Boletim A Tribuna Junho/Julho de 2019

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EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS 110 ANOS DO BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA E PELA POSSE CANÔNICA DE D. JOÃO INÁCIO MÜLLER

Catedral Metropolitana ao fundo/Maurício Aoki. D. João Inácio Müller em primeiro plano/João Costa.

ANO 111 - EDIÇÃO 3.927 - JUNHO/JULHO 2019

Bem-vindo, D. João Inácio Müller


Bem-vindo seja! Estamos em festa! A Arquidiocese de Campinas recebe

Dom João Inácio Müller Da Redação

É

com enorme alegria e esperança que acolhemos nosso novo Pastor, na certeza de que o Espírito de Deus iluminou os caminhos que o trouxeram a Campinas e o cobrirá com bênçãos abundantes, sob a intercessão da Mãe Imaculada, nossa Padroeira, para essa nova Missão que lhe é confiada pela Igreja de Jesus Cristo. A Arquidiocese de Campinas estava vacante desde o dia 23 de junho de 2018, data em que Dom Airton José dos Santos tomou posse como Arcebispo de Mariana (MG). Assim, no dia 26 de junho de 2018, o Colégio dos Consultores da Arquidiocese de Campinas elegeu o Mons. José Eduardo Meschiatti como Administrador Diocesano, cargo exercido até a posse de Dom João Inácio. Na sucessão episcopal da Igreja Particular de Campinas, Dom João Inácio torna-se o 8º Bispo e 6º

Arcebispo da Arquidiocese de Campinas: Dom João Batista Corrêa Nery (1908-1920); Dom Francisco de Campos Barreto (1920-1941); Dom Paulo de Tarso Campos (1941-1968); Dom Antônio Maria Alves de Siqueira (1968-1982); Dom Gilberto Pereira Lopes (1982-2004); Dom Bruno Gamberini (2004-2011); Dom Airton José dos Santos (2012-2018).

Um pouco de sua vida Nascido no dia 15 de junho de 1960, na localidade de Sampaio, no município de Santa Clara do Sul (RS), D. João Inácio fez a profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de abril de 1985. Estudou Filosofia na Faculdade Imaculada Conceição, na cidade de Viamão, na Arquidiocese de Porto Alegre (RS) e Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e no Studium Theologicum, em Jerusalém. Obteve a Licenciatura em Teologia Espiritual no Antonianum, em Roma.

Na seqüência: Primeiros Votos; Votos Perpétuos; do período como promotor vocacional e ao lado da mãe, Sra. Nelziria Müller.

Fotos gentilmente cedidas por Frei Paulo

02 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


“Deus ia desenhando uma história para a gente, então eu me sentia sempre muito amparado por Ele”

D. João em visita à Catedral Metropolitana de Campinas, maio de 2019.

Se eu penso na minha história vocacional, eu teria muito para falar, para compartilhar. Eu sou de uma família ‘grandinha’, nós somos oito filhos. A primeira, minha irmã, nasceu em 1958, depois, a cada ano, vinha alguém. Eu nasci em 1960, depois vieram os gêmeos, em 1965 e, depois, em 1973, nasceu mais um irmão caçula, que hoje é Frade Franciscano. E somos nós dois que entramos para a vida religiosa e também perseveramos”.

Primeira Eucaristia.

Foi ordenado sacerdote no dia 03 de dezembro de 1988. Durante seu presbiterado, desempenhou os seguintes cargos: de 1989 a 1993 foi Promotor Vocacional e Membro da Equipe dos Formadores no Seminário Seráfico São Francisco de Assis, em Taquari; de 1997 a 2004, foi Vigário Paroquial da Paróquia São João Batista, em Daltro Filho, Imigrante (RS) e Guardião dos Frades do Convento São Boaventura, também em Imigrante. De 1997 a 2004, foi Mestre de Noviços, em Daltro Filho; de 1998 a 2007, Secretário da Formação e Estudos da Província São Francisco de Assis e Definidor Provincial; de 2001 a 2003, foi Secretário dos Secretariados de Formação e Estudos da Conferência dos Frades Menores do Brasil e membro da Comissão Internacional da Formação e dos Estudos da Ordem dos Frades Menores; em 2005, foi nomeado, pelo Ministro Geral da Ordem, Visitador Geral da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, em Recife (PE). No mesmo ano até 2007, foi Mestre dos estudantes de Filosofia e Teologia, e Vigário Paroquial da Paróquia Santa Clara, em Porto Alegre; de 2007 a 2013, foi Ministro Provincial da Província Franciscana São Francisco de Assis, que compreende o Estado do Rio Grande do Sul; de 2009 a 2013, foi Presidente da


Ordenação Diaconal; nas duas fotos seguintes, Ordenação Sacerdotal. Na página ao lado, primeira Missa de D. João Inácio; Ordenação Episcopal (foto extraída do site da Diocese de Lorena).

