Artefactos - abril/maio 2022 - AEMF (Coimbra)

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abril/maio 2022 | AE Martim de Freitas | ano 25

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índice 2 a 13 Dossier Especial 48 anos de Abril Entrevistas 4 a Maria Villaverde Cabral 16 a Marina Lobo 18 a André Sousa Escola em ação 14 a 17 sobre Ambiente 20 Pela LIberdade e pela Paz na Ucrânia 21 Educação para a Saúde 22 Falamos do Pi, esse número mágico 23 O Orçamento Participativo e a Democracia a funcionar 24 A pensar nos Afetos 25 My Polis - conhecer a cidade 26 a 28 A vez do Desporto Escolar: - Atletismo, cota-mato, boccia e mais ainda 28 a 31 fala-se da Biblioteca e das suas atividades Última Página Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira não podiam faltar. Zeca pelo importante papel resistente que teve e por ter sido sua uma das “senhas” da Revolução. Adriano, por se comemorarem este ano os 80 do seu nascimento e estar a decorrer grande homenagem nacional a que a Artefactos também se associa.

FICHA TÉCNICA: Propriedade: Agrupamento de Escolas Martim de Freitas Rua André de Gouveia, Sto António dos Olivais, 3000-029 Coimbra Correio eletrónico: artefactos@aemartimdefreitas.com Diretor: Alberto Barreira Coordenação: Luís Lobo Composição e Paginação: AEMF Impressão: Multiponto, SA 2 artefactos | abril/maio2022 Tiragem: 600 exemplares

editorial

As portas que Abril abriu! Luís Lobo, coordenador da Artefactos Quando se deu o golpe militar de 25 de Abril de 1974, através do qual foi derrubado o governo fascista de Marcelo Caetano e Américo Tomás, que reprimia todos os que pensavam diferente e queriam progresso social, liberdade e democracia, eu tinha 12 anos. Estava a estudar na Escola Preparatória Silva Gaio onde era diretor um oposicionista e anti-fascista, de seu nome Vilarinho Raposo.

Mas como cantava Manuel Freire, nas palavras de Carlos de Oliveira, "Não há machado que corte a raiz ao pensamento". O exemplo de luta, coragem e firmeza que, interna e externamente, se fazia chegar, cada vez mais, aos lares portugueses fazia passar a mensagem de que "nada apaga a luz que vive num amor, num pensamento, porque é livre como o vento, porque é livre".

Chovia a potes! As cheias cobriam os campos do Mondego e as suas margens confundiamse com o leito onde normalmente corria. Nadando nas águas turvas, centenas de laranjas pintalgavam o rio que era cinzento como o país em que vivíamos.

Não foi, por isso, estranho que o Povo tivesse saído à rua naquela manhã e dela não tivesse mais saído, apesar dos incessantes apelos do Movimento das Forças Armadas. O Povo não queria que o poder saísse de um governo opressor para as mãos de outro poder que gerasse outras formas de tirania. Mais valia não correr riscos e, por isso, "o povo saíu à rua, num dia assim".

De manhã, antes de sair de casa, o senhor António, o nosso padeiro, confidenciava à minha mãe que "qualquer coisa se terá passado lá por Lisboa". O meu pai já sabia o que estava em marcha pois tinha estado eufórico na "galena" que escondia no sótão entre a Rádio Moscovo e a BBC (essa num aparelho de rádio de ondas curtas, que ainda temos). A "galena" era uma pedra através da qual era possível captar ondas de rádio. O dia 25 de Abril de 1974 representou muito para os rapazes da minha geração e para as suas mães, cansadas de ver os filhos de que cuidavam a serem roubados em nome de uma guerra em África que não era sua. Por estes tempos negros, desde 1968/69, o horror da prisão política atingia várias famílias e na comunidade universitária crescia a organização e a oposição ao regime. Coimbra vivia desde esse ano o luto académico.

A partir daí a euforia da Liberdade gerou iniciativa: campanhas de alfabetização, igualdade de direitos, liberdade de expressão, imprensa livre, fim da censura, direito ao trabalho e à educação para todos, nacionalizações do setor financeiro e produtivo, a terra a quem a trabalhava... anseios legítimos de um país em que a maioria não tinha nada. A fome a miséria grassavam. Era necessário pôr fim a isso. E a descolonização... o fim do império e a devolução das colónias aos seus. As coisas não correram sempre bem, mas, em poucos anos, em muito pouco tempo, o Portugal amordaçado ganhou côr e como vaticinou o poeta: "Agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu"!


tem a palavra

Liberdade!

Alberto Barreira, Diretor do AE Martim de Freitas Passaram já 48 anos e alguns dias desde essa data mágica de 25 de abril de 1974. Vivemos, por isso, já há mais tempo em democracia que em ditadura. A sociedade tal qual nos habituamos a conhecer é, em grande parte, uma consequência da coragem dos homens e mulheres que naquele abril arriscaram lutar por um futuro diferente. As liberdades que, entretanto, fomos conquistando não são, infelizmente, uma realidade global como demonstram os trágicos acontecimentos que se verificam atualmente na europa. Ainda que nos pareçam inquestionáveis, é fundamental lembrar alguns dos direitos que “herdamos” desse dia. É importante fazê-lo, principalmente junto dos mais novos, pois nem sempre foi assim, quer antes quer depois da revolução. Antes daquele dia, a possibilidade de nos reunirmos, de expressar a nossa opinião ou de escolher os nossos governantes eram ações proibidas ou condicionadas. A existência de um governo que controlava de forma autoritária as vidas de todos os cidadãos, durante mais de quatro décadas, deixou marcas e atrasos profundos no país que ainda hoje não foram completamente recuperados. Apesar de tudo, daí para cá, foi possível fazer conquistas

relevantes que tornaram a nossa sociedade mais justa e socialmente mais equilibrada. No entanto, quatro décadas depois da revolução que estabeleceu a ordem democrática, surgiu uma pandemia que abalou alguns dos princípios que sustentam a nossa forma de viver. Não é possível retirar ilações positivas de acontecimentos que foram trágicos a vários níveis. Todavia, é possível fazer algumas aprendizagens com o que sucedeu ao longo dos últimos dois anos. As medidas de controlo da pandemia que foram implementadas limitaram direitos que, até aqui, julgávamos adquiridos. Fomos privados da nossa liberdade de movimentos; de nos juntar livremente com amigos, familiares ou colegas; a máscara passou a ser obrigatória e até ir à escola ou trabalhar deixou de ser possível. Com as devidas diferenças, de alguma forma, foram tempos em que recuámos algumas décadas na nossa forma de vida. Consensualmente, reconhecemos que não foram dois anos fáceis ou que nos deixem saudades. Este ano, as comemorações do 25 de abril coincidem com o levantamento da maioria das medidas de controlo da pandemia que ainda vigoravam. Tal como há 48 anos, este é também um momento de libertação que deve ser vivido com alegria e com responsabilidade pois há ainda alguns riscos que exigem alguns cuidados. Mas, acima de tudo, devemos sair desta pandemia

com a consciência reforçada da importância do 25 de abril e de tudo aquilo que foi conquistado em consequência daquele momento da nossa história. Os direitos aí conquistados são preciosos e, quando suspensos, apercebemo-nos do quão importantes são para nosso estilo de vida. Compreendemos hoje que esses direitos não são adquiridos nem meros princípios que de forma natural vão transitando de geração em geração. São valores que tem de ser protegidos e cultivados em permanência para que todos deles se apropriem e defendam. Para tal, é fundamental que todos continuem a contribuir para que os mesmos sejam percebidos e interiorizados e garantam que não se banalizam ou caiam no esquecimento. Estou certo que a escola, continuará a dar o seu contributo para que valores como a liberdade e o respeito continuem a ser vividos de forma plena por todos. | abril, 2022

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entrevista

“Sou uma pessoa com sorte” Marília Villaverde Cabral tem 79 anos e aderiu, ainda adolescente, ao PCP, em plena ditadura. Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático das Mulheres, foi dirigente sindical e coordenadora da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, organização de que faz parte. Em mais um aniversário da Revolução de Abril, quisemos deixar aqui algumas perguntas a uma das muitas centenas de mulheres que sofreram na pele os calabouços do regime opressor.

