Boletim A Tribuna Abril Maio 2019

Page 1

BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS

Afresco da Virgem Maria e Jesus Menino. Domínio Público.

ANO 111 - EDIÇÃO 3.926 - ABRIL/MAIO 2019

Virgem Maria, escolhida por Ele para ser a Mãe de Deus


EXPEDIENTE Boletim A Tribuna Ano 111

Publicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP

Administrador Diocesano: Mons. José Eduardo Meschiatti Direção: Padre Antonio Alves (Assessor de Comunicação) Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454) Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422) Estagiária: Nathália Luperini Apoio: João do Carmo Costa Arte e Diagramação: Bárbara Beraquet

Composição própria Distribuição gratuita Impressão: RIP Editores Gráficos Tiragem: 10 mil exemplares Fechamento editorial: 24/04/19 WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM

REDACAO@ ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM

T

radicionalmente, a Igreja Católica dedica todo o mês de Maio a honrar Nossa Senhora. Este costume nos leva de volta ao século XVII, durante os tempos barrocos e, embora nem sempre tenha sido em maio, a existência de um mês dedicado à Virgem Maria durante séculos vem nos convidando à prática de exercícios espirituais em homenagem à nossa querida Mãe Celeste. Ao nos colocarmos ao longo do mês em oração, celebrando esta proximidade com o abraço materno de Maria, sintamos seu amor por toda a Humanidade e por cada um de nós. Para a imagem da capa, escolhemos a imagem de Maria nas Catacumbas de Priscila (autor desconhecido), em Roma, considerada se não a, uma das mais antigas representações da Virgem e Jesus Menino no mundo, à exceção da imagem do Natal. A figura à esquerda parece ser do profeta Balaão apontando para uma estrela fora do esquadro. Imagem datada de 150 d.C. Domínio público.

Oração em período de sede vacante Ó Deus, Pai de misericórdia, que velais sobre nós com solicitude, volvei o Vosso olhar sobre a Igreja Arquidiocesana de Campinas, que vive este período de Sé Vacante. Derramai sobre esta porção do Vosso Povo o Espírito de inteligência e entendimento,e dai-nos a alegria de nos enviar um Pastor que nos dirija no caminho da verdade, da unidade e da paz. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém

REDACAO@ ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM RUA IRMÃ SERAFINA, 88 BOSQUE 13026-066 CAMPINAS, SP

Maio, mês de Maria

Equipe Setor Imprensa Confira a versão digital do Boletim A Tribuna, que também está disponível para download em

www.arquidiocesecampinas.com/banca

02 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


Trecho da Homilia da Missa dos Santos Óleos, 18 de Abril, Catedral Metropolitana

Missa do Crisma MONS. JOSÉ EDUARDO MESCHIATTI, ADMINISTRADOR DIOCESANO

N

esta celebração, trazemos para o altar da Eucaristia o nosso sacerdócio, o nosso “ser presbítero”. Esta manhã, somos chamados para um olhar sobre quem somos, sobretudo, me permito falar diretamente aos padres, a que façamos um olhar de atenção para quem somos nós no mundo, na Igreja, na vocação que recebemos. Nossa vocação nos faz um desafio de sermos padres, pais das nossas comunidades, homens presbíteros, “mais velhos” no sentido da paternidade, para iluminar a caminhada das nossas comunidades, como cooperadores à missão que não é nossa, mas sim de Jesus, o Bom Pastor. O Bom Pastor cuida, busca, traz no ombro a ovelha que se perdeu... E, esta imagem de Cristo, Bom Pastor, nós devemos trazê-la sempre em nossa mente e coração. O Bom Pastor deixa as 99 ovelhas que estão no caminho para buscar aquela que se desviou, e quando a encontra não a maltrata, mas a traz nos ombros, porque ela está machucada, cansada e ferida, pois não adiantaria colocar mais um peso nos ombros de quem precisa de acolhimento e cura. Assim é o coração de Jesus, nosso bom pastor, que busca, cuida e nos carrega no ombro, sobretudo quando estamos feridos, machucados, desanimados. O encontro com o Bom Pastor é experiência primordial para nós presbíteros. Diariamente somos chamados a voltar às fontes do nosso sacerdócio, da nossa vocação, para fazermos a experiência de voltar ao Cristo Bom Pastor, pois, n’Ele está a vida plena, nele está o princípio da nossa ação e do nosso “ser” presbiteral. Mesmo quando somos tentados, quando somos indiferentes, desanimados, ainda que aquele sentimento de inércia invada a nossa vida, somos chamados a ressuscitar na nossa vocação e assumir o nosso caminho. Nesta celebração, são abençoados os óleos e consagrado o Crisma, porque o Espírito do Senhor está