Conferência dos Frades Menores do Brasil; de 2010 a 2013, foi Presidente da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas e do Caribe - UCLAF. No dia 25 de setembro de 2013, o Papa Francisco o nomeou Bispo da Diocese de Lorena (SP). Recebeu a Sagração Episcopal no dia 14 de dezembro de 2013, pelas mãos do Cardeal Cláudio Hummes (OFM), na cidade de Santa Clara do Sul, sua terra natal. Foram co-sagrantes Dom Benedito Beni dos Santos, Bispo

Emérito de Lorena (SP), e Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS). Dom João escolheu como lema para o seu episcopado “Amor Dei Gloria” - O amor é a glória de Deus. Tomou posse na Diocese de Lorena no dia 11 de janeiro de 2014, na Catedral Nossa Senhora da Piedade, em celebração presidida pelo Arcebispo de Aparecida e Presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis.

Da casa do meu pai e da minha mãe, meus pais cantavam muitas músicas religiosas, os dois sabiam cantar bastante bem. E eu lembro, de noite, enquanto a mãe fazia o jantar, eles ficavam cantando. Depois, todos os anos, em maio e outubro, era sagrado: nós nos ajoelhávamos no chão, meu pai puxava o terço, enquanto a mãe fazia tantas outras coisas, inclusive cozinhar. E isso foi criando um espírito em nós. Depois, nem pensar em começar a comer na mesa, as três vezes por dia, sem primeiro rezar”.

Na missa dominical, o pai não faltava. Ele fazia 7km a pé, geralmente, nunca faltava dessa missa, dava um jeito, tinha que ir. Lembro que, quando ele ia no Domingo de Ramos, ele saía cedo, colhia os ramos, depois voltava com os ramos bentos. Aí, ele sumia, ninguém sabia onde ele estava. Depois, eu fui descobrir, que ele caminhava pela rocinha que nós tínhamos e ia enterrando raminhos para Deus não deixar faltar a comida, para não dar granizo. Colocava raminho também no paiol, no galpão dentro de casa”, conta, sobre o pai, Sr. Lino José Müller.

Com a mãe e o irmão, na primeira missa de Frei Paulo.

Com a família. Fotos gentilmente cedidas por Frei Paulo. 04 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


Eu percebia, de fato, que Deus ia desenhando uma história para a gente, então, eu me sentia sempre muito amparado por Deus, cuidado, e eu percebia que alguns textos bíblicos sempre me chamavam muita atenção, especialmente o Evangelho de São João, capítulo 12, da Carta de Paulo aos Romanos, depois o capítulo segundo de Filipenses, um texto maravilhoso; as Cartas de João também, tudo ligado ao redor da palavra ‘amor’. Tanto é verdade que, na minha ordenação de padre, eu escolhi como lema: ‘Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado’. Eu sempre acreditava nisso, que Jesus dava esse presente para nós, se nós pudessemos também amar como Ele amou. É óbvio que não vamos amar na mesma intensidade, porque Ele é Deus, mas nós podemos amar como Ele amou. Como é que Ele amou? Ele deu Sua vida. Nós também podemos dar a nossa vida”.

Ninguém de nós deve desconfiar ou não acreditar que Deus nos ama e que tem um plano para nós, um desejo para nós. Ele preparou uma vida bonita para todo nós, porque Deus nos amou muito antes de nós nascermos, desde todo sempre, e também é muito largo em semear coisas boas no nosso coração”.

Na Capela do Centro de Pastoral Pio XII. Abaixo, D. João mostra sua horta na casa episocpal em Lorena (SP).

No período de 2015 a 2019 foi Presidente da Província Eclesiástica de Aparecida (SP) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, do Regional Sul 1. No dia 06 de fevereiro de 2019, foi nomeado, pelo Papa Francisco, Visitador Apostólico na Diocese de Limeira (SP). Em 15 de maio de 2019, o Santo Padre, o Papa Francisco, nomeou-o como Arcebispo Metropolitano de Campinas, transferindo-o da Diocese de Lorena (SP). Para a Posse Canônica, foi escolhida a tarde do dia 14 de julho, aniversário de 245 anos da cidade de Campinas, em Celebração campal na Praça José Bonifácio, em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição.

Fotos de Nathália Luperini.

Os trechos em que D. João conta um pouco de sua história vocacional foram transcritos de entrevista concedida ao Oratório São Luiz - Salesianos, de Lorena (SP), em 20 de agosto de 2017.

Junho/Julho 2019 - Edição Comemorativa - 05


Brasão Episcopal

O

brasão compõe-se de um conjunto de símbolos que indicam as linhas principais da vida e ação evangelizadora de Dom João Inácio Müller, Arcebispo Metropolitano de Campinas; é um programa de vida. O chapéu com as bordas e os laços, que envolvem o escudo, estão presentes no brasão de todos os Bispos e representam a união dele com a Igreja, o Papa, o Colégio Episcopal e o Povo de Deus. Traz sempre presente sua missão apostólica como sucessor dos Apóstolos, sob a luz do Espírito Santo. A cruz de duas hastes (Cruz de Lorena) e o pálio são símbolos próprios da dignidade do Arcebispo e seu ministério. O lema “Amor Dei Gloria” (O Amor é a Glória de Deus) indica a dinâmica da ação evangelizadora de Dom João Inácio, no esforço de animar o povo de Deus, a fim de que se torne Igreja viva, discípula missionária, responsável pelo dom do batismo (águas), testemunha do encontro pessoal com o Senhor. O lema é inspirado no Quarto Evangelho, na ótica franciscana. O Amor de Deus fez-se visível na carne, na história de Jesus Cristo: na pobreza da encarnação (presépio), na jornada com a humildade das fadigas pelo Reino (verdes prados) e em sua máxima caridade no alto da cruz (Eucaristia – Cruz – Santa Clara). Essa é a glória, a beleza de Deus, revelada e resplendente na vida do Filho bendito, cujo alimento era fazer a vontade do Pai, ou seja, uma vida entregue no amor e por amor, em fidelidade ao Pai. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Glória é a beleza de Deus, a vitória de Deus, a alegria de Deus. Essa reluziu sempre na vida de Jesus, mormente no alto da Cruz, na qual Ele está totalmente transfigurado e desfigurado por causa do amor vi-

