Revista APAVT - N º 33 | Fevereiro 2013

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REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 32

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REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 32


Uma questão de experiência! Caros colegas, Cecília Meireles Nos processos de gestão em que me tenho envolvido, nunca tive muito receio de pessoas sem grande experiência. Talvez porque relativamente a muitas das pessoas que me foram apresentadas como tendo muitos anos de experiência, acabei por concluir que tinham apenas um ano de experiência, repetido teimosamente ao longo de muitos anos - e isso não é experiência, é teimosia! Talvez porque já tive que gerir muitos processos com gente "cheia de experiência", incapaz de incorporar novas ideias e de encontrar novos caminhos para os novos desafios (às vezes, valha a verdade, nem para os desafios mais antigos…). Assim sendo, relativamente à experiência, sempre privilegiei a capacidade de raciocinar, a vontade de trabalhar em conjunto, a missão de construir; sempre preferi bom senso e capacidade de ouvir a caminhos inflexíveis e arrogantes, ainda que firmemente estribados em experiência aos molhos. A Dra. Cecília Meireles, que entrou com o rótulo de pouco experiente nestas coisas do turismo, não terá deixado toda a gente satisfeita e, certamente e sobretudo, não terá deixado todos os interesses satisfeitos - Normal, quando se tenta mexer no que estagnou, enraizado em interesses de menor dimensão. Mas, no final, e a avaliar pelas declarações da esmagadora maioria do sector, deixou respeito em toda a gente. Do seu mandato, certamente curto, vou recordar a abertura de raciocínio, a liberdade relativamente a clientelismos e a interesses corporativos, a vontade de construir e o ADN reformador. Acompanharei os seus próximos passos com curiosidade e, se o destino a colocar em áreas em que seja recebida com comentários relativos à sua eventual pouca experiência, certamente com um sorriso nos

particularmente

difícil; encontrará na APAVT,

por difíceis que sejam os temas e os processos, a mesma vontade de construir de sempre. Seja bem-vindo! BTL A presente REVISTA APAVT "sai para a rua", "dentro da BTL", feira onde a associação, pela segunda vez consecutiva, gere um stand de negócios para os seus associados. Uma segunda vez que está longe de ser uma repetição da experiência do primeiro ano!... Uma área ocupada muito mais significativa (360 metros quadrados!!!) e, espera-se, uma dinâmica

muito

maior,

fruto

do

aroma

tecnológico que é proporcionado pela parceria com a Travelport, são as bases de uma presença

Pedro Costa Ferreira, Presidente da Direcção da APAVT

que contribuirá certamente para chamar a atenção de todos para a acção insubstituível, na cadeia de valor, das agências de viagens. Quando se fala da BTL, muitos se lastimam da falta dimensão, da data de ocorrência, da eventual menor dinâmica. Claro que gostaríamos que o programa de "hosted buyers" fosse mais claro para os agentes de viagens, claro que temos dúvidas sobre a data de realização (conseguimos "angariar" argumentos para uma feira mais cedo, mais "junto" da Fitur, e para uma feira mais tarde, mais "junto" das férias dos portugueses). Contudo, na APAVT, existe sobretudo a consciência que o nosso mercado, deprimido, ficará pior sem a presença da BTL. E melhor, se conseguirmos que a BTL fique mais forte. Participamos, uma vez mais, com o objectivo de contribuirmos para uma BTL mais forte, com maior expressão e mais dinâmica. Sejam todos bem-vindos ao stand da APAVT.

lábios!… Desejo-lhe sorte, por muitas competências que tenhamos, a sorte é sempre uma companhia amiga.

ADOLFO MESQUITA NUNES Do novo secretário de Estado, a primeira coisa que ouvi é que terá pouca experiência nestas coisas do turismo… Fico feliz, parece que, desde que se concretize o bom senso, a capacidade de diálogo e a vontade de reformar, a probabilidade de sair com o respeito de todos não será pequena! O novo SET entra no sector num momento REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

O novo SET entra no sector num momento particularmente difícil; encontrará na APAVT, por difíceis que sejam os temas e os processos, a mesma vontade de construir de sempre. 3


Nº 33 - 2013 - WWW.APAVTNET.PT

CAPA

Vítor Fraga (S.R.T.T. Açores):

"As agências de viagens têm um papel fundamental na promoção e venda do destino Açores"

Presidente da Direcção: Pedro Costa Ferreira Conselho Editorial: Pedro Costa Ferreira, João Welsh, Filipe Machado Santos, Rui Colmonero, Paulo Brehm

Entrevista com o recém-empossado secretário regional do Turismo e Transportes dos Açores, Vítor Fraga, na qual este afirma, designadamente, que as agências de viagens são parceiros privilegiados para a recuperação e desenvolvimento do destino, que pretende manter a aposta no mercado nacional e que a estratégia já assentará no preço. Pág. 18

REVISTA APAVT Director Editorial: Paulo Brehm brehm@net.novis.pt Redacção: Guilherme Pereira da Silva Tel. 21 3142256 / Fax. 21 3525157 revista.apavt@net.novis.pt Colaborações: Sebastião Boavida, Silvério do Canto (Agência PressTur), Pedro Moita Fotografia: Rafael G. Antunes, Arquivos APAVT, TAP, Travelport Edição Gráfica e Layout: Pedro António e Maria Duarte Publicidade: Helena Dias revista.apavt@net.novis.pt 21 3142256 Impressão e Acabamento: MX3-Artes Gráficas, Lda. Rua Alto do Sintra - Sintra Comercial Park Armazem 16 Fracção Q 2635-446 Rio de Mouro Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: APAVT Propriedade: APAVT-Associação Por tuguesa das Agências de Viagens e Turismo Rua Duque de Palmela, 2-1º Dtº 1250-098 Lisboa Tel. 21 3553010 / Fax. 21 3145080 apavt@apavtnet.pt www.apavtnet.pt

APAVT cria certificação de DMCs A APAVT criou um sub-capítulo para DMCs, destinado aos associados deste subsector de atividade que assegurem um conjunto de requisitos préacordados e pretendam apresentar-se aos mercados com o selo "Certified DMCs of Portugal". Pág. 14

APAVT ganha reunião da ECTAA para Portugal A APAVT ganhou a candidatura que havia submetido à ECTAA - Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos para a realização de uma das suas reuniões bianuais em Portugal. Os dirigentes das associações europeias de agências de viagens e operadores turísticos vão, assim, reunir no Porto, de 29 a 31 de Maio. Pág. 16

António Loureiro (Travelport):

"Somos facilitadores de negócio no Turismo" Celebrou em Outubro passado o vigésimo aniversário em Portugal. Em discurso direto, António Loureiro, diretor regional da Travelport Portugal, Brasil e Espanha, faz um balanço da atuação da empresa nas últimas duas décadas. Pág. 28

Última Página

"A formação é um investimento e não uma despesa" Cada vez mais as Agências de Viagens se apresentam como verdadeiras consultoras e prestadoras de serviços turísticos. Tal facto fomenta a importância da formação dos respetivos recursos humanos, defende Pedro Moita, professor na ESHTE, neste artigo de opinião.

Reg. no ICS como nº 122699

Nota do Editor: Os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.

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MENSAGEM DO PRESIDENTE EDITORIAL

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ESTATÍSTICA NOTÍCIAS

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editorial

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Paulo Brehm

eterminados a manter a nossa quota-parte no esforço para o desenvolvimento do setor, eis a primeira edição da REVISTA APAVT deste ano, que damos à estampa por ocasião da BTL. Não foi tarefa fácil reunir os recursos para o conseguir, pois, no atual contexto económico, os orçamentos de marketing da maioria dos anunciantes estão reduzidos à sua expressão mínima, e este é um projeto em que fazemos questão de não sobrecarregar o também limitado orçamento associativo. Felizmente, empresas que têm como principais clientes os agentes de viagens, ao reconhecer a eficácia da nossa revista como uma plataforma eficaz para se promover junto deste segmento de mercado, entenderam - e bem - manter a sua aposta, porque necessitam de racionalizar os investimentos neste domínio. Ajustando a nossa ambição aos resultados obtidos, e sem comprometer o valor que sabemos ter, avançamos pois com este projeto. Os Açores vão estar este ano sob as luzes da ribalta associativa, pois é numa das suas nove ilhas que vai decorrer o congresso, e porque está tudo encaminhado para um trabalho de maior proximidade, na promoção do destino, entre a APAVT e as autoridades turísticas regionais. Foi assim com toda a naturalidade que optámos por dar capa ao recém-empossado secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, figura sobre quem recai a difícil tarefa de comandar a nau turística açoriana em mares reconhecidamente conturbados. Fazendo fé nas suas palavras, começa bem ao disponibilizar-se para ouvir e juntar todo o setor nesta missão. Em São Miguel, aonde me desloquei para a entrevista, reencontreime com Albano Cymbron, agente de viagens açoriano que conheço há dez anos, desde os primeiros dias de colaboração com a APAVT. Ex-delegado regional da associação, tal como o é hoje a sua filha

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Catarina, não por qualquer imperativo hereditário mas por mérito e disponibilidade próprias, Albano é uma das mais fascinantes figuras com quem me tenho cruzado neste setor. É apaixonado pelos Açores, pelo Turismo e pela atividade de agente, dotado de um contagiante dinamismo e entusiasmo, uma riquíssima cultura e um permanente interesse pelo conhecimento, que está sempre disposto a debater e a partilhar. Excelente anfitrião, proporcionou-me, uma vez mais, descobrir alguns dos muitos tesouros escondidos da ilha, revelando que os Açores justificam, de facto, um reconhecimento que infelizmente não conseguiram ainda alcançar. Espero que possamos, ao longo deste ano, ajudar tanto quanto pudermos nessa tarefa, seguramente contando com o Albano, a quem aproveito para agradecer mais uma lição de Açores, a par de outros entusiastas da região. Nesta edição damos também nota do mais recente contributo da APAVT para o Turismo nacional, o facto de a associação ter conquistado, para o Porto, uma das reuniões da ECTAA, que reúne os líderes da distribuição europeia. A criação de uma certificação para os DMCs e uma breve entrevista com o patrão da Travelport Portugal, efetivamente em "dívida" desde outubro do ano passado, quando a empresa celebrou o seu vigésimo aniversário, são outros dos conteúdos da revista. Reforçamos a análise das estatísticas mais relevantes, numa parceria de longa data com o PressTur, e chamamos à "Última Página" a opinião de Pedro Moita, professor da ESHTE, acerca do tema da formação profissional. Para terminar, recordamos, numa espécie de álbum fotográfico, um pouco do que foi o congresso de Coimbra, um evento de assinalável e reconhecido sucesso. Boas leituras e melhores negócios

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Análise Estatística

Agências de viagens portuguesas começam 2013 com 3º melhor Janeiro de sempre em vendas BSP As agências de viagens portuguesas realizaram em Janeiro 62,6 milhões de euros de vendas de voos regulares (BSP Portugal), que é o terceiro maior montante de sempre para um primeiro mês do ano e que é ainda mais relevante por ser realizado num enquadramento de mercado muito diferente do que se vivia em 2008 e 2007. Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que face a 2012, em Janeiro as vendas BSP aumentaram 5,8% ou 3,4 milhões de euros, ficando aquém apenas 0,9% do valor do mercado em 2007 e 7,8% abaixo de 2008, o único ano em que o BSP Portugal ultrapassou os 900 milhões de euros (918,6 milhões). Mas não só a situação económica e social de Portugal é muito diferente em 2013 do que era pré-crise mundial de 2009, como há uma mudança estrutural significativa no mercado da venda de voos que é o contínuo 'apagamento' da comercialização de voos domésticos, que em 2007 representavam cerca de 16,2% das vendas, em 2011 caíram para 12,4% e em 2012 ficaram em 9,3%. O que esta tendência acarreta é que o crescimento do BSP está a ser significativamente penalizado pela queda das vendas de voos domésticos, que em Janeiro deste ano atingiu um milhão de euros (-17,3%, para 4,912 milhões), elevando a queda face a 2011 para cerca de 1,9 milhões de euros (-27,9%). O sustentáculo do BSP continuou, assim, a ser a venda de voos internacionais, que em Janeiro deste ano ascenderam a 57,7 milhões de euros, em alta de 8% ou 4,28 milhões face ao mês homólogo de 2012 e que em relação a 2011 situa-se em 15,7% ou 7,85 milhões. As fontes do PressTUR dizem que estes números mostram que Janeiro se manteve na tendência que se tem imposto desde que se agravou a situação económica em Portugal, com as empresas portuguesas a terem que apostar nas exportações e, como tal, a terem que viajar mais para o estrangeiro, e a reduzirem despesa nas deslocações internas, que são ainda penalizadas pelos cortes dos orçamentos de viagens das administrações e serviços públicos e a redução do consumo de viagens pelos particulares, que se defrontam com reduções do poder de compra e um aumento acentuado do desemprego. Estas tendências têm levado a que no final do mês as vendas BSP em Portugal até estejam a manter crescimento, contrastando com o que se passa em outros

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mercados, como Espanha ou França, onde, de acordo com a imprensa especializada em turismo, Janeiro foi um mês de queda, em 1,6%, para 585,6 milhões de euros, pela

redução da tarifa média, já que em número de bilhetes vendidos se mantiveram os mesmos 1,9 milhões de há um ano.