sobre nós, assim como esteve sobre os primeiros discípulos. Hoje, os óleos se tornam presença do Cristo no meio do seu povo através da nossa ação pastoral e de nossa unção e, com isso se atualiza a mensagem cristã. É o que a primeira leitura e o evangelho de hoje nos recordam: “Ele me consagrou para anunciar a boa nova aos pobres, para consolar... ‘para os outros’” (cf. Is 61, 1-3...). Aí reside o sentido da nossa vocação. Precisamos ser apaixonados pelo evangelho e pelo povo, assim como o foi Jesus. O Papa Francisco, há algum tempo, em uma homilia, dizia: “quero recordar aos padres que o Senhor nos ungiu com o óleo da alegria. Esta unção nos convida a acolher e cuidar deste grande dom, ‘a alegria’, o júbilo sacerdotal. A nossa alegria sacerdotal consiste em anunciar esta alegria com a qual já nos encontramos”. A alegria do padre, diz o Papa, “é um dom precioso, tanto para si como para o povo”, porque é do meio do povo que o padre é chamado para ser ungido e ao mesmo tempo ungir o povo. O bom sacerdote se reconhece pelo modo que unge que o povo. Quando o povo sai da missa com o rosto alegre, como quem recebeu uma boa notícia, aí nós percebemos que o padre conseguiu ungir o seu povo. Nosso povo gosta do evangelho quando ele é pregado com unção, quando escorre como óleo de Aarão até as bordas da nossa realidade, quando ilumina as situações extremas da vida das pessoas, sobretudo as dificuldades do nosso povo, as chamadas periferias. Em nosso caso as periferias de Campinas, onde ainda há pessoas que passam fome. Por nós chega ao povo, sobretudo o povo mais sofrido, o perfume de Cristo, a alegria de Cristo. Esses dias, diante do fato do incêndio da Catedral de Notre Dame, um especialista em arte lembrava que os vitrais de uma Catedral, com seus pedaços de vidros coloridos, são capazes de materializar a luz. Quase que dentro de uma catedral, pela iluminação

BOLETIM A TRIBUNA - ABRIL/MAIO 2019 - 03


colorida dos vitrais, nós conseguimos apalpar a luz. E eu pensava esses dias: Nós, padres, diáconos, religiosos, agentes de pastoral... devemos ser agentes que tragam a Luz de Deus ao povo, instrumentos para que a fé possa chegar com um colorido novo às vidas das pessoas. Somos chamados a “materializar a fé” na vida das pessoas. O Papa recorda que muitas vezes o povo recorre a nós dizendo “padre reze por mim, porque estou passando por este problema...”, “me dê a bênção, padre...”, e o Papa diz: “essas confidências do nosso povo são sinais de que a unção chegou à orla do manto, transformadas em súplica que, por nós, é elevada até o altíssimo. Quando permitimos que a graça de Deus continue passando através de nós, como no exemplo do vitral, então somos sacerdotes realmente, mediadores entre Deus e o povo, somos, então, mediadores de paz e de bem. O povo sabe que nós possuímos o óleo perfumado, o óleo da unção, que é uma beleza escondida, que brilha para todos os olhos de fé. O sacerdote, lembra o Papa, que sai pouco de si, que unge pouco, perde o melhor de nosso povo, aquilo que é capaz de ativar o mais profundo do nosso coração sacerdotal, deixando de ser mediador entre Deus e os homens, tornando-se apenas um gestor ou funcionário. A tarefa de ungir o povo é dura, não é fácil, muitas vezes causa fadiga em nós, mas nossa fadiga é preciosa aos olhos de Deus, é um cansaço santo. Para esse Deus que nos acolhe, que nos faz levantar o ânimo quando nos diz “vinde a mim, vós todos que estais cansados dos vossos fardos e encontrareis descanso”. ‘Vinde a mim’ é o convite que o Senhor nos faz nesta manhã, mesmo diante da nossa canseira, mesmo com nosso acúmulo de trabalhos, de tarefas, de funções,