vido, encarnado e praticado. Existimos para seguir esses passos de Jesus. Essa é a trajetória que embeleza nosso viver e nos conduz à vitória; essa vida nos transfigura na beleza divina, identidade profunda de cada pessoa, imagem e semelhança de Deus. Essa é a glória que agrada ao Pai. Santo Irineu lembra: A glória de Deus é a pessoa humana viva; e a vida da pessoa humana é a visão de Deus. Esse mistério de vida vem a nós, cada dia, na Santa Missa. A Eucaristia atualiza a Encarnação redentora de nosso Senhor: sua vida, morte e ressurreição, por amor a nós, na fidelidade amorosa ao Pai. Contemplamos essa encarnação no presépio, na jornada e missão evangelizadora, na cruz: na vida de Nosso Senhor. Essa vida, nós, discípulos missionários, somos chamados a seguir, abraçar e fazer brilhar em nossas vidas. O verde prado e as montanhas lembram, também, as terras férteis e belas da ‘mãe terra’: por Deus criada vocacionada a alimentar cada um de seus filhos e filhas. As águas dizem, ainda, dos nossos rios, e recordam a frase de Jesus Cristo: “Sigam-me, e eu vos farei pescadores de homens. Eles deixaram imediatamente as redes, e seguiram a Jesus” (Mt 4,19-20). O Senhor chama para nova vida. Eis-me aqui, Senhor! A borda do brasão traz a corda franciscana, cujos três nós recordam os conselhos evangélicos: castidade, obediência e pobreza. Nota: o Brasão Episcopal de Dom João Inácio Müller foi desenhado por Padre Rodrigo Catini Flaibam, heraldista, pároco da Paróquia São Judas Tadeu, em Paulínia, adequando-o para a dignidade de Arcebispo de Campinas, com base naquele outrora elaborado por Frei Arno Frelich.

06 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


O Amor é verdadeiramente a Glória do Senhor “Paz e bênção a vocês, minha nova família da Arquidiocese de Campinas” Dom João Inácio Müller, Arcebispo Metropolitano de Campinas

D

esde o dia 15 de abril que sei de minha

Podem contar com a minha prece, com a minha

nomeação; o senhor Núncio (Apostóli-

bênção. Eu, de fato, de coração, saúdo mais uma vez

co) me comunicou, e eu dei o meu ‘sim’.

cada um, cada uma. E buscarei, na minha vida de Ar-

Então, desde o dia 15 de abril, venho diariamente

cesbispo com vocês, colocar em prática, do melhor

rezando por cada um, cada uma de vocês, do clero,

modo que eu puder, o meu lema Episcopal: ‘o Amor é

também Dom Gilberto (Arcebispo Emérito de

a Glória de Deus’. Que desça

“Que sobre vocês, sobre todas as leigos e as leigas. Trago vocês no meu Ele me inspire realidacoração e busco nutrir carinho e afeto des da por vocês. e me permita grande Minha posse está marcada para o dia 14 do (mês) sete e eu sei que, de- deixar conduzir pelo Arquidiocese pois do dia 14, vocês é que vão comeEspírito Santo” de Campiçar a tomar posse de mim. E eu quero Campinas), e também o povo de Deus, os

nas, a bênção do

permitir isso de coração aberto. Quero dar a minha contribuição, mas eu sei que, muito mais

Pai, do Filho e do

do que eu dar contribuição a vocês, à caminhada de

Espírito Santo.

vocês como Igreja, vocês vão me acolher, e vocês vão

Amém.”

me ensinar, e vocês vão me inserir no processo de Igreja que já estão tendo há muitos anos, com tantos pastores qualificados. Rezo a Deus que Ele me inspire e me permita deixar conduzir pelo Espírito Santo, para que nós possamos, juntos, continuar a construir a Igreja, Igreja que tenha cada vez mais o rosto e o sabor de Jesus, enviado do Pai, e que o nosso Papa Francisco também acalenta com tanto carinho.

Transcrição de mensagem em vídeo concedida ao Setor Imprensa quando de sua nomeação. Foto de D. João Inácio por João Costa.


