Professor/a. Grupo 400-História)


escola em ação São Martinho veio à Escola

Relembrar como é importante reciclar

São Martinho pode ser associado a um conjunto de atividades, consoante a área temática que se queira abordar. Assim, neste dia de castanhas comer e de muito conviver, como diria Dionísio ou Baco, a nossa escola deu as boas-vindas a S. Martinho. Toda a comunidade escolar participou no evento com a confeção de objetos usando material diverso que deu origem a uma exposição, onde a reciclagem foi rainha. No tradicional Magusto convívio, rico em partilha e amizade, oferecido pela Direção, não faltou a distribuição de pequenos sacos de retalhado, oferta das docentes Sandra Machado, Teresa Duarte e Assistente Operacional D. Clara, com mensagem alusiva ao São Martinho deixada pelos alunos do Centro de Apoio à Aprendizagem. São Martinho demonstrou que a partilha e a reciclagem são urgentes preservação da Mãe Natureza e do Planeta Terra. Obrigada a todos pela colaboração. Professora Teresa Duarte

Postais de Natal À semelhança de anos anteriores, a Câmara Municipal de Coimbra organizou nas escolas da Rede de Bibliotecas Escolares o concurso de Postais de Natal. A iniciativa é baseada em obras da literatura infantojuvenil, a partir das quais os alunos devem inspirar-se para os seus postais de Natal. Na fase de escola, foram selecionados, no 1.º ciclo do ensino, os seguintes alunos: Lara Cardoso, 3.º B, EB1 Montes Claros, inspirada na obra Babushka, de Sandra Horn; Afonso Ferreira, 4.º B, EB1 Montes CLaros, “A menina

dos fósforos”, de Hans Christian Andersen; Kiara Ortet, 4.º ano, EB1 Santa Cruz, Babushka, de Sandra Horn (que viria a vencer na fase final municipal). No escalão relativo ao 2.º ciclo do ensino básico, foram selecionados para a fase municipal os seguintes alunos: Luísa Lavrador, 5.º B, inspirada no conto “Sonho de Neve”, de Eric Carle (na fase final seria a vencedora deste escalão); Leonor Ramos, 5.º B, inspirada no mesmo conto; Gabriela Pereira, 5.º G, também sobre o conto “Sonho de Neve”. Parabéns a todos os concorrentes pela qualidade dos trabalhos que se encontram em exposição nas respetivas escolas.

1.º Prémio - 1.º Ciclo do Ensino Básico Kiara Ortet (EB1 Santa Cruz, 4.º ano) Babushka, de Sandra Horn

1.º Prémio - 2.º Ciclo do Ensino Básico Luísa Lavrador (EB Martim de Freitas, 5.º ano) Sonho de Neve, de Eric Carle

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leituras para aquecer “História de um homem calado” De Valter Hugo Mae

Na História do Homem Calado, os habitantes de uma pequena rua vivem muito intrigados com um vizinho, que não tem braços e só tem um olho, e acham-no uma pessoa um pouco distante e antipática. Mas eis senão quando alguém choca, sem querer, com esse homem calado, e lhe descobre um sorriso nunca visto! Uma história que lida com a diferença. Uma leitura recomendada (Plano Nacional de Leitura). Mas, para saberes mais, tens de ler.

“História de um gato e de um rato que se tornaram amigos” de Luís Sepúlveda e Paulo Galindro (ilust.) Porto Editora

Max vive em Munique com os seus pais e irmãos – e com Mix, o seu inseparável gato preto com uma mancha branca na barriga. Amigos desde a infância, quando Max cresce e decide mudar de casa, leva Mix consigo. Mix adora viver no novo apartamento. Mas quando Max começa a trabalhar e não pode estar tanto tempo em casa, Mix, que está a envelhecer e a perder a visão, sente-se cada vez mais sozinho. Um dia, Mix ouve uns passinhos suaves vindos da despensa e descobre que há um ladrão a comer os cereais crocantes do dono. Que se passará!?

