Revista APAVT - Nº 35 - Agosto 2013

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TURISMO RUMO AOS AÇORES

preencheu mais uma etapa do programa "Açores: Destino Preferido da APAVT 2013".

Caros colegas,

Ah, desta vez uma etapa de… montanha, uma vez que um grupo de cerca de trinta pessoas,

1. CONGRESSO 2013 Já foram ligados os motores do congresso APAVT deste ano. Foi em 5 de Junho que nos reunimos no hotel Açores, para a apresentação do logo e do tema do nosso congresso: "novos rumos; outra atitude". Novos rumos porque, mais do que uma crise temporal, todos vivemos mais exactamente uma

nova

era,

que

nos

exige

novos

comportamentos e, certamente, uma outra atitude, menos contemplativa e menos dependente das prebendas estatais; um comportamento

mais

proactivo

e

mais

independente, certamente mais focado na necessidade de exercer, e tornar visível, uma identidade própria, que permita concorrer com os restantes players do mercado. Porque a capacidade de ajuda do Estado se está a esgotar; e também porque ninguém vence em concorrência

por

decreto,

apenas

em

concorrência. Evidentemente, este novo futuro exige não apenas cortes nos custos. Pede-nos também inteligência e forte investimento em recursos humanos. As agências de viagens vencerão enquanto

gestoras

de

informação,

simultaneamente específica e complexa, ajudando os clientes a escolher viagens de lazer e a gerir viagens profissionais; mas apenas as que souberem construir estruturas de pessoal competente e conhecedor, pois as restantes ficarão para o esquecimento da História, algumas delas queixando-se, nas redes socias, da internet e dos clientes que gostam de comparar preços… Mas tudo isto, e naturalmente muito mais, teremos oportunidade de debater nos Açores, um destino turístico absolutamente fabuloso, cujas valências fundamentais se encaixam que nem uma luva nas actuais tendências turísticas mundiais. Por agora, ficou a alegria de todos, agentes de viagens e hoteleiros, representantes de rent-acar e de companhias de aviação, políticos e dirigentes associativos, nos termos, uma vez mais, reencontrado num final de tarde, para falarmos de turismo e… do nosso futuro.

entre empresários, jornalistas e governantes, se desafiou a subir ao ponto mais alto de Portugal! Desde logo, para divulgar um dos maiores pilares de atracção turística do arquipélago, a sua inconfundível oferta relacionada com a natureza. Mas também porque foi este o momento escolhido para tornar público o acordo entre o Governo dos Açores e a ECTAA (Confederação Europeia das Associações das Agências de Viagens e Operadores Turísticos), acordo patrocinado

pela

APAV T,

que

fará

do

arquipélago o "ECTAA`s Preferred Destination 2014", um protocolo de comunicação que levará o nome dos Açores a 31 países e a mais de 80.000 agências de viagens e operadores

Pedro Costa Ferreira, Presidente da Direcção da APAVT

turísticos ao longo de todo o ano de 2104. Bem como permitirá que a reunião do 1º semestre da ECTAA, que em maio deste ano se realizou com enorme êxito, no Porto, se realize em 2014 na cidade de Ponta Delgada. E assim, uma região de Portugal ganhou, simultaneamente, o estatuto de "ECTAA`s Preferred Destination" de 2014 e a organização de um dos dois meetings anuais do mesmo ano. A APAV T, no board da ECTAA, liderou o processo que conduziu a este desfecho, devendo ser referido, além de tudo o mais, que pela primeira vez (para além da cidade-sede, Bruxelas), um País ganhou a realização de dois meetings, em anos consecutivos - Porto 2013 e Ponta Delgada 2014. Demonstração da capacidade de realização de Portugal, este desfecho apenas foi possível porque uma grande diversidade de vontades se reuniu para construir uma oferta integrada, estruturada e vencedora. Que contraste com o exemplo que, recentemente, nos tem sido

As agências de viagens vencerão enquanto gestoras de informação, simultaneamente específica e complexa, ajudando os clientes a escolher viagens de lazer e a gerir viagens profissionais; mas apenas as que souberem construir estruturas de pessoal competente e conhecedor, pois as restantes ficarão para o esquecimento da História.

oferecido pela classe política do País!... Da subida ao Pico, uma lembrança de ar puro, do mais bonito céu do Mundo, de uma luz imensa, certamente. Mas também da alegria que só uma tarefa de grupo nos permite viver, da solidariedade amiga entre todos, do espírito de superação, das derrotas pessoais de uns e das vitórias de outros, todas integrando a vitória final da expedição, tão bem expressa na foto final, os "Açores: Destino Preferido da APAVT 2013" no topo da montanha mais alta

2. PICO, UMA EXPERIÊNCIA

de Portugal!

INESQUECÍVEL

Um enorme caleidoscópio de emoções fortes e

Foi exactamente nos Açores que a APAVT

bonitas… como só nos Açores!!!

REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

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Nº 35 - 2013 - WWW.APAVTNET.PT

CAPA

Maria Helena de Senna Fernandes (DSTM):

Macau, porta de entrada na China Presidente da Direcção: Pedro Costa Ferreira Conselho Editorial: Pedro Costa Ferreira, João Welsh, Filipe Machado Santos, Rui Colmonero, Paulo Brehm

Macau tanto é uma excelente porta de entrada para a China enquanto destino turístico, como também o é para explorar o potencial do mercado chinês para Portugal. Quem o afirma é Maria Helena de Senna Fernandes, a nova diretora dos Serviços de Turismo de Macau, em entrevista à revista APAVT, realizada por ocasião da sua primeira visita ao nosso País nas novas funções. ○

Colaborações: Sebastião Boavida, Silvério do Canto (Agência PressTur), Frédéric Frère Fotografia: Rafael G. Antunes, Arquivos APAVT, Turismo dos Açores e arquivo Travelport

Propriedade: APAVT-Associação Por tuguesa das Agências de Viagens e Turismo Rua Duque de Palmela, 2-1º Dtº 1250-098 Lisboa Tel. 21 3553010 / Fax. 21 3145080 apavt@apavtnet.pt www.apavtnet.pt Reg. no ICS como nº 122699

Nota do Editor: Os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.

Pág. 16

Quais as vantagens do GDS nas reservas hoteleiras? Niklas Andreen, vice-presidente da Travelport para o segmento da hotelaria, explica os novos desafios dos sistemas de distribuição global, nomeadamente as transformações profundas com a utilização da Internet e das novas plataformas digitais, bem como alguns dos mitos associados às reservas nas cadeias hoteleiras. Pág. 30 ○

Comissão Europeia propõe nova diretiva das viagens organizadas A Comissão Europeia apresentou este mês uma proposta de alterações cujo conteúdo está a ser objeto de aprofundada análise pelos diferentes interessados, designadamente pela ECTAA e suas associadas. Leia aqui o que propõe a CE. ○

Pág. 34

Frédéric Frère (Travelstore): O fim do crédito aos clientes empresariais "Chegou portanto a altura para, de uma forma clara e inequívoca, as agências adotarem uma nova abordagem no relacionamento com os seus clientes empresariais, transferindo sistematicamente a concessão de crédito a especialistas", defende Frédéric Frère, na "Última Página" Pág. 38 ○

Check-Out Vila Galé Collection Palácio dos Arcos: o o primeiro cinco estrelas do grupo, em Portugal. Pág. 37 ○

MENSAGEM DO PRESIDENTE ○

EDITORIAL ○

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Publicidade: Helena Dias revista.apavt@net.novis.pt 21 3142256

Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: APAVT

No âmbito do protocolo "Açores: Destino Preferido da APAVT 2013", a associação levou nos passados dias 13 e 14 de Julho um grupo de personalidades a visitar as ilhas Terceira e do Pico, em mais uma ação destinada a contribuir para a promoção turística deste destino no mercado Pág. 22 nacional.

Edição Gráfica e Layout: Pedro António e Maria Duarte

Impressão e Acabamento: MX3-Artes Gráficas, Lda. Rua Alto do Sintra - Sintra Comercial Park Armazem 16 Fracção Q 2635-446 Rio de Mouro

APAVT promove Açores com subida ao ponto mais alto de Portugal

REVISTA APAVT Director Editorial: Paulo Brehm brehm@net.novis.pt Redacção: Guilherme Pereira da Silva Tel. 21 3142256 / Fax. 21 3525157 revista.apavt@net.novis.pt

Pág.3 Pág.5

ESTATÍSTICA ○

NOTÍCIAS ○

Pág.6 Pág.12

REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


editorial

“A

Paulo Brehm

REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

história da APAVT é, em boa medida, a história do Turismo português enquanto atividade económica". Esta é uma afirmação de Belmiro Santos, que já foi descrito como "o maior jornalista de turismo de todos os tempos (em Portugal)", durante quase três décadas a "face" do Publituris. Uma frase genial que, com inteligente simplicidade, diz tudo. Vem isto a propósito do trabalho associativo mais recente, parte do qual plasmado nesta edição, e que julgo será motivo de orgulho para toda a classe de agentes de viagens, fazendo jus à descrição do citado jornalista. Refiro-me ao contributo que a associação tem vindo a fazer para a promoção dos Açores, dentro e fora de portas, de que a recente subida ao Pico que descrevemos nestas páginas, ou o protocolo, apadrinhado pela APAVT, entre a ECTAA e as autoridades turísticas daquele destino, que também noticiamos, são apenas alguns exemplos. Há pouco mais de dois meses, recordo, noticiávamos também a realização de uma reunião da ECTAA na cidade do Porto, que foi outra oportunidade de promoção, de iniciativa da associação, junto dos líderes da distribuição turística europeia. Como várias vezes refiro, tratase apenas da ponta visível do icebergue de trabalho que a APAVT desenvolve em prol dos seus associados e do turismo nacional, que dentro da medida das nossas possibilidades e espaço, vamos dando conta na revista. A nova diretora dos serviços de turismo de Macau é a capa desta edição, na qual publicamos uma entrevista onde nos oferece uma panorâmica de um destino que nos últimos seis meses do ano passado foi o "preferido da APAVT" e onde, vale a pena sublinhar, Portugal ocupa a terceira posição dos mercados emissores europeus em termos de dormidas. Mas Macau é também uma boa plataforma para a captação de turistas chineses, e essa é uma

vertente que a associação tem também vindo a explorar. A proposta da Comissão Europeia para alteração da diretiva das viagens organizadas é outro dos temas aqui tratados. Sendo ainda uma mera proposta, pelo que decorrerá certamente muito tempo ainda até que venha a ser transposta para a nossa legislação, além de que é ainda passível de sofrer modificações, entendemos seria pertinente levar ao conhecimento de todos o que pensa Bruxelas desta atividade, sendo que a proteção ao consumidor ganha cada vez mais peso legislativo. Chamo também especial atenção para o artigo da "última página", da autoria de Frédéric Frère, sobre um tema de especial relevância para todos os agentes, em particular para os IATA e sobretudo para os que desenvolvem o seu negócio na área do chamado "corporate". O "patrão" da Travelstore American Express e ex-vice-presidente da APAVT fala da necessidade de uma nova atitude no relacionamento com os clientes em matéria de concessão de crédito, que se era já desejável por simples racional de gestão, é hoje imperiosa em face da redução dos prazos de pagamento que as companhias aéreas ditaram em Portugal, à imagem do que já acontece nos mercados europeus de referência. Finalmente, mais um "checkout", desta vez dedicado ao Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, inaugurado em Abril deste ano e que constitui a primeira unidade de 5-estrelas do grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida. Além destes conteúdos, e como é habitual, mantemos em colaboração com o PressTur o espaço dedicado à análise estatística, informação preciosa para qualquer gestor deste sector. Até Setembro, mês em que voltaremos a dar à estampa nova edição, ficam os votos de Boas leituras e melhores negócios