mesmo diante da grandeza da ação evangelizadora da Igreja, ‘vinde a mim’, vós todos que estais cansados, colocai em mim o vosso cansaço. Por fim, faço um convite ao ver a nossa realidade de presbíteros.Que possamos, nessa manhã, revisitar a nossa vocação, o primeiro chamado, o primeiro dia, aquele primeiro sinal que nós recebemos pela Graça de Deus, através da mediação das pessoas, de um acontecimento, de um texto da Palavra de Deus... Cada um de nós foi tocado um dia por Ele, através dessas mediações. Convido nesta manhã e nestes dias que nós possamos revisitar a história da nossa vocação. Como se deu nosso chamado? Quem nos ajudou? Aquele dia, aquela situação, aquele encontro... contemplar a Graça de Deus no nosso chamado. Ontem à noite, escrevendo essas palavras, me lembrava de quando eu tinha 10 anos de idade, estudava no Externato São João, dos Salesianos, e um dia, no momento do recreio eu ouvi alguém dizer “o Paulo vai ser padre”. Nunca mais ouvi falar desse Paulo, não sei se ele se tornou padre, mas naquele dia eu ouvi a voz de alguém que me chamou a atenção e me dignei a olhar, e é assim a nossa vocação: “ouvir, olhar, responder...” Se perguntassem a cada um de nós aqui, sobre a história de nossa vocação, nós poderíamos ficar até um dia inteiro, ouvindo as histórias do ‘ouvir’ de cada um dos padres aqui presente. Todos, um dia, puderam ouvir uma voz, puderam olhar para onde Deus apontava e, hoje, nessa manhã de renovação de nossas promessas sacerdotais eu faço esse convite: estejamos atentos, voltemos àquele primeiro amor, àquele primeiro dia. Recordemos o nosso chamado, aquela voz, aquele sinal, aquela palavra que nos convidou. Cumprimento nesta manhã, em especial aos padres, no seu dia. E tendo a Nossa Senhora, Mãe concebida sem pecado, como mãe de todos nós padres, peço a ela que cubra a todos com seu manto, nos ajude nos nossos caminhos, nos faça fiéis cada dia mais à vocação e ao sacerdócio que recebemos. Assim seja. Amém.

Fotos ilustram diversos momentos durante e após a celebração. Fotos de Bárbara Beraquet e João Costa.

06 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


2ª Exposição Fotográfica da Pascom “Do like ao amém: por uma cultura do encontro” TALITA PAVAN, MEMBRO DA COMISSÃO ARQUIDIOCESANA DA PASCOM “Do like ao amém: por uma cultura do encontro”: este é o tema da 2ª exposição fotográfica realizada pela Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Campinas. Este ano, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se realiza no dia 2 de junho, dia da Acensão do Senhor, o Santo Padre, o Papa Francisco, na sua mensagem para a data, nos motiva a transcender os likes do mundo virtual e a incorporar o amém em nosso dia a dia, ou seja, é passado do virtual ao mundo real, o que significa colaborar de forma concreta na comunidade para que a vontade de Deus se realize, por meio da promoção do encontro entre as pessoas e do estímulo à solidariedade entre todos. Nessa promoção a cultura do encontro, a Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Campinas, fará no próximo dia 01 de junho, a sua 2ª Exposição Fotográfica. Tal iniciativa tem por objetivo valorizar o trabalho dos agentes da Pastoral da Comunicação, bem como todos os comunicadores da nossa Igreja. O Dia Mundial das Comunicações Sociais é um convite da Igreja desde o Concilio Vaticano II, através do documento Inter Mi-

rifica, desde então os papas têm um costume de escrever uma carta, para celebrar o Dia das Comunicações Sociais e desse modo, a Igreja do mundo toda é convidada a refletir e a usar da criatividade para colocar em prática o conteúdo da mensagem. Em nossa Arquidiocese, desde o ano passado, procuramos fazer isso através de uma concurso fotográfico e as 20 fotos selecionadas, compõem a exposição. Diante desse pressuposto, Pascom da Arquidiocese de Campinas convida a todos os fiéis católicos e também comunicadores, professores e alunos e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) para registrar imagens que faça referência ao tema da exposição. A participação é gratuita e os interessados têm até o dia 15 de maio para inscrever fotografias digitais, coloridas ou em preto e branco, apenas em formato horizontal (paisagem), por meio do site www.diadascomunicacoes.com.br. Os autores das obras selecionadas receberão certificado de participação. A 2ª Exposição Fotográfica Arquidiocesana da Pastoral da Comunicação (PASCOM), ocorrerá dia 1º de junho na Matriz da Paróquia Sant´Ana Endereço: R. Luiz Arruda Camargo, 81 - Jardim Santana – Campinas (SP) às 18h com a Celebração Eucarística pelo Dia Mundial das Comunicações Sociais e logo após, a abertura do evento. Pedimos a intercessão de Nossa Senhora da Comunicação para que nos ajude a comunicar o Evangelho da Alegria através de nosso serviço na Pascom.