“A maior Flor do Mundo”

De José Saramago e João Caetano (ilust.) Porto Editora Prémio Nacional de Ilustração - 2001 E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar? No ano do centenário de José Saramago esta é uma boa sugestão, vinda a propósito de um Nobel da Literatura. Muito interessante pelas várias leituras que pode ter e que, por isso, também agrada a crianças dos 7 aos 77 anos. Entra na magia de José Saramago.

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“O menino-estrela” de Oscar Wilde Porto Editora

Dois lenhadores regressam a casa depois do trabalho na floresta, numa noite fria de inverno, quando veem uma estrela-cadente. Ao aproximaremse do salgueiro onde a estrela caiu, deparam-se com uma criança envolta num manto dourado, enfeitado com estrelas. Um deles leva a criança para casa, onde ela cresce: um menino vaidoso e cruel. Que dificuldades terá este menino de enfrentar até que encontre o verdadeiro sentido da humildade, respeito pelo próximo e amor aos demais?

“O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Uma história de amor” de Jorge Amado e de Carybé (ilust.) Editora BIS

«O mundo só vai prestar/Para nele se viver/No dia em que a gente ver/Um gato maltês casar/Com uma alegre andorinha/ Saindo os dois a voar/O noivo e sua noivinha/Dom Gato e Dona Andorinha» Este foi o mote do grande escritor brasileiro para esta fábula dos tempos modernos, que conta a história de amor insólita entre um gato, considerado como a criatura mais egoísta e solitária das redondezas, e uma bela e gentil andorinha. Uma leitura apaixonante para todos e todas.

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escola em ação EB1 Sta Cruz, 4.º ano

Oficina de ilustração No contexto do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares e da atividade do Plano Anual “A Ler e a Contar na Biblioteca Escolar”, realizouse uma Oficina de Ilustração/ Expressão Plástica/ Dramática,

orientada pela ilustradora Tânia Clímaco, na qual os alunos do 4.º ano da EB1 de Santa Cruz participaram. O mote foi “Onde moram as histórias?”, uma viagem à descoberta de novos lugares, dos sítios onde

moram as histórias, onde sempre moraram e onde irão morar. Terminada a viagem, foi chegada a altura de ouvirem a história que vive num papelão, uma história infinita! Por fim, os alunos aprenderam a construir uma história sem fim, que se dobra e desdobra, na qual tiveram de colocar uma grande capacidade criativa. Cada aluno apresentou, depois, a sua história aos colegas, na sala de aula. Foi uma atividade do agrado de todos!

Baú de Recordações À semelhança do que fizemos na últiam edição de Artefactos, também nesta vamos falar daquilo que faz a história deste Agrupamento. Depois de ter sido criada a Escola Preparatória Martim de Freitas, as escolas do 1.º ciclo e os jardins de infância que lhe foram associadas passaram a ser parte integrante do seu património. Por isso, vamos falar hoje de um jornal – Formiguita – que era o jornal da Escola do 1.º Ciclo de Santa Cruz e assim foi até 2006. Contava histórias e mostrava desenhos dos meninos que lá estudavam, falava das suas tropelias e das suas conquistas. 32

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No número de Natal que folheámos, encontrámos alegria e ansiedade pela chegada desse dia mágico para todas as gerações. Mas o Formiguita lembrava, e bem, que o Natal não é (apenas) prendas, chamando a atenção para a necessidade de olharmos para as pessoas e para as suas dificuldades. Também sabemos que os recreios eram pequenos para tanta brincadeira e que entrava água pelo telhado, com as paredes húmidas, rachadas e feias. Valiam os trabalhos bonitos nelas colados e os corações generosos para aquecer o ambiente.