Exportações portuguesas de passagens aéreas atingem novo recorde em 2012

Portugal bate recorde de receita turística com 8,6 mil milhões de euros em 2012

As exportações portuguesas de transporte aéreo de passageiros atingiram no ano passado um novo recorde de 2,7 mil milhões de euros, mais 10,1% ou mais 254 milhões que em 2011, segundo os dados do Banco de Portugal. De acordo com o banco central, as exportações de passagens aéreas no ano passado superaram em 23,7% ou 531 milhões de euros o ano de 2010 e em 47,3% ou 890 milhões de euros o ano de 2009. As exportações portuguesas de passagens aéreas no ano passado foram ainda superiores em 33,1% ou 689 milhões de euros relativamente a 2008. Em Dezembro de 2012, apesar do recorde anual, as exportações de transporte aéreo de passageiros ficaram nos 197,1 milhões de euros, -3,1% ou menos 6,2 milhões de euros que no mês homólogo do ano anterior. Comparando com o ano de 2010, porém, as exportações de passagens aéreas do ano passado foram superiores em 2,6% ou 5 milhões de euros.

Os gastos dos turistas estrangeiros em Portugal atingiram um novo recorde no ano passado de 8,6 mil milhões de euros, mais 460 milhões que em 2011 e mais mil milhões que em 2010, segundo os dados publicados pelo Banco de Portugal. O a u men to d a r ec ei ta turís tic a no passado em 5,6% relativamente a 2011 e em 13,2% face a 2010 é ainda mais acentuado quando comparado com os anos de 2009 e 2008, face aos quais teve incrementos de 24,6% ou 1,6 mil milhões de euros e 15,7% ou 1,1 mil milhões de euros, respetivamente. Em Dezembro de 2012, por sua vez, os gastos dos turistas estrangeiros em Portugal ascenderam a 600,4 milhões de euros, mais 4,9% ou mais 27,9 milhões que em 2011. Relativamente aos anos de 2010 e 2009, o mês de Dezembro do ano passado foi mais forte em 6,9% ou 38,7 milhões de euros e 20,8% ou 103,3 milhões de euros, respetivamente.

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Análise Estatística

Turismo e transporte aéreo de passageiros geram 29,9% do aumento das exportações portuguesas O turismo internacional e o transporte aéreo de passageiros fizeram 29,9% do aumento das exportações portuguesas de bens e serviços em 2012, com 19,2% do turismo (despesas de turistas estrangeiros em Portugal) e 10,7% do transporte aéreo de passageiros. De acordo com os dados do Banco de Portugal, os gastos de turistas estrangeiros em Portugal e as vendas de passagens aéreas no estrangeiro atingiram 11.377 milhões de euros em 2012, o que representa um aumento de 6,7% ou 715 milhões de euros face ao ano anterior, com aumentos de 5,6% ou 460 milhões em turismo e de 10,1% ou 255 milhões no transporte aéreo. As vendas totais de bens e serviços, por sua vez cresceram 3,8% ou 2.392 milhões de euros, com aumento de 5,7% ou 2.453 milhões nas exportações de bens, para 45.526 milhões, e quebra de 0,3% ou 61 milhões nas exportações de serviços, para 19.098 milhões. Desta forma, turismo e transporte aéreo de passageiros representaram 17,6% das exportações totais de bens e serviços, mais 0,5 pontos que em 2011, com aumentos de 0,23 pontos na parte das exportações de turismo, para 13,3%, e de 0,24 pontos na fatia gerada pelas vendas de passagens aéreas no estrangeiro, para 4,3%.

A contribuição destas duas áreas é ainda mais significativa para o crescimento das exportações, bem acima do peso das vendas totais ao estrangeiro. Com um aumento conjunto de 715 milhões de euros face ao ano anterior, turismo e transporte aéreo de passageiros fizeram 29,9% do aumento total das exportações portuguesas de bens e serviços. O turismo, com um aumento das exportações em 460 milhões de euros, foi responsável por 19,2% do aumento total das exportações portuguesas, e o transporte aéreo de passageiros, com mais 255 milhões de euros de vendas ao estrangeiro, gerou 10,7%. Relativamente aos saldos das trocas com o estrangeiro, a evolução é idêntica, com Portugal a apresentar no ano de 2012 uma redução de 78,5% ou 9.336 milhões de euros do défice da Balança Corrente, para o qual o turismo e transporte aéreo de passageiros contribuem com 770 milhões de euros, sendo assim responsáveis por 8,2% da melhoria. Considerando apenas bens e serviços, os dados indicam que no ano passado Portugal tinha um saldo positivo de 111 milhões de euros, representando uma melhoria de 6.619 milhões face a 2011, de que o turismo e transporte aéreo foram responsáveis por

11,6% com o aumento do saldo em 770 milhões (7,4% pelo turismo, com mais 488 milhões, e 4,3% pelo transporte aéreo de passageiros, com 282 milhões de euros). Turismo e transporte aéreo de passageiros tiveram assim um encaixe líquido de 7.881 milhões de euros, em alta de 10,8% ou 770 milhões em relação a 2011.

Número de viagens de portugueses ao estrangeiro caiu 11,9% no 3º trimestre de 2012 No terceiro trimestre de 2012 o número de viagens de portugueses ao estrangeiro caiu 11,9% face a trimestre homólogo em 2011, para um total de 458 mil, no entanto, o total das visitas turísticas realizadas pelos residentes em Portugal teve um crescimento de 10,3%, segundo os dados divulgados pelo INE. O estudo "Proc u ra Tu r í st i c a do s Residentes" para o terceiro trimestre de 2012, que engloba os meses de Julho, Agosto e Setembro, refere que neste período fora realizadas 5,9 milhões de visitas turísticas, mais 10,3% que em período homólogo em 2011, das quais 5,5 mi l hõ es fo ra m r e a l i z a da s c o m destino em território nacional, o que representa 92,3% do total e 458 mil, ou 7,7% foram feitas ao estrangeiro (11,9%). Apesar do aumento das visitas turísticas, a duração média teve uma quebra de 12,9%, passando de 6,9 noites para 6 REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

noites, e o número de dormidas diminuiu em 3,8% para 35,7 milhões. Julho e Agosto foram os meses em que os residentes em Portugal mais viajaram, sendo que em Agosto, 22,6% efectuou, "pelo menos uma deslocação turística", menos 2,8 p.p. que em mês homólogo em 2011 e em Julho foram 15,3%. Por outro lado, Setembro registou o valor mínimo de viagens de residentes no trimestre, com 8,7%. No terceiro trimestre predominaram as deslocações de até três noites (51,6% do total), acima do que se registou em 2011 (45,3%). Por outro lado, as deslocações de longa duração (consideradas de quatro ou mais noites) têm uma quebra de 6,1 pontos em Julho, para 46%, -6,6 pontos em Agosto para 58%, e -7,1 pontos em Setembro (para 30%). Também as dormidas nas deslocações turísticas tê, uma quebra de 3,8% para cerca de 35,7 milhões, com a média das

pernoitas a cair de 6,9 noites no terceiro trimestre de 2011, para 6 noites em 2012, uma média que "reflete o peso das viagens de longa duração, que não sendo maioritárias, abrangeram 86% das dormidas totais (88,8% no 3º T 2011), correspondendo a uma média de 10,7 noites (11,2 no 3º T 2011)". Entre Janeiro e Setembro 2012 "registaram-se mais 1,6% de dormidas relativamente ao período homólogo do ano anterior, somando cerca de 57,6 milhões", diz o INE, que acrescenta no entanto, em todos os meses do terceiro trimestre de 2012 se registaram reduções no número de dormidas, nomeadamente, 3,5% em Julho, 1,9% em Agosto e 12% em Setembro, e que 74% do total foi registado em viagens cujo motivo principal foi "Lazer, recreio ou férias". As deslocações para "Visitas a familiares ou amigos" corresponderam a 20% do total de dormidas. 7


Análise Estatística

Maioria dos portugueses opta por organizar viagens ao estrangeiro com marcação prévia Apesar da maioria das viagens realizadas no terceiro trimestre de 2012 ter sido organizada sem marcação prévia de serviços (incluindo transporte e alojamento), no que respeita às viagens ao estrangeiro, a maioria dos portugueses optou por marcar serviços, divulgou o INE. O estudo "Procura Turística dos Residentes" para o terceiro trimestre de 2012 indica que entre Julho e Setembro de 2012, cerca de 70,4% das viagens foram

organizadas sem qualquer marcação prévia de serviços (incluindo transporte e alojamento), no entanto, 86,9% das viagens ao estrangeiro tiveram a marcação antecipada de "pelo menos, um serviço", contra 13,1% que optam por não o fazer. É nas deslocações domésticas que os portugueses optam por não fazer marcações (75,2% do total), enquanto 24,8% opta por o fazer."No 3º trimestre 2012, 5,4% das deslocações envolveram

recurso a agência de viagens na organização da viagem", sendo que nas deslocações para o estrangeiro, esse valor sobe para 38,7%, enquanto nas viagens domésticas as agências intervieram em 2,6% do total. "O recurso à internet na marcação de serviços relacionados ocorreu em 12,4% do total de deslocações (em 10,3% das viagens domésticas e em 37,6% das deslocações para o estrangeiro)".

Hotelaria portuguesa bate recorde de dormidas mas sem 'fazer' mais dinheiro em 2012 A hotelaria portuguesa atingiu em 2012 um novo recorde de dormidas, com 39,767 milhões, 0,1% acima do anterior máximo, que datava de 2007, mas sem que tenha realizado mais proveitos que, pelo contrário, baixaram 2,4% ou 45,8 milhões de euros relativamente a 2011, segundo os dados provisórios do ano divulgados pelo INE. A informação do Instituto indica que em 2012 os proveitos totais da hotelaria portuguesa ficaram em 1.860,16 milhões de euros, por quedas de 1,2% ou 15,97 milhões em proveitos de aposento (receitas de quartos), para 1.291,7 milhões, e de 5% ou 29,87 milhões em outros proveitos (desde alimentação e bebidas, a comunicações, lavandarias, etc.), para 568,46

milhões. Embora tendo sido neste agregado dos proveitos que a queda foi mais acentuada, a evolução dos preços dos quartos e taxa de ocupação evidenciada pela RevPAR foi a mais negativa do ano, registando uma queda de 7,4%, para 27,2 euros, significando que a hotelaria portuguesa teve um decréscimo médio das receitas de quartos por quarto disponível de 2,2 euros. O INE não publica nem a evolução dos preços de quartos nem das taxas de ocupação por quarto, mas os indicadores disponíveis apontam para que a queda da RevPAR se deu tanto pelos preços quanto pela ocupação e, neste caso, pelo aumento da capacidade hoteleira. Os dados do Instituto levam à conclusão

que a hotelaria portuguesa faturou em média no ano passado 32,48 euros por dormida, abaixo de 2011 em 2% ou 0,7 euros. Por outro lado, embora com um aumento das dormidas em relação a 2011 em 0,8% ou 328 mil, a taxa líquida de ocupação das camas baixou 0,7 pontos, para 39,3%, o que só explicável por aumento de capacidade. A queda do preços das diárias ou average daily rate, bem como o aumento de oferta têm sido questões que têm estado na ordem do dia, designadamente por sucessivos alertas de responsáveis políticos e associativos do turismo, a que os números divulgados pelo INE dão expressão mais concreta.