Exposição em sua primeira edição. Foto de Maurício Aoki

BOLETIM A TRIBUNA - ABRIL/MAIO 2019 - 07


Fotos: Vatican News

Dia Mundial das Comunicações Sociais MARISTELA TESSEROLI, MIRIFICA AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO CATÓLICA

P

elo segundo ano consecutivo,

ciais que traz como tema “Somos membros uns dos

o papa Francisco direciona os

outros (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à

holofotes da reflexão do Dia

Mundial das Comunicações Sociais para as mídias digitais. Não sem motivos: o fenômeno que um dia imaginou-se estar a serviço do encontro entre as pessoas, promovendo a solidariedade entre todos, tem se definido mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une.

comunidade humana” e será celebrado no

“O papa

domingo da Ascensão do Senhor, a 2 de junho.

exorta a que trabalhem de fato para que a internet promova a comunhão entre os povos

A mídia digital que deveria “ser uma ja-

nela aberta para o mundo, torna-se vitrine onde

Para o papa, que no ano passado abordou outro tema relacionado às mídias digitais, as chamadas fake news, é necessário que o uso da internet pela Igreja tenha como propósito promover

o encontro entre as pessoas e a soli-

dariedade entre todos os seres humanos.

se exibe o próprio narcisismo”, adverte o papa Fran-

Por isso, novamente, ele conclama a Igreja a refletir

cisco no texto da mensagem divulgada em 24 de ja-

sobre a importância de entender o desejo humano de

neiro para o 53º Dia Mundial das Comunicações So-

não ficar encerrado na própria solidão.

08 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


... “não basta multiplicar as conexões, para ver crescer também a compreensão recíproca” Papa Francisco

Se por um lado, a rede é hoje parte da vida cotidiana

car uma estratégia justamente para o fortalecimento

e uma fonte inesgotável de conhecimentos e relações

da comunhão entre a Pascom e as mais diversas pas-

outrora impensáveis, de outro, ela ameaça a busca e

torais.

a partilha de uma informação autêntica. “É verdade

Ao repensar a forma de se fazer comunicação, a

que a internet constitui uma possibilidade extraordi-

Pascom entende que seu trabalho vai muito além de

nária de acesso ao saber”, salienta o sumo pontífice,

elaborar, produzir, atualizar matérias e informações

“mas, verdade é também que se revelou como um dos

da Igreja e das paróquias. É preciso deixar de enfocar

locais mais expostos à desinformação e à distorção

exclusivamente a produção e retomar seu importante

consciente dos fatos”.

papel de articuladora das relações humanas dentro da

Aos cristãos, o papa exorta a que trabalhem de fato

comunidade paroquial. Desta forma, todos passam a

para que a internet promova a comunhão entre os

ser corresponsáveis pelo anúncio do Reino, ou seja,

povos. “Esta é a rede que queremos: uma rede feita

todos passam a ser comunicadores do Evangelho da

para preservar a comunhão”, finaliza, lembrando que

alegria deixado por Jesus, o grande comunicador do

a própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão

Pai.

Eucarística, em que a união não se baseia nos gostos

“A verdade revela-se na comunhão; ao contrário,

pessoais ou na busca incessante pelos “likes”, mas na

a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria

verdade, no «amen» com que cada um adere ao Cor-

pertença ao corpo; é recusa de se dar aos outros, per-

po de Cristo, acolhendo os outros.

dendo assim o único caminho para se reencontrar a si mesmo”, enfatiza o papa Francisco em sua mensagem

Deus não é solidão

para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Na Igreja Arquidiocesana de Campinas, a proposta

A Igreja Arquidiocesana de Campinas sai em bus-

do Papa Francisco não poderia estar mais alinhada ao

ca do caminho autêntico de humanização, que vai do

trabalho que vem sendo desenvolvido há quatro anos

indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa

pela Pastoral da Comunicação (Pascom). Lembrando

que nele reconhece um companheiro de viagem. E

em sua mensagem que “Deus não é solidão, mas co-

permanece lutando para que “a rede se preste não a

munhão”, o pontífice embasa a ação pastoral da igreja

capturar, mas a libertar, para preservar uma comu-

arquidiocesana, cujo principal objetivo tem sido bus-

nhão de pessoas livres”, conclui o pontífice.

