Revista "O Hospital" | Nº 22

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11 Então o que falta para que estas equipas atinjam objetivos e patamares mais elevados? O apoio das instâncias de decisão política e administrativa. Desde logo, a assunção da evidencia que, para atingirem os seus objetivos, todas as opções terapêuticas mais dispendiosas, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, cuidados intensivos, reabilitação ou outras, necessitam que a terapêutica nutricional resolva a questão da desnutrição. Para os cidadãos com doenças agudas e crónicas, a desnutrição é a mais premente dificuldade a resolver, o problema basilar que cuja solução pode permitir todo o processo terapêutico. Mesmo quando a desnutrição vem dissimulada numa roupagem de obesidade sarcopénica. A nível global, é indispensável a criação de uma forma genérica e nacional que permita aos doentes ter acesso aos produtos nutricionais para Nutrição Entérica e Parentérica. Não é possível aos doentes e famílias comprarem a alimentação entérica nas farmácias e parafarmácias, como produtos de venda livre. Não é comportável. Por fim, o que me parece o mais importante. É indispensável que, a nível local, os grupos multidisciplinares de Nutrição Artificial de cada hospital recebam o apoio administrativo e os recursos humanos, técnicos e materiais para prosseguirem e desenvolverem o seu trabalho. As equipas existem localmente na maioria das instituições hospitalares, com a variação decorrente das condições de cada organização, mas sempre empenhadas e focadas nos doentes. Só necessitam ver o seu trabalho mais reconhecido e apoiado. Nenhum investimento tem maior potencial para melhorar os resultados clínicos com tão pequenos investimentos. Para que os nossos doentes não morram após gastos de centenas de milhares de euros em internamentos e terapêuticas, por falta de apoio a uma Equipa de Nutrição Artificial.

Sobre Jorge Fonseca

Jorge Fonseca, é especialista em Gastrenterologia e possui a Competência Europeia em Nutrição Clínica e Metabolismo da ESPEN. É Professor Catedrático no Instituto Universitário Egas Moniz e Assistente Graduado Sénior no Hospital Garcia de Orta, onde é Diretor da Unidade de Exames Especiais, Presidente da Comissão de Nutrição e Coordenador do Grupo de Estudo de Nutrição Entérica/parentérica. É autor de mais de 100 artigos na imprensa científica internacional e nacional e capítulos de livros, no campo da Nutrição Clínica e doenças digestivas.

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