Faltaram 104 milhões de euros para 2012 chegar também ao recorde em proveitos A hotelaria portuguesa atingiu um novo recorde de dormidas em 2012, mas em proveitos teve apenas o quarto melhor ano desde 2007 e ficou a 104,44 milhões de euros do recorde de 2008, porque embora com mais pernoitas teve a receita média por dormida mais baixa dos últimos cinco anos, de acordo com dados do INE. Ao falar para os directores de venda da TAP nos vários mercados, na semana passada, o presidente do Turismo de Portugal, Frederico Costa, dizia-lhes que 2012 foi um ano "muito, muito difícil" para o sector do turismo, embora com "alguns resultados operacionais positivos". Os dados provisórios de 2012 divulgados pelo INE evidenciam o que foi esse 'duche escocês', com o sector da hotelaria a ostentar um novo recorde anual de dormidas, superando o que datava de 2007, apesar das quedas dos mercados português e espanhol, mas a apresentar receitas que ficam abaixo dos 1.900 milhões de euros e, por conseguinte, inferiores às dos anos de 2007 e 2008, bem como 2011. 8

De acordo com os dados do Instituto, antes de 2012 o melhor ano de sempre em dormidas foi 2007, com 39,736 milhões, enquanto em proveitos foi 2008, com 1.964,6 milhões de euros, porque embora face a 2007 tivesse havido um decréscimo das dormidas em 1,3% ou 508,6 mil, designadamente porque a crise económico-financeira mundial alastrou a partir de Setembro de 2008, esse efeito não travou um aumento dos proveitos em 1,1% ou 21 milhões, com um aumento dos proveitos de aposento em 10,3% ou 124 milhões que compensava uma queda dos outros proveitos em 13,9% ou 103 milhões. Nesse ano de 2008, a hotelaria portuguesa apresentava uma receita média de 50,1 euros por dormida, em alta de 2,4% ou 1,2 euros em relação a 2007, com +11,8% ou mais 3,6 euros de receita de aposentos por dormida, enquanto nos outros proveitos tinha uma queda de 12,7% ou 2,4 euros. Mas desde 2008 que a tendência instalada é de baixa dos proveitos totais por dormida, que se manteve na casa dos 48 euros entre 2009 e 2011, mas sempre em baixa, que se

agravou em 2012, baixando para 46,78 euros, 6,6% ou 3,3 euros abaixo do recorde de 2008 e -3,2% ou menos 1,6 euros que em 2011. Essa tendência de decréscimo verifica-se tanto nos proveitos de aposento quanto nos outros proveitos. Em proveitos de aposento, depois dos 33,8 euros por dormida em 2008, o sector baixou para 32,9 em 2009 e 2010, arribou para 33,2 em 2011, mas no ano passado recuou 2% ou 0,7 euros, para 32,5 euros, ficando 3,8% ou 1,3 euros abaixo do recorde de 2008. Nos outros proveitos, em 2012 a hotelaria portuguesa teve 14,3 euros por dormida, -5,8% ou menos 0,9 euros que em 2011, -12,5% ou menos dois euros que em 2008, que nem sequer foi o recorde neste indicador, pois o máximo foi atingido em 2007, com 18,7 euros. O impacto desta evolução é que embora com mais 327,6 mil dormidas que em 2011, a hotelaria portuguesa teve em 2012 menos 45,8 milhões de euros de proveitos totais (-2,4%), com menos 15,97 milhões em proveitos de aposento (-1,2%) e menos 29,87 milhões em outros proveitos (-5%). REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013


Análise Estatística

Brasileiros, franceses, holandeses e 'emergentes' impulsionaram recorde de dormidas em 2012 Mais 778 mil dormidas de franceses, mais 585,4 mil de brasileiros, mais 324 mil de holandeses e mais 773 mil de turistas oriundos de emissores 'emergentes' (que não fazem parte do Top8) foram os n úm e ros q ue p e r mitir am à ho telar ia portuguesa ultrapassar em 2012 um recorde de dormidas que se mantinha há cinco anos, de acordo com os dados provisórios divulgados pelo INE. Esses dados mostram que face a 2007, que até 2012 era o melhor ano de sempre em dormidas, o mercado doméstico baixou 3,9% ou 501,09 mil dormidas, para 12,466 milhões, mas os mercados internacionais aumentaram 2% ou 532,46 mil pernoitas, para 27,3 milhões. Este aumento, porém, não foi uniforme e, designadamente, passou à margem dos três maiores emissores para a hotelaria portuguesa, o Reino Unido, que com 6,403 milhões de dormidas em 2012 ficou 16,9% ou 1,3 milhões de pernoitas abaixo de 2007, o espanhol, que com 3,083 milhões, ficou abaixo 8,8% ou 296,9 mil dormidas, e o a lemão que ficou 3,5% ou 133,2 mil dormidas abaixo de 2007. Aliás, o mercado alemão é aquele em relação ao qual é preciso recuar mais no tempo para se chegar ao recorde de dormidas na hotelaria portuguesa desde 2003, precisamente neste ano, com 3,899 milhões, um total em relação ao qual 2012 ficou abaixo em 4,7% ou 181,49 mil dormidas. Em relação ao mercado britânico, o recorde desde 2003 mantém-se nas 7,705 milhões de dormidas registadas em 2007, e o recorde das pernoitas de espanhóis é de 2011, quando foram realizadas 3,445

milhões, face às quais ficou abaixo em 10,5% ou 361,1 mil dormidas. Ainda assim o Reino Unido manteve-se o maior emissor para a hotelaria portuguesa, seguido pela Alemanha (que foi 3º em 2011) e por Espanha (que foi 2º em 2011), que foram os únicos mercados a somarem mais de três milhões de dormidas em 2012, tendo representado 33,2% das pernoitas totais de 2012, com 16,1% do Reino Unido, 9,3% da Alemanha e 7,8% de Espanha, e 48,4% das dormidas só de estrangeiros, com 27,9% do Reino Unido, 14% da Alemanha e 11,7% de Espanha. Relativamente ao ano de 2011, a melhor surpresa para a hotelaria portuguesa entre estes três principais emissores foi a Alemanha, com um aumento das dormidas em 9,6% ou 325,78 mil, tendo sido assim o mercado que apresentou o maior crescimento homólogo em valor absoluto. No pólo oposto, tendo sido, depois do mercado doméstico, o que mais penalizou a evolução em 2012, esteve Espanha, que, como Portugal, vive uma recessão, com uma queda de 10,5% ou 361,1 mil. O Reino Unido, que começou o ano em queda, acabou por recuperar e apresentar um crescimento modesto mas importante, em 2,3% ou 145,37 mil. Os melhores desempenhos do ano de 2012 estiveram, porém, fora do Top3 e a t é f o r a d o To p 8 , d e a c o r d o c o m o s dados provisórios do INE. França foi neste lote o mercado que mais contribuiu para os resultados de 2012 em dormidas, com um aumento de 15% ou 290,1 mil face a 2011, para 2,221 milhões, s e g u i d a p e l a H o l a n d a , c o m + 7, 9 % o u

mais 157 mil, para 2,149 milhões, Brasil, com +12,7% ou mais 128,7 mil, para 1,144 milhões, e pela Irlanda, que a despeito de estar como Portugal em resgate financeiro, teve um aumento de 14,1% ou 122,48 mil, para 988,4 mil. Além de Espanha, entre os mercado dos Top8, só de Itália, outro dos países europeus a viver programas de austeridade, houve menos dormidas de turistas na hotelaria portuguesa, com um decréscimo de 5,1% ou 46,4 mil, para 871,8 mil. De acordo com estes dados, França, que era o 5º emissor em 2011 passou para 4º em 2012, ultrapassando a Holanda, o Brasil manteve-se na 6ª posição, seguido da Irlanda, que ultrapassou a Itália. Mas os dados do INE também mostram que os oito mercados principais com dados especificados pelo Instituto, apesar dos recordes de dormidas de turistas procedentes de França, da Holanda e do Brasil, até tiveram uma evolução abaixo do que foi o crescimento da totalidade dos mercados internacionais, em 3,8% ou 762 mil dormidas, para 20,581 milhões, versus +5% ou mais 1,297 milhões, para 27,3 milhões. A diferença esteve n o s m e r c a d o s f o r a d o To p 8 o u emergentes, que em 2012 tiveram um aumento face a 2011 em 8,7% ou 535,2 mil dormidas, para 6,719 milhões, o que equivale a 16,9% das dormidas totais (incluindo portugueses) de 2012 e quase um quarto (24,6%) das dormidas de estrangeiros, face a 15,7% e 23,8%, respectivamente, em 2011.

Hotelaria de Lisboa bate recorde de dormidas mas fica a 36,2 milhões do melhor ano em receita Lisboa foi a região portuguesa que 'suportou' o novo recorde de dormidas na hotelaria portuguesa em 2012, atingindo um novo máximo de 9,472 milhões, mas sem que os estabelecimentos hoteleiros tenham visto esse crescimento traduzido em receitas, que ficaram 3,8% ou 21,1 milhões abaixo de 2011 e a 6,3% ou 36,2 milhões do ano recorde de 2007. Os dados publicados pelo INE indicam que os proveitos totais da hotelaria de Lisboa ficaram em 2012 em 540,9 milhões de euros com 390,09 milhões em proveitos de aposento, que baixaram, assim, 3,6% ou 14,77 milhões relativamente a 2011, e 150,8 milhões em outros proveitos, que tiveram um decréscimo de 4% ou 6,36 milhões. REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

Esta evolução acontece apesar de a hotelaria de Lisboa ter registado em 2012 um aumento do número de hóspedes em 2,7% para 4,132 milhões, o qual, com uma subida da estada média em 2,2%, para 2,3 noites, lhe proporcionou um aumento do número de dormidas em 4,9%, o qual resultou de uma subida de 8,5% nas dormidas de estrangeiros, para 6,989 milhões, enquanto o mercado doméstico teve uma queda de 4,1%, para 2,482 milhões. À semelhança da sua congénere do Algarve, a hotelaria de Lisboa teve assim um aumento mais forte das pernoitas de estrangeiros que o conjunto do País, tendo sido mesmo a região que apresentou o crescimento percentual mais forte, e no mercado doméstico teve a queda mais

moderada (a par do Norte). Em proveitos, porém, Lisboa foi a região onde a hotelaria teve a maior queda da receita média total por dormida, em 8,3%, para 57,11 euros, que quando se compara com 2008, que foi o melhor ano neste indicador, com 67,8 euros, evidencia uma quebra de 15,8% ou 10,7 euros. Para a queda dos proveitos por dormida contribuíram os decréscimos de 8,2% ou 3,7 euros nos proveitos de aposento por dormida face a 2011, que ficaram em 41,2 euros, quando em 2008 estavam em 47,8 euros (-13,9% ou menos 6,6 euros), e de 8,6% ou 1,5 euros nos outros proveitos por dormida, para 15,9 euros, abaixo do recorde de 26 euros de 2007 em 38,8% ou 10,1 euros. 9


Análise Estatística

Hotelaria do Algarve bateu recorde de proveitos e foi a única a ter aumento em 2012 A hotelaria do Algarve, embora tenha ficado a quase 345 mil dormidas do seu recorde anual de pernoitas, atingido em 2008, com 14,704 milhões, conseguiu em 2012 atingir um novo recorde de proveitos totais, com 588,6 milhões de euros, e foi mesmo a única a apresentar aumento face a 2011, em 3,4% ou 19,4 milhões. Os dados provisórios de 2012 divulgados pelo INE mostram que para o novo recorde foi essencial a recuperação das dormidas, designadamente dos mercados internacionais, bem como um aumento em 0,4% dos proveitos de aposento por dormida, com os quais também atingiu um novo recorde anual de receitas de quartos, no montante de 418,3 milhões de euros, em alta de 4,1% ou 16,4 milhões face a 2011, que era o anterior recorde. Também em proveitos de aposento, a hotelaria do Algarve foi a única a ter aumento face a 2011, tal como em outros proveitos, nos quais teve um aumento de 1,8% ou quase três milhões de euros, para 170,25 milhões, ainda assim ficou aquém do recorde de 2007 (217,8 milhões). Os dados do INE relativos ao Algarve indicam que a hotelaria da região recebeu no ano passado 3,05 milhões de hóspedes, que realizaram 14,358 milhões de dormidas, tendo aumentos de 1,4% em número de clientes e de 2,7% em número de dormidas, que reflecte um aumento também da estada média, que

subiu 1,3% para 4,71 noites. Em proveitos, o crescimento em 2012 foi superior tanto ao aumento do número de hóspedes como à subida do número de dormidas, situando-se em +3,4% em proveitos totais, com +4,1% em proveitos de aposento, o que indica uma melhor facturação média por dormida, mas nada diz sobre a RevPAR, que pondera os preços médios das diárias pela taxa de ocupação, de que o INE apenas publica os valores mensais, que em Dezembro passado foi 7,5 euros, acima dos sete euros de Dezembro de 2011. Os dados do Instituto permitem ver que o aumento das dormidas na hotelaria do Algarve em 2012 face a 2011,

em 2,7% ou 377,78 mil, ficou a dever-se ao crescimento em 6% ou 616,68 mil dormidas de estrangeiros, para 10,824 milhões, porque do mercado doméstico teve uma queda de 6,3% ou 238,9 mil, para 3,533 milhões. Assim, o aumento das pernoitas de estrangeiros foi mais forte que no conjunto da hotelaria portuguesa, que foi de 5%, além de que a queda das dormidas de residentes em Portugal foi menor que a queda média, que foi de 7,2%, o que permitiu à hotelaria do Algarve ter a segunda melhor evolução do ano de 2012 em dormidas totais, com um aumento de 2,7%, apenas inferior a Lisboa, que teve +4,9%.