Numa entrevista conduzida pelas alunas Beatriz Monteiro, Isabel Cerca e Sofia Cardoso e pelo aluno Mateus Dionísio, do 7.º D, coordenada pela professora Paula Sá, Marília Villaverde Cabral, para quem o 25 de Abril teve um significado muito especial, abre o livro de memórias e deixa um conselho muito especial, dirigido, particularmente, aos jovens. Artefactos - Que memórias tem da sua infância e adolescência? Marília Villaverde Cabral – Era filha única. A minha família, embora tivesse pouco dinheiro, nunca teve falta de coisas essenciais. Como não tinha irmãos, brincava muito sozinha, inventava histórias, mas não era uma criança alegre. As minhas melhores recordações de infância são as férias passadas com os meus avós maternos, numa aldeia perto da Ericeira. Eles eram pobres, trabalhavam nos campos que não eram deles, mas eu adorava andar no carro de 4

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bois, ir com eles ceifar, apanhar amoras e ainda ver o mar que rodeava toda a terra. Apesar de não ter uma família muito ligada à política, decidiu integrar-se nesta área. Porquê? MVC – Não gostava do que via e do que se vivia: relato de futebol ao domingo, conversas que não me interessavam e pensava que, a vida assim, não tinha muito interesse. Quando fui para o Liceu (era assim que se chamava a Escola Secundária D. Filipa de Lencastre), eu, que era muito “bicho do mato”, comecei a conviver com outras meninas e

então aconteceu que, pelo menos três das meninas com quem falava, eram filhas de pessoas da oposição ao regime fascista e, seus pais, até já tinham sido presos. Eu gostava muito de ler, mas não tinha livros em casa. Um dia, uma das meninas, minha companheira de turma, arriscou-se e emprestou-me um livro proibido, “A Mãe” do escritor russo Maximo Gorki. O livro falava de gente que se revoltava com as injustiças, com as desigualdades: os pobres com fome e os senhores da terra com todas as riquezas. Essas pessoas tinham um ideal e, por ele,


lutavam mesmo com o terror da prisão, das torturas, do desterro e até da morte. Para mim, aquela revelação, de que havia gente assim, mudava tudo. Eu queria ser como eles. Quando percebi que, no meu país, também havia quem lutasse, quem não se conformasse com um país tão pobre, tão injusto, consegui, através de contactos, juntar-me a eles e assim entrei para o Partido Comunista Português. Tínhamos de ter muitos cuidados, porque a polícia estava sempre vigilante. Isto passava-se no ano de 1958, início de 1959.

MVC - Sinto um grande orgulho, pois os seus 100 anos de vida significam que foi o único partido que recusou extinguir-se quando Salazar aboliu os partidos e passou à clandestinidade com todos os perigos, com todos os sacrifícios que essa decisão acarretava e sem desistir da luta pela Liberdade e pela Democracia. Quando se juntou à luta estudantil em 1962 e em seguida foi presa como se sentiu com essa injustiça? MVC – Não foi bem injustiça

ter sido presa durante a luta estudantil de 1962, quando decidimos ocupar a cantina da Cidade Universitária de Lisboa (éramos cerca de 1.500 estudantes), para nos solidarizarmos com os colegas universitários que, em protesto, faziam greve da fome. Éramos tantos, que a polícia teve de requisitar autocarros para levar os estudantes presos. Por isso, a PIDE teve dificuldade em manter-nos mais de um ou dois dias e, nessa altura, só tivemos provocações, porque muitos de nós, éramos filhos de pessoas,

De todos as funções que exerceu qual foi a que mais lhe deu prazer de ter? MVC – Sinceramente, não sei. Acho que à medida que começava com os trabalhos nas várias áreas, começava a entusiasmar-me e tenho gostado de tudo em que tenho trabalhado. Nesse aspecto, sou uma pessoa com sorte. Fazer parte do Partido Comunista Português é a melhor memória que tem da sua vida? MVC – Como entrei muito nova (15 ou 16 anos) para o Partido Comunista Português, tenho dificuldade em separar o que é pessoal e o que é, digamos, partidário. Conheci o meu futuro marido num encontro clandestino na rua, com palavra de código, conheci muitos amigos, meus camaradas para toda a vida que sempre me acompanharam nos momentos felizes da minha vida: os nascimentos dos meus três filhos, dos meus netos; mas também nas tristezas, pois uma vida já longa, tem muitas recordações felizes, mas também tristes. O que sente por fazer parte do partido político mais antigo português?

Parlatório na prisão política do Forte de Peniche. Este era o local onde as famílias podiam, nos casos em que tal estava autorizado, comunicar com os presos políticos. o que senti. Foi mais revolta, por achar que eu e os outros estudantes só queríamos liberdade de associação, liberdade para estarmos juntos, rapazes e raparigas e, no meu caso, criarmos uma associação, que não existia, nos liceus. Em algum momento nos momentos, enquanto esteve presa, sofreu tortura? MVC - Eu tive a sorte de só

algumas até, ligadas ao regime. Após ter sido libertada voltou para a sua família? MVC – Sim, voltei. A minha família, entretanto, por eu tanto protestar, já se tinha conformado com a minha actividade associativa e também já tinha também começado a compreender que eu tinha razão em muitas coisas que defendia (sobretudo a minha mãe). Claro abril/maio 2022 | artefactos 5


entrevista que nem sonhavam que eu era do Partido Comunista. Nem podia saber, porque era muito perigoso.

também muita amizade, muita solidariedade e uma grande esperança num Mundo melhor.

Quais os motivos que a levaram a participar na fundação do Movimento Democrático de Mulheres? MVC – A situação de desigualdade entre homens e mulheres era de tal forma chocante, que um grupo de mulheres decidiu organizar-se para dar continuidade à luta pela igualdade. Sim, porque ao longo dos anos, as mulheres nunca desistiram de lutar pelos seus direitos, mesmo enfrentando riscos de prisão e de tortura. Quem não viveu aqueles tempos, até lhe custa a crer que existissem leis como aquelas, relativas às mulheres. Só poderei dar alguns exemplos, porque a lista é muito grande: a mulher casada devia “obediência ao marido”; não podia ausentarse do país sem autorização do marido; não tinha o direito de administrar os seus bens; eram discriminadas no direito ao voto; são-lhe proibidas várias profissões; só próximo do 25 de Abril é que as enfermeiras puderam casar. Era imperioso acabar com isto.

Fazendo um balanço da sua vida, acha que valeu a pena todos os sacrifícios feitos? Fazia tudo outra vez da mesma maneira? MVC – Não sei se faria exactamente tudo igual, porque as circunstâncias mudam e seriam decerto diferentes. Mas acho que valeu a pena viver como vivi. Se houve sacrifícios, houve também muita alegria, muita felicidade. Há uma canção de que gosto muito, cantada por Mercedes Sosa, e que acho que, se fizesse o balanço da minha vida, a poderia cantar: “Gracias a La Vida que me há dado tanto (…)”.

Que conselhos daria aos jovens de hoje que manifestam interesse para a política? MVC – Eu não sou muito de dar conselhos. Só lhes diria que vivessem a vida, estivessem atentos ao que os rodeia e que encontrassem o seu próprio caminho. Aconselha-os a lutar pelo que acham correto tal como a Marília fez? MVC – Só lhes posso dizer que no caminho que tenho percorrido encontrei muita coragem, mas 6

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"AO LONGO DOS ANOS, AS MULHERES NUNCA DESISTIRAM DE LUTAR PELOS SEUS DIREITOS, MESMO ENFRENTANDO RISCOS DE PRISÃO E DE TORTURA"

Com a edição do livro “Elas estiveram nas prisões do fascismo”, pretende-se resgatar o papel que as mulheres tiveram no combate à ditadura fascista em Portugal. “Sem a coragem, a firmeza e a tenacidade de tantas e tantas mulheres, bem diferente, porque menos amplo e vigoroso, teria sido o processo de resistência ao regime de Salazar e Marcelo Caetano”.