BOLETIM A TRIBUNA - ABRIL/MAIO 2019 - 09


Como se nomeia um bispo? PADRE GERALDO CORRÊA, PÁROCO DA PARÓQUIA SANTO CURA D’ARS LECIONOU DIREITO ECLESIAL NA PUC-CAMPINAS

D

esde 23 de junho de 2018, com a pos- Igreja, comumente a eleição obedece a longo e exise de Dom Airton José em Mariana gente caminho, iluminado pelo Espírito Santo dado -MG, Campinas está sem Arcebispo. por Jesus à sua Igreja. O primeiro passo é realizado Um sentimento de “orfandade” marca a nossa Igreja nas Províncias Eclesiásticas, conjunto de dioceses na e em todos os ambientes eclesiais ecoa a pergunta: qual uma, elevada a Arquidiocese, pelo seu Arcebisquando virá? Quem será? E uma unanimidade: está po, assume função de coordenação, tornando-se sede demorando! Correndo o risco de que, ao ler a matéria, da Província. A Província de Campinas é constituída por Graça de Deus já tenhamos um novo Pastor, bus- pelas Dioceses de Campinas, São Carlos, Piracicaba, caremos mostrar o caminho percorrido pela Igreja na Bragança Paulista, Limeira e Amparo. A cada três escolha de um bispo. anos os bispos, em reunião secreta, apontam padres O Concílio Vaticano II, na “Lumen Gentium”, que possuam condições de serem eleiafirma que a Igreja é “Povo de Deus”, na tos bispos e enviam os nomes à qual todos os fiéis, incorporados a CrisNunciatura Apostólica, em O candidato to pelo Batismo participam da missão Brasília-DF (CIC–c. 377). O sacerdotal, profética e régia de Cristo, pode responder ‘não’ Núncio Apostólico, legado do e cada um, segundo sua própria condiRomano Pontífice no Brasil, ao episcopado? ção, é chamado a exercer a missão que tem como missão principal Deus confiou à Igreja para esta realizar no representar a Santa Sé junto à mundo (L.G. 24-43). A partir desta fonte teolóIgreja, em sua vida e missão, e junto gica compreendemos o lugar do Bispo na vida da Igre- ao Estado Brasileiro (Direito Público Internacional). ja: “Os Bispos que, por divina instituição, sucedem os Note-se, ainda, que cada bispo mantém o direito de Apóstolos, são constituídos pelo Espírito que lhes foi apresentar candidatos à Santa Sé. conferido, pastores na Igreja, a fim de serem também A Nunciatura inicia exaustiva pesquisa sobre o (s) eles mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado candidato (s): em caráter confidencial, sob obrigação e ministros de governo”. Eles exercem sua missão em de segredo pontifício, são consultados bispos, padres comunhão hierárquica com o Romano Pontífice, que e leigos. Constatada a idoneidade, um relatório é endetém o poder pleno e supremo na Igreja, e os mem- viado à Congregação dos Bispos (Roma), que, julganbros do Colégio Episcopal (CIC cânon 375). do necessário, pedirá informações complementares. Aprovado, e levando em consideração o candidato e Como se processa a eleição de a diocese a ser provisionada, o nome é submetido ao um bispo? Papa que fará a escolha. Normalmente são apresentaSucessor do Apóstolo Pedro e “cabeça” do Colé- dos três nomes (uma terna), com um breve histórico gio Episcopal é o Papa quem escolhe. Mesmo tendo a subsidiá-los. “Batido o martelo”, o candidato será direito à livre escolha, devido à universalidade da consultado sobre a aceitação da missão. O candidato