Hotelaria da Madeira segura proveitos em 2012 apesar de decréscimo ligeiro das dormidas A hotelaria da Madeira conseguiu o segundo melhor resultado de 2012 em proveitos, depois do Algarve, com um decréscimo de apenas 0,8% ou menos dois milhões de euros, para 250,82 milhões, que reflecte que foi uma das poucas regiões que não baixou a receita média por dormida. No ano passado, de acordo com os dados divulgados pelo INE, apesar de um decréscimo do número de hóspedes em 4,1%, para 994 mil, via aumento da estada média, que subiu 3,3%, para 5,54 noites, a hotelaria da Madeira limitou a queda do número de dormidas a 1%, para 5,508 milhões, o qual, no entanto é inferior em 11,3% ou 699,8 mil ao seu melhor ano, que foi 2008, no qual teve 6,208 milhões de pernoitas. 10

A queda face a 2011, em praticamente 57 mil dormidas, porém, tem uma forte atenuante, já que a Madeira foi a região que mais sofreu o impacto da contracção do mercado doméstico, com uma quebra de 20,4% ou 148,3 mil pernoitas, para 580,17 mil, apenas parcialmente compensada por um aumento de 1,9% ou 91,3 mil dormidas de estrangeiros, para 4,928 milhões. O panorama na Madeira não diferiu, assim, em traços gerais do conjunto do sector em Portugal em matéria de dormidas, o que não aconteceu em relação a proveitos, em que foi uma das excepções pela positiva, a par do Algarve. Em 2012, de acordo com os dados provisórios do INE, a hotelaria madeirense teve um aumento de 0,2% dos proveitos totais por dormida, só superada pelos

+0,7% no Algarve e que compara com uma queda média no País de 3,2%. Esse aumento deveu-se por inteiro à subida em 2,1% da receita média de aposentos por dormida, no que foi a melhor variação do ano de 2012, mas que foi parcialmente 'comida' por um decréscimo de 2,6% nos outros proveitos por dormida. Apesar dessa subida de 2,1% nos proveitos de aposento por dormida em relação a 2011, para 28,1 euros, a hotelaria da Madeira ainda ficou distante dos 29,7 euros que tinha em 2008, ano que se mantém o melhor de sempre na região autónoma em proveitos, com 297,8 milhões de euros, com 184,4 milhões de proveitos de aposento, e dormidas, com 6,208 milhões. REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013


Análise Estatística

Queda do mercado britânico provoca decréscimo de passageiros de cruzeiro em Lisboa em Janeiro O Porto de Lisboa teve em Janeiro menos quase cinco mil passageiros de cruzeiros do que há um ano (22,6%) pela queda do mercado britânico, de onde chegaram quase metade dos cruzeiristas em 2012, que os crescimentos da Holanda, Itália e Alemanha não chegaram para compensar, de acordo com os dados da APL - Administração do Porto de Lisboa. Esses dados indicam que Lisboa até teve mais uma escala em Janeiro que no primeiro mês de 2012, totalizando 12, mas o número de passageiros, que tinha sido de 22.159 há um ano baixou para 17.162. Esta queda foi determinada pelo decréscimo de 4,7 mil passageiros em trânsito, que permanecem em Lisboa apenas durante a escala do navio em que viajam, que em 2012 foram 21.809 e este ano foram 17.102. Ta m b é m nos turnaround

(passageiros que iniciam e/ou terminam cruzeiros no Porto de Lisboa) houve uma queda em Janeiro, de 350 para 60, mas que tem menos impacto no total do mês. Por nacionalidades dos visitantes, os dados da APL mostram que a queda foi determinada pela redução do n ú m e r o d e b r i tâ n i c o s , q u e em 2 0 1 2 foram 46,5% dos passageiros de cruzeiro do Porto de Lisboa. Em Janeiro, os cruzeiros trouxeram a Lisboa 5.624 britânicos, menos de metade (-59,9% ou menos 8,4 mil) do primeiro mês de 2012 (14.030). Por essa queda e, também, porque até teve um ligeiro crescimento (+3,3% ou mais 208, para 6.477), a Alemanha foi em Janeiro o primeiro emissor. Também a compensar parcialmente a queda do número de britânicos estiveram ainda sobretudo holandeses e italianos, que tiveram

crescimentos 'explosivos). Os holandeses foram 1.803, +1.152,1% ou mais 1.659 que há um ano, e os italianos foram 1.390, +3.059,1% ou mais 1.346. Ta m b é m e m f o r t e a l t a , m a s c o m menos impacto, evoluíram os passageiros franceses, norteamericanos, canadianos e espanhóis. Os 'cruzeiristas' franceses foram 511, +3.093,8% ou mais 495, os norte-americanos foram 488, +80,1% ou mais 217, os canadianos foram 202, +68,3% ou mais 82, e os espanhóis foram 36, +100% ou mais 18. Em queda estiveram, além dos passageiros britânicos, também os brasileiros (-90,8% ou menos 128, para 13), os portugueses (-99,6% ou menos 281, para um) e de outras nacionalidades não especificadas (25,1% ou menos 207, para 617).

Cruzeiros no Funchal ficaram perto dos 600 mil passageiros em 2012 O Porto do Funchal, maior porto de cruzeiros de Portugal, cresceu 9,8% em passageiros no ano de 2012, atingindo um total de 592.935, mais 52,7 mil que em 2011, com um desempenho que a APRAM - Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira classifica de "absolutamente excepcional" e ter proporcionado um novo recorde anual. Os dados da APRAM indicam que em 2012 o Porto do Funchal recebeu 336 escalas de 106 navios e teve 581.048 passageiros em trânsito e 11.887 em tur naro und (a iniciarem e /o u terminarem cruzeiros). Quer em escalas, com mais 10,9% ou mais 33 que em 2011, quer em passageiros, pelo aumento dos passageiros em trânsito em 10,8% ou 56,7 mil, para 581.048, 2012 foi um ano de recordes. Em turnaround, porém verificou-se um decréscimo de 24,9% ou quase quatro mil, com menos 2,1 mil embarques, para 5.823, e menos cerca de 1,8 mil desembarques, para 6.064. Uma nota da APRAM publicada no seu website defende que o Porto do Funchal só não atingiu os números que tinha previsto para 2012 por cancelamentos devido à greve no Porto de Lisboa, que REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

levou ao cancelamento de uma escala do MSC Fantasia, com 3,5 mil passageiros a bordo, em 16 de Novembro e a mau tempo, como aconteceu a 30 de Outubro com o Grand Princess, com 2,6 mil passageiros a bordo, que "esteve na Madeira entre as 07H00 e as 11H00, mas sem conseguir atracar". Além destes casos, a nota da APRAM refere ainda que nos dados de 2012 não está contabilizada uma escala do MSC Divina, que, com 3.834 passageiros a bordo, assistiu ao espectáculo de fogo de artifício de Ano Novo na baía do Funchal fora das três milhas e apenas entrou na área do Porto pela 1h00 de dia 1, tendo sido assim a primeira escala deste ano. "Estes factos impediram que o número avançado pela Administração dos Portos da Madeira, com base nas reservas efectuadas pelas companhias, não t i ve sse s i d o a l c a n ç a d o , d i v er g i n d o apenas em cerca de sete mil passageiros, n ú m e r o q u e ter i a s i d o f a c i l men te conseguido com mais dois navios. Ainda assim, trata-se de um novo recorde que reforça a competitividade deste Porto, mantendo-o no topo da lista em matéria de crescimentos", salienta a APRAM, que avança que para este ano prevê que "o movimento de passageiros continue a

situar-se bem acima do meio milhão e que o Porto do Funchal mantenha as escalas acima das três centenas". "Em apenas cinco anos, este Porto cresceu 46% no movimento de passageiros e 24% no número de escalas. Em 2008, foram registadas 270 escalas, menos 66 do que em 2012, e 405.306 passageiros, menos 187.629 do que no ano que findou", sublinha a APRAM, cuja presidente, Alexandra Mendonça, citada no comunicado, defende que o crescimento do Porto do F u n c h a l é r es u l ta d o d a " p olític a tarifária, determinada pelo Governo Reg i o n a l p a r a c a p ta r es te tip o d e negócios" e da "estratégia promocional seguida nos últimos anos, que levou as companhias a interessarem-se ainda mais pelo destino Madeira, já tradicional nas rotas do Atlântico". Alexandra Mendonça destaca a propósito da promoção a parceria que o Funchal tem há quase duas décadas com os Portos das Canárias, sob a marca Cruises in the Atlantic Islands, a q u a l , d i z, to r n a a s r o ta s nos d ois a r q u i p él a g o s "c o mp eti t ivas e concorrenciais, em comparação com a b a c i a d o M ed i ter r â n eo e Norte d a Europa". 11


Notícias

Adolfo Mesquita Nunes é o novo SET

O novo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, com quem o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, teve já um e n c o n t r o fo r ma l , a 1 3 d e Fevereiro, tomou posse a 1 do mesmo mês. Adolfo Mesquita Nunes, que substituiu Cecília Meireles, nasceu em 1977 na Covilhã, sendo licenciado em Direito e Mestre em Ciências Jurídico Políticas. Exercendo a profissão de jurista, era, à da t a da su a n o mea ç ã o , deputado à Assembleia da Repúbli ca, membro da Asse m bl e i a M u n i c i p a l d e Lisboa, vogal da Comissão Executiva do CDS-PP e vicepr e si de n t e d a C o mi s s ã o Política Concelhia de Lisboa do mesmo partido.

Reuniões com Banco de Portugal A APAVT promoveu duas reuniões com o Banco de Portugal, entre responsáveis de empresas de software de gestão de viagens e/ou departamentos internos de informática de agências de viagens e responsáveis do banco. Estas reuniões ti v er am co m o o bj e t i vo e n qu a dr a r e ma x i mi za r a s potencialidades dos softwares utilizados pelas agências de viagens, facilitando, assim, as operações de reporte exigidas pelo Banco de Portugal. Relembramos que o Banco de Portugal anuiu em adiar para Abril (reporte de Março) as obrigações estatísticas de reporte (não apenas para o sector das agências de viagens, mas para todos os sectores de atividade).

AP AVT APA participa em almoço com representantes da TTAP AP O presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, participou no almoço que reuniu, a 7 de Fevereiro, em Lisboa, todos os representantes da TAP a nível mundial. Na foto, com o v i c e- p r es i d e nte da transportadora, Luiz Mór. A transportadora nacional vendeu em 2012 mais de dois mi l mi l h õ es d e e uros e m passagens aéreas, 75% dos quais fora de Portugal.

OMT recebe SET e AP AVT APA O s ec r etá r i o - g er a l da O r g a n i za ç ã o M u n d i a l d o Turismo, Taleb Rifai, recebeu a s ec r etá r i a d e E s ta d o d o Turismo, Cecília Meireles, bem como o presidente da APAVT, associação membro da OMT. A audiência teve lugar na sede da OMT em Madrid, cidade aonde Pedro Costa Ferreira se deslocou para participar na

Fitur. Além do encontro com a OMT, o dirigente da APAVT teve, entre outros, encontros com os embaixadores de Angola e de Moçambique na capital espanhola e com a nova presidente da comissão executiva da sociedade Estoril Sol, Pansy Ho, que é também a d mi n i s tr a d ora d o g rup o chinês Shun Tak.