48 anos de abril

O Ensino antes e depois do 25 de abril Integrado na preparação desta edição de Artefactos, foi solicitado que fosse feito algum trabalho de pesquisa sobre como seria a Escola antes do 25 de Abril. Desse trabalho resultou o texto que aqui se publica da autoria de Hugo Noronha, do 7.º B. No dia 25 de abril de 1974 deu-se uma grande Revolução que derrubou o regime ditatorial de que foram intérpretes, como presidentes do Conselho, António de Oliveira Salazar e, após a sua morte, Marcelo Caetano e, como Presidente da República, designadamente, Américo Tomás. Tudo mudou, desde a vida das pessoas até à Educação. A Educação antes era mais autoritária e mais vedada às mulheres. Agora, mesmo não sendo perfeita, é mais livre, solidária e inclusiva. Antes do 25 de Abril, em Portugal, a Educação era radicalmente diferente. Os alunos eram doutrinados com a mensagem do regime fascista e obrigados a rezar todos os dias. Não havia liberdade de expressão ou religiosa, sendo o catolicismo a religião oficial do Estado português. Os estudantes deveriam também saber o nome de todos os rios, serras e caminhos de ferro; deveriam decorar, não compreender, a matéria. O mau comportamento ou os erros,

eram fisicamente castigados pelos professores. Para tal eram usadas, nomeadamente, a cana, a régua ou a palmatória (ou, como era chamada, “a menina dos 5 olhos”). A veneração aos chefes do regime era obrigatória e, por isso, nas salas de aula havia grandes fotografias de Salazar e do Presidente da República, bem como um crucifixo. Ao entrarem, antes de as aulas começarem, os alunos tinham de cantar o hino nacional. As escolas eram também separadas entre género feminino

deixar o marido bater-lhes, mandar nelas e nem podiam votar nas eleições (a não ser que tivessem completado o liceu e fossem viúvas). O ensino obrigatório, para as mulheres, era apenas de 3 anos até 1960, tendo depois sido alargado para quatro. Atualmente, o ensino é mais livre e menos discriminatório, pois existe liberdade de expressão e os professores não são obrigados a transmitir a mensagem política oficial do regime. As pessoas têm liberdade religiosa, sem serem forçadas no seu direito de optar

e masculino (tinham turmas separadas, recreios separados e não podiam conviver) ou só tinham um género. Nessa altura, a taxa de analfabetismo era alta. Em 1970, o analfabetismo era superior a 25% (no caso das mulheres, mais de 30%) quando, em certos países, podia ser menos de 5% e até 1%. O ensino obrigatório era só até à 4ª classe (hoje 4.º ano de escolaridade). As mulheres eram consideradas inferiores ao homem. Deveriam

por uma religião ou por não a ter. A área da cidadania e desenvolvimento, por exemplo, não serve para doutrinar politicamente os alunos, mas sim para incrementar comportamentos e atitudes baseados nos direitos humanos, nomeadamente a democracia, justiça e igualdade. O castigo físico é agora punido por lei. O ensino, recentemente, assenta no desenvolvimento abril/maio 2022 | artefactos 7


48 anos de abril de competências e nas aprendizagens essenciais, não sendo necessário saber todos os rios, serras, caminhos de ferro e outras informações menos importantes. Agora também se foca mais na prática e explica-se a matéria aos alunos, não sendo bastando decorar, sendo, por isso, muito importante entender. As escolas são, hoje em dia, mistas, não havendo separação entre os dois géneros. O ensino foi alargado para 12 anos de escolaridade nos dois géneros sendo igual para rapazes e raparigas. As oportunidades de ir para a universidade, antes quase nulas são agora maiores. A taxa de analfabetismo desceu de 25% em 1970 para 5%

em 2011 (e é ainda menor atualmente). O Ensino atual está longe de ser perfeito, pois o sucesso escolar e profissional é muito focado em diplomas. Como diz Elon Musk “Eu odeio quando as pessoas confundem educação com inteligência, você pode ter uma licenciatura e ainda ser

Não havia Liberdade de Expressão e de Opinião Antes do 25 de Abril de 1974 não existia liberdade de expressão, ou seja, as pessoas não podiam transmitir a sua opinião sobre questões relacionadas com a política e os costumes, correndo o risco de prisão ou, mesmo, de impedimento de exercer a sua profissão, pr exemplo, se fossem funcionários do Estado. O documento que aqui se reproduz é um cartoon realizado para a revista Seara Nova e que foi sujeito ao designado “exame prévio” ou seja à censura, tendo sido proibida a sua publicação, por fazer uma crítica a quem explorava os trabalhadores. Neste acso, a apropósito da comemoração do 1.º de maio. Repara que isto aconteceu em 10 de abril de 1974, poucos dias antes da data da Revolução e de se comemorar o 1.º de maio, Dia do Trabalhador.

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um idiota”. Alguns professores podem ensinar de uma maneira mais entediante, logo os alunos não retêm a informação e, mais importante, não entendem a matéria. A pergunta “O Quê?” é considerada mais importante do que o “Porquê?” e, muitas vezes, os alunos só se interessam pela matéria para os testes.


No dia 25 de Abril foram publicadas várias edições de jornais e revistas, dando conta de tudo o que estava a passar-se. O desejo de Liberdade e do fim da Guerra Colonial vivia na esperança da generalidade dos portugueses. Puderam dizer a verdade, sem censura. abril/maio 2022 | artefactos 9


O Primeiro 1.º de Maio No dia da comemoração do primeiro 1.º de Maio em liberdade todos saíram à rua. Ninguém quis deixar de participar no primeiro ato público de exercício da Democracia. Pelas ruas e avenidas, nos estádios de todo o país ecoava a “Grândola Vila Morena”, Terra da Fraternidade, a “Gaivota” que voava livre, grito vermelho de uma papoila que crescia num campo qualquer. As pessoas abraçavam-se e riam inundando o país de uma alegria de que não se lembravam alguma vez ter vivido. Pessoas, até aí obrigadas a viver fora do país, discursaram perante uma plateia como nunca mais se viu. A esperança renascia e neste dia memorável que comemorava o Trabalho e os Trabalhadores, viveu-se a Liberdade, exigiu-se a Democracia, estabelecia-se a aliança entre o Povo e o MFA (o Movimento das Forças Armadas), homenageava-se os que tombaram na luta contra o regime fascista e gritava-se: 10

artefactos | abril/maio2022 LIBERDADE! LIBERDADE! LIBERDADE!


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48 anos de abril

25 de Abril Prof. Armando Semedo | Presidente do Conselho Geral Portugal viveu a mais longa ditadura da Europa do séc. XX. Até ao 25 de abril era um país isolado do resto do Mundo, governado por um ditador mesquinho, de vistas curtas, com um espírito rural, influenciado por um pensamento católico e conservador, cujo lema era “Deus, Pátria e Família” (Salazar, 1933-1968). Durante este período, que ficou conhecido como “Estado Novo”, e por mais alguns anos (Marcelo Caetano, 1968-1974), vigorou um regime político autoritário e corporativista, alicerçado por uma polícia política repressiva e violenta - “Polícia Internacional e de Defesa do Estado” – PIDE, criada em 1945 - que transformou Portugal num país rural, pobre e atrasado. A Imprensa, a Escrita, o Cinema, o Teatro, a Música e as Artes Plásticas, eram censuradas e a constituição não garantia o direito dos cidadãos à educação, à saúde, ao trabalho e à habitação. Os níveis de analfabetismo eram muito elevados, principalmente entre as mulheres. Até à década de 60, só uma em cada 4 mulheres sabia ler. De uma forma geral, só cerca de 18 por cento da população tinha cobertura dos serviços médico-sociais (a média europeia era de 71 por cento) e registava-se, em 1969, uma elevada mortalidade infantil: 55 óbitos por cada mil nascimentos. Na década de 70, as classes mais desfavorecidas tinham débeis condições sanitárias, menos de metade das habitações tinham água canalizada e só 60 por cento tinha ligação à rede de esgotos. A esperança média de vida dos portugueses era de 68 anos (hoje é de 81,06). Era este o retrato da nação, do tempo da ditadura, que levou muitos portugueses, artistas, intelectuais e políticos, a abandonar o país para escapar à guerra, à prisão e à tortura, e outros, que não conseguiam alcançar as condições básicas de sobrevivência, a emigrar para fugir à miséria

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e procurar fora melhores condições de vida. Segundo um estudo publicado no jornal “Público” em junho de 2014, “Entre 1957 e 1974 mais de um milhão e meio de portugueses saíram de Portugal, a maior parte para França”. Tenho poucas memórias do tempo da ditadura: uma ou outra conversa em surdina e uns papeis queima-

dos pelo meu pai porque “era perigoso guardá-los em casa”. Lembro-me, vagamente, das coisas mais absurdas do regime, como a proibição de beber coca-cola ou a obrigatoriedade de se ter licença para usar isqueiro. Da democracia, porém, tenho bem presente os acontecimentos mais marcantes que se seguiram ao 25 de Abril.