“Nossa Igreja, com 110 anos de criação, sempre viveu uma história de fé e missão nesta terra e foi conduzida na sucessão apostólica por sete bispos”

Carta de Acolhida Mons. José Eduardo Meschiatti, Administrador Diocesano, e Colégio de Consultores

“Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” Jeremias 3, 15

A

Arquidiocese de Campinas amanheceu o

viveu uma história de fé e missão nesta terra e foi

dia de hoje em grande alegria pela no-

conduzida na sucessão apostólica por sete bispos.

meação do seu novo Arcebispo Metro-

Como oitavo bispo e sexto arcebispo o senhor

politano, Dom João Inácio Müller. Queremos saudar aquele que o coração do Bom Pastor elegeu para conduzir esta porção do Povo

Dom João Inácio é dom de Deus para todos nós, expressando o cuidado que Ele tem em não deixar faltar pastores para conduzir o seu Povo. O lema que inspira o seu ministério episcopal

de Deus. Durante o período de Sé Vacante, toda a Igreja

Amor Dei Gloria (O Amor é a Glória de Deus) nos

Particular de Campinas esteve unida em oração

traz esperança e confiança para continuar a Mis-

pedindo a Deus que lhe enviasse um novo bispo.

são, diante dos desafios que hoje nos são apresen-

Agora este mesmo povo o acolhe com muita feli-

tados.

cidade, como o pastor maior que vem para confir-

Suplicamos à Imaculada Conceição, padroeira

mar os irmãos na fé e conduzi-los com fidelidade

de nossa Arquidiocese, que com amor materno,

no seguimento de Jesus.

torne fecundo o seu ministério episcopal nesta

Nossa Igreja, com 110 anos de criação, sempre

Igreja.

(Carta de acolhida divulgada em 15 de maio de 2019, pela nomeação de D. João Inácio)

Mons. José Eduardo com D. João Inácio na Assembleia dos Bispos do Regional Sul I (2019) e na Cúria de Lorena (SP). Fotos de Nathália Luperini.

08 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


Palavra Fraterna, Acolhimento Por Dom Gilberto Pereira Lopes Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Campinas

A

História Humana, em nossa visão criacio-

Bendito o que vem em nome do Senhor!

nista, é regida pela Providência Divina,

Temos tido algum conhecimento do seu serviço já

com o desígnio do Criador de conceder li-

prestado à Igreja de Jesus. Seduzido pela graça de

berdade ao homem e à mulher. Esta lembrança se

Deus, soube escolher o caminho e vive-lo sob a ins-

relaciona, no texto, à história de Campinas e atinge

piração de Francisco de Assis, no amor à Deus, aos

toda humanidade.

irmãos e irmãs e à natureza do irmão sol!

Circunstâncias providenciais permitiram que esta

Já foi divulgado o seu desempenho como Provin-

Metrópole tivesse um caminho cristão bem acentu-

cial dos Franciscanos do Rio Grande do Sul, em dois

ado. Antes mesmo da criação da Diocese, em 1908,

mandatos. Em Roma, no Amazonas, em Lorena, e

já vários pioneiros começaram a construir o futuro

em outras ocasiões diferenciadas. Deus o conser-

religiosos cristão.

ve entre nós, no acolhimento evangélico de todos e

Campinas foi privilegiada com a nomeação do seu

no cuidado especial com seu Presbitério. Pedimos

primeiro Pastor, Dom João Batista Correa Nery. Um

ao Pai Jesus, nosso Pai, pela intercessão da Mãe de

homem extraordinário. Pastor zeloso, lúcido e capaz

Jesus, Mãe Imaculada na sua Conceição, que nosso

de consolidar o presente, olhando para o futuro. Cui-

Arcebispo possa ser irmão de todos, no serviço do

dou dos pobres, da educação, dos meios de comu-

Reino.

nicação, com atenção especial à doutrina da Fé. Velou por seu Presbitério. Também daqui, Dom Idílio José Soares estudou em Roma e saiu do Carmo de Campinas para ser Bispo de Petrolina e me recebeu no seu Seminário. Esta lembrança está comigo neste momento em que a Providência do Pai nos oferece um novo Pastor, que se chama João Inácio, lembrando o Precursor do Filho de Deus e o fundador da Companhia de Jesus. Dom João Inácio Müller vem até nós como profeta, falar em nome de Deus.

D. Gilberto é recebido por D. João Inácio em frente à Cúria de Lorena (SP). Foto de Nathália Luperini.

Junho/Julho 2019 - Edição Comemorativa - 09


Carta sobre o Pastoreio de D. João Inácio na Diocese de Lorena Por Padre Rodrigo Fernando Alves Pároco da Catedral Nossa Senhora da Piedade de Lorena

D

om João Inácio Müller foi nomeado bispo da Diocese de Lorena – SP em 25 de setembro de 2013, pelo Santo Padre, o Papa Francisco. Após sua nomeação, encontrou-se com o clero, os seminaristas e os leigos, causando excelente impressão pela sua simplicidade, capacidade de escuta e proximidade. Tomou posse no dia 11 de janeiro de 2014, na Catedral Diocesana Nossa Senhora da Piedade, tornando-se o nono bispo na história desta Igreja Particular. Desde então, Dom João foi deixando sua marca e seu legado como Pastor desta porção do Povo de Deus. Na dimensão pastoral da evangelização, construiu um processo de atualização do Plano Diocesano de Pastoral, partindo das bases (das comunidades e paróquias), ancorado nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (20152019). Assim, buscou fazer o planejamento da vida pastoral da Diocese partindo não apenas dos documentos e diretrizes da Igreja, mas também da escuta do Espírito Santo que fala através de nossa gente. Nessa perspectiva, foram feitas assembleias paroquiais, setoriais e, por fim, a assembleia diocesana com a aprovação do novo Plano Diocesano de Pastoral. Também trabalhou a importância do funcionamento do CPP (Conselho de Pastoral Paroquial) e do CAEP (Conselho para Assuntos Econômicos Paroquial) nas paróquias. Com a ajuda do Conselho Diocesano de Pastoral, publicou um Estatuto para os CPP’s. Dom João Inácio refletiu, nestes anos, sobre o apelo missionário de uma Igreja “em saída”, enviando padres e seminaristas missionários para a Diocese de Jardim (MS) e para a Prelazia do Xingu (PA). Com essas ações,