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Noite Mágica Após rastreio à COVID-19, os alunos do 9.º E tiveram a avaliação sumativa de Campismo, matéria alternativa da disciplina de Educação Física – Atividades de Exploração da Natureza, nos dias 14 e 15 de outubro, na Escola EB 2,3 Martim de Freitas. A turma foi organizada em 7 grupos de trabalho, cada grupo na sua tenda e com o seu respetivo capitão. Tudo começou com a elaboração de uma lista do material necessário para a grande aventura... Os alunos com a mochila às costas, com a roupa toda enroladinha, os seus artigos de higiene pessoal e um kit de primeiros socorros, os alunos encontraram um bom local para montar a tenda cumprindo as regras de segurança aprendidas. Organizaram o interior da mesma, construíram um ecoponto para reciclar o lixo produzido, organizaram uma cozinha, confecionaram um jantar e um pequeno-almoço, respeitando a roda dos alimentos. Além disso, montaram um estendal e cumpriram um percurso de orientação noturno. No final, toca a arrumar a mochila e desmontar a tenda, tudo com muita energia!! Os alunos do 9ºE foram (são) 5 estrelas, cumprindo com brio e alegria os indicadores definidos. Parabéns! Os objetivos da atividade: avaliação sumativa de campismo e convívio saudável, foram amplamente atingidos.

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Dia Mundial do Animal Na nossa turma todos temos carinho pelos animais. Assim, resolvemos este ano fazer algo pelos peludos de quatro patas, tantas vezes mal tratados e até abandonados, valorizando as associações que os recolhem, cuidam e protegem. E surgiunos a ideia de promover uma recolha de bens para distribuir por algumas destas mesmas associações.

Se assim o dissemos, melhor o fizemos. Depois de pedida autorização à direcção, a nossa turma deitou mão à obra e realizaram-se várias tarefas como a elaboração de cartazes, textos e frases apelativas. Partilhámos

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esta ideia com as outras turmas do 1º ciclo, solicitando a ajuda de quem o pudesse e quisesse fazer.

E a coisa aconteceu: conseguimos então recolher muitos bens alimentares, alguns brinquedos e outros acessórios. Depois, foram escolhidas duas associações que na nossa cidade resgatam e cuidam dos animais errantes: os Gatos Urbanos” e o

“Movimento de Proteção às Matilhas de Coimbra”. E com muita alegria entregámos então toda a recolha conseguida! Não devemos esquecer que os animais são seres vivos, como nós. E, como nós, merecem todo o respeito e carinho. E afinal, não custa nada, se todos ajudarmos um pouco, do pouco se faz um pouco cada vez maior!


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A Brincar, a Brincar No dia 10 de novembro, participámos na actividade do projecto “A Brincar, a Brincar”, que pretende promover às

crianças noções elementares de Suporte Básico de Vida. Estiveram na nossa sala, três estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que nos apresentaram um Power Point e, com a ajuda de peluches trazidos por nós e também por eles, nos ensinaram a reconhecer situações de emergência, como e a quem pedir ajuda em caso de necessidade e, ainda, aplicar

regras muito importantes que podem salvar a vida de pessoas em várias situações. Foi um exercício que, além de divertido, nos ensinou bastante. Porque aprender nunca é demais!! Alunos do 4.º B, EB1 dos Olivais

No dia 18 de novembro, um grupo de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra dinamizou, com a turma do 4º ano da EB1 de Santa Cruz, um conjunto atividades, com vista a incutir nos alunos noções elementares de Suporte Básico de Vida. As atividades propostas envolveram conceitos como o reconhecimento de situações de emergência e medidas de segurança, a Posição Lateral de Segurança, as Manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar, as manobras, em caso de engasgamento, entre outros. A exploração dos diferentes temas foi muito dinâmica, permitindo aos alunos uma aprendizagem “a brincar”, mas tendo tratado de questões muito importantes e que podem salvar vidas. Alunos do 4.º ano, EB1 de Sta Cruz Em 10 de novembro, o projeto "A brincar, a brincar" também foi à EB1 de Montes Claros e dinamizou duas sessões em espaços distintos junto dos alunos do 4º ano.. “A Brincar, A Brincar” é a forma como este projeto se designa e pode afirmar-se que as atividades desenvolvidas se ajustaram na perfeição ao nome, uma vez que a componente lúdica esteve sempre presente, tendo existido uma forte interação com os alunos, que puderam experimentar, questionar, tendo tudo decorrido com bastante entusiasmo. Fica a certeza de que fizeram aprendizagens de cariz eminentemente prático que, quem sabe, poderão vir a ser de grande utilidade no futuro. dezembro 2021 | artefactos 35