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Análise Estatística

Vendas BSP Portugal sobem 4,1% no 1º Semestre com +6,2% nas vendas de voos internacionais As agências de viagens IATA portuguesas realizaram 425,83 milhões de euros de vendas de voos nos primeiros seis meses deste ano, no que é o 4º maior montante de sempre para este período e representa um aumento de 4,1% ou quase 17 milhões relativamente aos primeiros seis meses de 2012, de acordo com os dados a que o PressTUR teve acesso. Como tem acontecido desde que Portugal entrou em recessão, o aumento no primeiro semestre deste ano assenta exclusivamente nas vendas de voos internacionais, que ficaram acima de 2012 em 6,2% ou 22,95 milhões de euros, anulando a quebra em 14,8% ou quase seis milhões nos voos domésticos. Os dados a que o PressTUR teve acesso mostram que, assim, as vendas de voos internacionais, representaram 92% das vendas totais BSP das agências de viagens portuguesas (do inglês para Billing and Settlement Plan, sistema gerido pela IATA, através do qual as agências de viagens

pagam às companhias aéreas os bilhetes de voos regulares reservados em GDS), com o montante de 392,5 milhões de euros, quando no primeiro semestre de 2012 representavam 90,2% e em 2011, 86,8%. A 'fatia' das vendas de voos domésticos, no montante de 34,2 milhões de euros, desceu nessa proporção, ou seja, 1,8 pontos em relação ao primeiro semestre 2012 e 5,2 pontos em relação a 2011. Neste primeiro semestre, as vendas de voos internacionais só não tiveram crescimento homólogo no mês de Março (-1,5%), porque o comportamento das vendas não coincide com o das viagens, e como Março foi este ano o mês da Páscoa isso traduziu-se num decréscimo de compras por parte do segmento corporate, que é considerado o principal suporte do mercado, embora em viagens tenha registado um acréscimo, pelo aumento do segmento de lazer. As vendas de voos domésticos tiveram quedas homólogas a dois dígitos de Janeiro a Abril, começando então a ter decréscimos

mais brandos, de 8,5% em Maio e de 7,8% em Junho. Este abrandamento da queda da queda das vendas de voos domésticos foi, aliás, importante para não penalizar o total de vendas BSP no mês de Junho, porque neste mês o aumento das vendas de voos internacionais também abrandou, designadamente face a Abril e a Maio, em que os crescimentos foram a dois dígitos. As vendas BSP totais de Junho ascenderam a 73,4 milhões de euros, 2,2% ou 1,6 milhões acima no mês homólogo de 2012, mas 0,4% ou 321,3 mil euros abaixo de Junho de 2011. Em voos internacionais, as vendas cifraramse em 67,3 milhões de euros, acima de Junho de 2012 em 3,3% ou 2,1 milhões e acima de Junho de 2011 em 5,4% ou 3,4 milhões. Em voos domésticos, as vendas em Junho ficaram em 6,1 milhões de euros, 5,8% ou 514,4 mil euros abaixo do mês homólogo de 2012 e 38,1% ou 3,76 milhões abaixo de 2011. O seu 'peso' no BSP baixou assim de 13,4% em Junho de 2011 para 9,2% em 2012 e 8,3% este ano.

TAP tem mais 205,7 mil passageiros em Lisboa Quatro maiores low cost têm mais 126,5 mil A TAP voltou a reforçar a liderança no Aeroporto de Lisboa no primeiro semestre deste ano, com um aumento de 205,7 mil passageiros, que é 62,6% maior que o aumento conjunto das quatro maiores low cost que operam de e para a capital portuguesa, a easyJet, a Vueling, a Transavia e a Germanwings, que somaram mais 126,5 mil passageiros, de acordo com os dados a que o PressTUR teve acesso. A TAP, com 4,36 milhões, foi, assim, a transportadora de 59,6% de todos os passageiros embarcados e desembarcados em Lisboa nos primeiros seis meses deste ano, 0,3 pontos acima da quota que tinha no período homólogo de 2012, ainda que a sua frota tenha mantido o mesmo número de aviões. Mas há quem prefira sublinhar que enquanto a TAP cresce 5% e o crescimento do conjunto das companhias 'tradicionais' de que faz parte é de apenas 3,4%, as low c o s t ( e a s y J e t , Vu e l i n g , Tra n s av i a e Germanwings) crescem 12%. Porém, os dados a que o PressTUR teve acesso mostram que não só em valor absoluto o crescimento da TAP é 1,6 vezes maior que o do conjunto das low cost, e isto apesar de ser a companhia mais penalizada pela queda do tráfego doméstico (-1,2%, para 880 mil passageiros) e de também registar uma queda nas rotas do Brasil (6

1,3%, para 694,5 mil), o que significa, portanto, que o seu crescimento em 5% no semestre teve que ser com aumentos maiores nos voos internacionais na Europa e nas ligações com África. Por outro lado, o crescimento em 12% das low cost 'mascara' situações bem diferentes. A maior low cost em Lisboa é a easyJet, que, aliás, é a única companhia a ter um terminal de passageiros só para si, mas cujo crescimento no primeiro semestre foi em tudo inferior ao da TAP, tendo ficado em 3,2% ou 26,3 mil passageiros, para 860,3 mil, o que, aliás, a levou a baixar ligeiramente a quota de mercado (-0,14 pontos, para 11,76%). Seguem-se a Vueling, com 140,26 mil passageiros, a Transavia, com 121,35 mil, e a Germanwings, com 49,45 mil, as duas primeiras com crescimentos 'explosivos', respectivamente em 40,3% e em 81,2%, e a terceira em 7,5%. Porém, enquanto os 5% de aumento em voos da TAP deram ao Aeroporto de Lisboa mais 205,7 mil passageiros, os +40,3% da Vueling traduziram-se em mais 40,26 mil (5,1 vez menos que o aumento da companhia portuguesa), os 81,2% da Transavia em mais 54,3 mil (3,78 vezes menos) e os 7,5% da Germanwings em mais 3,46 mil (59,4 vezes menos). Mas há outra dimensão que algumas fontes

têm destacado e que tem que ver com as reestruturações dos grandes grupos aéreos europeus e de que uma das dimensões é a 'transferência' de voos intra-europeus para as suas low cost, numa lógica de assim terem bases de custos mais competitivas com as 'gigantes' deste segmento, designadamente a Ryanair e a easyJet. O grupo Lufthansa, maior da Europa, já anunciou que vai transferir para a Germanwings os seus voos intra-europeus, à excepção dos que são para abastecer os seus hubs de voos intercontinentais, como Frankfurt, e há muito que a Iberia, do grupo IAG, transferiu operações de médio curso para a Vueling, designadamente em Barcelona, e está actualmente a fazê-lo para a Iberia Express, com incidência em MadridBarajas. O grupo Air France - KLM, por sua vez, além de estar apostar na nova Hop!, tem impulsionado a expansão das subsidiárias Transavia França e Holanda. Neste quadro, o que os dados a que o PressTUR teve acesso mostram é que o crescimento das low cost desses três maiores grupos de aviação europeus têm como reverso quedas das suas companhias líderes (à excepção da British Airways), pelo que segundo algumas análises, o crescimento das low cost o que reflecte é a transferência de operações das 'tradicionais'. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


Análise Estatística

Forte aumento de dormidas em Maio "mitigado" por redução de receitas não-quartos O aumento das dormidas na hotelaria portuguesa em 11,8% no mês de Maio, quando 'traduzido' para euros ficou em 7,3%, mas não por queda dos preços de quartos, mas pelas outras áreas de proveitos do sector, de que a mais importante é normalmente a Alimentação e Bebidas, cujo IVA a 23% tem sido uma das 'queixas' mais fortes do turismo. Segundo os dados do INE divulgados hoje, a hotelaria portuguesa até teve em Maio um aumento dos proveitos de aposento ligeiramente acima do aumento do número de dormidas, em 12,2% face a +11,8% em dormidas, o que significa que o valor médio de receitas de aposento por dormida aumentou 0,3% para praticamente 32 euros. A questão é que quando se olha aos proveitos totais, incluindo proveitos de aposento, que representa 69% do total, e outros proveitos, desde Alimentação e Bebidas, comunicações, lavandaria, etc., o aumento em Maio ficou em 7,3%, significando uma descida do proveitos totais por dormida em 4%, para 46,35 euros. A descida dos proveitos totais por dormidas até poderia ser reflexo do aumento da estada média, que foi de 4,5%, mas isso é contraditório com a quebra dos outros proveitos, pois tendem a aumentar tanto mais em valor absoluto quanto os hóspedes permanecem mais tempo, o que não foi o caso em Maio, em que houve uma quebra de 2,2%, para 56,8 milhões. Porém, o que os dados do INE também mostram é que essa quebra foi limitada às regiões Centro (27,4%, para 4,9 milhões de euros), Norte (-9,2%, para 6,3 milhões) e Açores (-3,7%, para 1,15 milhões), embora também se verifique que não houve nenhuma região em que aumentassem em linha com o aumento das dormidas, mesmo na Madeira, que foi a região que teve o maior aumento em valor absoluto (+8,1%, para 37,1 milhões de euros). Estes dados mostram, assim, que todas as regiões tiveram em Maio menos outros proveitos por dormida que há um ano, com quebras a dois dígitos no Centro (-30,4%, para 14,2 euros), Norte (-18,7%, para 13,7 euros), Açores (-13,7%, para 11,4 euros) e Algarve (12,8%, para 12 euros), seguindo-se os decréscimos

em 8,1% em Lisboa, para 16,1 euros, na Madeira, em 1,7%, para 18 euros, e no Alentejo, em 0,9%, para 16,2 euros. Mas como os outros proveitos representam apenas entre 26,5% e 37,4% dos proveitos totais, respetivamente em Lisboa e na Madeira, e como os estabelecimentos hoteleiros tiveram aumentos dos proveitos de aposento no mês de Maio, a evolução das receitas totais acabou por ser positiva em todas as regiões à exceção do Centro, onde tiveram uma queda de 10%, para 14,5 milhões de euros, apesar de a hotelaria ter tido aumentos de hóspedes (+5,3%, para 203 mil) e dormidas (+4,4%, para 349 mil). A região onde a hotelaria teve o aumento mais forte dos proveitos totais em Maio foi a Madeira, com +15,9%, para 27,6 milhões de euros, seguindo-se Lisboa, com +9,2%, para 60,6 milhões, Algarve, com +9%, para 49,5 milhões, Porto e Norte, com +4,4%, para 22,1 milhões, Açores, com +1,7%, para 4,08 milhões, e Alentejo, com +1,5%, para 4,7 milhões. Quando se compara com a evolução do número de clientes (+7%, para 1,4 milhões, com +10,5% no Algarve, para 312 mil, +9,8% no Porto e Norte, para 268 mil, +6,9% na Madeira, para 108 mil, +5,3% no Centro, para 203 mil, +4,9% em Lisboa, para 421 mil, +2,3% no Alentejo, para 60 mil, e -0,1% nos Açores, para 31 mil), o que ressalta é um aumento muito ligeiro (0,3%, para 130,6 euros) da receita média por hóspede, com aumentos na Madeira (+8,4%, para 256,7 euros), Lisboa (+4,1%, para 143,9 euros) e Açores (+1,8%, para 130,4 euros) e quedas no Centro (-14,6%, para 71,5 euros), Porto e Norte (-4,9%, para 82,6 euros), Algarve (-1,4%, para 158,9 euros) e Alentejo (-0,7%, para 78,6 euros). Já em proveitos de aposento, que refletem melhor os preços de quartos, a tendência dominante foi de aumento dos valores médios tanto por hóspede como por dormida, mas neste caso muito mais moderadamente. Em proveitos de aposento por hóspede o aumento foi de +4,8%, para 90,1 euros, com +13,3% na Madeira, para 160,8 euros, +7% em Lisboa, para 105,8 euros, +4,1% nos Açores, para 93,7 euros, +2,4% no