ensinou que nossa Diocese precisa ser generosa com as demais, e ter um “coração alargado” para acolher as necessidades da Igreja em outras regiões. Podemos elencar outras características do pastoreio de Dom João: sua alegria e espontaneidade no relacionamento com as pessoas, em especial com os leigos nas visitas pastorais que fez às paróquias. Dom João é lembrado pela sua simpatia tanto nas paróquias urbanas como nas comunidades rurais por onde passou. Quando conversamos com as pessoas simples que o conheceram, escutamos histórias singelas que mostram o “enraizamento” do bispo no “chão da realidade”: seu sorriso, seus gestos de acolhimento... histórias do bispo que se senta em um tronco de árvore para conversar ou que joga “ping-pong” com os jovens estudantes de uma escola. Na gestão da Diocese, Dom João abriu espaço para a atuação dos leigos, e buscou sempre aperfeiçoar as práticas administrativas de acordo com as novas legislações, através de ações concretas e da formação do clero e dos funcionários da Mitra Diocesana. Em 2015, Dom João Inácio foi eleito presidente da Sub-Região Aparecida, missão que empreendeu com boa disposição. Recentemente, no dia 15 de maio de 2019, foi nomeado pelo Papa Francisco para outra missão, agora como Arcebispo de Campinas-SP. Nossa Diocese agradece pelo seu pastoreio e amor para conosco durante estes cinco anos. Confiamos o ministério episcopal de Dom João Inácio à Nossa Senhora da Piedade, padroeira de nossa Igreja Particular, para que o ampare e fortaleça em seu sublime serviço a favor do Povo de Deus.

“Sua alegria e espontaneidade no relacionamento com as pessoas, em especial com os leigos”

10 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


O Amor é a Glória de Deus Por Pe. Frei Paulo Eduardo Müller, ofm Frade Franciscano, irmão de D. João Inácio

F

oi este o lema que Dom Frei João Inácio Müller escolheu para o seu ministério episcopal. Deus, no amor, se encarna e em Jesus Cristo e no Filho mostra a sua opção: “revelar o seu reino aos mais pequeninos” (Cf. Lc 10,21). A glória de Deus consiste em uma vida de doação e entrega total, na confiança do Espírito. Filho de pequenos agricultores, o terceiro de oito irmãos, Dom João aprendeu deste pequeno aos ofícios da vida familiar e importância da participação na vida da comunidade, das celebrações e sacramentos. Neste ambiente iniciou a sua caminhada de fé. A leitura da Palavra de Deus, a oração do terço e as orações ao redor da mesa faziam parte da vida diária da família. E neste contexto, bem novo, despertou para a vocação à vida franciscana e sacerdotal. A sua caminhada vocacional foi marcada por muitos desafios. Como pessoa de muita oração soube fazer o discernimento necessário para realizar da melhor maneira a missão que o Senhor lhe havia confiado. Tem em Jesus, o Bom Pastor, o modelo para a sua missão e em São Francisco de Assis a referência quanto a forma de viver o Evangelho: seguir a Cristo pobre, humilde e crucificado. Dom João é pessoa de muita oração, ativo, prudente, com grande sabedoria e que procura trabalhar de forma colegiada. Fiel ao que o Papa Francisco escreve na Evangelii Gaudium 279 “talvez o Senhor Se sirva da nossa entrega para derramar bênçãos noutro lugar do mundo, aonde nunca iremos”, aceitou ser pastor da Igreja local de Lorena e agora da Arquidiocese de Campinas. No seu ministério tem presente aquilo que o Papa Francisco escreve em seu livro A Igreja da Misericórdia, ao falar sobre o que é ser pastor: “Somos chamados e constituídos pastores,

não pastores por nós mesmos, mas pelo Senhor, e não para servirmos a nós mesmos, mas o rebanho que nos foi confiado, servindo-o até dar a nossa vida como Cristo, Bom Pastor”. “Sede pastores com o cheiro das ovelhas, presentes no meio do vosso povo como Jesus, o Bom Pastor”. “O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo. O Senhor dirá claramente que a sua unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados”. Dom João sabe que a missão não é dele. Ela é de Deus. Por isso, ao se colocar diante do Senhor na oração, abre-se para que seja conduzido pelo Espírito. Ao se consagrar ao serviço do Reino, abre-se ao Espírito, que nos envia e conduz para onde o povo mais precisa de nós e aonde nós possamos ser mais enriquecidos. A Igreja local da Arquidiocese de Campinas precisa de Dom João e Dom João precisa do povo santo de Deus desta Arquidiocese. Que possa ser frutuoso este trabalho. Deus nos capacita para ser instrumentos do Seu amor. Como Dom João reconheçamos, em todos os instantes, que o Amor é a Glória de Deus.