Em 25 de abril de1974 era eu um jovem adolescente que vivenciou a efervescência daqueles tempos fascinantes que marcaram, indelevelmente, a minha geração e as gerações seguintes. Foram tempos de descoberta, de novas experiências, de deslumbramento e, porventura, de alguns exageros, os que se seguiram à Revolução. Foram tempos conturbados, de grande agitação, que puseram o país à beira de uma guerra civil, com tentativas de golpes à esquerda e à direita (11 de março e 25 de novembro). O chamado “Processo Revolucionário em Curso” (PREC), o “Verão Quente” de 75 com ataques às sedes de alguns partidos, as barricadas e os cortes de estradas, as greves e os saneamentos, as nacionalizações da banca, dos seguros e das principais indústrias produtivas, ameaçaram seriamente a transição para a democracia. Contudo, não sem antes ter passado por tantos sobressaltos, o país foi-se normalizando, foi evoluindo e foi-se adaptando a uma nova realidade. Depressa assistimos às grandes transformações que, naturalmente, ocorreram com o fim do regime: o fim da censura, o fim do autoritarismo, o fim das perseguições políticas, das perseguições por delito de opinião e o fim da guerra colonial que devastou milhares de famílias por esse país fora. Os grandes avanços sociais na área da educação, da saúde, da cultura e, sobretudo, a mudança de valores, transformaram inteiramente o panorama sociocultural do país e transformaram-no num país livre e democrático. Um inquérito recentemente realizado pela Universidade Católica mostra que o 25 de Abril é considerado muito importante para 75 por cento dos inquiridos, sendo

os jovens os que atribuem maior importância a esta data. Sem querer ser juiz em causa própria, acho que a Escola, particularmente a Escola Pública, tem tido um papel fundamental na consolidação dos valores fundamentais da democracia e tem incutido nos jovens a importância dos valores da liberdade, da igualdade e do livre pensamento, alcançados com o 25 de abril. Este inquérito mostra, também, que: “a importância do 25 de Abril é comum em todos os segmentos, sendo particularmente forte entre as mulheres, os mais jovens e os mais instruídos”. E revela, ainda, que “de um modo geral, os portugueses consideram o 25 de Abril mais importante

para a sociedade do que para si próprios”. Por mais estranho que pareça, são aqueles que não viveram as enormidades da ditadura do Estado Novo, os que mais valorizam a “Revolução dos Cravos”, e não deixa de ser surpreendente, para mim, que muitos das gerações que viveram durante anos as atrocidades de um regime totalitário, prepotente e persecutório, não valorizem muito a data e tudo que ela representa. Partilho um pequeno poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, que considero a mais bela consagração da liberdade de Abril.

25 de Abril Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen

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escola em ação

+ informação em http://agrupamentomartimdefreitas.com/ O novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente reforça que os países devem adotar, com urgência, ações de adaptação à mudança climática, sob pena de enfrentarem danos profundos, à medida que as temperaturas aumentam e os impactos se intensificam. Preocupados com este problema que a todos afeta, os alunos do 4.º ano da EB1 Santa Cruz visualizaram os vídeos da UNICEF “A Maior Lição do Mundo”, relativos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU. De seguida, todos debateram sobre o que viram e ouviram e foram desafiados a pensar em medidas que possamos adotar, com vista a proteger o nosso Planeta. Partilharam-se as diferentes opiniões e surgiu a ideia de fazer um vídeo de sensibilização, que chegasse ao maior número de pessoas possível. Aqui ficam as ideias dos alunos! 14

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Reduce, reuse, recycle

Monster Exhibition March 2022 | No âmbito da disciplina de Inglês do 1º ciclo, as turmas de 4º ano foram convidadas a participar numa Exposição de Monstros. Era necessário respeitar a regra de construir um monstro com materiais recicláveis e, como habitualmente, os nossos alunos não perderam tempo e entregaram trabalhos muitíssimo interessantes e originais, tendo certamente compreendido a necessidade e importância de reciclar, reutilizando materiais. Garrafas de plástico, pacotes e embalagens diversas, tampas, folhas de jornal e revistas, caixas de sapatos, etc, tudo foi reutilizado de uma forma muito criativa e divertida. Esta atividade foi realizada em articulação com o Projeto EcoEscolas em desenvolvimento no nosso Agrupamento há vários anos Aos nossos alunos e alunas, muito obrigada pelo empenho! | As professoras de Inglês, Ana Sofia Reis e Isabel Elias


escola em ação

21 de Março

Dia Internacional da Floresta As florestas são fundamentais, atuam como filtros naturais, dão-nos oxigénio para respirarmos, são o abrigo de muitos seres vivos e ajudam a regular o clima, além de outros serviços igualmente importantes que prestam. O Dia Internacional da Floresta foi assinalado com uma exposição de trabalhos realizados pelos alunos sobre a importância da floresta e com a entrega das plantas autóctones aos alunos dos 1º, 2º e 3º ciclos por eles semeadas no passado dia 23 de novembro, Dia da Floresta Autóctone.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Exposição de trabalhos Para divulgar junto da comunidade escolar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, as turmas C, D e G do oitavo ano realizaram um trabalho conjunto, em forma de instalação artística, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. A exposição pode ser vista no átrio do Bloco E.

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O Dia Mundial da Água A Água no debate com Marina Lobo Alguns dos prémios recebidos #fishingtheplastic – Curta de Metragem - Animação 3D - CineEco 2021 – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, Portugal. Prémio “Educação Ambiental” Aquametragem – Curta de Metragem - Animação 3D - SDGs in Action Film Festival Festival 2019 – United Nations, Estados Unidos. Prémio “Protect Our Planet Marina Lobo é licenciada em Engenharia do Ambiente e faz cinema de animação muito centrado nas questões relacionadas com a defesa do Planeta. Este casamento entre a sua formação de base e aquela que veio a ser a sua especialização na animação resultaram na presença em diversos festivais e na atribuição de vários prémios com as suas curta-metragens. “Aquametragem”, que figura no lugar cimeiro da galeria da ONU, e “#fishingtheplastic”, autêntico grito de alerta em defesa dos oceanos. No passado dia 22 de março, Dia Mundial da Água, realizou-se uma sessão em videoconferência com Marina Lobo e com as turmas aderentes dos terceiro e quarto anos do Agrupamento de Escola Martim de Freitas. Um público de cerca de 160 alunos, alunas e docentes que, dessa forma, e em simultâneo, viram os filmes que trabalharam ao longo da 16

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semana e puderam saber, pela realizadora, como se faz cinema de animação 2D e 3D, porque escolheu, em particular, a temática do ambiente para os seus filmes e qual foi o seu percurso formativo e profissional, entre outros aspetos. O debate foi aceso e esclarecedor, tendo a convidada respondido a muitas perguntas sobre o seu trabalho. No final, alunos e docentes manifestaram-se satisfeitos pela iniciativa e Marina Lobo despediu-se com a certeza de ter acrescentado informação e formação para todos os participantes, manifestando-se interessada em ver os trabalhos que os alunos já realizaram sobre o tema ou que ainda venham a realizar. Algumas turmas, por motivos, principalmente técnicos, estiveram impedidas de participar. E por esse motivo a realizadora, por cortesia, partilhou os seus filmes com versão em português (legendagem) que foram já disponibilizados a todas as escolas.

Montes Claros fez apelo: H2OFF contra o desperdício Zero Desperdício… A EB1 de Montes Claros dirigiu um apelo a toda comunidade educativa para aderirem à ação global de combate ao desperdício de água a que foi dado o nome de H2OFF. Esta ação a que a escola aderiu despertou muito interesse entre toda a comunidade escolar, o que levou a que fosse produzido um outdoor, afixado na escola, voltado para o exterior, num apelo a que a participação fosse muito para além dos que, no interior, já estavam mobilizados.


à conversa com...

“Desde pequena que sempre gostei muito da Natureza e dos temas ligados ao ambiente, à poluição, aos ecossistemas e à proteção do nosso planeta. Por isso, decidi estudar. Só mais tarde, já depois de ter terminado a licenciatura (Engenharia do Ambiente), é que decidi que também gostava de aprender a fazer Animação pois também foi uma coisa que sempre me apaixonou desde pequena. E hoje, sempre que possível, combino as duas coisas: Ambiente e Animação.” - foi assim que começou a sessão de perguntas e respostas com a relalizadora de cinema de animação Marina Lobo.