04 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


“Os Bispos que, por divina instituição, sucedem os Apóstolos, são constituídos pelo Espírito que lhes foi conferido, pastores na Igreja, a fim de serem também eles mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros de governo” pode responder “não” ao episcopado? Sim! Mas, em consciência, a negativa deve estar fundada em razões de tal ordem que suplantem a escolha feita por Deus, através da Igreja. Com a aceitação o nome será, finalmente, publicado. A escolha de um Arcebispo (ou transferência de um bispo) segue itinerário diferenciado. Levando em conta o direito do Papa à livre escolha, na linha da corresponsabilidade eclesial, a Nunciatura solicita indicações de bispos a membros de instâncias da Arquidiocese (ou diocese) a ser provisionada, Colégio de Consultores, por exemplo, aos Bispos da Província Eclesiástica, Arcebispos, CNBB, etc..., faz uma triagem e envia à Congregação dos Bispos. Após refinamento, chega-se aos candidatos e, finalmente, o (s) nome (s) são submetidos ao Papa que fará a escolha. Para Arquidioceses, o normal é escolher um Bispo, a

ser promovido ao Arcebispado, ou um Arcebispo, a ser transferido de outra Igreja. Caminho complexo, exigente, pois busca-se “casar” o eleito com a Igreja a ser pastoreada. Na Igreja Particular de Campinas, um Pastor para uma Igreja centenária, milhões de habitantes, sede de Região Metropolitana, centro comercial, industrial, científico e tecnológico, que terá, dentre as inúmeras atribuições, a missão de cuidar da PUCC. Penso que compreendemos a razão da demora. Não se trata (ou tratou) da escolha de um executivo, mas de um Pastor que apascentará o Rebanho do Pastor da Messe, Jesus Cristo. Em todo o caminho contemplamos a ação do Espírito Santo, presente na vida de todo batizado, membro do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, Mistério de fé.

43 Anos de Presença Paterna Dom Gilberto Pereira Lopes foi nomeado para a Arquidiocese de Campinas pelo Papa Paulo VI, no dia 24 de dezembro de 1975, como Arcebispo Coadjutor, com direito à sucessão de Dom Antônio Maria Alves de Siqueira, tomando posse no dia 07 de março de 1976, em uma solene celebração na Catedral Metropolitana. 1975. Arquivo. Com a renúncia de Dom Antônio Maria Alves de Siqueira, no dia 26 de janeiro de 1980, a Sagrada Congregação dos Bispos enviou a Dom Gilberto o Decreto da Administração Apostólica, onde o Papa João Paulo II o nomeava e constituía como Arcebispo Titular de Aurusuliana e Administrador Apostólico “Sede Plena” da Arquidiocese de Campinas. Sua posse canônica se deu na Catedral Metropolitana, no dia 07 de março de 1980, dia que se comemorava três anos de sua posse como Coadjutor na Arquidiocese. No dia 10 de fevereiro de 1982 foi promovido a Arcebispo de Campinas. Ao completar 75 anos de idade, Dom Gilberto enviou sua carta de renúncia ao Papa João Paulo II, que aceitou o pedido em 02 de junho de 2004. Hoje temos a graça de celebrar, sempre, a presença e o convívio paterno de Dom Gilberto em nossa Igreja Particular de Campinas por mais de 43 anos desde sua nomeação, em 1975.

BOLETIM A TRIBUNA - ABRIL/MAIO 2019 - 05


Fotos gentilmente cedidas

Batizados e Enviados a Igreja de Cristo em Missão no Mundo PADRE CAIO AUGUSTO DE ANDRADE, ASSESSOR RELIGIOSO DO COMIDI (CONSELHO MISSIONÁRIO DIOCESANO)