Algarve, para 106,2 euros, e +1,2% no Porto e Norte, para 59,1 euros, e descidas de 2,4% no Centro, para 47 euros, e de 1,2% no Alentejo, para 51,7 euros. Em proveitos de aposento por dormida, o aumento foi 0,3%, para 32 euros, mas apenas pelos aumentos de 10,1% na Madeira, para 30,1 euros, e de 1,4% em Lisboa, para 44,8, porque as restantes regiões tiveram quedas, de 6,8% nos Açores, para 29 euros, de 2,6% no Algarve, para 24,1 euros, de 2,3% no Alentejo, para 31,2 euros, de 1,5% no Centro, para 27,3 euros, e de 0,5% no Porto e Norte, para 34,4 euros. Ainda assim, em RevPAR, que pondera o preço médio das diárias de quartos pela taxa de ocupação, o INE indica que Maio foi um mês de subida a dois dígitos (+11%, para 31,4 euros) com aumentos generalizados a todas as regiões e a todas as categorias de estabelecimentos. Por regiões, a líder foi a Madeira, com +20,4%, para 40,1 euros, mas também o Algarve e Lisboa tiveram subidas a dois dígitos, respetivamente em 11,2%, para 26,8 euros, e em 10,5%, para 53,6 euros. Seguiu-se a hotelaria do Porto e Norte, com +8,9%, para 25,7 euros, e, depois, o Alentejo, com +7,6%, para 18,5 euros, Açores, com +2,7%, para 23,1 euros, e Centro, com +1,3%, para 15,4 euros. Por tipos e categorias dos estabelecimentos, predominaram os aumentos a dois dígitos fora dos hotéis, ou seja, nos hotéis-apartamentos, com +17,6%, para 30,1 euros, por aumentos de 10,7% nos 5-estrelas, para 33,1 euros, de 19,5% nos 4-estrelas, para 32,5 euros, e de 12,9% nos 3 e 2-estrelas, para 22,8 euros, nas Pousadas, com +23,3%, para 49,2 euros, nos apartamentos turísticos, com +22,5%, para 14,7 euros, nos aldeamentos turísticos, com +22,9%, para 21,5 euros, e nos "outros alojamentos turísticos", com +10,4%, para 18,1 euros. Nos hotéis, que são a maior 'fatia' da oferta de alojamento em Portugal, o aumento médio da RevPAR em Maio foi de 7,3%, para 36,7 euros, mas apenas os 5-estrelas tiveram um aumento a dois dígitos, em 11,2%, para 71,7 euros. Nos 4-estrelas, o aumento foi de 3,2%, para 35,6 euros, nos 3-estrelas foi de 3%, para 24,1 euros, e nos 2 e 1-estrela foi de 7,6%, para 19,9 euros.

BdP confirma Maio excepcional para o turismo Receitas internacionais crescem 15,8% O Banco de Portugal confirmou que os indicadores da hotelaria e da aviação já perspetivavam, que Maio foi um mês de crescimento excecional do turismo internacional em Portugal, ao indicar que o aumento dos gastos no País de turistas estrangeiros (exportações de turismo) aumentaram 15,8% ou 110,7 milhões de euros. O banco central indicou que o País teve um total de 811,02 milhões de euros de receitas turísticas, que é um recorde para o mês de Maio, mas, mais do que isso, teve o maior aumento homólogo mensal em percentagem desde Janeiro de 2007 (+16,8%), ainda considerado o "ano de ouro" do turismo português, e o maior aumento homólogo REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

mensal em valor desde Julho de 2007 (+112,8 milhões de euros, descontando o aumento em 137,1 milhões em Agosto de 2010, por ter ocorrido no âmbito da recuperação das quedas acentuadas de 2009). A informação do INE sobre a hotelaria já tinha indicado um forte crescimento da procura internacional, com aumentos de 11,3% em número de hóspedes e de 15,5% em número de dormidas, designadamente pelos aumentos acima de 20% dos dois maiores mercados emissores, o Reino Unido e a Alemanha. Igualmente os indicadores de atividade dos aeroportos portugueses mostraram um crescimento acentuado, em 9,9%, que significou um aumento 3,5 vezes mais forte do que a média nos aeroportos da União

Europeias, além de Lisboa e Faro terem atingido os Top5 do crescimento dos aeroportos europeus elaborados pelo ACI. Os dados publicados pelo Banco de Portugal indicam que com a evolução em Maio, o crescimento este ano das exportações portuguesas de turismo subiu para 7,9% ou 216,7 milhões de euros, para 2.950,4 milhões, que é também recorde para os primeiros cinco meses do ano, superando em 365,6 milhões (+14,1%) o período homólogo de 2011 e ficando acima de 2010 em 566,1 milhões (+23,7%), 708,77 milhões acima de 2009, ano da crise económico-financeira mundial (+31,6%), 401,5 milhões (+15,8%) acima de 2008 e 524,3 milhões (+21,6%) acima de 2007.

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Análise Estatística

EUA e Irlanda são os emissores para Portugal que mais crescem este ano em receitas turísticas França consolidou até Maio a liderança dos emissores para Portugal em valor das receitas turísticas, mas são os Estados Unidos e a Irlanda que estão com as maiores taxas de crescimento, respetivamente em 16,4% e em 16,9%, a que se seguem Angola, com +14,1%, e o Canadá, com +13,6%, de acordo com dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR. Essa informação mostra que com crescimentos a dois dígitos contam-se ainda pelo menos mais quatro mercados, a Alemanha, com +10,9%, a Suíça, com +12,3%, a Suécia, com +11,2%, e a Noruega, com +10,8%. Em valor absoluto, porém, o maior aumento é dos gastos turísticos dos franceses, em 39,8 milhões de euros, seguindo-se os aumentos dos gastos dos alemães, em 31,59 milhões, e dos britânicos, em 30,3 milhões. Depois, com aumentos acima dos 20 milhões vêm os angolanos, com mais 26,36 milhões, e os norte-americanos, com mais 23,59 milhões. Desta forma, os britânicos, que nos primeiros cinco meses de 2012 eram os turistas com maior valor de despesa turística em Portugal foram ultrapassados este ano pelo franceses, tal como os brasileiros foram ultrapassados pelos norte-americanos, tanto mais quanto no Top10 dos emissores para Portugal são os únicos a reduzir os gastos turísticos em Portugal neste período, em 2,1% ou 3,15 milhões de euros. Os dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR indicam que a despesa turística em Portugal dos franceses ascendeu a 471,2 milhões de euros, os britânicos despenderam 466,76 milhões, os espanhóis, 351,07 milhões, os alemães, 321 milhões, e os angolanos, 213,7 milhões. Em conjunto estes cinco maiores emissores, com um aumento médio em linha com o crescimento das receitas turísticas totais (+7,9%), com aumentos de 9,2% dos franceses, 6,9% dos britânicos, 1,4% dos espanhóis, 10,9% dos alemães e 14,1% dos

angolanos e foram a origem de 61,8% dos gastos de turistas estrangeiros no País. A segunda metade do Top10 dos emissores é liderada por dois emissores do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos, com 167,07 milhões de euros (+16,4%), e Brasil, com 144,77 milhões (-2,1%), seguindo-se, então, a Holanda, com 118,57 milhões (+7,5%), a Suíça, com 207,9 milhões (+12,3%), e a Bélgica, com 69,6 milhões (+8%). O Top10 foi a origem de 81,3% das receitas turísticas nestes primeiros cinco meses de 2013, muito ligeiramente abaixo do nível do período homólogo de 2012 (-0,05 pontos), com um aumento médio em 7,9%. A particularidade é que os emissores que mais reforçam a contribuição são os Estados Unidos, com +0,41 pontos, para 5,7% do total de receitas turísticas portuguesas, e Angola, com +0,39 pontos, para 7,2%, à frente da Alemanha, com +0,29 pontos, para 10,9%, e de França, com +0,19 pontos, para 16%, enquanto Espanha, Brasil e Reino Unido baixam, respetivamente 0,77 pontos, para 11,9%, 0,5 pontos, para 4,9%, e 0,15 pontos, para 15,8%. Fora do Top10, o mercado que mais cresce é a Irlanda, 11º maior emissor em valor das receitas turísticas para Portugal, com +16,9% ou mais 8,5 milhões de euros, para 59,2 milhões, o que levou a que ultrapassasse a Itália (11º emissor de Janeiro a Maio de 2012), cujo aumento foi de 1,6% ou 0,8 milhões, para 53,7 milhões. Seguem-se, entre os emissores com dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR, o Canadá, com 52,4 milhões de euros (+13,6% ou mais 6,28 milhões), e os países nórdicos, a começar pela Suécia, com 38,55 milhões (+11,2% ou mais 3,88 milhões), seguindo-se a Noruega, com 33,55 milhões (+10,8% ou mais 3,25 milhões), a Dinamarca, com 30,5 milhões (+8,9% ou mais 2,49 milhões), e a Finlândia, com 25,1 milhões (1,9% ou menos 0,49 milhões).

Apesar do decréscimo dos gastos dos finlandeses, o conjunto dos países nórdicos apresenta um crescimento médio quase em linha com o aumento das receitas totais, em 7,7% ou 9,1 milhões de euros, para 127,7 milhões, o que significa que foram a origem de 4,3% do montante global deste período. O PressTUR recolheu ainda os dados dos gastos de turistas procedentes da Venezuela, que despenderam 21,95 milhões de euros, Federação Russa, com 17,2 milhões (+2,5% ou mais 0,4 milhões que no período homólogo de 2012), Polónia, com 17 milhões, Japão, com cinco milhões, China, com 4,2 milhões, e República da Coreia, com 2,7 milhões. Os dados recolhidos pelo PressTUR mostram ainda que 76,3% das receitas turísticas portuguesas nos primeiros cinco meses deste ano foram geradas por europeus, com o montante de 2.252,4 milhões, 93,9% dos quais (2.114,7 milhões de euros) de residentes em países da União Europeia, com 72,8% (1.540,2 milhões) realizados por residentes em países da Zona Euro. A seguir à Europa, a maior origem de receitas turísticas portuguesas é o continente americano, que tem uma participação de 13,6%, com o montante de 400,7 milhões de euros, 54,8% dos quais (219,5 milhões) realizados por residentes na América do Norte, de que o maior emissor são os Estados Unidos, 43,1% (172,8 milhões) de residentes na América do Sul, de que o maior emissor é o Brasil, e 2,1% (8,4 milhões) de residentes na América Central. África, com 543,1 milhões, representou 8% das receitas turísticas, pelo impacto dos gastos dos angolanos, que, com 213,7 milhões de euros, representam 90,4% dos gastos de turistas africanos em Portugal. Os países da Ásia são a origem até Maio 1,6% das receitas turísticas portuguesas, com o montante de 47,7 milhões de euros, e os países do Próximo e Médio Oriente representam 0,7%, com 20,09 milhões.