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O Dia Mundial de Luta Contra a Sida O Dia Mundial de Luta Contra a Sida comemorou-se no dia 1 de dezembro. Este dia visa alertar as pessoas para a necessidade de prevenção da infeção pelo VIH/ SIDA. A SIDA é uma doença infeciosa pandémica, sem cura, mas

tratável. Se identificado e tratado a tempo o vírus da imunodeficiência humana (VIH), a infeção causada não chegará a evoluir para a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que, mesmo tendo em consideração outros fatores como a idade e outras doenças, os resultados revelam que a infeção pelo VIH/SIDA “é um fator de risco significativo para as formas graves e críticas de COVID-19 no momento da hospitalização e para a mortalidade hospitalar”. A eliminação da Sida até 2030 é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), esta meta está ameaçada devido à pandemia do SARS-CoV-2, que levou à interrupção dos esforços de prevenção, conscientização e tratamento da SIDA. No sentido de assinalar o dia Mundial de Luta Contra a SIDA, os

Nanomedicina A turma do 6 H recebeu de novo dia 22 de novembro, a investigadora Marta Barão, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) numa aula de ciências naturais. NesseNanomedicina dia, a investigadora veio explicar o que é a nanomedicina e o seu potencial para revolucionar o tratamento de doenças, uma vez que o tamanho dos materiais, dispositivos ou robôs utilizados pode alcançar locais muito específicos no nosso corpo, interagindo apenas com tecidos danificados minimizando os efeitos secundários. 36

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alunos que frequentam o 9º ano de escolaridade da Escola Martim de Freitas nas aulas de Ciências Naturais, abordaram a temática com o visionamento dos vídeos “O que é a SIDA” e “História do VIH e SIDA: de fatal a doença crónica” como ponto de partida para um debate esclarecedor e enriquecedor. Esteve também patente no Bloco E da escola, um cartaz alusivo ao Dia Mundial de Luta Contra a SIDA elaborado pelos alunos que frequentam o CATL. No dia 2 de dezembro foram distribuídos, laços simbólicos com o objetivo de sensibilizar toda a comunidade escolar para esta problemática. Esta comemoração contou com a preciosa colaboração do Centro de Atividades de Tempos livres da Cáritas Diocesana de Coimbra (CATL). CATL 2.º e 3.º Ciclos Martim de Freitas, Equipa Projeto Educação para a Saúde, Professores Ciências Naturais

Explicou que não é apenas o tamanho das drogas que é importante, a sua forma ou o material de que são feitos será também a chave para poder superar todas as barreiras que encontrarão pelo caminho. Nesta atividade, os estudantes colocaram-se na pele de uma nanopartícula (ou melhor, na concha polimérica) e experimentar a criatividade da ciência. Eles produziram em grupo, histórias sobre diferentes viagens de nanopartículas através do corpo, utilizando o seu lado mais criativo para antecipar a ciência que nos espera.


escola em ação

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência No dia três de dezembro assinalou-se, na nossa escola, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Desse modo, o grupo de Educação Física não quis deixar de sinalizar essa data tendo proporcionado, a todos os alunos que tinham aula de Educação Física nesse dia, a vivência de experiências desportivas para pessoas com diversos tipos de deficiências. Assim, os alunos envolvidos puderam praticar algumas modalidades paralímpicas como o “Boccia” e o “Basquetebol em Cadeira de Rodas” para a deficiência motora, o “Goalball” para cegos e o “Voleibol Sentado”. Também desfrutaram de outras atividades adaptadas, como o “Futebol em Canadianas” entre outras atividades inclusivas, não menos, entusiasmantes. Uma pessoa com deficiência é alguém que apresenta qualquer anomalia de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica, que limita a sua atividade normal. Tentámos passar a mensagem de que o desporto é naturalmente inclusivo e o que lhe dá fundamento é a própria condição humana e não uma qualquer condição de deficiência. O gosto pelo lúdico, pelo prazer e pela superação, são sentimentos humanos verdadeiramente despertados pelo desporto independentemente das condições físicas ou sensoriais exteriorizadas por qualquer indivíduo.