Prontuário TTurístico urístico revisto e atualizado

Resultante de uma parceria entre a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) e a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), foi lançada este mês uma nova edição, revista e atualizada, do Prontuário Turístico, da autoria de Celestino Domingues. Contendo mais de 3.600 vocábulos e expressões da linguagem técnica do turismo, trata-se de uma obra indispensável para todos os profissionais do setor. De entre um vasto e notável curriculum no setor, onde desenvolveu a sua atividade profissional desde 1951, destaca-se o facto de Celestino Domingues ter sido um dos dois sócios da agência de viagens Turexpresso, que ocupou a presidência do então GNAVT-Grémio Nacional das Agências de Viagens e Turismo entre 1969 e 1974, representada por Albino André. 12

REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013


Notícias

APAVT reforça presença na BTL Uma área de 360 metros quadrados, quase o dobro do número de empresas representadas e um conjunto de atividades destinadas a dinamizar o espaço associativo, refletem a estratégia da APAVT para reforçar a sua presença institucional na BTL e criar condições mais atrativas para os associados poderem também beneficiar deste certame.

E

ntr e agênc i a s de vi a ge n s especi al i zada s no o u t go i n g, op erado res turí st i c o s, a gê n c i a s de incoming e outros parceiros, o espaço da associação na BTL, localizado no Pavilhão 3, stand nº 3B16, terá 40 pontos de exposição, ocupados por 36 empresas (ver caixa). O stand terá ao centro um bar, que será u m fato r adi ci o na l de a t r a ç ã o de visitantes, e estão previstas algumas apr esentaçõ es nu m ví de o h a l l a l i montado, bem como happy hours destinadas a criar um maior dinamismo em torno deste espaço. O rebrand da Portimar e a apresentação de uma nova marca deste associado, uma apresentação da Viajar Tours, e happy hours organizadas pela companhia aérea Transavia e conjuntamente pela APAVT e Travelport, são alguns dos momentos confi r mado s à dat a de fe c h o de st a edição. Esta iniciativa, inédita, contou com o apoio da Travelport Portugal, a empresa que integra o sistema de distribuição global Galileo, que se associou ao projeto da APAVT para a BTL 2013 no âmbito do acordo de parceria existente entre as duas organizações. "Passar dos acordos de boas intenções à prá ti ca das bo as a ç õ e s t e m si do a

REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

pr e o c u pa ç ã o d a A PAVT. E s ta a ç ã o conjunta com a Travelport representa mais um excelente exemplo desta postura, tendo como base um bom protocolo de acordo que existe entre as duas entidades, e como resultado o aprofundamento da visibilidade da APAVT e das vantagens diretas para os seus associados", afirma Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT. Por seu lado, António Loureiro, Regional Country Manager da Travelport, afirma que "não é novidade para nenhum agente do sector que a TRAVELPORT assume c l a r a m en te a c o n d i ç ã o d e p a r c ei r o preferencial da APAVT. Este ano apenas consubstanciámos de uma forma diferente esta nossa postura. Queremos ser os parceiros da mudança e de se n vol v i men to , ma s para ta l necessitamos de nos assumir conjuntamente como facilitadores de negócio. A BTL é sem dúvida o melhor começo". A iniciativa conta também com o apoio da própria BTL e da TAP Portugal, transportadora que irá proporcionar, às empresas associadas da APAVT presentes no stand, condições especiais no transporte para facilitar a participação destas na ABAV-São Paulo, tal como fez no ano passado.

Participantes no Stand da APAVT ABAV AIM Group Best Travel - Correntes e Marés Best Travel-Time to Travel Book Soft BRAZTOA C.VI.C. Escalatur Europcar Geostar Go Rent IN Tours Luisa Todi Magnet Master/RDMC Multilimo Oásis Viagens e Turismo Pinto Lopes Viagens Portimar Portugal Travel Team Provedor do Cliente QUASAR DMC Sem Limite Soltrópico Sulforma TFV TOPMIC TQ Travel Transalpino Transavia Travelport TUI Vefa Travel Viajar Tours Visateam Wide Travel Windsor 13


Vida Associativa

"Certified DMCs of Portugal"

APAVT cria certificação de DMCs A APAVT criou um sub-capítulo para DMC's, destinado aos associados deste subsector de atividade que assegurem um conjunto de requisitos pré-acordados e pretendam apresentar-se aos mercados com o selo "Certified DMCs of Portugal".

S

er uma agência de viagens licenciada e membro da APAVT, com atividade há pelo menos quatro anos no segmento MICE, dispor de escritório não r esi denc i a l pe r m a n e n t e , se r independente de fornecedores, dispor de um seguro de responsabilidade civil para a atividade igual ou superior a 1,5 milhões de euros, ser recomendada por quatro clientes internacionais, e aceitar o código de ética da Certified DMCs of Portugal, são o s requisi t o s de ade sã o a e st e subcapítulo. São também admitidas as unidades autónomas ou departamentos de entidades que sejam agências de viagens associadas e cujo volume de negócios seja, no mínimo de 70%, proveniente do mercado MICE. "Trata-se d e u m a c e r t if i c a ç ã o d e qualidade assente em padrões reconhecidos internacionalmente, o que oferecerá, às empresas que a venham a obter, uma mais-va lia no seu posicionamento", afirma o presidente da asso ci ação , P e dr o C o st a Fe r r e i r a , acrescentando que "é, afinal, mais uma etapa do nosso trabalho na área da qual i dade, d a a u t o - r e gu l a ç ã o e do espírito das boas práticas". "Vamos promover, junto do mercado, as v antagens d e c o n t r a t a r u m DMC certificado, designadamente através da di v ul gação i n t e r n a c i o n a l do se l o "Cer ti fi ed DM C s o f P o r t u ga l " e do lançamento de um site, mas sobretudo atrav és de uma monitorização permanente do cumprimento do código de ética e das boas práticas de negócio por 14

parte dos membros certificados", afirma por seu lado Eduarda Neves, diretora da APAVT que está na génese deste projeto associativo. "Além deste trabalho, seremos também a voz dos DMCs junto das associações internacionais desta indústria, como são os casos da Site, ADMEI, etc., e vamos procurar aproveitar todos recursos que estiverem a cada momento disponíveis para fomentar o desenvolvimento da atividade", conclui.

C ANDIDATURAS A BERTAS À APAVT já começaram a chegar os primeiros pedidos de adesão, que nesta fase inicial serão analisadas e confirmadas pela própria associação. Posteriormente, a adesão será validada por um grupo de gestão que integrará, além de representantes da direção da associação, três representantes de DMCs eleitos pelos próprios membros do subcapítulo.

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Relações Internacionais

APAVT ganha reunião da ECTAA para Portugal

Líderes europeus da distribuição turística reúnem no Porto A APAVT ganhou a candidatura que havia submetido à ECTAA Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos - para a realização de uma das suas reuniões bianuais em Portugal. Os dirigentes das associações europeias de agências de viagens e operadores turísticos vão, assim, reunir no Porto, de 29 a 31 de Maio.

O

evento, que reúne cerca de seis dezenas de dirigentes das associações de agências de viagens e o per ado res t u r í st i c o s de 2 7 pa í se s eur o peus, co n st i t u i u m a i m po r t a n t e o po rtuni dade pa r a a pr o m o ç ã o i n t e r n aci o n al do P orto, prin c i pa l motivação da APAVT para ter lançado esta candidatura. "Foi uma das primeiras iniciativas que tomámos desde que fomos eleitos para a direção da ECTAA, em Maio de 2012, e é obviamente uma enorme satisfação ver apro v ada est a c a n di da t u r a " , a fi r m a Pedro Costa F e r r e i r a , p r e s i d e n t e d a associação, acrescentando tratar-se de "um enorme desafio de organização, mas também uma aposta certa, porque per mi te tr az e r a P o r t u ga l o s m a i s i mpo r tantes l í de r e s da di st r i bu i ç ã o tur í sti ca eur o pe i a , n u m a a ç ã o de promoção muito significativa".

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Disputada por diversos destinos, que a organização optou por não divulgar, a e sc o l h a d e P o r tu g a l f o i d ec i d i d a n o decorrer da última reunião da ECTAA, que teve lugar no passado mês de Novembro, em Bruxelas. "Apesar de todo o processo se ter iniciado meses antes, foi uma maratona de contatos até ao último minuto antes da votação", lembra Costa Ferreira, explicando que, mesmo depois de ter conquistado a maioria dos votos fa v o r á v ei s a P o r tu g a l , "ti v emo s d e apresentar todos os nossos argumentos relativamente à opção pelo Porto, que e m b o r a f o s s e a tr a ti v o , en q u a n to destino, levantava algumas questões de natureza logística no que diz respeito a acessibilidades aéreas que, felizmente, acabaram por ser ultrapassadas". "Vamos assim, com grande satisfação, poder mostrar à distribuição europeia uma oferta de grande qualidade, de

algum modo ainda um pouco desconhecida, e estaremos todos no Porto no próximo mês de Maio", conclui o presidente da APAVT.

O D ESAFIO

DE UM P ROGRAMA Í MPAR Uma vez concluído o processo de candidatura, compete à APAVT a responsabilidade de organizar toda a logística relativa à estada dos participantes e ao programa da visita, do qual dependerá o sucesso desta iniciativa no que diz respeito à promoção do Porto. "A fasquia é muito elevada", sublinha Pedro Costa Ferreira, explicando que as

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Relações Internacionais

reuniões da ECTAA são sempre motivo de um grande cuidado, na sua preparação, por parte dos destinos que as acolhem. Exemplificando com a reunião que teve lugar em Cracóvia, na Polónia, em Maio de 2012, Costa Ferreira recorda que "foi de facto uma organização que todos os participantes, todos eles personalidades com muitos anos de Turismo, consideraram imaculada. Este é o nosso desafio, que vamos certamente superar".

P ORTO A NFITRIÃO Ficando alojados no Tiara Park Atlantic, hotel onde também irão decorrer as sessões de trabalho, os participantes da reunião da ECTAA no Porto vão ser brindados com um jantar nas Caves Ferreira, que serão também palco da atuação de uma fadista contemporânea de renome. No segundo dia, depois de uma passagem pela Câmara Municipal do Porto, onde serão recebidos num registo de solenidade que está apenas reservado a grandes dignitários, irão jantar no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, reconhecido como a joia da Coroa daquele espaço. "Está a ganhar forma um programa, que está recheado de outros pormenores, que sinto irá conquistar todos estes nossos convidados, superando as melhores expetativas e elevando ainda mais a atual fasquia. Além do mais, conheço bem a hospitalidade nortenha e não tenho quaisquer dúvidas de que seremos todos, em todas as ocasiões, desde a chegada ao REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

aeroporto até ao regresso, muitíssimo bem recebidos", afirma Pedro Costa Ferreira. O Turismo de Portugal, que irá assegurar uma apresentação aos participantes, a Câmara Municipal do Porto, a TAP, a Sogrape e Travelport, são alguns dos parceiros que se reuniram em torno da APAVT, sobre quem, em todo o caso, recai o maior investimento na organização.

L ÍDERES

DA D ISTRIBUIÇÃO E UROPEIA Ao Porto chegarão os dirigentes das organizações-membro da ECTAA, que reúne associações de agentes de viagens e operadores turísticos de 25 estados da União Europeia, dois estados em fase de

adesão (Croácia e Turquia) e ainda, de fora do espaço comunitário, a Suíça e a Noruega. No conjunto, representam mais de 70.000 empresas, que empregam quase meio milhão de pessoas e que geram um volume de negócios superior a 190 mil milhões de euros. Líderes de opinião e com uma capacidade de influência, quer individualmente nos seus respetivos mercados, quer através da própria ECTAA, junto das instâncias internacionais, particularmente europeias, "é uma oportunidade rara de promover o nosso destino e, simultaneamente, a nossa capacidade organizativa", como refere o presidente da APAVT.

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Considera as agências de viagens parceiros privilegiados para a recuperação e desenvolvimento do Turismo dos Açores, defendendo que estes objetivos só se conseguem com o esforço conjunto de todos os players, públicos e privados, mantém a aposta no mercado nacional, afirma que a estratégia não passa já pelo preço, mas sim pela diferenciação do produto, mas também acolhe novos operadores aéreos e uma ação mais direta junto do consumidor final, a par dos canais mais tradicionais de comercialização. Vítor Fraga, empossado há três meses como Secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores, em entrevista à Revista APAVT.