E asism foi correndo a conversa. Primeiro sobre a fonte de inspiração, revelou que se inspira muito naquilo que a rodeia, nos filmes que vê, nos livros que lê. Principalmente nos seus filhos: "Quero que eles possam disfrutar de um planeta saudável, com biodiversidade, água potável, oceanos limpos, ar com boa qualidade, e tudo o mais que lhes permita terem uma vida saudável e em comunhão com as maravilhas deste nosso Planeta". Diz que, mais do que um talento especial, é preciso ter-se uma paixão especial pelo que se faz. "Se tivermos essa paixão, vamos querer aprender, praticar, estudar, experimentar e criar. E, ao fazer tudo isto, o talento cresce". A curiosidade saltou, como seria óbvio, para os bonecos que cria "Os desenhos de personagens fazem parte de um processo criativo de tentativa e erro. Até chegar à versão final dos personagens foi preciso fazer

muitos rabiscos e criar muitas opções para os ir definindo com as características pretendidas para esta história. Depois foi preciso criá-los a 3 dimensões dentro do computador (usando sofftware 3D), começando por fazer um modelo (como se fosse um fantoche ou um boneco de plasticina), depois fazer-lhe um esqueleto e criar controladores (como numa marioneta), e por fim dar-lhe vida com o movimento, as expressões faciais, as cores e a música... Na sua opinião, as soluções para salvar o planeta começa por pôr em prática aquilo que já se sabe que é preciso fazer. "Nos meus filmes podemos ver algumas dessas soluções"

Não é preciso ter asas para ser fada Ao longo do período, foi desenvolvido em DAC (Domínio de Articulação Curricular) o Projeto “Não preciso ter asas para ser uma fada”, baseado na obra A Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen. Com este projeto pretendeu-se desenvolver múlti-

plas competências nas diferentes áreas disciplinares sempre por meio de uma relação afetiva e estética. Foram trabalhados conteúdos desde a compreensão leitora, à expressão oral e escrita, identificação de elementos naturais e reconhecimento da biodiversidade, manipulação de tangram… Os alunos utilizaram diferentes técnicas e materiais de produção plástica e exploram diferentes possibilidades do corpo e da voz. A Questão Aula realizada na aula e português foi transformada em Quiz para toda a família, onde foi incorporada mais uma atuação do Coro da EB1 de Coselhas. E foi desta forma que, mesmo sem asas, estas 85 fadas encantaram toda a comunidade escolar! abril/maio 2022 | artefactos 17


entrevista

“A escola é importante, assim como os nossos sonhos e a capacidade de irmos atrás do que queremos”

André Sousa

Campeão do Mundo e bi-Campeão Europeu de Futsal André Sousa foi aluno no Agrupamento de Escolas Martim de Freitas, fez a sua vida académica em Coimbra (onde concluiu uma licenciatura e um mestrado na área do desporto) e na Covilhã (segundo mestrado em treino desportivo). Em termos desportivos, entre outros clubes, passou pela Académica de Coimbra e Sporting, sendo agora jogador do Benfica. Destacou-se, mais recentemente, ao conquistar o Campeonato do Mundo de 18

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Futsal e por ser bi-Campeão Europeu na baliza da nossa seleção nacional. Diz-se uma pessoa muito bemdisposta, muito positiva no seu dia a dia, e muito lutadora profissionalmente. Não dispensa os amigos e a família, nem de fazer coisas normais como ir ao café ou ao cinema. Enquanto estudou fazia as duas coisas, mas neste momento é só Futsal, sendo profissional a 100%. Tem 36 anos e, agora, reside em Lisboa.

Sobre a prática desportiva, como começou tudo? Para ser sincero, tudo começou no futebol de onze. Aos oito anos de idade fui jogar para a Académica e durante cinco anos joguei futebol de onze. Era a minha grande paixão. Como tenho uma estatura pequena, acabei por experimentar o futsal por convite de um amigo e aos treze anos mudei de modalidade. Tudo começou na paixão de qualquer criança. Correr atrás de uma bola… Que dificuldades sentiu ao longo deste percurso? Há sempre dificuldades inerentes à prática desportiva, por exemplo, com títulos perdidos de uma forma ingrata, em que muitas vezes nos sentimos responsáveis pelos erros cometidos ou por momentos menos felizes e que nos fazem ir abaixo. Mas são esses momentos que são também


rampas de lançamento para os momentos bons. Coisas que acabam por não acontecer que nos fazem ser persistentes e acreditar e definir metas para percorrer o nosso caminho. Alguma vez pensou em desistir? Já! Já pensei em desistir… hoje em dia, não! Mas quando temos os nossos dezoito, dezanove, vinte anos, e pensamos na carreira e as coisas não nos correm bem e pomos tudo em causa… duvidamos das nossas competências, das nossas qualidades… tudo é mais frágil porque não atingimos, ainda, a maturidade. A desistência fez parte da minha vida, é

verdade, mas aquilo que dá gozo mesmo, são esses momentos difíceis que conseguimos ultrapassar. Qual o segredo para o sucesso? Todos passamos por dificuldades que são normais, mas tudo passa pela capacidade de ultrapassá-las. A maturidade, a idade e o contexto também ajudam. Agora, eu acho que a diferença para atingir o sucesso passa muito pela capacidade de ser forte, positivo, encararmos a vida de forma positiva… mesmo nos momentos menos bons. A sua passagem por esta esco-

la foi importante? Que memórias guarda? A escola foi muito importante. Guardo para mim os momentos Martim de Freitas. Vivia perto da escola e por isso ia todos os dias a pé com vários amigos que viviam na minha rua. Guardo recordações e estima por pessoas que me marcaram e continuam a marcar e com quem continuo a partilhar momentos, embora não tão regulares, como fazíamos antes. Obviamente, a escola é importante, bem como a forma como fazemos o percurso. Não só os amigos, mas também as professoras… a Martim de Freitas, para além de ser uma excelente escola, acabou por marcar todo o meu percurso. Que mensagem quer deixar aos mais jovens? A mensagem que deixo aos mais jovens é que é uma fase boa da vida em que todos os sonhos nos vão aparecer, uns palpáveis, outros menos palpáveis, mas temos de ter a capacidade de lutar e de acreditar naquilo que queremos. No fundo é isso que vale a pena e o que fica na nossa memória. Por isso, é preciso ter uma base educacional e académica importante. Os meus estudos académicos eram o meu objetivo prioritário, pois eu sempre soube que a minha carreira desportiva acabará por terminar. É preciso de ter um apoio, uma base que me permita não ficar descalço. A mensagem que quero passar é que a escola é importante, assim como os nossos sonhos e a capacidade de irmos atrás do que queremos. [Entrevista realizada após conhecimento de mais um título conquistado ao serviço da Seleção Nacional] abril/maio 2022 | artefactos 19


We stand with Ukraine! Stop war! O MENINO DA SUA MÃE No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas traspassado — Duas, de lado a lado —, Jaz morto, e arrefece. Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos. (…) Fernando Pessoa Trabalho realizado pelas turmas de 4ºano, da Escola Martim de Freitas, no âmbito da disciplina de Inglês.

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Pela Liberdade e pela Paz Qualquer que seja a guerra ou conflito vai sempre causar dor, sofrimento, mortes, sangue e refugiados. O ser humano deixou de se preocupar com a essência da vida e apenas se preocupa em ter cada vez mais poder. Esta busca por um poder desmedido coloca em causa a segurança de um povo, a sua liberdade e, até mesmo, a sua identidade, uma vez que os direitos humanos não estão a ser respeitados. Toda esta situação afeta gravemente a Ucrânia e todo o seu povo, mas também o resto do mundo. Vêem-se crianças e mulheres desorientadas porque não têm para onde ir, não sabem para onde fugir, vemos homens separados das suas famílias para irem combater na guerra e tantas mortes e fome á mistura. É desumano. São situações inaceitáveis, num século em que todos deveriam ver os seus direitos cumpridos e tal não