O

objetivo deste artigo é apresentar uma apóstolo coloca o fundamento inicial de uma comupequena reflexão sobre o evangelizador nidade e a levanta; profeta interpreta os desígnios de e a síntese das propostas de ação missio- Deus para o momento atual da comunidade; evangenária. Ambas foram realizadas no encontro do CO- lista proclama o querigma, a boa notícia e, portanto, MIDI (Conselho Missionário Diocesano) com mais agrega à comunidade os novos fiéis que são atraídos pela palavra da salvação; pastor guarde 200 participantes, no dia 17 de março na da e leva avante o rebanho; mestre paróquia de Santa Tereza D’Avila. Por ocasião do centenário da primeiO que hoje cha- aprofunda, através da catequese, a doutrina e a teologia, tudo ra encíclica missionária Maximim mamos de missionáo que faz parte do corpo da coillud do Papa Bento XV, 1919, o Papa Francisco convocou um Mês rio pode ser entendido munidade. A função evangelista se disMissionário Extraordinário em oucomo evangelista tingue da função do pastor. Por tubro de 2019, sob o lema “Batizados isso, nem sempre um agente de e enviados: a Igreja de Cristo em missão pastoral é missionário, pois pastoreno mundo”. ar e evangelizar não são a mesma coisa. Uns são mais evangelizadores, outros são mais pastores. Mas Características bíblicas ambos devem estar em equilíbrio. Quando na comudo Evangelizador O que hoje chamamos de missionário pode ser nidade há mais evangelizar, dominam unicamente as entendido como evangelista na concepção do Novo forças de ataque, mas a comunidade não se constrói. Testamento. É de grande aproveito caracterizá-lo. Quando há mais pastorear, a Igreja apascenta a si Na carta aos Efésios, há cinco ministérios (carismas) mesma indefinidamente e perde aquele ponto de exprincipais da igreja primitiva: “E foi [o Cristo] quem pansão que a faz ser Igreja. Uma das figuras bíblicas que recebe o nome de evaninstituiu alguns como apóstolos, outros profetas, outros ainda como evangelista, outros, enfim, como pas- gelista é o diácono Filipe. “Filipe percorria todas as tores e mestres” (Ef 4,11). Segundo Cardeal Martini: cidades evangelizando” (At 21,8). Em At 8,26-40, ele

10 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


se encontra com o eunuco da etíope. Ousa enfrentar o homem que está lendo no carro, e sem esperar ser interrogado, suscita a pergunta e a esclarece. Filipe tem a capacidade de entrar no ânimo de outra pessoa, de descobrir as necessidades. Deste modo, o que caracteriza o evangelizador: a iniciativa, o ímpeto e ataque. Eis o porquê há tão poucos missionários hoje. Eles correm o risco do fracasso, o risco de não ser ouvido nem acolhido. Lucas mostra o fracasso da primeira atividade de Jesus, a sua pregação em Nazaré (Lc 4,16-30). Jesus não conseguiu fazer-se compreender. Ele é derrotado, expulso, não ouvido, não aceito. Lucas, que também é evangelizador, quer mostrar que no trabalho missionário há mais fracasso e rejeição do que sucesso. Os seguidores de Jesus devem estar preparados para este fracasso e perseverar na missão.

Síntese das propostas No encontro do dia 17 de março, houve sete oficinas: leigos e famílias em missão no mundo; missão e vida consagrada; missão e movimento eclesiais; missão da igreja: religiões e cultura; caridade missionária e comunhão entre as igrejas; missão, pobreza e justiça social; e, por fim, juventude e missão. A partir do trabalho realizado em cada oficina, foi feita uma síntese que contém propostas de ação missionária para este ano: Formação discípulo-missionária Criar um grupo de apoio (padres, leigos(as) e religiosas), realizando motivações missionárias e produzindo material de orientação e subsídio. Realizar momentos de espiritualidade sobre a identidade do missionário (evangelizador), integrando os diversos carismas à luz de um Deus misericordioso revelado na pessoa de Jesus. Realizar estudos cristológico-eclesiológicos sobre do tema discípulo-missionário, capacitando os missionários para a evangelização. Realizar estudos sócio-analíticos da realida-

de da arquidiocese de Campinas com profissionais da área. Ação Missionária para o mês de outubro. Realizar visitas às famílias. Fazer coletas missionárias. Fazer missão jovem, desenvolvendo uma cultura evangelizadora (dança, música, teatro) de acordo com linguagem dos jovens de hoje. Estabelecer contato com outras religiões, promovendo celebrações ecumênicas e interreligiosas em defesa da vida. Promover a vida comunitária, integrando juventude, família e grupos de vivência. Promoção humana e social Realizar promoção humana e social nas áreas missionárias e de risco, levando as pessoas a se libertarem da exploração para criar uma sociedade solidária. Continuar a reflexão da Campanha de Fraternidade: Políticas públicas, estudando a doutrina social da Igreja e garantindo os direitos dos mais pobres e necessitados. Criar um eixo pastoral social com uma assessoria boa e com leigos inseridos (organização diocesana). Pedindo a intercessão dos santos padroeiros da missão, Santa Terezinha do Menino Jesus e São Francisco Xavier, e da padroeira de Arquidiocese de Campinas, Imaculada Conceição, o COMIDI deseja a luz, a coragem e a força do Espírito Santo para todos os missionários e missionárias, especialmente no mês outubro, dedicado às missões.