Movimento de passageiros de cruzeiros no Funchal cai 20% no primeiro semestre Os meses de Maio e Junho foram de crescimento no Porto do Funchal, tanto em escalas como em passageiros, mas ainda assim no conjunto do primeiro semestre o balanço é negativo, com decréscimo do número de escalas em 10,4% e uma queda do número de passageiros em 20%, de acordo com os dados da APRAM - Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira. O Porto do Funchal, que é o maior porto português de cruzeiros, com 336 escalas e 592,9 mil passageiros no ano de 2012, teve, no primeiro semestre deste ano, 147 escalas, menos 17 que no período homólogo de 2012, e 242,9 mil passageiros, em baixa de 60,6 mil. A quebra maior foi nos passageiros em trânsito, que é o segmento com mais peso, com menos 54,4 mil que há um ano (-18,5%, para 240,1 mil), mas a quebra mais forte foi nos passageiros que iniciaram e/ou terminaram cruzeiros na Madeira (em turnaround), que tiveram uma quebra em 69% (menos 6,2 mil), com -

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69,5% embarques (menos três mil, para 1,3 mil) e 68,5% desembarques (menos 3,1 mil, para 1,4 mil). Os dados da APRAM mostram que a quebra no semestre foi determinada pela evolução no primeiro quadrimestre, que é um dos períodos de mais intensa atividade dos cruzeiros no Funchal, e que este ano se saldou por decréscimos de 16% em número de escalas (menos 24, para 126) e de 27,6% em número de passageiros (menos 77,4 mil, para 203,29 mil). Já os últimos dois meses do semestre, Maio e Junho, foram de crescimento, mas tratando-se de meses em que a atividade é menor apenas permitiram compensar muito parcialmente a queda verificada de Janeiro a Abril. Em Maio, o Porto do Funchal teve 17 escalas, mais cinco que no mês homólogo de 2012, e mais 28,6 mil passageiros, em alta de 43,4% ou 8,6 mil. No mês de Junho, com quatro escalas e 11 mil passageiros, os crescimentos foram de 100% em

escalas (mais duas) e 269,7% (mais oito mil) em passageiros. Ainda assim, o Porto do Funchal teve uma ligeira queda do número de passageiros no segundo trimestre, em 0,9%, para 97,3 mil, mas neste caso apenas pelo decréscimo dos passageiros em turnaround (-71,4%, para 604), porque em trânsitos apresentou um crescimento ligeiro, em 0,7% ou cerca de 670, para 96,7 mil. Em escalas no trimestre, o Funchal teve uma evolução em alta de 13,6% (mais oito, para 67), com mais uma em Abril, para 46, mais cinco em Maio, para 17, e mais duas em Abril, para quatro. A queda ligeira do total de passageiros no segundo trimestre deveu-se à quebra em 23,3% no mês de Abril, que representou um decréscimo de 17,55 mil, para 57,66 mil, com menos 1,65 mil turnarounds (82,5%, para 351) e menos 15,9 mil trânsitos (-21,7%, para 57,3 mil).

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Análise Estatística

Franceses, americanos, alemães e britânicos lideraram aumento gastos turísticos em Portugal O aumento das receitas turísticas portuguesas em 110,7 milhões de euros no mês de Maio deve-se a crescimentos de quase todos os principais mercados emissores, com a única exceção do Brasil, mas, principalmente, ao 'quarteto' França, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, que em conjunto garantiram mais 67,68 milhões, de acordo com dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR. Os turistas residentes no Reino Unido foram os que mais despenderam em Maio em Portugal, com o montante de 140,57 milhões de euros, que equivale a 17,3% do total de gastos no País de turistas estrangeiros, mas foram os franceses que mais aumentaram em valor, com um incremento de 19,4 milhões de euros, para 127,6 milhões. Em variação percentual, porém, os líderes foram os turistas procedentes dos EUA, com um aumento de 41,4%, para 57,08 milhões de euros, seguidos dos alemães, com +22,2%, para 88,2 milhões. O aumento dos gastos de britânicos foram o quarto maior em valor, com mais 15,5 milhões de euros, mas em variação percentual, com +12,4%, integraram um grupo que teve aumentos na ordem dos 12%, de que o caso mais saliente é a vizinha Espanha, que apesar da crise que está a atravessar propiciou a Portugal um aumento das

receitas turísticas em 12,7% ou 9,5 milhões de euros, para 84,25 milhões. Os dados recolhidos pelo PressTUR mostram que 76,8% dos 811 milhões de euros de gastos em Portugal de turistas estrangeiros foram realizados por turistas europeus, com 72,3% ou 622,49 milhões de turistas de países da União Europeia e 51,6% ou 418,67 milhões dos países que também fazem parte da Zona Euro. Por mercados, o primeiro emissor foi o Reino Unido, com 17,3% do total ou 140,57 milhões, suplantando neste mês França, cujos residentes que visitaram Portugal em Maio despenderam 127,6 milhões de euros, o que equivale a 15,7% do total de receitas turísticas portuguesas. Seguiu-se a Alemanha, com 88,2 milhões de euros (10,9% do total de receitas turísticas portuguesas), e, depois, Espanha, com 84,25 milhões (10,4% do total), e Estados Unidos, com 57,08 milhões (7% do total). Estes cinco maiores emissores em Maio totalizaram 497,8 milhões de euros, o que equivale a 61,4% do total de gastos de turistas estrangeiros em Portugal neste mês, com um crescimento médio em 18,4%, que representou um aumento de 77,18 milhões de euros. Depois deste Top5 vêm, então, o Brasil, com 37,1

Lisboa vai atingir este ano novo recorde de passageiros de cruzeiros - APL A Administração do Porto de Lisboa (APL) anunciou que tendo em conta a atividade prevista no segundo semestre, com mais de 200 escalas e mais de 340 mil passageiros, anulando a queda verificada na primeira metade do ano, perspetiva que 2013 será um novo recorde para a capital portuguesa, com mais 41 escalas e mais cerca de 37 mil passageiros que em 2012. "Assim, e caso as previsões de confirmem, a atividade dos cruzeiros no Porto de Lisboa registará, em 2013, um crescimento de 13% ao nível das escalas e de 7% ao nível dos passageiros, prevendo-se, assim, um total de 355 escalas e de 560 mil passageiros, o que ao verificar-se significará novos recordes para o Porto de Lisboa, ao nível das escalas e dos passageiros", diz um comunicado da gestora do Porto da capital. Esta perspetiva é afirmada tendo em conta o crescimento que estima terá no segundo semestre, que, sublinha, é "aquele que regista a maior concentração da atividade, justificada pela sua sazonalidade, cuja época se tem prolongado pelo último trimestre do ano". Para a segunda metade de 2013, diz a APL, a previsão é receber 200 escalas e mais de 340 mil passageiros. Em 2012, o Porto de Lisboa teve 167 escalas no segundo semestre, 103 das quais no último trimestre, e 291.836 passageiros, 60,7% deles ou 177.281 nos último três meses do ano. A perspetiva anunciada pela APL é, pois, de que o crescimento na segunda metade do ano anule a quebra verificada na primeira metade do ano, em que apesar REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

de ter mais três escalas (+2%, para 150), batendo o recorde para este período do ano, teve menos cerca de 15,4 mil passageiros (-6,7%, para 215.259). Os dados da APL mostram que a queda do número de passageiros se deu nos chamados trânsitos, que são os que passam por Lisboa em regra apenas por algumas horas, durante a escala do navio, que foram menos 15.859 (-7,5%, para 195.970, mantendo-se ainda assim o principal segmento de mercado, com 91% do total de passageiros. A APL diz no seu comunicado que esse decréscimo dos passageiros em trânsito se deve, designadamente, à diminuição das escalas do Independence of the Seas, de 13, no primeiro semestre de 2012, para duas este ano, por o navio "ter sido reposicionado nas Caraíbas durante a temporada de inverno, por uma questão estratégica do seu operador". Já os passageiros em turnaround, ou seja, que iniciam e/ou terminam cruzeiros em Lisboa, os dados da APL indicam um aumento em 435 (+2,3%, para 19.289), que a empresa diz refletir o aumento das escalas em turnaround e interporting que atribui à MSC Cruzeiros e à Costa Cruises. A APL indica, aliás, que das 150 escalas que contabilizou no primeiro semestre, mais três que há um ano, 33 foram em turnaround (início/fim de cruzeiros), mais 13 (+65%) que há um ano, e 16 em interporting (permitem embarques e desembarques), mais dez (+167%) que no período homólogo de 2012.

milhões de euros, que teve a única queda homóloga mensal entre os dez maiores emissores (-6,3% ou menos 2,5 milhões de euros), Angola, com 36,86 milhões (+8,5% ou mais 2,89 milhões), Holanda, com 36,29 milhões (+11,5% ou mais 3,7 milhões), Irlanda, com 23,78 milhões, e Bélgica, com 20,1 milhões (+12,3% ou mais 2,2 milhões). O Top10 dos emissores em valores de receitas turísticas de Maio totalizou, assim, 652 milhões de euros, o que equivale a 80,4% do total do mês. Relativamente a Maio de 2012, os nove maiores emissores (excluindo a Irlanda de que o PressTUR não dispõe de dados de 2012), tiveram um aumento médio dos gastos turísticos em Portugal em 15,3%, que representa um incremento de 83,5 milhões, para 628,2 milhões (77,5% do total de receita turística do mês). Entre outros emissores com dados recolhidos pelo PressTUR e de que é possível ver a evolução relativamente a Maio de 2012 constam a Suíça, com 18,36 milhões de euros, em alta de 12,6% ou dois milhões de euros, Itália, com 14,6 milhões, com um aumento de 5,4% ou 0,74 milhões. Seguem-se, mas sem ser possível calcular a variação, o Canadá, com 14,07 milhões de euros, a Suécia, com 8,2 milhões, a Noruega, com 6,87 milhões, a Federação Russa, com 6,67 milhões, a Dinamarca, com 6,1 milhões, a Polónia, com 5,55 milhões, a Finlândia, com 5,29 milhões, o Japão, com 2,46 milhões, a China, com 2,19 milhões, e a República da Coreia, com 0,44 milhões.