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acontece. Perante tudo isto que vai acontecendo, sentimo-nos cada vez mais impotentes. Naquilo que está ao nosso alcance, devemos apoiar a Ucrânia, acolhê-los no nosso país e mostrarmos toda a nossa solidariedade para com estas pessoas, agora refugiadas. Devemos, ainda, recolher produtos alimentares, artigos de higiene pessoal, roupas e, muito importante, medicamentos e fazer chegar tudo isto a quem mais precisa neste momento. Tendo em conta que tantas vezes nos queixamos do sítio onde nos encontramos, fechados, e daquilo que passamos aqui dentro, devemos dar mais valor ao facto de termos saúde e estarmos “seguros”. A vida deste povo mudou completamente, ficaram sem nada. Por essa razão, devemos valorizar as coisas mais simples da vida. Pela liberdade e pela Paz! Força Ucrânia, nós estamos convosco! Juntos somos mais fortes. Os jovens do Centro Educativo dos Olivais


educação para a saúde

Iniciativa conjunta da Sociedade Internacional de Nefrologia e da Federação Internacional de Fundações do Rim e determinou 2022 como o ano da “Saúde Renal Para Todos”. O objetivo é aumentar a consciencialização sobre a importância da saúde renal, bem como reduzir a frequência e o impacto da doença renal em todo o mundo. O rim tem a função de depurar do sangue substâncias tóxicas, eliminando-as através da urina. Controla, igualmente os níveis de hidratação, eletrólitos (sais minerais) e ácido-base do organismo. Este equilíbrio preciso é fundamental para que a maioria dos processos químicos que ocorrem no nosso organismo se processe de forma eficaz. O rim intervém ainda na produção de hormonas, como a eritropoetina, que controla a produção de glóbulos vermelhos, ou de renina, que regula a pressão arterial. É ainda no rim que ocorre a transformação da vitamina D na sua forma biologicamente ativa. Para manter a saúde do rim deve procurar beber água em quantidade adequada, evitar substâncias que façam mal ao rim, como o tabaco, o uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroides, ou o consumo excessivo de sal na dieta. No caso de sofrer de doenças como hipertensão ou diabetes, deve procurar seguir as indicações do

seu médico de forma a manter um controlo adequado. Essas medidas incluem, para além dos medicamentos prescritos, exercício físico regular, dieta

saudável e um peso adequado. Neste âmbito os alunos que frequentam o 8º ano, participaram, no dia 10 de março, numa Palestra - “Dia Mundial do Rim” - dinamizada por uma equipa de médicos da UCC – Centro de Saúde de Celas. Os alunos participaram de forma muito positiva levantando questões pertinentes, esclarecendo dúvidas e partilhando vivências e reconheceram que manter a saúde do rim é muito importante para o equilíbrio do corpo. | Equipa do PES e Grupo Disciplinar

O tema do Dia Mundial da Saúde de 2022 visa a ligação, entre a saúde do nosso planeta e a saúde dos seres humanos e dos outros seres vivos. “A OMS | Europa solicita a todos para (re) imaginarem um mundo onde: ar limpo, água potável e alimentos estejam disponíveis para todos; onde as economias estejam focadas na saúde humana e no bem estar planetário, e que, nas cidades, vilas e comunidades sejam criadas condições para que as pessoas tenham uma vida melhor.” Adaptado de https:// www.euro.who.int/en/mediacentre/events/events/2022/04/ world-health-day-2022/about-

world-health-day-2022)” Neste âmbito no dia 7 de abril, na Escola Martim de Freitas, a comunidade educativa foi sensibilizada para a necessidade de manter os seres humanos e o planeta saudáveis, salientando-se o contributo das diferentes áreas da medicina para alcançar este objetivo. Durante esta semana esteve patente uma exposição de cartazes alusivos à efeméride, nos expositores do bloco D, elaborados pelos alunos, pela equipa do CATL 2º e 3º Ciclos Martim de Freitas e equipa do PES. | Equipa PES | Professores Ciências Naturais e CATL 2º e 3º Ciclos abril/maio 2022 | artefactos 21


escola em ação

Dia Internacional da Matemática No dia 14 de março foi celebrado, na Escola Básica 2,3 Martim Freitas, o Dia Internacional da Matemática. As turmas do 2.º e 3.º Ciclos, numa aula de Matemática, resolveram problemas lúdicos e divertidos. Os alunos mostraram-se participativos e bastante empenhados. Para lembrar este dia, os alunos da turma D do 7.º ano distribuíram, a todos os professores, marcadores de livros com mensagens alusivas ao dia e com curiosidades sobre o número Pi, que é igualmente celebrado no mesmo dia.

Dia do Pi - π

No passado dia 14 de março foi lembrado o Dia do Pi – π. Foram apresentadas pequenas curiosidades sobre este número que é estudado desde a antiguidade. Estiveram envolvidas as turmas B, C, G e H de Matemática do 6.º ano, com a colaboração das Estagiárias de Matemática e Ciências Naturais da Escola Superior de Educação de Coimbra e da Biblioteca Escolar. O Pi é o número mais fascinante da história da matemática. Está nos astros, nas flores, nos rios, nas proporções do corpo humano e em todas as formas redondas, como os indispensáveis botões. Faz-se representar por esta letra grega π que significa perímetro e tem o valor aproximado de 3,1416.

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escola em ação ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DAS ESCOLAS

Propostas votadas mobilizaram mais de 90% dos alunos do 3.º ciclo Na Martim, o Dia do Estudante deste ano culminou um processo complexo, com grande envolvimento e participação, e que resultou em decisões democraticamente tomadas. Assim, os alunos do 3.º ciclo escolheram através do votação, livre e democrática, que decorreu com muito civismo e responsabilidade, a melhor proposta a sufrágio no âmbito do projeto “Orçamento Participativo das Escolas”. A votação decorreu entre as 8h20min e as 13h00min, no Auditório da EB Martim de Freitas. Votaram 471 alunos dos 515 constantes dos Cadernos Eleitorais, ou seja 91,5% dos eleitores, com o seguinte resultado:

de uma estrutura de madeira (pérgula) e bancos de madeira para colocação à entrada da portaria, nos espaços verdes, de modo a proporcionar aos alunos um agradável espaço de convívio e bem-estar. Os alunos estão, por isso, de parabéns, pois empenharam-se na formulação e dinamização das propostas, bem como os votantes pela elevada adesão, pelo modo como respeitaram e realizaram este exercício de cidadania e por terem chegado ao fim com um resultado.

O Coordenador Local da medida aprovou três propostas. Proposta A – Dar cor à Martim Pintura do muro da rampa que liga a parte superior (Bloco R) à parte inferior da escola (Campo do Bloco E) de modo a tornar o espaço mais agradável e dar “vida” à escola. Proposta B – Salinhas de Estar Aquisição de uma estrutura de madeira (pérgula) e bancos de madeira para colocação à entrada da portaria, nos espaços verdes, de modo a proporcionar bem-estar. Proposta C – Requalificação da Sala de Convívio Aquisição de pufes, almofadas e jogos para tornar a sala de convívio mais acolhedora e divertida.

• Proposta A – 54 votos

(11,5%);

• Proposta B – 205 votos

(43,5%);

• Proposta C – 187 votos

(40%).

• Registaram-se 25 votos em

branco e/ou nulos (5%).

Foi vencedora, portanto, a Proposta B – Salinhas de Estar – que propõe a aquisição

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educar para os afetos

O Lenço dos Afetos A turma do 3º ano da escola EB1 de Santa Cruz estudou um pouco sobre a cultura e a tradição portuguesas dos “Lenços dos Namorados”. A tradição dos «lenços dos namorados» remonta ao século XVIII, fazendo, inicialmente, parte da decoração do vestuário feminino. Tinham a forma quadrangular e eram bordados em tecido de algodão ou de linho. Mais tarde, os lenços passaram a ter outra função, ou seja, a conquista de um “namorado” ou “conversados”. As raparigas em idade de casar bordavam os lenços e entregavam-nos aos “conversados” e, se eles saíssem com o lenço no bolso do casaco, na aba do chapéu ou à volta do pescoço significava que esse sentimento era recíproco. Nesses lenços a rapariga representava os seus sentimentos pelo rapaz através de poemas e de alguns desenhos, com muitos significados (corações, flores, silvas, pombas, barcos, cartas, …). De acordo com a tradição, os poemas têm erros ortográficos porque as raparigas dedicavamse a trabalhar no campo e iam poucas vezes a escola. Depois de estudarmos sobre esta tradição, a nossa turma decidiu elaborar “lenços dos afetos” tendo para isso criado poemas sem erros, porque nós andamos na escola e aprendemos a não errar na nossa escrita.