Vítor Fraga (S.R.T.T. Açores):

"As agências de viagens têm um papel fundamental na promoção e venda do destino Açores" Entrevista: Paulo Brehm - Fotos: Rafael G. Antunes 18

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Entrevista

Q

ual o retrato que faz do turismo nos Açores? O tur i smo no s Aç o r e s so fr e u u m a evolução muito grande na última década, afirmando-se hoje como um dos pilares fundamentais na economia açoriana. É evidente que passámos por momentos melhores e momentos menos bons. Este é um momento menos bom porque o nosso destino tinha uma incidência muito forte d o mer cado nac i o n a l e po r qu e o s constrangimentos e a política recessiva que se vivem no País têm, consequentemente, reflexos negativos no fluxo de turistas nacionais. Qual o peso do mercado nacional? Era superior a 50%, e no fim do ano de 2012 terá ficado na casa dos 43%. H o uv e po rtanto uma i n fl e xã o . Isoladamente continua a ser o principal mer cado , mas no c o n t e xt o gl o ba l o mercado extremo já tem um peso superior aos 50%. Pelas más razões… Pelas más, mas também pelas boas. Houve uma aposta clara do Governo dos Açores na promoção do destino nos mercados externos, nomeadamente no mercado alemão, que em 2012 teve um crescimento superior a 30%. É uma aposta que iremos continuar a exercer sem nunca deixar de apostar e de continuar a agir ativamente no mercado nacional. De que forma? As atuais circunstâncias levam-nos a repensar a forma como o fazemos e também a verificarmos o que é que t e remos de fazer para nos reposicionarmos no mercado nacional. É u m trabal ho que j á e st a m o s a desenvolver, no qual contamos com a colaboração de todos os parceiros do setor, nomeadamente das agências de viagens que, na nossa opinião, terão um papel fundamental na promoção e na venda do destino no mercado interno. Porque se há alguém que o conhece, que conhece este destino, são as agências de viagens. Serão, naturalmente, um dos n osso s par cei ro s pr i vi l e gi a do s pa r a tentar recuperar este fluxo de turistas do REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

"É um dos eventos (o congresso da APAVT de 2013) em que nós depositamos grandes esperanças, porque as agências de viagens, por toda a sua atuação ao longo dos tempos, são verdadeiros parceiros e aliados da promoção e da venda do destino Açores" mercado nacional, potenciando-o ao máximo e atenuando a quebra que se avizinha e que prevemos que aconteça no decorrer deste ano. Que posicionamento pretendem? Há uma clara necessidade de reajustarmos o posicionamento àquilo que é a disponibilidade do mercado. Há um segmento para o qual estamos convictos que o destino pode ser uma mais-valia, que é o segmento das famílias, e há que lhe criar uma grande a pe t ê n c i a p a ra v i r à reg i ã o . Temo s c o n di ç õ es ú n i c a s p a r a p r o p o r c i o n a r férias inesquecíveis às famílias que nos venham visitar. Dando seguimento ao que já foi feito - recordo que no ano anterior fizemos uma campanha em que a s c r i an ç a s n ã o p a g a v am - i r emo s r e fo r ç ar a n o s s a a tu a ç ã o n es te segmento porque acreditamos que ainda há margem para crescimento, um mercado-alvo, neste segmento, que terá di spo n i b i l i d a d e f i n a n c ei r a p a r a n o s visitar. Tínhamos um padrão de turista que nos visitava e que neste momento deixou de ter essa capacidade. Mas temos qualidade para oferecer e estamos c o n vi c to s q u e es ta é p er f ei ta men te ajustada e em linha com as melhores expetativas desse mercado. Como define essa oferta? Os Açores têm uma grande particularidade. Somos um destino allinclusive. Tanto temos a possibilidade de

oferecer umas féria contemplativas como temos a possibilidade de proporcionar umas férias muito ativas. Temos um c o n ju n to d e a ti v i d a d es , a o níve l d a animação turística, muito vasto, muito amplo, adequado a todos os segmentos etários, que nem todos os destinos têm a capacidade de oferecer. Se pretenderem umas férias mais ativas, temos whale watching, trilho terrestres, mergulho, parapente, BTT, desportos motorizados. Aliás, há um grande evento, que é o SATA Rally Açores , que é hoje o evento de referência em termos automobilísticos no p a n o ra ma n a c i o n a l . Tem os outros ev en to s a s s o c i a d o s a marc as d e referência, como é o caso do Red Bull Cliff D i v i n g , q u e é u m ev en to à e s c ala mundial. Temos, portanto, um conjunto de atividades e animação que potenciam umas férias ativas e que vão despoletar emoções. No fundo, os Açores têm para oferecer o que muitas famílias perderam ao longo dos últimos tempos no País: uma excelente qualidade de vida, um contato direto com a natureza, a possibilidade de d es p o l eta r j u n to d a s f a mílias um ambiente agradável emotivo, que as faça l ev a r com el a s u ma e ne rg ia retemperadora para mais um ano de trabalho. Logo, não será tanto uma estratégia assente no preço, como já foi… Tudo tem o seu tempo. Houve um período em que havia a perceção de que vir aos Açores era caro, e houve a necessidade de quebrar essa perceção. Hoje o preço da acessibilidade deixou de ser um problema. Um independent traveller, se quiser vir aos Açores, poderá fazê-lo por 88 euros e meio. Não é, portanto, uma questão de custo da acessibilidade. E em qualquer área de negócio, quando en tr a mo s em mer c a d o s for t e m e nt e c o mp eti ti v o s não nos d e ve mos diferenciar pelo preço. Porque o preço é sempre aquilo que os nossos concorrentes mais facilmente podem rebater. Temos uma capacidade instalada ao nível de infraestruturas e de oferta, ta n to h o tel ei r a c o mo d e animaç ão turística, que é diferenciadora e com uma qualidade elevada. E é este o caminho 19


Entrevista

"A SATA tem de ser um parceiro para as agências de viagens. E como parceiro tem de encontrar as melhores soluções, que vão de encontro às necessidades e aos anseios de todos" que nós queremos tomar. É mostrar a nossa diferenciação. Mas o preço não deixa de ser uma variável importante… O preço é naturalmente importante, faremos tud o p a r a t e r m o s p r e ç o s competitivos, nomeadamente ao nível da acessibilidade. Recordo que temos neste momento uma proposta de revisão das obrigações de serviço público que visa essencialmente criar competitividade nas rotas aéreas para os Açores. Pretendese que a acessibilidade seja facilitada e que não seja um entra ve. Também recordo que os Açores possuem uma companhia aérea. Possuem a SATA, que é um instrumento para servir os Açores e os açorianos. E serve de duas formas completamente distintas: por um lado, para permitir a mobilidade dos açorianos, tanto para o continente português, como para a diáspora, mas por outro lado serve como uma fonte canalizadora de fluxos para a região. É um privilégio termos uma companhia aérea associada a um destino, que será um instrumento na captação de fluxos turísticos para a região. No caso concreto do mercado nacional, tudo está muito dependente da rev i são das o br i ga ç õ e s de se r vi ç o público. O Governo da República possui a no ssa pro po st a pa ra a ava l i a r, se pro nunci ar e i m pl e m e n t a r, e st a m o s convictos de que quando esta proposta fo r co ncreti z a da , a qu e st ã o da acessibilidade ainda será mais facilitada. Em que medida? Porque tem um conjunto de regras que foram alteradas, nomeadamente a dissociação de rotas, nomeadamente a

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possibilidade de dissociar o tráfego de passageiros do tráfego de carga. Isto a br e a p o s s i b i l i d a d e d e o u tr o s operadores entrarem no mercado e todos sabemos que, quando há concorrência, h á d ep o i s r ef l ex o s n o el ev a r d a qualidade de serviço e também ao nível da competitividade do preço. Mas se o preço já não é um problema, qual a mais-valia das novas regras? Acima de tudo, alargar a oferta e tornar o transporte aéreo mais competitivo e mais aberto. Hoje temos a SATA e a TAP a voar para os Açores, o valor que referi integra as tarifas promocionais, com regras, claras, definidas, para a sua i mp l emen ta ç ã o . Há n a tu r a l men te limitações, e aquilo que queremos é que haja uma dinâmica de mercado que permita, de uma forma natural e sem andar permanentemente com recurso a tarifas promocionais, que o destino seja mais acessível, com tarifas competitivas e com maior qualidade. Estamos a falar de abrir as rotas dos Açores às low cost?

O Ministro do Turismo espanhol diz que são "pão para hoje e fome para amanhã", pela dependência que criam, pelo afastamento de outros operadores, pelo risco para o destino… Temos como principal enfoque a abertura a novos operadores. Não acredito que possa ter esse tipo de consequências. Acho que os Açores têm mercado e têm d i men s ã o p a r a c o ntinuar a te r companhias de bandeira e ao mesmo temp o p er mi ti r a en trad a d e novos operadores que canalizem mais fluxos para a região. Não acredito que sejam segmentos incompatíveis. Bem pelo c o n tr á r i o , a c h o q u e são s e g me ntos complementares. Como lhe disse, temos a felicidade de ter uma companhia aérea regional, que canalizará também esses fluxos. Não receia, portanto, uma canibalização? Poderá haver, numa fase inicial. Com o tempo, e acreditando nas fortes potencialidades que o destino tem, não haverá canibalização e sim crescimento.

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Entrevista

"Apresentamos aos parceiros sociais o Orçamento e Plano de Investimento para 2013 e posso dizer que o turismo é dos poucos setores que irá manter o mesmo nível de investimento que no ano de 2012" O Governo Regional irá incentivar essas novas operações? As r egr as sã o c l a r a s a o n í ve l da s obrigações de serviço público e são iguais para todas as companhias que voarem para os Açores, havendo uma comparticipação direta ao passageiro. É isto que está previsto, é esta a nossa proposta. Nada mais que isto. Qual a expetativa relativamente à aprovação da vossa proposta? Partindo do pressuposto que os governos existem para governar para as pessoas, e para o bem das pessoas, a nossa expetativa é de que a nossa proposta tenha um bom acolhimento e que se avance com a mesma. Quanto ao tempo, é algo que não me posso comprometer porque não depende do Governo dos Açores, depende do Governo da Republica. Por nós era um assunto que já estaria resolvido. Num outro tema, a hotelaria da região tem o segundo mais baixo RevPAR nacional. Como mudar este estado? O nosso entendimento é que este percurso tem de ser efetuado em conjunto com todo o trade, hotelaria, agências de viagens, transporte aéreo. Temos de encontrar, em conjunto, as soluções para os problemas com que nos deparamos. O nosso grande desafio, em termos de hotelaria, é conseguir elevar, qualitativamente, a oferta que temos, e criar mais-valias em termos do serviço prestado que, por sua vez, permitam aumentar a receita média por quarto. 22