Portugal é 12º país em número de embarques de passageiros de cruzeiros em 2012 Portugal foi em 2012 o 12º país europeu de embarque de passageiros de cruzeiros com 34.000 em alta de 0,6%, atrás de países como a Suécia, Chipre ou Dinamarca, de acordo com o relatório da CLIA Europa sobre o impacto económico dos cruzeiros. Dos estimados 5,77 milhões de passageiros de cruzeiros que embarcaram num porto europeu, 2,1 milhões escolheram os portos italianos, liderados por Veneza, Civitavecchia, Savona e Génova. Espanha foi o segundo país com mais embarques em 2012, com mais de 1,2 milhões, tendo Barcelona e Palma sido os portos mais procurados. Os portos do Reino Unido, com especial destaque para Dover e Southampton, realizaram 962 mil embarques. Alemanha, Grécia e Dinamarca foram os países de embarques que completam os seis de topo com respetivamente 451 mil, 244 mil e 224 mil, sendo os maiores portos os de Kiel e Hamburgo na Alemanha, Piréus na Grécia e Copenhaga na Dinamarca. 9


Análise Estatística

Turismo e transporte aéreo de passageiros asseguraram 22,4% do aumento das exportações As exportações de turismo e transporte aéreo de passageiros aumentaram 7,4% ou 287 milhões de euros nos primeiros cinco meses deste ano, o que significa que o contributo destas duas atividades para o aumento das exportações portuguesas foi de 22,4%, com 16,9% po r p a r t e d o turismo e 5,5% por parte do transporte aéreo de passageiros, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal. A contribuição para o crescimento suplanta em muito o peso que tanto o turismo quanto o transporte aéreo de passageiros têm no conjunto das exportações portuguesas de bens e serviços, que é respetivamente de 10,7% e de 4,4%, porque o seu crescimento se mantém forte, na ordem de três pontos no caso do turismo e de 1,3 pontos no caso do transporte aéreo. Segundo os dados do Banco de Portugal, nos primeiros cinco meses deste ano as exportações portuguesas de bens e serviços aumentaram 4,9%, pata 27.563 milhões de euros, com aumentos em 7,9% nas exportações de turismo (medidas pelos gastos em Portugal de turistas estrangeiros), para 2.950,4 milhões, e em 6,2% das exportações de transporte aéreo de passageiros (vendas de passagens a estrangeiros), para 1.200,8 milhões. O seu contributo, porém, não se esgota no crescimento das vendas ao exterior, pois ele é acompanhado de um aumento do saldo líquido para Portugal ainda mais

forte, em 8,4% ou 204,9 milhões de euros, para 2.649,7 milhões, com aumentos de 10,1% ou 153,46 milhões do excedente do turismo internacional, para 1.674,2 milhões, e de 5,6% ou 51,47 milhões no saldo do transporte aéreo de passageiros, para 975,5 milhões. Assim, o turismo e transporte aéreo de passageiros contribuíram com 9,9% da melhoria do saldo entre exportações e importações de bens e serviços (205 milhões de euros em 2.063 milhões), com 7,4% por parte do turismo internacional e 2,5% por parte do transporte aéreo de passageiros. Porém, enquanto o saldo da balança de bens e serviços vem em grande medida da contração das exportações (-2,9% ou menos 779 milhões de euros), no caso do turismo e transporte aéreo de passageiros vem integralmente do aumento das exportações, porque em ambos os casos as importações também aumentam, embora menos em valor que as exportações, respetivamente em 5,2% ou 63,27 milhões de euros, para 1.276,19 milhões, e em 9,1% ou 18,8 milhões, para 225,36 milhões. Igualmente quando se consideram apenas as exportações de Serviços, os dados do Banco de Portugal mostram um reforço da preponderância do turismo internacional e transporte aéreo de passageiros no total das vendas, que em conjunto passaram de 54,8% das vendas totais ao exterior nos primeiros cinco meses de 2012 para 55,3% este ano, por terem um crescimento médio

em 7,4% enquanto o aumento médio das exportações de Serviços foi de 6,5%. O melhor desempenho neste período radicou nas receitas de turismo internacional, com um aumento em 7,9% que levou a que o seu 'peso' nas exportações de Serviços subisse de 38,8% para 39,3%, enquanto no transporte aéreo de passageiros, cujo aumento foi de 6,2%, houve um ligeiro decréscimo, de 16,04% para 16,01%. O efeito mais significativo, porém, é no 'peso' que turismo e transporte aéreo de passageiros têm no saldo da balança de Serviços, que atinge 84,3% nos primeiros cinco meses deste ano, mas em baixa de 6,45 pontos em relação ao período homólogo de 2012. Esta evolução é o resultado de as importações de Serviços terem crescido apenas 0,1% nos primeiros cinco meses deste ano, enquanto no transporte aéreo de passageiros aumentaram 9,2% e no turismo internacional, 5,2%. Assim, enquanto o saldo entre exportações e importações de Serviços aumentou 16,7%, no caso do turismo internacional o aumento foi de 10,1% e no caso do transporte aéreo de passageiros foi de 5,6%. Em valor, porém, com mais 153,4 milhões de excedente que há um ano, o turismo internacional 'fez' 34,2% do aumento do saldo positivo dos Serviços (449 milhões, para 3.142 milhões) e o transporte aéreo de passageiros, com mais 51,47 milhões, 'fez' 11,5%.

Lisboa é porto líder em trânsitos de passageiros em cruzeiros no norte da Europa Lisboa foi em 2012 o porto do Norte da Europa que mais passageiros de cruzeiros movimentou em trânsito, 522.604, mais cerca de 20.000 passageiros do que no ano anterior. O porto de Estocolmo ficou em segundo lugar, com 467 mil passageiros em trânsito, seguido de Bergen na Noruega, com 446.906 passageiros. O top 5 fica completo com Tallinn e São Petersburgo, que movimentaram respetivamente cerca de 440 mil. Cádis é o primeiro porto espanhol a aparecer no top, em oitavo lugar, com 334.266 passageiros em trânsito. Por sua vez Portugal ocupou o sexto lugar enquanto destino de cruzeiro dos passageiros, atrás da Itália, Espanha, 10

Grécia, Noruega e França. Portugal foi escolhido por cerca de 1,2 milhões de passageiros dando-lhe uma quota de 4,2% do total. A liderança pertence a Itália que foi escolhida por cerca de 6,22 milhões de passageiros e que tem uma quota de 21,2%. A Noruega e França subiram no ranking, com a primeira a passar de quinto para quarto lugar, com cerca de 2,5 milhões de passageiros, sendo Bergen o destino mais procurado. França foi o destino de cruzeiros escolhido por cerca de 2,3 milhões de passageiros com um aumento em 7%, colocando-o

em quinto lugar com uma quota de 7,9%. Em 2012, mais de 29,2 milhões de passageiros escolheram a Europa como destino de cruzeiros.

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Análise Estatística

Gasto turístico dos portugueses atinge recorde para um mês de Maio Maio foi um mês excecional no turismo em Portugal como, também, no turismo dos portugueses no estrangeiro, medido pela evolução dos gastos contabilizados pelo Banco de Portugal, com um aumento em 8,1%, que é a maior subida desde Novembro 2010, mas neste caso face às fortes quebras de 2009, para 284,8 milhões de euros, que é o maior valor de sempre para um mês de Maio e em que todos os principais destinos tiveram crescimento. Dados do banco central recolhidos pelo PressTUR indicam que França, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica e Holanda foram destinos que em Maio tiveram aumentos a dois dígitos dos gastos dos portugueses em viagens e turismo. Em percentagem, o maior aumento foi na Holanda, em 25,3%, seguindo-se a Bélgica, com +16,4%, os Estados Unidos, com +15,4%, a Alemanha, com +13,9%, e França, com +13,7%. Também com aumentos, embora menores que 10%, estiveram os gastos na Suíça, com +6,1%, Reino Unido, com +5,3%, Brasil, com +4,7%, Espanha, com +4,2%, e Itália, com +2%. Em valor, o maior aumento foi em França, com mais quase 4,8 milhões de euros, para 39,7 milhões, seguindo-se Espanha, com

mais quase três milhões, para 74,6 milhões, Alemanha, com mais 2,3 milhões, para 19 milhões, e Estados Unidos, com mais 2,2 milhões, para 16,5 milhões. Ainda com aumentos acima de um milhão de euros estiveram o Reino Unido, com mais 1,7 milhões, para 34,46 milhões, a Holanda, com mais 1,4 milhões, para 6,96 milhões, e a Bélgica, com aproximadamente 1,1 milhões, para 7,7 milhões. Depois vem o aumento de 0,65 milhões no Brasil, para 14,74 milhões, e a seguir os aumentos na Suíça, em 0,4 milhões, para 7,17 milhões, e em Itália, em 0,16 milhões, para 8,55 milhões. A vizinha Espanha manteve-se o destino com maior valor de gastos dos portugueses, absorvendo 26,2% do total, mas abaixo do que teve em Maio de 2012, em que ficou com 27,2%. A seguir vem França, com 13,9% (13,2% em 2012), Reino Unido, com 12,1% (12,4%), Alemanha, com 6,7% (6,3%) e Estados Unidos, que é o primeiro destino fora da Europa, com 5,8% (5,4% em 2012). O Brasil manteve a 6ª posição em Maio, com 5,2% dos gastos dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro (5,3% em 2012), à frente de Itália, com 3% (3,2%), Bélgica, com 2,7% (2,5%), Suíça, com

2,5% (2,6%), e Holanda, com 2,4% (2,1%). Os dados do Banco de Portugal relativos à evolução dos gastos dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro mostram uma tendência que coincide com a que emerge da evolução das vendas de voos pelas agências de viagens IATA portuguesas (BSP Portugal), até porque em ambos os casos não é possível diferenciar entre turismo de negócios, que fontes das agências e da aviação dizem estar a crescer, e turismo de lazer, relativamente ao qual se admite que haja quebra, embora menor do que se receava em função do aumento do desemprego e do decréscimo do rendimento dos particulares e empresas, designadamente pelo aumento dos impostos. Os dados do BSP a que o PressTUR teve acesso indicam que as agências de viagens IATA portuguesas tiveram este ano o segundo melhor Maio de sempre, com 82,86 milhões de euros, ficando a apenas 1% do melhor, o Maio de 2008, que continua a ser o ano recorde em BSP. Relativamente a Maio de 2012, o aumento foi em 10,5% ou 7,9 milhões de euros, mas com o incremento em vendas de voos internacionais a atingir 12,5% ou 8,5 milhões.