Na primeira missa de Frei Paulo. Arquivo pessoal.

Junho/Julho 2019 - Edição Comemorativa - 11


Os 110 anos de “O Mensageiro” Por Padre Antonio Alves Assessor de Comunicação e Imprensa da Arquidiocese de Campinas

M

uito me alegra participar da história

sageiro” – que 15 anos depois se transformaria ofi-

da igreja de Campinas, de modo par-

cialmente em “A Tribuna” – nasce com o objetivo de

ticular, à frente desse instrumento tão

apresentar o rosto da nossa Igreja como uma Igreja

importante para a comunicação em nossa Igreja que

samaritana, servidora dos mais pobres, buscando

é a revista A Tribuna. No ano em que a publicação

sempre ser a Igreja em saída.

completa 110 anos de existência, temos motivos de

Trazendo sua experiência de teatro e sabendo da

sobra para comemorar. Em suas páginas encontra-

existência de um ótimo boletim paroquial, Dom Nery

mos a riqueza e a vitalidade da ação evangelizadora

não mediu esforços para transformá-lo em boletim diocesano. Era um jornal grande, com boa

e transformadora da nossa Igreja, a ação de

presença na cidade, que trazia infor-

nossas comissões pastorais, movimentos e paróquias. Trazida à luz no dia 13 de junho de 1909 pelas mãos de Dom Nery, o então boletim “O Men-

“O boletim passou por inúmeras transformações”

mações da Igreja e da sociedade. Na ausência de outros jornais, “O Mensageiro” teve presença marcante na vida do povo, trazendo informações religiosas e da vida social da cidade de Campinas. Desde então, o boletim passou por inúmeras transformações. Dom

Barreto deu-lhe novo impulso, contratando jornalistas, aperfeiçoando o sistema de assinaturas e comprando máquinas tipográficas para melhorar sua qualidade. Foi sob seu comando que “O Mensageiro” passou a chamar-se A Tribuna, tornando-se um órgão oficial da Diocese de Campinas. As boas notícias da cidade eram veiculadas no jornal com propagandas políticas, indicações de filmes e publicidade comercial junto a comentários do evangelho, nomeações de vigários, criação de paróquias, opiniões de leitores e divulgação de documentos da igreja. Ao assumir a Arquidiocese, o bispo Dom Paulo Primeira capa de “O Mensageiro”, 13 de junho de 1909. 12 - Edição Comemorativa - Junho/Julho 2019


“Em suas páginas encontramos a riqueza e a vitalidade da ação evangelizadora e transformadora da nossa Igreja” Hoje, a Arquidiocese se comunica com fiéis e sociedade estando também presente em vários meios, entre eles, os digitais, como Facebook e Twitter.

de Tarso Campos, amante das artes, ótimo escritor e orador sacro, decidiu chamar o padre e jornalista José Augusto Rizzoni Chiavegato para dar novo âni-

Tendo como principal objetivo servir à Igreja par-

mo ao jornal. Ele veio de Roma com novas ideias,

ticular de Campinas, sabemos que a sua vitalidade

deu novo impulso ao jornal, mudando seu formato e

está no ministério de nossos bispos, presbíteros,

diagramação, transformando-o em tabloide com um

diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas e A

novo nome: “A Tribuna Ilustrada” era um jornal em

Tribuna continua a ser, exatamente como em seus

cores, que abordava temas específicos, com várias

primórdios, “O Mensageiro” da boa notícia a nossas

editorias, fotos, ilustrações e matérias pastorais, à

comunidades.

luz da renovação proposta pelo Concílio Vaticano II.

Estamos conscientes das dificuldades que a co-

Uma crise financeira, entretanto, pela qual pas-

municação nos apresenta. No entanto, toda a nossa

sava o mundo obrigou o novo bispo, Dom Gilberto

equipe da assessoria de imprensa tem se dedicado

Pereira Lopes, recém-chegado à Arquidiocese, em

ao máximo para que a revista seja um instrumento

1976, a buscar outras saídas. O jornal continuou

evangelizador e não apenas um informativo.

um tabloide, agora em preto e branco, numa linha

Com esse breve resumo, gostaríamos de homena-

exclusivamente pastoral, acompanhando a nova

gear a todas as pessoas que fizeram parte dessa his-

metodologia de Planejamento Pastoral Participativo

tória e deram a sua contribuição. Agradeço aos pro-

proposta pela CNBB.

fissionais que durante esses 110 anos trabalharam

A crise, porém, não foi superada e o formato foi al-

incansavelmente nesse projeto evangelizador e tam-

terado, a partir de 1978 até 1993 para um tamanho

bém aos padres, meus antecessores, que estiveram à

menor, duplo ofício e depois, para apenas meia pági-

frente da coordenação de todo o trabalho da assesso-

na. Nesse período, foi criada a Assessoria de Comu-

ria da comunicação, de modo particular, da direção

nicação na Arquidiocese, como um órgão de divul-

desse órgão oficial da Arquidiocese de Campinas.

gação, marketing e relacionamento entre a Igreja e o mundo.