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Cada um de nós construiu o seu lenço. Primeiramente fizemos um projeto num lenço em papel e depois passámos esse projeto para um lenço de tecido. Contámos com a participação de uma avó da nossa sala que

nos ofereceu o tecido. No final da construção de cada lenço, juntámos os lenços todos, os quais foram cosidos numa máquina de costura e criámos um lenço gigante. Aprendemos muito com este trabalho. Depois do lenço construído, estudámos matemática, como a área do lenço e o seu perímetro. Texto coletivo, 3.º ano, EB1 Santa Cruz

St. Valentine’s … o amor anda no ar… e inspirou os alunos do 2.º CEB / EE que quiseram participar na atividade “St. Valentine’s” organizada pelos professores da disciplina de Inglês. Everytime we look around… e cada vez que olhamos à nossa volta, especialmente nas entradas dos blocos A, B e D, poderemos apreciar como são interessantes e coloridos todos os trabalhos afixados, no formato de carta, cartaz ou cartão. No bloco C também encontramos trabalhos integrados na exposição da “Semana dos Afetos” dinamizada pela Biblioteca Escolar. Oportunamente serão selecionadas e divulgadas aquelas participações que se destacaram e despertaram a atenção de um júri convidado para o efeito.


visita de estudo

My Polis A nossa turma está envolvida num projeto piloto a nível nacional, onde aprendemos temas relacionados com o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Após várias descobertas e jogos realizados em sala de aula, fizemos uma visita de estudo que teve como ponto de partida a EB1 de Santa Cruz e o ponto de chegada foi o Jardim da Sereia. Nessa visita de estudo, aprendemos, descobrimos e refletimos sobre questões ambientais ao longo de todo o percurso. Durante a caminhada pela Avenida Sá da Bandeira, verificámos que havia só dois conjuntos de ecopontos, o que nos leva a concluir que são muito poucos perante o número de habitações existentes. Fomos registando a quantidade

de veículos elétricos que circulavam pela Avenida e eram muitos, como autocarros 100% elétricos, trotinetes e alguns carros elétricos. Com orientação dos professores, que nos colocaram várias questões para pensarmos. Vimos três lagos e ficámos curiosos em saber se a água é sempre a mesma, se é aproveitada pela chuva ou se existe uma torneira sempre aberta. São questões que queremos ver respondidas aquando da reunião em Assembleia com a Vogal da União de Freguesias. Achámos que ao longo da Avenida faltam alguns arbustos e mais flores nos canteiros, pois serão importantes para renovar o ar. Quando chegámos ao Jardim da Sereia, observámos um problema, que foi uma caixa no

chão com água a sair sem parar! Logo tivemos a ideia de tentar resolver o problema, ligando à vogal da União de Freguesias. Logo de imediato foi feita a chamada para a responsável e a nossa delegada de Turma, também porta-voz, falou e expôs o problema para ser resolvido o mais breve possível! No Jardim vimos muita fauna e flora. Desenhámos o Jardim e fizemos propostas de melhoria (mais bancos, materiais de desporto, pistas de bicicleta). Antes do regresso, a professora propôs que cada um de nós abraçasse uma árvore. Foram momentos muito agradáveis! Aprendemos bastante. Texto coletivo, 3.º ano, EB1 Santa Cruz

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desporto escolar

Corta-Mato distrital reuniu 400 alunos em Montemor-o-Velho O Centro Náutico de Montemor-o-Velho reuniu os alunos mais bem classificados do Corta-Mato Escolar dos diferentes estabelecimentos de ensino do distrito de Coimbra. Foi um dia convívio e intensa prática desportiva, onde os jovens atletas competiram em diferentes distâncias, divididos em dois escalões etários (iniciado e juvenil) e ainda numa prova de Corta -Mato Adaptado. Em representação do

No dia 8 de março, cerca de quatrocentos alunos participaram na Final Distrital do Corta-Mato. Foi o regresso da mais emblemática e participada prova do Desporto Escolar, embora este ano, com várias restrições, designadamente no número de participantes, que nesta competição costumam ser cerca de dois mil. No dia 30 de março, realizouse em Tábua, a 17ª edição da Final Distrital do Mega Sprinter, prova que inaugurou a Pista de Atletismo Mário Pinto Claro. O evento reuniu 530 alunos de 37 Escolas/Agrupamentos do Distrito de Coimbra, que competiram entre si, em quatro provas: quilómetro, velocidade, salto em comprimento e lançamento do peso. Ainda com algumas restrições, 26

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Agrupamento de Escolas de Martim de Freitas participaram nove alunos, que tiveram excelentes prestações, com destaque para a aluna Matilde Carvalho que venceu a prova no escalão iniciado feminino. Com esta classificação a aluna obteve o apuramento para a Final Nacional que se realizou em Valença nos dias 1 e 2 de abril.

Mega Sprinter

Final Distrital 2022 nomeadamente no número de participantes, o Agrupamento de Escolas de Martim de Freitas fez-se representar por 16 alunos, divididos em dois escalões etários (Infantis B e Iniciados). Os alunos apresentaram um excelente comportamento e empenho ao longo de toda a prova, com destaque para os resultados dos alunos: Afonso Martins (final 40 metros – Iniciados masculino), Tomás Marques (2º classificado

1 km – Infantis B masculino), Matilde Carvalho (2ª classificada 1 km – Iniciadas feminino) e Rodrigo Alves (3º classificado 1 km – Iniciados masculino). Os alunos estão de parabéns pelo esforço demonstrado e pela forma como representaram e dignificaram o nosso Agrupamento. Nos dias 29 e 30 de abril, em Vagos, realiza-se a Final Nacional.


CORTA-MATO NACIONAL

750 alunos em Valença Nos dias 1 e 2 de abril, Valença foi palco da Final Nacional do Corta-Mato Escolar, num evento que contou com a participação de 750 alunos de Portugal Continental e da Região Autónoma dos Açores. A prova marcou o regresso das competições nacionais do Desporto Escolar e de uma das maiores festas do desporto nacional. Os alunos participantes nesta importante competição nacional, resultaram das fases de apuramento escolar e distrital, as quais envolveram muitos milhares de alunos e centenas de professores. A aluna do Agrupamento de Escolas de Martim de Freitas, Matilde Carvalho, que tinha vencido o Corta-Mato Distrital (escalão iniciado feminino), esteve presente no evento, integrada na comitiva da Coordenação Local do Desporto Escolar de Coimbra. Junto às muralhas da Fortaleza de Valença, local onde decorreu a prova, a Matilde teve uma prestação notável, tendo-se classificado em oitavo lugar.

Atletismo

Campeonato Distrital de Pista de Iniciados

No dia 6 de abril, realizou(Campeã Distrital de Pista – 1º -se o Campeonato Distrital de lugar por equipas) e outra de Pista de Atletismo, no escalão iniciados masculinos (3º lugar por equipas), que obtiveram de Iniciados, no Complexo excelentes prestações, às Desportivo de Febres.O Agrupamento de Escolas Martim quais nunca faltou alegria, boa de Freitas foi representado por disposição, entrega e um grande 1 aluno/juiz e 14 alunos/atletas, espírito de equipa. Os alunos do grupo/equipa de organizados em duas equipas: uma de iniciados femininos Atletismo são TOP! Modalidades Ouro Prata Bronze Velocidade - 80 metros

1

1

Corrida de Barreiras

1

1

Salto em Altura

2

Salto em Comprimento

1

Lançamento do Peso

1

1500 metros

1

Corrida de Estafetas

8

TOTAL

10

3

5

A Direção do Agrupamento e os professores do grupo disciplinar de Educação Física felicitam a Matilde pela sua participação e desempenho nesta emblemática competição do Desporto Escolar.

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desporto escolar

Final do Distrital de Boccia No âmbito do Clube do Desporto Escolar realizou-se, no passado dia 31 de março, a Final do Distrital de Boccia, na Escola do Ensino Básico e Secundária José Falcão, em Miranda do Corvo, na qual participaram os alunos André Santos e Ana Gomes. O evento pautou-se pela perfeita organização. Os alunos demonstraram o seu espírito desportivo e, com muita habilidade, agilidade e inteligência, alcançaram os seus objetivos. Ao longo do dia, realizaram-se

A Semana da Leitura 2022, na Escola Básica Martim de Freitas, foi a grande festa para semear leituras, deste ano letivo. De 7 a 15 de março realizaram-se várias atividades que não só valorizaram o ato de ler, como tocaram vários domínios da cultura atual na sua relação com a leitura, ou melhor, com as leituras. Em pouco mais de uma semana, todos os sentidos estavam alerta. Feira do Livro, encontros com escritores, desafios no Instagram, oficina de artes (colagem) e desafios de matemática… tudo (e muito mais) concorreu para fazer desta semana um momento muito especial para todos os que nela quiseram participar ou que integraram as próprias atividades. Nas bibliotecas das escolas do 1.º CEB foi tempo para o desafio “Ler é…” e nos jardins de infância realizaram-se sessões de leitura. Celebrar a leitura, sempre e em qualquer lugar foi o mote desta edição!

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várias séries de jogos entre os alunos das diferentes escolas, tendo a Escola Martim de Freitas sido apurada para a fase final, a qual lhes proporcionou o acesso ao pódio, por duas vezes, para receberem as honrosas medalhas. Com classificação em 3.º lugar, o André Santos conquistou duas medalhas e a Ana Gomes uma. No final do dia, a felicidade estava estampada nos respetivos rostos e no peito onde orgulhosamente exibiam as suas medalhas! Estão realmente de parabéns, o André Santos e a Ana Maria Gomes que tão bem representaram a Escola EB 2/3 Martim de Freitas.