A oferta é adequada ou há excesso? Neste momento temos a necessidade de fazer alguma requalificação na oferta. Não acredito que tenhamos excesso de oferta. O que temos de conseguir é trazer mais fluxos para a região. Os Açores são um destino que tem sazonalidade e o que temos de fazer é criar condições para a atenuar o mais possível. Nesse sentido temos uma estratégia claramente definida e que passa muito pela captação de eventos e de turismo de incentivos para a região. Tanto ao nível do mercado nacional como dos mercados externos. E temos de ter aqui também um olhar atento e critico sobre a oferta e a sua compatibilidade com esta realidade. Temos um exemplo, que é o Pico, que tem vindo a crescer em contraciclo com as restantes ilhas, que tem uma oferta ao nível hoteleiro muito específica. E com um enquadramento muito próprio com a realidade local. É um bom exemplo que temos de olhar e perceber. Temos de nos adequar e ajustar à procura, ao tipo de procura que temos e queremos. Não em termos de quantidade, mas sobretudo e essencialmente ao nível da qualidade. Mas a hotelaria tem dificuldades em se requalificar… pela dificuldade no acesso ao financiamento, porque os níveis de rentabilidade são baixos… Como disse, este é um percurso que tem de ser feito em conjunto. O Governo dos Açores, ao longo dos anos, tem vindo a trabalhar, lado a lado, com todos os parceiros e com todos os players que e st ã o env o l v i d o s n o s eto r. To d o o trabalho que for necessário fazer, em n o me da r eq u a l i f i c a ç ã o e do reajustamento qualitativo da oferta para o mercado, continuará a ter no Governos dos Açores um parceiro. Alteraram recentemente o modelo de organização da promoção… Al t er á mo s a es tr u tu r a o r g â n i c a d a Direção Regional de Turismo, temos uma entidade que é a ATA, que será a principal e nti d ad e r es p o n s á v el po r to d a a promoção do destino Açores, quer no

mercado nacional quer nos mercados externos. Até agora a Direção Regional de Turismo focava-se no mercado interno e a ATA no mercado externo. A partir de agora teremos uma única entidade a trabalhar todos os mercados com um objetivo muito claro, um foco muito grande naquilo que é essencial: termos uma promoção integrada. Não só por mercado mas na globalidade. O que queremos construir é uma imagem global do destino. Assente nos mesmos valores e p o ten c ia n d o a q u i l o q ue te mos d e mel h o r e qu e s eja e f e tivame nte a p etec í v el p a r a c a d a me rc ad o. H á mercados em que não podemos ir vender Natureza, mas temos uma vastidão de oferta, associada à nossa cultura, à n o s s a g a s tr o n o mi a , a ativid ad e s no âmbito da animação turística que são catalisadoras de angariação de fluxos turísticos para a região. É necessário saber, em cada mercado, o que e que va mo s p ro mov er. Is to vai ser centralizado numa única estrutura que terá uma função muito bem definida e com um caráter comercial muito ativo. Queremos que os Açores tenham, no mer c a do g l o b a l , u ma ag re s s ivid ade comercial muito elevada. É para isso que estamos a trabalhar, em conjunto com as entidades privadas. E com a garantia de que aquilo que investimos é para ter retorno. Porque hoje, d adas as restrições que todos nós conhecemos ao nível de meios, de recursos financeiros, é necessário termos a garantia que as nossas ações são consequentes. E a consequência só pode ser uma: conseguir angariar mais e melhores fluxos turísticos para a região. Irá assim implementar maior controle? Vai haver um controle muito efetivo. Em todas as ações e todo o investimento que fizermos o retorno do mesmo tem de ser medido. Saber até onde podemos ir e, quando tivermos de recuar, não hesitar em recuar. Tem de haver, queremos que haja, uma determinação efetiva no sentido de assegurar que os meios utilizados têm um único objetivo: garantir o retorno e garantir a canalização de fluxo, tanto em termos de quantidade como de qualidade.

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Entrevista

Haverá assim uma maior responsabilização dos privados… Chamamo s o s pr i va do s a t e r u m a p arti ci pação ati v a n a qu i l o qu e é o objetivo comum. O sucesso de um é o sucesso de todos. E se todos tivermos o mesmo objetivo e trabalharmos no mesmo sentido, o atingirmos o sucesso torna-se muito mais fácil. Aquilo que queremos é que não haja só uma coresponsabilização mas, acima de tudo, uma cooperação efetiva no sentido de identificarmos as melhores soluções para os problemas que temos. Os recursos para a promoção em 2013 foram afetados? Apresentamos aos parceiros sociais o Orçamento e Plano de Investimento para 2013 e posso dizer que o turismo é dos poucos setores que irá manter o mesmo nível de investimento que no ano de 2012. E isto num contexto em que o Orçamento e Plano para 2013 reflete um decréscimo global de 15%. São cerca de 24 milhões de euros. REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013

"Toda a operação que existe tem sido muito baseada na Turoperação. E nós entendemos que existe aqui também uma oportunidade para além dessa"

Qual o estado e a estratégia para os mercados internacionais? A Alemanha cresceu, Espanha cresceu, a B é l gi c a c r es c eu … n o f u n d o , o ú n i c o mercado que não cresceu foi o mercado nórdico. Porque houve a perda de uma operação da Finlândia que teve impacto. A nossa es tr a tég i a é clara. C o n so l id a r mo s j u n to d o s p r i n c i p a i s mercados emissores a nossa presença, reforçando-a mesmo, e diversificando o mais possível no sentido de criamos uma base de sustentabilidade para que isto seja um processo continuado de

crescimento e de angariação de turistas para os Açores. Vão manter a aposta nas parcerias com operadores internacionais? Toda a operação que existe tem sido muito baseada na Tur-operação. E nós entendemos que existe aqui também uma oportuni dade para além dessa. É necessário consolidar junto dos principais mer cados emissores não só a Tu roperação, que é e continuará a ser muito importante, mas também irmos um pouco mais além e captar fluxos que estão fora da Tur-operação. Não são concorrentes mas são complementares. Trata-se de ir direto ao consumidor final? Embora seja algo que em alguns mercados não é fácil, porque o destino Açores não é suficientemente conhecido, é uma estratégia que temos de percorrer, lado a lado, não como sendo algo que vai concorrer com o que já existe mas algo que será complementar ao que já existe. 23


Entrevista

A estratégia que temos tido ao nível da Tu r-o peração t e m t i do m u i t o bo n s resultados em alguns mercados, nomeadamente no mercado alemão, mas achamos que há uma oportunidade, que também deveremos acompanhar os novos tempos e na qual devemos entrar, mais uma vez em parceria com todos. Os próprios DMC's podem fazer, naturalmente, parte de toda esta estratégia. Quais os mercados de aposta? O mercado alemão, que continua a ser o nosso principal mercado, o espanhol, que também é um dos mercados em que temos vindo a crescer de uma forma consolidada e no qual continuaremos a apostar, o mercado belga, o holandês e, pela primeira vez, teremos uma nova operação em França através da companhia aérea regional, que é um voo direto de Paris para os Açores. O que nos assegura que a nossa presença no mercado francês passará a ter alguma consistência. É um mercado que identificámos ter uma boa apetência por um destino com as características do nosso. A crise em Espanha não desmotiva a aposta? Espanha é um mercado que, tal como o português, tem segmentos em que se justifica a aposta. São segmentos que ainda têm poder de compra, e que procura, acima de tudo, aquilo que temos para oferecer: tranquilidade, segurança, mas também férias ativas, emotivas, que permitam

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"Apresentamos aos parceiros sociais o Orçamento e Plano de Investimento para 2013 e posso dizer que o turismo é dos poucos setores que irá manter o mesmo nível de investimento que no ano de 2012" retemperar energias. E quanto ao mercado de cruzeiros? Os cruzeiros são uma aposta ganha. Foi feito pelo Governo dos Açores um grande investimento em infraestruturas de qualidade, nomeadamente em Ponta Delgada e na Horta, e temos tido um nível de crescimento muito significativo. Recordo que, em 2012, ultrapassamos a barreira dos 100.000 turistas, em 2013 a previsão do número de escalas e de passageiros aponta para um crescimento, e já estamos a preparar 2014. Mudando de tema, como encara a privatização da ANA? É um processo em que o Governo da República teve uma atitude reprovável, no nosso entender, porque não ouviu a Região conforme a constituição e o estatuto políticoadministrativo assim o exigem. No entanto,

nós próprios tomámos a iniciativa de fazer refletir aquilo que consideramos ser essencial para o desenvolvimento da região. Desde logo pelo congelamento das taxas aeroportuárias. A nossa pretensão é que este congelamento seja nos próximos dez anos e também pretendemos salvaguardar o que achamos ser muito importante para a região, nomeadamente a manutenção do horário de abertura do aeroporto de Santa Maria, os investimentos mais operacionais no aeroporto de Ponta Delgada, o crescimento do aeroporto da Horta, a iluminação noturna do aeroporto da ilha das Flores… todo um conjunto de investimentos que queremos ver acautelados porque a região tem investido muito nos seus aeródromos. E está confiante sejam acolhidas pelos novo donos da ANA? Até ao momento tem havido abertura. Mas isto é como tudo: É preciso ver para crer. Falando de transporte aéreo, quais as perspetivas de atualização da XP na SATA? A SATA tem de ser um parceiro para as agências de viagens. E como parceiro tem de encontrar as melhores soluções, que vão de encontro às necessidades e aos anseios de todos. É assim que temos de trabalhar. Da parte do Governo Regional há toda a disponibilidade para reunir com todos. Já tive reuniões com a delegação da APAVT nos Açores, em que foram manifestadas todas as preocupações que tinham relativamente a esse tema. Ainda antes

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Entrevista

deslumbrar os seus clientes. E quanto à escolha da Terceira? A Terceira faz parte da nossa estratégia global. Tem um potencial ao nível cultural muito elevado, e que necessita de ser explorado. Angra do Heroísmo é cidade património mundial e nós achamos que o congresso da APAVT vai ser também um c a ta l i s a d o r d a c a p ta ç ão d e f luxos direcionados para a Terceira. Para terminar, quais as novidades em termos da oferta? Va m o s i n t e g ra r n a n o s s a o fe r t a u m produto - o "Azores Air Cruise" - que está a ser desenvolvido por um operador em parceria com a SATA e a ATA . É u m c o n c e i t o n o v o , q u e possibilita a entrada de um turista na região através de um hub, percorrendo depois sete das nove ilhas, num percurso pré-definido, ao longo de sete dias. Por outro lado, vai ser disponibilizada uma tarifa única entre a SATA e a Atlantic Line, que é a empresa de transporte marítimo de passageiros. É uma tarifa corrida, aérea e marítima, que possibilita uma mobilidade distinta a q u em n o s v i s i ta . E r a uma g rand e aspiração dos agentes de viagens e que a c h a mo s tr a ta r - s e d e um p rod uto c o n d en ad o a o s u c ess o. D e f ac to, a preocupação do Governo dos Açores é c r i a r c o n d i ç õ es p a r a q ue os vários players do setor possam exercer a sua c r i a ti v i d a d e e d es en v olve r p rod utos a l ter n a ti v o s e d i f er enc iad ore s , q ue possibilitem outras experiências a quem nos visitem.

de tomar posse no Governo e enquanto administrador do grupo SATA participei em reuniões com esse mesmo objetivo e há disponibilidade e abertura para encontrarmos uma solução que seja equilibrada e que seja boa, tanto para a SATA como para as Agências de Viagens. Quais são as suas expectativas relativamente ao Congresso da APAVT na Terceira? As expectativas são as maiores. É um dos 26

eventos em que depositamos grandes esperanças, porque as agências de viagens, por toda a sua atuação ao longo dos tempos, são verdadeiros parceiros e aliados da promoção e da venda do destino Açores. Este congresso será mais um passo importante no sentido de consolidar o conhecimento das agências de viagens sobre o próprio destino, permitindo-lhes verificarem, elas próprias, a qualidade da nossa oferta, aquilo que temos para oferecer, aquilo que pode ajudar a

É um apelo a outras propostas e iniciativas? Sim. Temos de "sair da caixa" e irmos além daquilo que é tradicional. Os Açores, durante muitos anos, limitaram-se a vender as suas paisagens. É evidente que a matriz natureza é a nossa essência, é a nossa raiz. Mas há muito a construir em cima dessa matriz, e é este o desafio que temos, sermos capazes de desenvolver um conjunto de atividades e de serviços em cima dessa matriz, que tenham a capacidade de surpreender e a capacidade de captar a atenção de todos aqueles que ainda têm a possibilidade de realizar férias.

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Discurso directo

António Loureiro (Travelport):

"Somos facilitadores de negócio no Turismo" Celebrou em Outubro passado o vigésimo aniversário em Portugal, reafirmando-se, ano após ano, como líder de mercado. Além do apoio que historicamente tem dado aos congressos, este ano associou-se também, pela primeira vez, ao projeto da APAVT para a BTL. Em discurso direto, António Loureiro, diretor regional da Travelport Portugal, Brasil e Espanha, faz um balanço da atuação da empresa nas últimas duas décadas.