“Evangelista proclama o querigma, a boa notícia e, portanto, agrega à comunidade os novos fiéis que são atraídos pela palavra da salvação” BOLETIM A TRIBUNA - ABRIL/MAIO 2019 - 11


ARQUIDIOCESE em destaque

Homenagem à Ir. Maria Cavalcanti

Cardeal Dom Sérgio em Campinas Uma missa presidida pelo Emmo. Sr. Cardeal Dom Sérgio da Rocha, no dia 12 de março, no auditório D. Gilberto, Campus I da PUC-Campinas, marcou os 40 anos da Faculdade de Teologia da Universidade, como comemoração final pela data, e o início do ano letivo. Dom Sérgio da Rocha é arcebispo metropolitano de Brasília e presidente da CNBB. Foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em outubro de 2016. Foto: Padre Antonio Alves.

Falece Pe. João de Abreu Faleceu Pe. João Pereira de Abreu, na madrugada de 23 de abril, em sua casa, aos 66 anos de idade, em virtude de acidente vascular encefálico e síndrome cardíaca aguda. Padre João nasceu no dia 03 de dezembro de 1952, na cidade de Conceição do Mato Dentro, MG. Ordenação Presbiteral 30 de junho de 1989, em Sumaré, SP, Em 02 de fevereiro de 1998 foi nomeado Pároco da Paróquia Santa Inês, em Campinas, onde se encontrava até seu falecimento. Crentes de que a morte não é o fim, mas o início da vida em Deus, hoje nosso irmão Padre João de Abreu, vive na presença do Ressuscitado.

Foto gentilmente cedida

A Irmã Maria Cavalcanti de Souza, da Congregação das Irmãs Capuchinhas de São Francisco de Assis do Brasil, recebeu no mês de abril uma homenagem por sua dedicação ao trabalho na Pastoral da Saúde e pelos14 anos de presença e serviço voluntário no Hospital da PUC-Campinas, Irmã Cavalcanti, como é conhecida no Hospital, nasceu no dia 20 de março de 1934, no município de Riachão do Poço, no Estado de Paraíba. Ingressou na Congregação das Irmãs Capuchinhas de São Francisco de Assis do Brasil em 1956, aos 18 anos. Inspirada pelo exemplo de oração de seus pais, ela se formou em Técnica de Enfermagem e cuidou das crianças no Hospital das Irmãs, em Teresina, no Piauí, antes de vir para Campinas. “É uma riqueza grande ir ao encontro dos pacientes, seus familiares, e os funcionários. É muito gratificante servir, na escuta das histórias, que faz sentido na vida das pessoas, levar a Santa Eucaristia aos que precisam e acompanhar os pacientes no decorrer do seu tratamento. Agradeço muito ao Dr. Antônio Celso de Moraes, os outros diretores, os médicos, e todos os funcionários especialmente da Pastoral junto com os voluntários com quem eu trabalhei no dia a dia. Pela paciência do Setor de Transporte, a minha gratidão. Pela obediência, fui enviada para São Luiz no Maranhão. Espero ser bem recebida lá na Casa das Irmãs que fica perto do Colégio e o Posto de Saúde Avançado, também propriedade das Irmãs”, disse a Irmã. Desejamos à Irmã Peregrina, o nome religioso que ela usa na Congregação, uma boa viagem. De nós, da Pastoral da Saúde do Hospital PUC-Campinas, expressamos a nossa gratidão pelo testemunho da sua vida doada em prol do próximo.

Por Irmã Eleanor Paloma, Pastoral da Saúde. Foto gentilmente cedida

Falecimento do Pe. Henrique (MSC) Faleceu manhã de 16 de abril, no Hospital da Unimed, em Campinas, o Pe. Henrique Baptista Roberto (MSC). Nascido em 4 de fevereiro de 1932, na capital paulista, foi ordenado presbítero em 17 de dezembro de 1955. Em 31 de julho de 2004 foi nomeado pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, na Mooca, até 2012, quando assumiu como Vigário Paroquial na Paróquia São José, em Campinas, onde permaneceu até o seu falecimento.

12 - ABRIL/MAIO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA

Foto gentilmente cedida


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.