Peço ao bom Deus que abençoe a todos os colaboradores, padres, leigos e leigas, religiosos e religio-

Com essas mudanças, em fevereiro de 1994, surge

sas, professores, estagiários e jornalistas que dis-

A Tribuna, em formato de revista, em preto e branco,

pensaram um pouco de seu tempo para a realização

evoluindo sempre para melhor, com mais qualidade;

dessa obra, que não é nossa, mas da Igreja. Que Nos-

em 1998, a revista apresenta sua primeira capa colo-

sa Senhora Imaculada Conceição interceda por nós e

rida e, em abril de 2007, chega ao formato com que a

por todos os comunicadores de nossa Arquidiocese.

conhecemos hoje, inteiramente colorida.

Deus os abençoe e os guarde.

Junho/Julho 2019 - Edição Comemorativa - 13


Uma obra que se mantém viva, apesar das dificuldades Por Wilson Antonio Cassanti Jornalista da Arquidiocese de Campinas

D

Primeiro aniversário d’O Mensageiro, em 1909. Arquivo.

ia 13 de junho deste ano foi especial para o Setor Imprensa e para toda a Arquidiocese de Campinas. Há exatamente 110 anos, nesse dia, começou a circular o Jornal “O Mensageiro”, “Orgam das Associações Catholicas de Campinas”. Temos o orgulho e a satisfação de manter vivo, até hoje, o projeto de Dom João Batista Corrêa Nery de criar um meio de comunicação eficiente para fazer chegar ao povo católico as notícias da então Diocese e de ser um veículo formador dos fieis. O primeiro redator do “O Mensageiro” foi o Pe. Octávio Chagas de Miranda, que em 14 de fevereiro de 1916 foi eleito Bispo de Pouso Alegre, MG. Foi seu secretário o sr. Vicente Mellilo que, ao ficar viúvo, aos 83 anos, foi ordenado padre, em 15 de agosto de 1966, pelo seu próprio filho, Dom Aniger Francisco Maria Melillo. O editorial do primeiro “O Mensageiro” diz que “Com a creação da Diocese de Campinas e consequente necessidade de constituir aqui um fóco mais intenso de vida religiosa, accrescendo a isso o natural interesse dos fieis de toda a Diocese em acompanhar a acção episcopal, era mister que se désse maior desenvolvimento a essa

obra, que se fizesse crescer essa arvoresinha plantada e cuidada com tanta solicitude pelos Vigarios da Santa Cruz e da Conceição”. O jornal “O Mensageiro” era uma ampliação do jornal “Mensageiro Parochial”, que era editado pelas duas paróquias de Campinas já há alguns anos. Dizia o editorial que “o insuccesso dos grandes organs catholicos creados no Rio e em S. Paulo, não constitue razão para abandonar a ideia. Si ella é por emquanto inviavel nas proporções de um diário, não o será sob a forma de um periódico, mais ou menos desenvolvido e frequente, á proporção do acolhimento que obtenha: e melhor é sempre a luz de uma lamparina, do que a escuridão completa”. Assim, fica a certeza de que “O Mensageiro”, que no episcopado de Dom Francisco de Campos Barreto passou a se chamar “A Tribuna”, teve, sim, o apoio, o incentivo e a acolhida da Igreja de Campinas e ter se firmado como um órgão de formação, informação e de registro histórico por tanto tempo. Vemos, ao longo da história, que a publicação passou por sérios problemas financeiros e, também, de críticas severas sob sua linha editorial. Porém seus editores não esmoreceram e levaram à frente, com perseverança, a manutenção desse importantíssimo veículo de comunicação. Hoje nosso boletim quer seguir firme a jornada iniciada há 110 anos. Com a posse de Dom João Inácio Müller e com o auxílio de toda a Igreja de Campinas, vamos estudar juntos os caminhos que devemos seguir para que “A Tribuna” se fortaleça ainda mais, principalmente no respeito aos profissionais que mantêm viva essa história. Como dizia o editorial de 13 de junho de 1909, “possa o Mensageiro Catholico, que começa a publicar-se no mez consagrado ao Coração de Jesus, concorrer, francamente embora, para que Elle seja honrado e amado cada vez mais na cidade e na Diocese de Campinas”.


Comunicação na Igreja de Campinas Por D. Gilberto P. Lopes Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Campinas

N

a ocasião em que estamos acolhendo

A Igreja de Campinas soube preservar e acrescen-

nosso novo Pastor, Arcebispo Metro-

tar novas condições de aprimoramento da comuni-

politano de Campinas, Dom João Iná-

cação. Seja na ampliação do quadro de servidores

cio Müller, comemoramos também a data da criação

capacitados, seja na qualidade dos instrumentos uti-

do precioso instrumento de comunicação, fundado

lizados para fazer chegar a mensagem.

por Dom João Batista Correa Nery, primeiro Bispo

Depois do Vaticano II, o novo era idolatrado pela

de Campinas. A revista A Tribuna passou por situ-

juventude, mesmo com algum prejuízo da Liturgia.

ações diversificadas, acompanhando os sinais dos

Mas não só pela juventude. Eu me lembro de certas

tempos, com êxito e dificuldades.

