ARQcenários

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cenรกrios


That’s All Folks! (but not) Tenho lido muitas histórias sugestivas postadas sobre mudança de vida, de trabalho, de cidade, de planeta... e gosto desses relatos, em geral eles vem com final feliz. Creio que muitos (e me incluo) adoram pensar nesse plano B. Sempre temos algum e nessa época que amargamos esse desconsolo político e com a queda brusca do nosso sagrado sustento, seria lindo poder colocar na praça uma nova carreira, que trouxesse um tanto a mais de realizações, reconhecimento e dinheiro. Paira no ar a sensação de que a carreira que levamos décadas pra construir, de uma hora pra outra entrou em liquidação. E pior! Que não tem muita gente abonada o suficiente para aproveitar a oportuna ocasião. São reflexões, nem tão pessimistas (como muitas que me chegam) e nem tão otimistas (como eu adoraria poder ter nesse momento). Primeiro, creio que o cotidiano surreal que estamos vivendo (ou tropeçando) não pode se perpetuar por muito mais tempo. OK, nos ajustaremos, nos organizaremos, nos reinventaremos, renasceremos... mas basicamente, seremos nós mesmos, aqui ou na Lua, e essa é a parte mais bacana. Não é fácil ficar lembrando de que não somos “nós” o problema e apesar de somarmos nessa balança, não somos os “culpados” pela “crise” (usei aspas, culpa e crise são relativos). Absolvidos. É mais simples entender que o trabalho que levamos séculos para formatar, que custamos tanto a aprimorar, onde investimos uma tonelada de recursos para que fosse visto como verdadeiramente sério e autoral, não deve de uma hora para outra ser simplesmente colocado de lado. Com isso, não estou desdenhando do tal plano B, ao contrário, porém estou querendo defender a tese de que ele não surge como antítese do A e sim como complemento dele. Se a hora é propícia para explorarmos nossas potencialidades escondidas, temos que lembrar que somos a somatória do que vivemos e aprendemos e muito disso se deve a profissão que exercemos até agora.


Como profissionais liberais, o gargalo parece ainda mais estreito. Por outro lado, pela própria definição, somos bem mais livres e isso conta sempre. Claro que não aplicamos o plano B somente para obter maiores ganhos financeiros (em geral ele traz junto mais qualidade de vida, mais leveza, menos stress etc.) e em razão disso é que não devemos descartá-lo nunca. Enfim... como disse, são divagações, mas não sem propósito. Aqui, @Arqdonini, há mais de uma década, já praticamos o plano B, que segue nos rendendo dividendos de boa saúde física e mental. Nossa marca @Do2Guris, apesar de bem singela, nos traz muito orgulho. A fazenda virou tão parte de nossas vidas, como o próprio estúdio @Arqdonini. Ainda não pode ser considerada lucrativa, pois dependemos de muito para conseguir produtos de qualidade (sendo artesanais) e é claro que não pretendemos viver só disso, mas sim manter linda, verde, pura de ar e de água a nossa montanha sagrada. Pensando em tudo isso, buscando alternativas bacanas para o próprio escritório e vasculhando nossa história, percebi que o segmento de projeto onde mais praticamos arquitetura livre, onde mais ousamos, brincamos, testamos... sem sombra de dúvidas foi o da cenografia. Nunca tratamos cenografia como plano B, pois sempre praticamos como sendo uma faceta mais lúdica da própria arquitetura, mas também por essa razão, nunca buscamos outros clientes nessa área além da MTV. Hoje, com menos trabalho na nossa principal atividade de projeto (edifícios, casas, lojas, ...) e observando o tamanho da lacuna que existe nesse ramo, principalmente na televisão, a cenografia em geral (para TV, teatro, cinema, publicidade) parece apontar para um possível plano C, que no fundo seria ainda o próprio A disfarçado. Toda essa novela é pra contar que montamos nossa primeira ARQcenários, nos moldes das nossas várias ARQrevistas já editadas. Não sei bem como funcionam as contratações nessa área, nem sei se existem fórmulas vigentes para esta prática, mas sei que o que já fizemos (sem saber nada disto) é bastante coisa e com muita sinceridade, sem modéstia, não tenho dúvidas sobre a qualidade desses projetos. Fico pasmo de perceber o tamanho do desperdício de recursos olhando a maioria das peças publicitárias, seriados e programas de TV em geral com suas mesmices, clichês e falta de ousadia para não chegar a quase nada que faça alguma diferença à nossa percepção e deleite. OK, nossa experiência é limitada nessa área, nossa TV era “fora de padrão”, nosso trabalho é bem experimental, ... mas e daí? Não é de tudo isso que parece que esse mercado está precisando? Então é isso, vamos buscar parceiros para praticar um tanto a mais de cenografia. Nos abrimos a experimentar, participar, dialogar e colaborar. Contando sempre com os amigos, quase amigos, amigos de amigos, ... para nos ajudar a mostrar este trabalho aos que buscam ou contratam este tipo de projeto. Enquanto isso, nossa arquitetura A segue em frente, logo publicaremos a ARQrevista 16 e também comemoraremos um novo momento político mais animador. abs & bjs Marco Donini ARQdonini | ARQlogico | Brazil Architects | Archello | Homify | ARQrevistas



