CONHECENDO NOSSA HISTÓRIA
A HISTÓRIA DO MERCADO PÚBLICO DE JAGUARIBE:
Vista ao antigo Mercado Público (1º), em destaque, na década de 1940. Fonte: arquivo fotográfico do professor Antônio Carlos Fernandes.
E
m 29 de maio de 1873, a Câmara Municipal da Vila de Jaguaribe-Mirim, através do seu Presidente Pedro Pinheiro Barbosa, informa ao Presidente da Província do Ceará, o senhor Francisco Teixeira de Sá, a necessidade de construção de um prédio que sirva de Mercado Público e que o senhor Capitão da Guarda Nacional, Antônio Raulino Mourão aceita contratar a construção do mesmo. Em 18 de novembro de 1878 é firmado o contrato entre a Câmara Municipal e o Capitão Antônio Raulino Mourão contendo seis cláusulas para a construção do Mercado Público, de acordo com “Jaguaribe Minha Terra – 1 – documentos da vila” (2000) do pesquisador Valdir Uchôa. O prazo de construção do Mercado Público tinha um prazo de três anos (18/11/1878 a 18/11/1881), mas em 08/04/1885, quase 7 anos depois, o mercado ainda não estava concluído, mas só em 30/07/1885 é que a Câmara Municipal atesta que a obra não estava concluída. Em 09/01/1886, a Câmara Municipal envia relatório sobre a questão do Mercado Público (falta de conclusão) ao Presidente da Província do Ceará, Miguel Calmon du Pin. Em 22/11/1886, a Assembleia Legislativa da Província do Ceará, através da Lei Nº 2134, concede um prazo de 4 anos para a conclusão da obra, até 1890. Devido à demora na conclusão do prédio houve uma grande batalha judicial entre o permissionário do Mercado Público e o comerciante Júlio Augusto devido á concorrência pelas vendas na feira, dentro do mercado (permissionário) e fora dele (concorrente). O comerciante Júlio Augusto alegava que o Mercado Público foi construído sem cumprir o prazo de construção. Para ele o prédio deveria ter sido concluído em 1884 e, como não foi, deveria passar a pertencer a municipalidade e não mais ao Capitão Antônio Raulino Mourão. Júlio Augusto, em petição, de 03/12/1885, à Câmara Municipal contra o Capitão Antônio Raulino Mourão, informa o seguinte: “1ª Que tendo a Assembleia Provincial em 1876 autorizado a Câmara Municipal a contractar a construção de um mercado público só em 1878 pode tornar efectiva semelhante concessão com o Capitão Antônio Raulino Mourão que em vez de cumprir as cláusulas do contracto, mais tarde em 1882 o sujeitou a aprovação do Poder Legislativo fora do tempo, já em exercício findo. 2ª Que a construção do mercado conforme a planta do Capitão Mourão se recente de grandes defeitos, não só porque as portas são muito baixas, estreitas mais ainda por que acha-se em lugar desvantajoso e diverso daquele de que trata o contracto. 3ª Que as prorrogações foram dadas em 24 de Abril de 1879, dois anos e em dez de Junho de 1880 portanto sujeitando as em doze de Outubro de 1882, juntamente com o contracto, a prorrogação da Assembleia Provincial. 4ª Que o edifício público destinado para o mercado não oferece as vantagens precisas a que se obrigou o contractante e bem assim não se acha de acordo com as posturas da municipalidade. 5ª Que aprovado este privilégio tão odiozo e manifestamente ilegal será abrir-se as portas ao monopólio em prejuízo do comércio da
localidade. Que finalmente a não ser sentimento de vaidade mal entendida em outra razão, não se poderá apoiar a pretensão do contractante Raulino Mourão carecer por certo do direito e consequentemente de justiça.” (Fonte: Jaguaribe Minha Terra – 1 – documentos da vila, 2000). Essa briga judicial acabou sendo vencida pelo Capitão Antônio Raulino Mourão que ficou como permissionário do Mercado Público por 30 anos (1878 – 1908). Esse mercado, como vemos na fotografia, ficava nas proximidades da Casa de Câmara e Cadeia (Palácio da Intendência), na frente do atual Mercado Público (2º), fechando a atual Rua 7 de Setembro. Na época da sua construção o mercado ficava distante do centro da Vila de Jaguaribe-Mirim, já que sua área urbana ficava limitada as proximidades da Igreja Matriz das Candeias. Depois de 70 anos do início da sua construção, em 1948, o prédio do Mercado Público (1º) foi demolido, pelo Prefeito Celso Barreira, para a construção de um novo mercado (atual). Em 27/02/1949 é inaugurado o novo Mercado Público de Jaguaribe (2º). O senhor Gorete é um dos dois meninos que aparecem na fotografia abaixo.
Operários na construção do novo Mercado Público (2º), ano de 1948. Fonte: arquivo do senhor Gorete.
O novo Mercado Público (s/d) Fonte: não identificada
O novo Mercado Público construído pelo Prefeito Celso Barreira Filho e inaugurado em 1949. O mercado já sofreu várias modificações em sua estrutura interna e externa como podemos ver nessa imagem atual:
Mercado Público atualmente – fachada externa (15/12/2019) Fonte: Maria Elisa Campelo.
Fonte: Coletânea Jaguaribe Minha Terra (2000-2017).
10
arautosdovale@hotmail.com
Pesquisador da história jaguaribana.