“Missas bacanas” que tinham muito barulho, algu-

A comunicação faz parte da condição humana. Ela

mas danças e até canções infantis, no Glória a Deus,

é fundamental para o anúncio do Evangelho. Como

nas alturas. Estou convicto de que os meio de comu-

esquecer a ordem que nos foi dada, “ide, e pregai o

nicação nos ajudaram efetivamente na compreensão

Evangelho a toda criatura” ? Como anunciar sem a

ajustada do conteúdo do Vaticano II.

mediação dos instrumentos adequados da mídia? Entre eles, a palavra, o testemunho.

Quero aplaudir todo esforço que fizeram e fazem, o passado e o presente, para continuar apresentando a

A raça humana foi criada para conviver. Esta con-

Verdade do mistério de Cristo.

tingência especial fez crescer o conjunto, na partilha

E teria gosto de fazer alusão a pessoas que deram

das descobertas diferenciadas e facilitadoras da con-

sua contribuição e sabedoria para o serviço da Co-

vivência inteligente.

municação. O Pai os conhece. E os recompense largamente!

Imagens de Dom Gilberto, final da década de 70, A Tribuna. Junho/Julho 2019 - Edição Comemorativa - 15


Uma História em Construção Mons. José Eduardo Meschiatti, Administrador Diocesano

C

elebramos neste ano de 2019, não apenas os 110 anos do veículo de imprensa “A Tribuna”, nascido como “O Mensageiro”, mas também os 111 anos de criação da Diocese de Campinas, os 61 anos de sua elevação a Arquidiocese, os 78 anos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, os 40 anos do Hospital PUC-Campinas e, ainda os 245 anos da cidade de Campinas, esta última data a ser comemorada no domingo dia 14 de julho, data da posse canônica de D. João Inácio Müller. No então povoado dos “Campinhos do Mato Grosso de Goiás” nasceu a cidade de Campinas, onde foram se estabelecendo muitos dos que passavam por aqui e se dirigiam às Minas e Goiás em busca de riquezas. A cidade se consolidou e progrediu. Assim também cresceu a fé, culminando, em 1908 com a criação da Diocese de Campinas, como reconhecimento de uma Igreja que já tinha forte presença evangelizadora na vida local. Esta caminhada tem sido conjunta, fruto do trabalho de muitos filhos e filhas de Deus que perseveraram no progresso, mas também nas adversidades, não desanimando no empenho para construir o futuro que vislumbravam. A cidade foi assolada muitas vezes por crises, sendo a mais forte a epidemia de Febre Amarela que dizimou parte da população no final do século XIX. E a Igreja realizou nesta época incansável trabalho de promoção humana e da vida, estando ao lado do povo nos momentos mais difíceis. A história de nosso povo, da Fé que o anima e que anima nossa Igreja, e que permitiu que muito fosse

aqui construído, não começa e não termina aqui. Antes, faz parte, e somos parte, de um projeto que não é desenhado aqui na terra, mas vem dos desígnios do alto. Somos “uma Igreja em construção”, conforme definiu a Revisão Ampla em 1992. Portanto, uma Igreja que vai se renovando e se completando a cada dia, a cada época, com a contribuição e o trabalho incansável de bispos, padres, religiosos, leigas e leigas, que avançam na consciência da fé, na consciência de ser uma Igreja-Comunidade, onde todos tenham seu lugar, onde todos possam compartilhar a vida e a fé, construindo o mundo que Deus deseja. Com a chegada do nosso Arcebispo, tão esperado pelo nosso povo, diante de uma história a ser valorizada, aperfeiçoada e, muitas vezes superada, nos vemos diante da oportunidade de abertura para um tempo novo, com novos horizontes. Dom João Inácio vem para fazer caminho com este povo e sua história. O Pastor tem a missão de apascentar, cuidar, curar as feridas de suas ovelhas, apontando a direção na Missão que o Cristo, Caminho, Verdade e Vida deixou à sua Igreja: fazer com que todos conheçam o Pai, que o mundo sonhado pelo Pai e revelado pelo Filho, seja cada dia construído e se torne o quanto antes realidade concreta. Que nossa vida e ânimo sejam impregnados do frescor da Boa Nova do Cristo Ressuscitado. Não nos esqueçamos que, embora haja sacrifícios, dificuldades e exigências próprias de cada época, sempre será possível construir uma nova história e a Igreja desejada por Jesus.

EXPEDIENTE Boletim A Tribuna - Edição Comemorativa dos 110 anos de A Tribuna e pela Posse Canônica de D. João Inácio Müller Publicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP Arcebispo Metropolitano: D. João Inácio Müller Direção: Padre Antonio Alves Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454) Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422)

Apoio: João do Carmo Costa Estagiária da PUC-Campinas: Nathália Luperini Arte e Diagramação: Bárbara Beraquet Distribuição gratuita Impressão: RIP Editores Gráficos Tiragem: 15 mil exemplares Fechamento: 25/06/2019

Agradecimentos à Diocese de Lorena (SP) e a Frei Paulo Eduardo Müller, ofm.

WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM - REDACAO@ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM RUA IRMÃ SERAFINA, 88, BOSQUE, CEP 13026-066, CAMPINAS, SP


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