Dormidas de britânicos e alemães aumentaram acima de 20% em Maio A hotelaria portuguesa teve este ano, pela primeira vez, mais de três milhões de dormidas de turistas estrangeiros num mês de Maio, o que lhe permitiu bater o recorde de pernoitas dos meses de Maio, com o principal impulso a vir dos dois maiores emissores internacionais, o Reino Unido e Alemanha, que registaram aumentos acima dos 20%. Os dados divulgados pelo INE indicam crescimentos de 22,3% das dormidas de britânicos e de 21% nas pernoitas de alemães, a que se juntaram crescimentos também a dois dígitos de mais três dos oito maiores emissores, um deles Espanha, que era um mercado problemático pela crise económica em que se encontra, e de que em Maio os estabelecimentos hoteleiros portugueses tiveram um aumento de 11,6%. Os outros dois emissores que cresceram a dois dígitos foram a Irlanda, com +40,8%, e França, com +16,5%. Assim, dos oito maiores emissores, apenas Itália se manteve em queda, com um decréscimo de 10,6%, e apenas Holanda e Brasil tiveram crescimentos abaixo dos 10%, com +4,8% e +2,5%, respetivamente. Os dados do INE indicam que em Maio, de que os dados conhecidos dos aeroportos já apontavam para crescimento, os estabelecimentos hoteleiros portugueses tiveram um total de 3,954 milhões de dormidas, que relativamente ao mês homólogo de 2012 representam um aumento de 11,8% ou 416,5 mil. Este aumento baseou-se principalmente nos mercados internacionais (+15,5% ou mais 409,6 mil, para 3,045 milhões), mas em Maio até o mercado doméstico 'ajudou', com um aumento em 0,8% ou 6,8 mil, para 908,5 mil, que é um total ainda longe dos que se verificaram neste mês dos anos de 2008 (1,094 milhões) a 2010 (1,115 milhões). REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

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Congresso da APAVT com inscrições a 180 euros, incluindo voo O custo das inscrições para o congresso da APAVT deste ano, agendado para Angra do Heroísmo entre os dias 4 e 8 de Dezembro, foi fixado em 180 euros (mais taxas aeroportuárias), incluindo voo de ida e volta a partir dos aeroportos do continente, quatro noites de alojamento em unidade de 3-estrelas e acesso a todo o programa de trabalhos e social e respetivas refeições. Nas unidades hoteleiras de 4-estrelas, o custo da inscrição, com as mesmas características, foi fixado em 200 euros (mais taxas aeroportuárias). Trata-se do mais baixo custo de inscrição de sempre para um congresso da APAVT, como anunciou o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, durante a apresentação do congresso no passado mês de Maio. "Fruto do extraordinário empenho e cooperação do Governo Regional dos Açores, da Direção Regional do Turismo dos Açores, da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, da SATA, da ATA, e dos nosso parceiros locais, hoteleiros e agentes de viagens, teremos um congresso nos Açores ao mesmo preço do

congresso de Coimbra, sendo que teremos mais uma noite e, convém não esquecer, uma deslocação em transporte aéreo" referiu na ocasião Pedro Costa Ferreira. As

inscrições irão abrir durante o mês de Agosto, em data a anunciar através de circular. O tema escolhido para este ano é "Novos Rumos, Outra Atitude".

Novas datas para pagamento BSP À imagem do que tem vindo a verificar-se noutros mercados, os prazos de reporte e pagamento do BSP em Portugal foram encurtados, tendo a associação logrado evitar que passassem de imediato a semanais, como era intenção das companhias aéreas, conseguindo um faseamento que consiste na redução, para pagamentos quinzenais, de 15 de julho de 2013 até 30 de junho de 2015, e apenas a partir dessa data para pagamentos semanais. Por favor note o novo calendário.

APAVT volta a reunir associados em stand na ABAV A APAVT vai uma vez mais marcar presença na ABAV-Feira das Américas, com um stand de 30m2 na área internacional, junto à representação do Turismo de Portugal, onde reúne doze agências associadas: Barceló/ Escalatur, Geostar, Luisa Tódi, Oásis, 12

Quasar, Pinto Lopes, RDMC, TQ, Transalpino, Tui Portugal, Soltrópico e Wide. Tal como no ano passado, um acordo com a associação brasileira de agências de viagens e com a TAP Portugal permitiram oferecer, aos associados que estiveram presentes no

stand da APAVT na BTL, uma viagem de ida e volta a São Paulo e um lugar, sem custos, no espaço da associação na Feira das Américas. Este ano, a ABAV-Feira das Américas decorrerá de 4 a 8 de Setembro, em São Paulo. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


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Europcar oferece condições especiais a associados da APAVT A APAVT e a EUROPCAR formalizaram um protocolo de cooperação destinado a fomentar as vendas desta rent-a-car pelos membros da associação, que passam a beneficiar de condições exclusivas nos alugueres em Portugal e no estrangeiro.

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o âmbito deste protocolo, a Europcar concede aos associados da APAVT um desconto de 25% sobre as suas tarifas promocionais válidas no momento do aluguer em Portugal continental e na Madeira, e de 10% em alugueres efetuados no estrangeiro. Os funcionários das agências associadas da APAVT também beneficiam com este acordo, na medida em que passam a ter um desconto de 20% sobre as tarifas promocionais vál idas no momento do aluguer, em Portugal continental e na Madeira, bem como de 10% nos alugueres efetuados no estrangeiro, bastando-lhes para tal apresentar um documento que ateste a sua condição de funcionário de empresa associada. A rent-a-car disponibiliza-se também para instalar micro-sites nas páginas web dos associados interessados, os quais permitirão efetuar reservas Europcar ao abrigo das tarifas acordadas. Por seu lado, a APAVT confere à Europcar o estatuto de patrocinador oficial do congresso nacional da associação durante a vigência do protocolo, irá disponibilizar espaço promocional e divulgar informação da rent-a-car através dos

seus suportes de comunicação. O protocolo, que tem a duração de um ano, prorrogável por iguais períodos, foi assinado pelo presidente e pela tesoureira da APAVT, respetivamente, Pedro Costa Ferreira e Paula Alves, e pelo diretor de marketing e vendas da Europcar, Fernando Fagulha. "É claramente mais uma vantagem que

Inscrições gratuitas no Fórum de Macau Os associados da APAVT beneficiam de inscrição gratuita no 2º Fórum de Economia de Turismo Global, que vai decorrer de 15 a 19 de Setembro em Macau, subordinado ao tema "Regenere as nossas economias: invista nas viagens e turismo". Além deste benefício, a

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organização do evento, presidida pela empresária Pansy Ho, oferece aos associados da APAVT descontos em hotéis durante o período do fórum, almoços, jantares e transferes gratuitos. Os interessados deverão contatar o secretariado da associação.

conseguimos para os nossos associados", afirmou na ocasião o pr esidente da APAVT, acr escentando que "tendo em conta o peso e a dispersão geográfica da Europcar em Portugal, estas condições permitirão às agências de viagens da APAVT oferecer aos seus clientes um produto de confiança e de qualidade, em condições ímpares no mercado". "A Europcar tem como principal preocupação a satisfação dos seus clientes e associados, através da oferta de produtos e serviços de qualidade, sempre a pensar no bemestar dos seus clientes. É igualmente importante apostar nas relações com parceiros, especialmente quando atuam no mesmo setor", referiu Fernando Fa g u l h a , diretor de marketing e v endas da Europcar, no momento da assinatura do protocolo. 13


Notícias

Inaugurado o Pedras Salgadas spa & nature park A Unicer inaugurou o Pedras Salgadas spa & nature park, instalado no Parque de Pedras Salgadas, em Vila Pouca de Aguiar. No interior do Parque foram construídas 12 ecohouses, casas em madeira e ardósia, constituídas por três módulos e irão abrir este mês duas tree-houses, alojamentos em cima das árvores. O antigo balneário termal aloja o novo Spa Termal, em funcionamento durante todo o ano, e o antigo e emblemático edifício do Casino foi recuperado, sendo convertido num espaço para eventos, congressos e festas privadas. Os jardins integram as cinco fontes termais, totalmente recuperadas, origem da água

das Pedras. O complexo turístico disponibiliza também uma casa de chá, piscina, parque infantil, minigolfe e o grande

lago do Parque que, com mais de 3000 m2, permite passeios de barco e observação de carpas coloridas.

Aeroporto de Lisboa com novo terminal Entrou em funcionamento, a 17 de Julho, o novo terminal internacional e de transferência do aeroporto de Lisboa. Com a conclusão desta obra, informa a ANA-Aeroportos de Portugal, a capaci dade in st a l a da n o S e r vi ç o de Estrangeiros e Fronteiras passa das

atuais 16 posições nas partidas, para 30 posições de controlo. Nas chegadas, a capacidade aumenta de 21 para 30 posições de controlo. A abertura desta n o v a á r ea e a c o n c l u s ã o to ta l d a s intervenções associadas ao plano de desenvolvimento do aeroporto de Lisboa

permitirão aumentar a capacidade da Portela para 40 movimentos por hora numa primeira fase e posteriormente para 42 movimentos por hora, um crescimento de 25% face à capacidade no início do plano. Foi também criada uma nova área comercial e de lazer.

Amadeus anima trade às quintas-feiras Desde o passado dia 4 de Julho que a Amadeus Portugal voltou a animar o trade com a organização de cocktails temáticos de verão, todas as quintasfeiras às 19h. Os eventos realizam-se no Amadeus

Terrace, o terraço de que o GDS dispõe nos seus escritórios no centro de Lisboa e que tem vista panorâmica sobre a cidade. Os fins de tarde de quinta-feira são animados com entretenimento diverso e o convite é feito a todo o trade,

independentemente de serem ou não clientes Amadeus. Os eventos pretendem fomentar o convívio entre os diversos atores da indústria, proporcionando a oportunidade de rever e de conhecer pessoas.

Pestana abre hotel em Cuba a 1 de agosto O Grupo Pestana vai abrir a 1 de Agosto, em soft opening, o seu primeiro hotel em Cuba - o Pestana Cayo Coco Beach Resort - que vai funcionar em regime de all inclusive. A exploração da unidade, construída de raiz e totalmente nova, far-se-á através de um co ntrato de a dm i n i st r a ç ã o celebrado entre a cadeia portuguesa e a empresa de turismo Gaviota, de nacionalidade Cubana. Localizada numa das melhores praias de Cuba e com 800 metros de frente mar, a nova unidade de 4 estrelas tem um design moderno e colorido, 14

tipicamente cubano. O Pestana Cayo Coco Beach Resort é constituído por 508

quartos em 11 edifícios enquadrados na paisagem original da zona, uma piscina central para adultos e uma para crianças, Clube infantil, quatro r es ta u r a n tes e quatro b are s distribuídos pelos 100.000 m2 de terreno que compõem o projeto. A animação está a cargo de uma equipa cubana encarregue de diariamente dar v i d a a o h o tel , c ulminand o num espetáculo diário preparado especificamente para o anfiteatro do hotel, construído ao ar livre e com capacidade para 350 pessoas sentadas. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


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Macau tanto é uma excelente porta de entrada para a China enquanto destino turístico, como também o é para explorar o potencial do mercado chinês para Portugal. Quem o afirma é Maria Helena de Senna Fernandes, a nova diretora dos Serviços de Turismo de Macau, em entrevista à revista APAVT, realizada por ocasião da sua primeira visita ao nosso País nas novas funções.