Estes foram os “tópicos” marcantes e a principal “palavra” passada a todos os alunos que participaram neste momento de sensibilização. Decorrida a atividade e

constatado o imenso entusiasmo vivido, ficámos com a certeza de ter conseguido transmitir, a todos os nossos alunos, a mensagem incontornável de que todos somos iguais apesar das diferenças que nos distinguem. Ficámos, igualmente, convictos de que os nossos alunos saberão interpretar, no futuro, predicados basilares para o real exercício de cidadania no que diz respeito à indiferenciação, à não criação de barreiras e ao respeito que todas as pessoas nos merecem, qualquer que seja a sua condição, num inequívoco e inabalável posicionamento contra o estigma e o preconceito.

Desde quando e porquê? O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (3 de dezembro) é uma data comemorativa internacional promovida pelas Nações Unidas desde 1992, com o objetivo de promover uma maior compreensão dos assuntos concernentes à deficiência e para mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem estar das pessoas. Procura também aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela inclusão das pessoas com deficiência em cada aspecto da vida política, social, econômica e cultural. A cada ano o tema deste dia é baseado no objetivo do exercício pleno dos direitos humanos e da participação na sociedade, estabelecido pelo Programa Mundial de Ação a respeito das pessoas com deficiência, organização das nações unidas ONU em 1982. No nosso Agrupamento foram várias as atividades realizadas, envolvendo vários departamentos e a Biblioteca Escolar.

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escola com todos

"Green Cork Escolas" Informa-se que o nosso Agrupamento aderiu à campanha "Green Cork Escolas", inserida no Projeto Green Cork, que é coordenada a nível nacional pela Quercus. Esta campanha, aberta à participação de todas as escolas do ensino básico e secundário de Portugal Continental, tem como primeiro objetivo recolher rolhas de cortiça junto da comunidade educativa e encaminhar para a reciclagem as rolhas recolhidas. A verba obtida com este projeto possibilitará à Quercus financiar parte do Programa de reflorestação do nosso território. A reciclagem da cortiça é muito importante, pois é um recurso natural limitado, que necessita de um longo tempo de crescimento. Através da reciclagem de um produto natural sustentável, a cortiça extraída dos sobreiros contribui para proteger a biodiversidade e reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, diminuindo o efeito das alterações climáticas. Também se valoriza a indústria do montado de sobro uma indústria que se baseia num ecossistema com enormes vantagens ambientais e que é um suporte essencial à biodiversidade e aos ciclos da água e do clima, além de contribuir para a redução de CO2 na atmosfera devido à sua capacidade de retenção. Há nos Jardins de Infância e nas

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Escolas do nosso Agrupamento cartazes de sensibilização afixados e foram elaborados "Rolhinhas", contentores destinados à recolha das rolhas de cortiça, que estarão em vários locais estratégicos junto do cartaz da campanha Green Cork. Contamos com a vossa colaboração e das respetivas famílias, professores e funcionários. Esperamos dar um forte contributo para o

financiamento do Programa da Quercus: na "Reflorestação". Vamos mostrar que somos um Agrupamento que se preocupa e não fica de braços cruzados! Tragam as vossas rolhas de cortiça! É tempo de ação! É tempo de abraçar o mundo! Atividade promovida pelo Departamento/ Grupo de Educação Especial e inserida no Plano Anual de Atividades do Agrupamento de Escolas da Martim de Freitas | Coimbra, novembro de 2021


Já tens o teu marcador/puzzle? Passa pela Biblioteca da Martim e pede um!

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