A

companhou boa parte destes 20 anos da Travelport em Portugal. Como é que a empresa tem acompanhado a evolução do próprio mercado? Para uma empresa de tecnologia estar há 20 anos no mercado, com o sucesso que a Travelport tem tido, é preciso uma grande capacidade de adaptação às mudanças, quer do setor, quer da economia. É preciso notar que as condições do mercado são muito voláteis e alteram-se rapidamente. Falamos de um GDS que, inicialmente, tinha um modelo definido com as companhias aéreas e que quase exclusivamente assentava na sua distribuição. Atualmente, através do GDS é possível fazer reservas de qualquer tipo, facto que implica um grande investimento de meios humanos e tecnológicos. O que distingue o GDS da multiplicidade de ferramentas de pesquisa, comparação e reserva que vão surgindo na web? O que distingue um GDS, que também faz tudo isso é, sobretudo, a capacidade de processamento de tarifas e itinerários múltiplos, muito difícil de replicar pela maioria dessas ferramentas, mais vocacionadas para o ponto a ponto. Tivemos sempre uma política de proximidade com o mercado e os agentes e fomos acompanhando as mudanças tecnológicas, nomeadamente em meados da década de 90 quando os computadores deixaram de ter capacidade para responder às exigências dos softwares e teve de ser tudo substituído e actualizado. 28

Ao longo destes 20 anos, fomos antecipando tendências e detetando as reais necessidades do mercado. Atualmente, somos líderes de mercado, e continuamos a ser o parceiro privilegiado para os novos desafios que vão surgir. E o negócio das agências de viagens ao longo destas tuas décadas, muito marcadas pelo desenvolvimento do "on-line", do seu ponto de vista, como tem evoluído? A evolução do negócio das agências fez-se em duas fases: a automatização, sobretudo no que diz respeito à distribuição do produto aéreo, teve início nos Estados Unidos, com impacto na Europa passados dois anos. Depois, foi integrando os diferentes segmentos da oferta. Posteriormente, a evolução das comunicações permitiu desenvolver o negócio on-line. Atualmente, assistimos nos Estados Unidos a um abrandamento das agências on-line e, de facto, começam, cada vez mais, a abrir agências tradicionais que passam a operar noutras áreas, como a de eventos, além de fazerem incoming e outgoing. Começa, portanto, a questionarse se o valor acrescentado do on-line assenta apenas no preço e se, de facto, é isso que é valorizado pelo consumidor. Nos Estados Unidos já não é apenas o preço que conta. A consultoria e a proximidade ao cliente são aspetos cruciais do negócio das agências. E em Portugal? Em 2007 afirmava nesta revista que esse era o ano da

"webização" das agências de viagens portuguesas. Qual o status atual? Quendo então falei em "webização" referiame aos agentes de viagens estenderem a sua oferta via web, e na verdade, a maioria tem hoje aí uma presença, ainda que também maioritariamente não seja transacionável nem constitua a âncora do seu negócio. Portugal ainda não tem capacidade para ter uma agência on-line pura e dura. Porque os investimentos para se ter notoriedade são tão elevados que não são comportáveis para quem trabalhe apenas no mercado nacional. Pela sua dimensão. Temos de ter em conta que, em Portugal, a maioria das agências de viagens são pequenas e microempresas que, por si só, dificilmente conseguirão afirmar-se no mercado on-line. Não é por isso, no entanto, que deixam de ter um importante papel na distribuição, nem que podem desenvolver o seu negócio em ambiente off-line. Mas, mesmo as maiores, se quiserem evoluir terão forçosamente de se internacionalizar. O desenvolvimento do modelo das agências de viagens on-line não ameaça o papel dos GDSs? Nenhuma tecnologia, pelo menos por enquanto, consegue superar a capacidade de processamento de tarifário de um GDS nem o seu papel fulcral na interligação entre os diferentes players do mercado. A Travelport Portugal também contribui para a inovação dos produtos ou limita-se à sua REVISTA APAVT · FEVEREIRO 2013


Discurso directo

comercialização? A inovação é uma aposta intrínseca ao posicionamento da Travelport Portugal. Temos vindo a desenvolver soluções pioneiras que nos permitem dar resposta às necessidades dos nossos parceiros e trazer valor acrescentado ao seu negócio, o que para nós é essencial. A diferenciação da oferta da Travelport num setor tão competitivo como o de Turismo, e o acompanhamento personalizado que damos a cada um dos nossos clientes, são aspetos muito valorizados e a base da nossa posição dominante no mercado português. Exemplo desta capacidade foi o desenvolvimento do Travelport Mobile Agent (TMA). Made in Portugal? O TMA é cem por cento nacional e um exemplo de sucesso. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida pela Travelport Portugal juntamente com a Travel Technology & Solutions, empresa portuguesa. É uma aplicação desenvolvida para os sistemas operativos iOS e Android que permite que, em qualquer lugar e a qualquer hora, os agentes de viagens possam utilizar o Galileo. Garantimos assim uma resposta rápida e eficaz dos agentes de viagens ao cliente final. Inicialmente, foi só disponibilizada em Portugal, Brasil e Espanha, mas o sucesso da aplicação faz com que esta já seja disponibilizada em mais de 80 países e que conte, desde o lançamento em Outubro de 2011, com mais de 11 mil downloads. Já lançámos, inclusivamente, uma nova versão da aplicação com novas funcionalidades para o sistema iOS. Lançaram também uma aplicação para a hotelaria e restauração… É uma ferramenta que permite, numa única plataforma, o acesso à oferta de milhares de cadeias hoteleiras parceiras da Travelport, garantindo a melhor tarifa disponível. Apenas um ano após o lançamento, o Travelport Rooms and More já tinha triplicado o número de unidades hoteleiras que integram a solução. É mais uma ferramenta facilitadora de negócio que permite aos agentes de viagens escolherem, de forma rápida e eficaz, a melhor proposta para o cliente final. Já as unidades hoteleiras passam a ter os seus conteúdos

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disponibilizados num sistema de distribuição global, o que potencia o seu negócio.

essenciais para a conquista de um lugar no mercado de trabalho.

No domínio da formação, que sei ser uma das vossas apostas, qual o status? Acreditamos que a qualificação dos profissionais de Turismo é essencial para a credibilização do setor. Nos moldes em que desenvolvemos o nosso projeto educacional, pelas suas características e dimensão, podemos dizer que somos os únicos com este tipo de abordagem no que toca à formação de futuros profissionais de turismo. Trabalhamos com mais de uma centena de instituições de ensino, privadas e públicas, e que abrangem o ensino superior, secundário e profissional, dotando os formandos e docentes de conhecimentos essenciais para a utilização do Galileo. Lançámos esta iniciativa em 1998 e até 2012 o projeto contava com mais de dois mil formandos certificados no Curso de Certificação Básica Galileo e cerca de 200 formandos no Curso Docentes Softwares de Ensino Turismo. Estes conhecimentos são

Este ano a Travelport associa-se à presença da APAVT na BTL. O que levou a Travelport a apoiar este projeto e a juntar-se no stand? Pela parceria que nos une à APAVT, e pelo nosso posicionamento enquanto parceiros de diferentes players do setor, faz todo o sentido que as duas entidades estejam representadas num único espaço no maior certame de Turismo em Portugal. A participação é aberta a todos os associados e parceiros de negócio da APAVT, bem como a parceiros da Travelport, aumentando a visibilidade e espaço conquistado pelo próprio stand, o que se pode repercutir em negócio. Como perspetiva a Travelport Portugal daqui a 20 anos? Como até aqui. Uma empresa facilitadora de negócio que ajudará a dinamizar o Turismo nacional, gerando valor acrescentado para e junto dos seus parceiros. 29


Congresso em fotos Quase meio milhar de participantes rumou a Coimbra em Dezembro do ano passado, para participar na 37ª edição do congresso nacional da APAVT. Dentro e fora do auditório, o congresso foi uma vez mais cenário privilegiado para o debate dos mais importantes temas do setor, bem como para o networking e convívio entre os profissionais que nele desenvolvem a sua atividade. Reafirmando-se como o mais importante fórum turístico nacional, a edição 2013 está já agendada para os primeiros dias de Dezembro, na ilha Terceira-Açores.

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Última Página

A formação é um investimento e não uma despesa N

os últimos anos tem-se assistido a uma

Para

(r)evolução da atividade do turismo.

além

das

administrativas

competências (como

por

técnico-

exemplo,

a

A Internet, que influenciou o modo como as

construção de tarifas, o domínio de GDS ou o

pessoas se relacionam, negoceiam e gerem as

atendimento) a função de agente de viagens

suas vidas, contribuiu para uma profunda

requer também um elevado conhecimento de

alteração do modo de realização do negócio

destinos e produtos turísticos, de forma a

turístico.

incrementar a mais-valia que oferece ao

Num âmbito mais genérico, agregando à

potencial cliente (que atualmente dispõe de um

Internet

"info-centro" fantástico na Web).

o

potencial

dos

sistemas

de

informação, pode assumir-se que os recentes

Assumindo esta nova realidade, num passado

desenvolvimentos no campo das TIC vieram

recente,

também revolucionar a atividade do turismo,

proporcionar aos seus associados soluções

gerando

novos

modelos

de

negócio

e

alterando profundamente a estrutura de distribuição do produto turístico.

a

APAVT

tem

apostado

em

formativas capazes de dotarem os respetivos

Pedro Moita Professor na ESHTE

profissionais de know-how e competências adequadas ao desempenho da profissão.

Paralelamente, fatores como a diversificação da

No âmbito dos destinos/produtos turísticos

oferta turística e a alteração da procura (a nível

conhecimento.

destaca-se a enfase dada pela APAVT ao

quantitativo e qualitativo) constituem também

Na formação inicial (formação profissional ao

formato e-learning, num modelo formativo

permanentes desafios à atuação dos diferentes

nível do ensino secundário) há também

assíncrono que proporciona uma elevada

players do turismo.

algumas opções interessantes para os jovens

flexibilidade (tanto no tempo, como no espaço)

Este panorama do mercado global do turismo

que pretendam iniciar uma aposta num futuro

aos formandos, que podem estabelecer o seu

potenciou a importância da formação dos

dedicado ao turismo, destacando-se a rede

próprio ritmo de aprendizagem, aprendendo

respetivos quadros, tornando-a indispensável

escolar do Turismo de Portugal (cuja oferta é

quando e onde quiserem (desde que ligados à

a quem pretenda manter-se ativo no sector,

bastante interessante e diversificada).

Internet).

abraçar o leque de novas oportunidades de

No que se refere à formação de ativos, tem-se

Os projetos "Madeira Specialist" (em parceria

negócio, novos canais de distribuição e/ou

sentido uma saudável evolução da oferta

com a Direção Regional de Turismo da Madeira)

novos nichos de mercado.

formativa. Várias associações empresariais de

e "Universidade do WOW" (em parceria com a

A nível nacional, são já vários os progressos e

diferentes

têm

Melair/Royal Caribbean) obtiveram uma

as apostas no domínio da oferta formativa para

reconhecido e identificado a necessidade de

elevada taxa de adesão por parte dos agentes

o sector turístico, nas diferentes áreas de acção:

formação dos seus recursos humanos. No

de viagens, superando em elevada escala as

ensino superior; formação contínua (activos) e

entanto, nem todas têm passado da teoria à

expectativas iniciais. Provavelmente o mesmo

formação profissional inicial (atual nível 4).

prática.

sucederá ao recente "Açores Specialist" (em

No âmbito do ensino superior, tem-se assistido a

Sendo o turismo uma área do conhecimento

parceria com a Direção Regional do Turismo

um forte desenvolvimento da oferta, em geral,

em rápida expansão mundial, apresenta um

dos Açores).

com resposta positiva por parte da procura. As

elevado

dos

Nos diferentes níveis de ensino supracitados

possibilidades são muitas, vários são os

conhecimentos adquiridos, "obrigando" os

podem verificar-se propostas de qualidade

estabelecimentos de ensino superior que

seus quadros a uma permanente auscultação,

duvidosa e, nalguns casos, desadequada ou

oferecem licenciaturas; pós-graduações (não

atualização e especialização, ou seja, a

incapaz de responder às reais necessidades do

conferentes de grau académico); mestrados e/

aprenderem ao longo da vida.

sector (no que respeita à empregabilidade;

ou doutoramentos, abrangendo diferentes

No âmbito das Agências de Viagens, o novo

inovação e/ou investigação). Contudo, tal

sectores da actividade turística. O crescimento

panorama da atividade turística potenciou a

como sucede noutras áreas, o mercado

da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do

agregação de um elevado valor acrescentado

encarregar-se-á de seriar a qualidade e a

Estoril

de

ao produto turístico comercializado. Cada vez

adequação dessa oferta.

doutoramento (no ramo do turismo) de várias

mais as Agências de Viagens se apresentam

O feedback positivo dos que têm investido na

universidades são, entre outros, bons exemplos

como verdadeiras consultoras e prestadoras de

formação contribuirá de forma decisiva para

que possibilitam um forte crescimento da

serviços turísticos. Tal facto fomenta a

incrementar a ideia de que a formação é um

investigação

importância da formação dos respetivos

investimento e não uma despesa, auxiliando a

recursos humanos.

evolução do turismo nacional.

e

os

recentes

neste

consequentemente 34

programas

domínio do

e

respetivo

subsectores

grau

de

do

turismo

obsolescência

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