Maria Helena de Senna Fernandes (DSTM):

Macau, porta de entrada na China Entrevista: Paulo Brehm - Fotos: Rafael G. Antunes 16

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Entrevista

Q

ual o balanço que faz do turismo em Macau no ano passado? Podemos dizer que o balanço do turismo em Macau em 2012 foi positivo, porque terminámos o ano com 28 milhões de visitantes de todo o mundo, mas é claro que, neste momento, os nossos maiores mercados emissores são ainda os asiáticos. São sobretudo os mercados de língua chinesa, tais como a própria República Popular da China, incluindo Hong-Kong, o chamado "mainland" (continente chinês), e Taiwan. Depois vem a Coreia e o Japão, este último a sofrer um pouco por causa da sua economia e da desvalorização da sua moeda. Os mercados de crescimento, além da China, são a Tailândia e a Coreia, por isso estamos agora a trabalhar mais nesses mercados. Qual o crescimento face a 2011? No ano passado foi quase igual a 2011. Até Abril deste ano, no entanto, estamos a crescer na ordem dos 2% comparando com o período homólogo do ano passado. É bom para Macau mas, nas épocas de maior afluxo, estamos já a sentir alguma falta de espaço, sobretudo em locais como as Ruínas de São Paulo e outras das atracões mais procuradas. Estamos por isso a implementar uma mudança da estratégia, focada em atrair mais turistas, que fiquem mais tempo em Macau, mais noites nos nossos hotéis e que despendam mais dinheiro, porque atualmente a maioria são visitantes que vêm apenas passar o dia. Qual é a capacidade de alojamento? Temos 28.000 quartos disponíveis, a maioria em hotéis de 3 a 5-estrelas e 5-estrelas de luxo. Destes 28.000 só temos 1.400 nas categorias mais económicas, sobretudo nos hotéis de 2-estrelas, porque não temos de uma só, e pensões. E qual é a taxa de ocupação? Nas unidades de 3 a 5-estrelas a taxa de ocupação média é superior a 80%, o que é muito bom. E até março deste ano, estamos a crescer na ordem dos 15% no que diz respeito aos turistas que dormem na nossa hotelaria. Por isso Macau, como destino turístico, está já a mudar. A margem de crescimento não é

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(Portugal) Já é um mercado emissor importante no contexto do turismo da Europa, mas por outro lado é também muito importante no contexto das nossas relações com os países de língua portuguesa

então muita… Sim, temos ainda possibilidade de melhorar, mas de facto estamos a trabalhar sobre uma taxa já muito elevada. Isso inflaciona o preço? Não, porque no ano passado abrimos quase 5.000 quartos. Só num ano é um crescimento de oferta significativo, pelo que mesmo com a taxa de ocupação a crescer, o preço médio caiu um pouco. Agora deverão estabilizar, porque os novos grandes empreendimentos só vão estar prontos por volta de 20152016, pelo que vamos ter um a dois anos sem grandes crescimentos da oferta de hotelaria. Vamos por isso trabalhar melhor com o setor hoteleiro e com todos os parceiros para ter um produto turístico mais interessante. Parece imparável o crescimento da oferta… Os grandes investidores em Macau, e estamos a falar sobretudo nos concessionários de jogo, têm novos e grandes projetos na Cotai. Vão levar um a dois anos a construir, mas estamos a ver que dentro de 2 a 3 anos vamos ter um outro salto na oferta hoteleira. Há por isso muito para fazer em termos da capacidade de acolhimento. Pode exemplificar? Começámos com um projeto a que chamamos de turismo comunitário e que se destina a criar novos polos de atração. Hoje em dia a maioria das pessoas que vêm a Macau visita os mesmos sítios: as ruínas de São Paulo, o templo de A-Má, o que

pretendemos com este projeto é trabalhar em conjunto com as várias paróquias de Macau para encontrar e desenvolver mais produtos turísticos, para empacotar melhor a oferta, para divulgar melhor as diferentes zonas da cidade. Há zonas que são interessantes mas precisam de ser melhor divulgadas. Temos por exemplo o bairro de São Lázaro, que está a ser transformado numa área para as indústrias culturais e criativas de Macau, com diversos workshops e que tem muito potencial para atrair mais turistas. Há também um outro projeto, interdepartamental, que consiste em aproveitar o espaço para além das ruínas de São Paulo. Estamos a falar do eixo esteoeste das ruínas, com ruas que não estão a ser aproveitadas e onde existem diversos pontos de interesse, que podem ser organizados num itinerário muito apelativo. É pois um grande desafio, encontrar espaço para tantos visitantes e turistas… Macau é uma cidade pequena, por isso temos de ser criativos para criar novas zonas e aproveitar melhor o que temos. Há um outro projeto, mas que levará mais tempo, que é a zona norte de Macau, que é mais residencial, perto das Portas do Cerco e da fronteira. Aliás, o governo tem um projeto para abrir mais um posto fronteiriço perto do que existe ali. Será uma área onde é possível venham a ser construídos mais hotéis, com preços mais económicos, passa tudo por reorganizar toda aquele lado norte de Macau. E as ilhas da Taipa e Coloane? Há também alguns projetos para reaproveitar esses espaços, onde temos agora alguns restaurantes e outros pontos de interesse, mas que não estão a ser bem aproveitados. Há aí também um grande potencial turístico, refiro por exemplo as palafitas que poderão ser recuperadas. Há uma estratégia para mostrar que Macau é mais do que o jogo? A estratégia do governo é aproveitar os benefícios do jogo para criar outras indústrias. Já me referi à indústria criativa e cultural, mas por exemplo a área de incentivos, convenções e exposições é uma outra aposta do governo. Trata-se de uma 17


Entrevista

"Abrimos uma representação na Rússia, porque no ano passado, a partir de Outubro, dispensamos a obrigatoriedade de visto de entrada para os turistas russos " representação na Rússia, porque no ano passado, a partir de Outubro, dispensamos a obrigatoriedade de visto de entrada para os turistas russos em Macau e esta é uma nova aposta em termos de mercado. Mas é claro que, ao mesmo tempo, vamos continuar a trabalhar com os nossos mercados tradicionais.

estratégia que estamos a desenvolver com a direção de economia e com o instituto de promoção do comércio e investimento. Por outro lado continuamos a investir na promoção de eventos, que nos permitem ter uma oferta mais diversificada. O Grande Prémio de Macau, o Concurso Internacional de Fogo-de-artifício, o Festival de Artes, são já grandes cartazes, mas há muitos outros. São todos meios de promoção e de atração de mais turistas. O Cirque Soleil foi também um desses cartazes… Já saiu de Macau, mas temos o House of Dancing Water que já é bastante conhecido e traz muitos turistas. Franco Dragone, que é o criador deste grande espetáculo, vai também ter um novo show em Macau que se chama Taboo, destinado a adultos. E para crianças, a partir de julho, vamos ter, sobretudo no Venetian, num projeto em conjunto com a DreamWorks, o Kung Fu 18

Panda, o Madagascar, e o Schreck. Vêm todos para Macau. Os clientes que ficarem nos hotéis Venetian podem, por exemplo, ter uma chamada matinal do Schreck, ou tomar o pequeno-almoço com todos estes personagens. É um novo segmento a explorar? É um novo produto, uma nova oferta turística, para crianças. Passo a passo queremos que Macau seja também um destino para famílias. Para tornar Macau num centro mundial de turismo e lazer, que é o nosso objetivo, a nossa oferta turística tem de ser mais alargada, mais diversificada. Por isso estamos a trabalhar mais com o setor privado, em conjunto, no sentido de tornar Macau mais interessante e apelativa. E em termos de mercados? Estamos também a explorar oportunidades de atrair turistas de novos mercados. Este ano, por exemplo, abrimos uma

O legado histórico e cultural português é atrativo para outros mercados? Os turistas e visitantes da Ásia são atraídos para Macau não só pelo jogo, mas também pela sua cultura. O centro histórico, que está inscrito na lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO, é um forte atrativo, assim como toda a nova oferta cultural que temos vindo a desenvolver. Mesmo os visitantes de Hong Kong, ou do continente, da Coreia, Japão, etc., têm muito interesse em ver a Europa, mas uma Europa que é perto de sua casa. Esta é uma grande atração de Macau para esses mercados. De vez em quando a Casa de Portugal em Macau organiza sessões de fado, por exemplo, e estas são uma grande atração para os turistas japoneses e coreanos. Quando fazemos a divulgação de Macau no Japão, por exemplo temos uma fadista japonesa, o que é sempre muito apreciado. Macau é um destino exótico para orientais e ocidentais. Os japoneses e os coreanos, em particular, adoram o fado e este é uma outra maneira de os atrair. Vir a Macau não é só o Casino, há toda uma componente cultural que tem uma grande influência da Europa. É um encontro de culturas. É isto que faz Macau diferente do resto da China…

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É esta componente da influência Europeia em Macau, que vamos continuar a defender e a preservar porque é um componente importante da nossa oferta.

não é só um mercado emissor, mas apresenta oportunidades de trabalhar em conjunto para vários projetos e outros mercados.

Falando da Europa, qual a importância deste mercado para o turismo de Macau? É grande. Em termos de turistas da Europa para Macau, são muito importantes os mercados de Inglaterra, muito por via de Hong Kong, da Alemanha e até de Portugal. A nossa estratégia para a Europa, tal como para os Estados Unidos, é atrair pessoas para toda esta região, não só para Macau, mas oferecendo todo um itinerário nesta região. Quem viaja para tão longe quer certamente ver mais. E com muitas expetativas na Rússia… Não vai ser imediato, não vamos certamente ter milhões de russos em Macau, mas temos muito por onde crescer. No ano passado tivemos apenas 20.000 russos em Macau mas para Hong Kong já vêm 180.000. Há potencial.

Num outro tema, qual a importância que atribui aos agentes e operadores? Continua a ser muito importante. Vemos as agências de viagens como parceiros e acreditamos que continuarão a ter um papel muito importante. Por muita promoção que façamos, e é importante fazê-la, junto dos consumidores, não podemos deixar de o fazer também junto das agências de viagens e dos operadores turísticos, e de com eles trabalhar. Mesmo que as pessoas fiquem sensibilizadas para Macau, de pouco vale se depois não têm à disposição produtos para Macau nas agências. Vamos pois continuar a nossa colaboração com o setor turístico, sobretudo através das nossas representações, como acontece em Portugal.

E Portugal? Já é um mercado emissor importante no contexto do turismo da Europa, mas por outro lado é também muito importante no contexto das nossas relações com os países de língua portuguesa. A nossa associação com Portugal tem de ser mantida e melhor aproveitada, porque Portugal, para nós,

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Veio agora a Portugal com uma delegação de Cantão. A ideia é promover Macau como porta de entrada para essa província? Desde 1993 que temos um protocolo assinado com Hong Kong e a província de Cantão, no âmbito da promoção do delta do rio das Pérolas. A ideia nasceu da intenção de fazer um tipo de itinerário conjunto para

melhor atrair os turistas de longo curso, que se mantém com toda a relevância. São complementares? São ofertas diferentes, mas complementares. Em Macau a nossa história é uma mistura de elementos ocidentais e orientais. Cantão oferece uma componente histórica e cultural, de um destino que é chinês, e por outro lado é uma das cidades mais avançadas da China. Temos assim um misto de antiguidade e uma face moderna, onde os turistas podem ver a transformação da China. Podemos assim propor um itinerário mais diversificado, mais interessante para uma estadia mais longa. Cantão não tem ainda muita experiência em termos de promoção fora da China pelo que nestas ações beneficiam do nosso know how, da nossa experiência na promoção internacional. O acesso a Cantão é fácil a partir de Macau? Temos vistos simplificados para o Cantão e é

"Os Chineses sabem que existe Portugal. Mas não têm uma noção exata de qual é a oferta de Portugal."

