SUSTENTABILIDADE
22 â PLĂSTICO INDUSTRIAL â SET-OUT. 2021
CaracterĂsticas dos processos mecânico e quĂmico de reciclagem de plĂĄsticos A reciclagem de plĂĄsticos ĂŠ geralmente classificada como mecânica ou quĂmica. Essa abordagem ignora o fato de que a principal diferença entre elas ĂŠ se ocorrem reaçþes fĂsicas ou quĂmicas durante sua execução. Assim, uma diferenciação precisa ĂŠ crucial para a avaliação das possibilidades e limitaçþes dos processos de recuperação de plĂĄsticos, e para verificar se os materiais sĂŁo realmente reciclados ou se apenas as suas respectivas matĂŠriasprimas sĂŁo recuperadas. M. Schlummer, T. Fell, A. Mäurer e G. Altnau
A
reciclagem de plĂĄsticos estĂĄ passando por uma expansĂŁo considerĂĄvel desde 2016. Isso decorreu da ação de protagonistas como a Fundação Ellen MacArthur, a qual, no FĂłrum EconĂ´mico Mundial de 2016 (SuĂça), chamou a atenção para a coleta e reciclagem inadequadas de plĂĄsticos e formulou a visĂŁo da economia da reciclagem em circuito fechado para polĂmeros, bem como pelas numerosas imagens alarmantes de reje itos
Martin Schlummer (martin.schlummer@ivv.fraunhofer.de) ĂŠ gerente para o Desenvolvimento de NegĂłcios para Reciclagem e Meio Ambiente no Instituto Fraunhofer para Engenharia de Processos e Embalagens (Fraunhofer-Institut fĂźr Verfahrenstechnik und Verpackung, IVV), na Alemanha. Tanja Fell ĂŠ pesquisadora-assistente no Instituto Fraunhofer IVV e Andreas Mäurer ĂŠ chefe do departamento de Desenvolvimento de Processos em Reciclagem de PolĂmeros na mesma instituição. Gerald Altnau ĂŠ diretor-executivo da Creacycle GmbH, na Alemanha. Este artigo foi publicado originalmente na edição de junho de 2020 da revista alemĂŁ Kunststoffe. Direitos para o portuguĂŞs adquiridos por PlĂĄstico Industrial. Tradução e adaptação de Antonio Augusto Gorni.
plĂĄsticos em rios, oceanos e em praias. A atualidade desse problema estĂĄ intensificando os desafios que o ramo de reciclagem vem enfrentando hĂĄ dĂŠcadas, tais como a plena abrangĂŞncia da coleta, a classificação orientada conforme o problema e a disponibilidade de grandes quantidades de produtos feitos de plĂĄstico reciclado com boa qualidade e custo. E isso tambĂŠm estĂĄ provocando mudanças no mercado. Os recicladores passaram a reconhecer a necessidade de uma reciclagem de alta qualidade, e os fabricantes estĂŁo desbravando as possibilidades relacionadas Ă s matĂŠrias-primas secundĂĄrias e Ă necessidade de sistemas de gestĂŁo para a reciclagem em circuito fechado, enquanto consumidores cada vez mais requerem produtos sustentĂĄveis. A reciclagem de plĂĄsticos serve, a princĂpio, para manter materiais polimĂŠricos dentro da
cadeia de valor agregado. Isso reduz os altos custos decorrentes do processamento de Ăłleo bruto para a obtenção de matĂŠriasprimas quĂmicas bĂĄsicas e novos polĂmeros, e, no caso da reciclagem mecânica, elimina o processo de polimerização, que consome muita energia elĂŠtrica, evitando assim a geração de substancial quantidade de equivalentes de CO 2. Isso se reflete na hierarquia dos processos de reciclagem de rejeitos, a qual posiciona a reciclagem mecânica acima da reciclagem quĂmica e imediatamente abaixo da reutilização direta (ver figura no inĂcio do artigo).
Processos fĂsicos e quĂmicos na reciclagem de plĂĄsticos Todos os processos de reciclagem de plĂĄsticos envolvem o prĂŠ-tratamento de rejeitos em maior ou menor grau, apesar de isso ser frequentemente associado apenas Ă reciclagem me-