A semana da leitura é uma iniciativa do Plano Nacional de Leitura 2027, que conta com o apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, e se destina a celebrar e incentivar o prazer de ler, com múltiplas atividades festivas que promovam a leitura e o encontro entre os livros e os seus leitores, em contexto de sala de aula, nas bibliotecas escolares, nas bibliotecas públicas e em outros espaços que se disponham a colaborar. As bibliotecas escolares associaram-se a esta iniciativa desde a primeira edição (em 2007), constituindo-se como as suas grandes impulsionadoras nas escolas. Sessões realizadas com… … Hugo Teixeira, autor e ilustrador de Manga, veio apresentar a sua recente publicação “Mahou Perdi-

dos no Tempo”; … Isabel Ricardo, escritora, autora de “Os Piratas da Falésia”, no âmbito dos Encontros+, atividade promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares; … Paulo Condessa, especialista em comunicação e marketing, autor de livros infantojuvenis, como “O menino silêncio” ou “O tamanho do infinito”; … Ricardo Fonseca Mota, autor de histórias e memórias, que veio falar da sua obra literária “Fredo”; … Ana Pessoa Carvalho, escritora, veio falar com os alunos sobre o seu livro “Supergigante” que nos fala da beleza da vida e da alegria e tristezas extremas; … Maria João Lopo de Carvalho, escritora e autora da fabulosa Coleção 7 Irmãos


ler, ler, ler 27 de abril - Lousã

AEMF representado na fase intermunicipal do Concurso Nacional de Leitura O Agrupamento Martim de Freitas esteve representado por duas alunas, Ana Guiomar Henriques (1.º CEB) e Ana Filipa Simões (3.º CEB), na Fase Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC) do Concurso Nacional de Leitura (CNL) – 15.ª edição. Estamos, pois, todos de parabéns, de um modo especial estas duas alunas, mas também todos os alunos participantes e todos os professores envolvidos. A Prova Escrita de Pré-Seleção foi à distância, no dia 20 de abril (na Biblioteca Municipal de Coimbra) e a Prova Oral realizarse-á no dia 27 de abril na vila da Lousã. Neste dia serão apurados os alunos que representarão a região de Coimbra na grande final - 4 de junho de 2022 em Lisboa. Recorde-se que foi no dia 18 de fevereiro que decorreu na Casa Municipal da Cultura (Coimbra) a

primeira das três fases eliminatórias desta 15.ª edição do CNL – Fase Municipal. O apuramento dos alunos nesta fase coube a um Júri constituído por: um representante do Município, um representante da Biblioteca Municipal e um representante da Rede de Bibliotecas Escolares. PASSO A PASSO No dia 15 de fevereiro, teve lugar uma Prova Escrita à distância, de Pré-Seleção, sobre as obras literárias escolhidas para cada ciclo de ensino, nas respetivas escolas de todo o concelho, em simultâneo. Nesta Fase de Pré-Seleção os alunos do nosso Agrupamento que participaram foram: Ana Guiomar Henriques (4.º ano B - EB Martim de Freitas), Maria Inês do Adro (4.º B - EB Montes Claros), Afonso Evaristo (6.º B), Pedro Vieira (5.º E), Ana Filipa Simões

(9.º B) e Beatriz Poeira (9.º E). Para realizar a Prova Oral (presencial) de Leitura Expressiva e Argumentação, no referido dia 18, foram selecionadas as alunas Ana Guiomar Henriques, Maria Inês do Adro e a Ana Filipa Simões. Estas provas apuraram os doze alunos vencedores (três alunos por ciclo de ensino) para a Fase Intermunicipal. O nosso Agrupamento está, como já referido, representado pelas alunas Ana Guiomar Henriques (1.º CEB) e Ana Filipa Simões (3.º CEB). A Fase Nacional, acontecerá em dois momentos: a 10 de maio com uma Prova Escrita de PréSeleção à distância; e a 4 de junho com uma Prova Oral de Palco. Nesta fase serão apurados, em cada ciclo de ensino, os cinco grandes finalistas nacionais do CNL – 15.ª edição.

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ler, ler, ler

Eu, os outros e a Terra No “Dia Mundial da Poesia, da Árvores e da Floresta”, e no âmbito do projeto “Escola a Ler – Vou levar-te comigo”, foi lançado o repto a toda a comunidade escolar para ler, pensar e escrever, Indo ao encontro do tema aglutinador do Agrupamento de Escolas (AE) Martim de Freitas, tendo como mote um livro, foi escolhido este dia para lançarmos um desafio à comunidade escolar: o de ler, pensar e escrever ou espaços e tempos onde a leitura e a escrita são mestras. Nesse contexto, teremos mãos e uma generosidade sem

limites para fazer surgir do nada uma floresta inteira com um ecossistema rico e sustentável? Como somos o que lemos, convidamos todos a lerem o livro de Jean Giono, "O Homem que plantava árvores". Esta obra literária servirá de inspiração e estímulo para transformar a relação de cada um consigo, com os outros e com a Terra. E levar-nos-á a acreditar que no Mundo há um sonho, uma paixão, uma realidade na qual cada um é o ponto de partida para a concretização de um sonho comunitário. Sugerimos a cada um que, após

As crianças que ouvem ler em voz alta e conversam sobre livros: - Interessam-se pela escola; - Gostam de aprender; - Aprendem a ler mais depressa; - Desenvolvem-se melhor; - Tornam-se, geralmente, bons alunos. Os livros são muito importantes para o desenvolvimento da Criança.

a leitura, registe um pensamento que sirva de guia para a construção de uma floresta de árvores, de sentimentos e de valores que tornem o nosso Mundo a casa de todos nós. Que essa bússola nos leve a crer que é possível contribuir para um habitat mais sustentável. Para concretizar a ideia e com o lema “Passa a outro que não o mesmo”, foram distribuídos seis kits “Hand in hand Book”, que irão circular pela comunidade escolar, até dia 31 de maio. Posteriormente, será feita uma exposição com os pensamentos partilhados.

Todos podem Ler em família • Leia com as crianças livros que lhes interessem;

• Encoraje-as a observar as páginas e

converse sobre as imagens e as histórias;

• Se o livro for grande não o leia todo no mesmo dia;

• Se a criança pedir, volte a ler a mesma

história uma ou várias vezes; • Assegure-se que a criança está a gostar; • Escolha um lugar cómodo e sossegado; • Sente-se com ela de forma a que os dois possam observar bem as imagens e o texto a ler. É possível requisitar livros na Biblioteca Escolar para os ler em família!

OFEREÇA LIVROS COMO PRESENTE! 30

artefactos | abril/maio2022


desafio da capa Recriar Maria Helena Vieira da Silva

Para uma capa da Artefactos Tivemos de escolher uma das candidatas a ser capa. Esta ideia surgiu com a comemoração dos 48 anos da Revolução iniciada em 25 de Abril de 1974. Porque não pedir a ilustração da capa de mais um número da revista do Agrupamento? Tarefa difícil perante a qualidade dos "candidatos" que aceitaram o desafio de recriar uma das obras de Maria Helena Vieira da Silva sobre o 25 de Abril. O escolhido é de António Cruz (9.º D). Os outros artistas, igualmente correspondendo ao espírito da proposta, são, por esta ordem, da esquerda para a direita e de cima para baixo, de: Maria João (9.º B), Carolina Costa (9.º A), Mariana Duarte (9.º G), Madalena Madeira (9.º G), Maria Leonor Oliveira (9.º G), não identificado, Carolina Malva Costa (9.º A), e Ana Simões (9.º G)Leonor Veiga (9.º G). Pelo trabalho e empenho, a Artefactos agradece!

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Grândola Vila Morena

Trova do Vento que Passa

José Afonso

Manuel Alegre/Adriano Correia de Oliveira

Grândola, vila morena Terra da fraternidade O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena Terra da fraternidade Grândola, vila morena Em cada esquina um amigo Em cada rosto igualdade Grândola, vila morena Terra da fraternidade Terra da fraternidade Grândola, vila morena Em cada rosto igualdade O povo é quem mais ordena À sombra duma azinheira Que já não sabia a idade Jurei ter por companheira Grândola a tua vontade

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(Versão reduzida, habitualmente cantada. A versão original tem dezasseis estrofes)

Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz. (…) Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.


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