Praticar Cenografia, fazendo Arquitetura. E o resultado: Arquitetura para TV - rápida, luminosa, arquitetura de pixels ! colorida, quase on-line e digital, ual! O tempo, às vezes, nesse tipo de projeto, entre o insight criativo e o trabalho pronto, é de apenas algumas horas. Uma mágica qualquer transforma esses desenhos em imagens e, na tela, tudo ganha vida com a eletricidade, passa a se mexer muito rápido, mas o desenho ainda está como saiu da prancheta. Projetar tudo isso é fascinante e muito trabalhoso. Sofremos muito, trabalhamos demais e aprendemos muito também. Mas não foi muito diferente do que sempre fizemos e continuamos fazendo, arquitetura. Logística, enquadramento, fluxo-tempo, iluminação, pessoas ( VJs, câmera) movimento..., simplesmente, projeto. Não há nada mais contemporâneo do que a imagem como assunto. Projetar imagens é quase projetar assuntos, lembra literatura. MARCO DONINI

edição redação direção de arte

fotografia

E era para falar disso, imagens, é que chegamos até aqui.

Arqdonini Marco Donini Chico Zelesnikar Chico Zelesnikar

arqdonini@arqdonini.com.br mdonini@arqdonini.com.br fzelesnikar@arqdonini.com.br fzelesnikar@arqdonini.com.br

rua groenlândia 54, são paulo, sp tel. 55 11 3887 7866

01434-000



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Especial Cenografia 1

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TOME CONTA do BRASIL

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GORDO a Go Go 2003

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FANÁTICO MTV 2003

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VJs em AÇÃO

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Especial Cenografia 2

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AÇÃO COMPACTO

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BEIJA SAPO

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FANÁTICO MTV 2005

N

GORDO a Go Go 2005

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COVER NATION

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GORDO FREACK SHOW






TOME CONTA do BRASIL MTV brasil 2002

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GORDO a GoGo MTV brasil 2003

F






G

FANÁTICO MTV 2003 MTV brasil 2003




VJs em AÇÃO MTV brasil 2004

H













AÇÃO COMPACTO ESPN brasil 2006

J





BEIJA SAPO MTV brasil 2005

L






FANÁTICO MTV 2005 MTV brasil 2005




GORDO a GoGo MTV brasil 2005

N





O


COVER NATION MTV brasil 2005

O




P


GORDO FREACK SHOW MTV brasil 2005

P



B

Cenários MTV 2008, Projetos

C

Domínio MTV / Jornal MTV

D E

Minha MTV MTV na Rua / MTV

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Cada cenário idealizado para a MTV parte de premissas bem específicas de cada programa. Mostramos cinco, onde materiais, cores, efeitos e mobiliário de suporte, surgiram visando à lógica do espectador. Na Arqrevista 4, escrevemos sobre as relações de interdependência desse tipo de trabalho com nossas demais ocupações. Nesta edição, esse conceito torna-se ainda mais evidente. Com a recém chegada alta definição às imagens de TV, a cenografia hoje precisa ser mais bem acabada e o desenho bem mais apurado.


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MTV 2009/2010 10

na rua MTV

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SAP

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TOP 10

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lounge TV

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lobotomia



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E para encerrar com cores e brilho, fotografamos a nova sala de estar desenhada para nossa TV mais querida. Um sofá não é nunca apenas um sofá, um tapete não é só para pisar, uma parede é sempre mais que uma parede. Isso se chama realidade virtual? Ou seria virtualidade real? Pouco importa, o espaço ficou tremendamente versátil e vem sendo bem usado, tanto para descontração como para flashes de gravações. Projetar para a MTV é sempre uma delícia.



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