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Entrevista

"Passo a passo queremos que Macau seja também um destino para famílias" onde nos promovemos. Assim, para Portugal entrar na China e promover o seu turismo, deverá identificar quais as províncias com maior potencial em termos de outbound, nas cidades com possibilidades de acesso às viagens de longo curso com ligações aéreas para a Europa. Não havendo ligações diretas para Portugal podem sempre escolher as que têm ligações com os hubs mais relevantes. Cantão é uma possibilidade, pela sua proximidade com Macau. Portugal é atrativo para um chinês de Cantão? Precisa primeiro de se dar a conhecer, mas é apelativo, sim. Para os chineses, a Europa é História, é cultura, é vinho, são compras. Julgo que Portugal deve aproveitar melhor, tem muitas e boas lojas, fazer compras é uma grande atração para os chineses. E gastronomia, não sendo uma prioridade, é complementar. Por isso julgo ser muito importante fazer uma melhor divulgação de Portugal.

possível fazê-los localmente, incluindo vistos de grupos (a partir de duas pessoas). E no sentido contrário, ou seja, sobre a captação de turistas chineses para Portugal. Na sua opinião, qual é a imagem de Portugal na China? Os Chineses sabem que existe Portugal. Mas não têm uma noção exata de qual é a oferta de Portugal. Enquanto vemos a Espanha, a Itália, a Inglaterra, a Alemanha ou a França a fazerem um grande esforço de divulgação e promoção na China, não se encontra a promoção de Portugal. Assim nem têm uma noção de qual a oferta turística, como também não sabem como é que podem chegar a Portugal, o que podem aqui ver, comprar. Conhecem o Cristiano Ronaldo e pouco mais. 20

Os Chineses que visitam Macau ficam a conhecer um pouco de Portugal? Conhecem um pouco da gastronomia porque quando vão a Macau querem sempre comer comida portuguesa, porque não a diferenciam da macaense. Para os Chineses é tudo comida portuguesa. Têm a ideia de que há boa comida e bons vinhos. Além disso, não conhecem Portugal. Mas é verdade que Macau pode desempenhar este papel como plataforma entre a China e Portugal, assim como com todos os países de língua portuguesa. Podemos ajudar a pôr Portugal em contacto com o Povo Chinês. Onde, na sua opinião deveria Portugal focar a sua promoção na China? É importante selecionar, porque a China é muito grande e até nós, em Macau, selecionamos as províncias, as cidades,

Macau pode ser uma montra de Portugal? Creio que sim. Temos e preservamos todo o património e seria bom ver Portugal a fazer uma maior divulgação e criar uma imagem junto dos Chineses. Para terminar, como qualifica a relação do Turismo de Macau com a APAVT? A nossa associação com a APAVT é já longa e em todos estes anos aproveitámos bem esta relação. A vossa abertura para nos eleger como destino preferido, no ano passado, foi muito importante para Macau e falámos com a APAVT sobre a possibilidade de aproveitar as relações da associação para desenvolver trabalho com o resto da Europa. É uma relação que tem sido muito positiva e pretendemos que assim continue. Vamos ter de estudar o momento propício para voltar a ter um congresso da APAVT em Macau. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


Entrevista

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Reportagem

Destino Preferido 2013

APAVT promove Açores com subida ao ponto mais alto de Portugal No âmbito do protocolo "Açores: Destino Preferido da APAVT 2013", a associação levou nos passados dias 13 e 14 de Julho um grupo de personalidades a visitar as ilhas Terceira e do Pico, em mais uma ação destinada a contribuir para a promoção turística deste destino no mercado nacional. Texto: Cláudia Silveira Silveira Fotos: Rafael G. Antunes

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Reportagem

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secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores, Vitor Fraga, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira e o presidente do Turismo de Portugal, Frederico Costa, foram alguns dos participantes que integraram o grupo, que reuniu três dezenas de pessoas, entre outros dirigentes da associação, empresários, políticos e jornalistas.

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SUBIDA À MONTANHA DO PICO O maior desafio não era dos mais fáceis mas era aliciante: subir à montanha do Pico, o ponto mais alto de Portugal. Foi cumprido. A APAVT levou a bandeira do projeto "Açores: Destino Preferido da APAVT 2013" ao topo. Já de olhos postos no 39º congresso, que se realiza em dezembro em Angra do Heroísmo, na Terceira, este foi um fim-de-semana

diferente, que serviu para mostrar o que os Açores têm de mais genuíno e único: o seu património natural. Apreensão, expetativa e alguma ansiedade dominavam os sentimentos, porque vencer os 2.351 metros do Pico, afinal, requer alguma preparação e espírito de sacrifício, sendo contudo uma experiência que vale todo o esforço, como o podem atestar os

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Reportagem

muitos turistas que visitam a ilha exatamente para isso. No grupo da APAVT, quase todos eram marinheiros de primeira viagem, com algumas, poucas, exceções. O início da subida teve lugar por volta das 2 horas da madrugada de domingo, a partir da Casa da Montanha (a 12.20m de altitude), uma construção moderna, aberta em 2008 para apoiar os visitantes do Parque Reserva Natural do Pico e dar assistência a quem sobe a montanha.

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A subida, numa extensão de cerca de 5 km, faz-se por trilhos assinalados por marcos. São 46 até à borda da cratera e, há que reconhecer, chegados ao 5º ou 6º já muitos questionávamos as nossas capacidades. Uma vez adaptada a respiração ao ritmo da subida e do coração, e ajustada em conformidade a cadência do passo, já se consegue até parar e apreciar o céu cheio de estrelas, ou as luzes da cidade da Horta, no Faial, logo ali em frente, enquanto as da

Madalena, na base da montanha, se vão apagando à vista. Quatro horas decorridas, a escuridão começa finalmente a dissipar-se e vê-se no horizonte uma linha de claridade, laranja, do Sol que se anuncia. Pouco depois estamos na cratera do Pico. A sensação é de alívio, mas sobretudo de deslumbramento e paz. Encontrado um nicho confortável na pedra para descansar, comer e simplesmente apreciar o espetáculo, às 6h32 o astro-rei

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Reportagem

surge, por fim, esplendoroso, em cima das nuvens que nos rodeiam. E, nesse momento, todo o cansaço é esquecido. Não são muitos os que ainda se dispõem a subir o Piquinho, também conhecido por Pico Pequeno, que com cerca de 70m de altura se ergue na cratera e de onde se têm uma espetacular vista de 360º ao redor. É mais um esforço mas vale cada passo. Feitas as fotografias, desmontadas as tendas de quem optou por subir na véspera e pernoitar a 2.200 metros de altitude, e com as mochilas de novo às costas, deu-se início à descida, que muitos consideram o mais difícil. O esforço nas pernas é maior porque a inclinação obriga-nos a "travar" constantemente e o piso de rocha vulcânica torna-se mais inseguro quando há pedras soltas nas quais é fácil resvalar e ir parar ao chão. Calçado bem aderente e confortável é fundamental. Foi pois com sentido de missão cumprida que o grupo organizado pela APAVT desfraldou a bandeira do projeto "Açores: Destino preferido da APAVT 2013" no cume da montanha do Pico. Foi mais uma iniciativa de promoção dos Açores e que resulta da parceria estabelecida em março entre a associação dos agentes de viagens portugueses e a Secretaria Regional do Turismo e Transportes dos Açores. Com este evento, explica o presidente da

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Reportagem

associação, Pedro Costa Ferreira, pretendeu transmitir-se uma imagem de renovação e modernidade da própria associação e também a ideia de que "os nossos agentes estão em constante evolução e aptos a trabalhar novos produtos e produtos já existentes de uma forma nova". Foi também uma maneira de chamar a atenção para um fator de atração dos Açores "absolutamente fundamental e que são as suas condições naturais insuperáveis, a sua capacidade de fornecer este tipo de experiências". A subida do Pico constituiu também um desafio que Pedro Costa Ferreira associou ao tema do próximo Congresso da APAVT: "Novos Rumos, Outra Atitude". Para o presidente, no momento atual é

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fundamental ter uma atitude diferente que permita superar os desafios que estão a ser colocados "e a subida ao Pico tem a ver com isso mesmo: superação".

ANTES DO PICO, A TERCEIRA Antes do Pico o grupo dedicou um dia a (re)visitar a Terceira, onde num programa organizado pela direção regional de turismo dos Açores teve a oportunidade de passar por algumas das principais atrações da ilha. Depois de apreciar as vistas do Monte Brasil, passeou pelas ruas de Angra do Heroísmo, cidade Património Mundial da UNESCO desde 1983, e seguiu para a Serra do Cume. No caminho, tempo para uma breve paragem para assistir a uma

das dezenas de touradas que por estes dias animam os terceirenses e os turistas, e que é uma das mais célebres manifestações populares da Terceira. No almoço no Clube do Golfe, tal como já acontecera no jantar do dia anterior no Beira Mar, a experiência da excelente gastronomia terceirense. Para finalizar o dia, e antes de seguir para o aeroporto, a visita ao Algar do Carvão, que é uma oportunidade única de ver um vulcão por dentro e uma passagem pela zona balnear dos Biscoitos, onde a lava formou piscinas naturais e o clima ameno convida a banhos, de mar e sol. A passagem na Terceira foi também aproveitada para juntar, no primeiro jantar, alguns dos associados da APAVT nesta ilha.

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Açores são "Destino Preferido da ECTAA" em 2014 Durante todo o ano de 2014 a ECTAA vai promover os Açores em toda a sua comunicação na Europa, com a chancela "Azores: ECTAA's Preferred Destination", contribuindo desta forma para a promoção turística deste destino junto dos agentes de viagens e operadores turísticos europeus.

O

anúncio foi feito no dia 14 de Julho na ilha do Pico, numa conferência de imprensa que reuniu o secretário Regional do Turismo e Transportes dos Açores, Vitor Fraga, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, e o secretário-geral da confederação europeia das associações de agentes de viagens e operadores turísticos, Michel de Blust, que ali se deslocou a convite da associação portuguesa de agentes de viagens. "Com mais esta distinção, os Açores beneficiarão de uma série de ações,

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associadas ao material informativo e promocional do nosso destino, como o site da ECTAA, newsletters, apresentações públicas e outras, bem como o acesso facilitado e o estabelecimento de contactos quer com os agentes de viagens e operadores turísticos associados, quer ainda, com todos os membros da ECTAA", revelou Vitor Fraga, para quem "são ações como esta, que nos ajudam a construir um caminho rumo ao sucesso e fazer do turismo dos Açores, um sector cada vez mais sustentável, potenciando-se assim

uma agenda aberta com atividades que se irão desenrolar ao longo do ano da vigência do protocolo, ou seja o ano de 2014". Por seu lado, Michel de Blust disse que o protocolo permitirá também que os Açores sejam identificados como destino preferido da ECTAA junto de organismos como a União Europeia ou o Parlamento Europeu, em ações com os órgãos de comunicação, em conferências, etc. "Os Açores terão uma larga exposição a nível europeu e o Turismo dos Açores vai

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Reportagem

ter um escritório em Bruxelas durante um ano", acrescentou. Apadrinhado pela APAVT, que depois de ter elegido os Açores como o seu "Destino Preferido" em 2013, foi o porta-bandeira do destino português junto da ECTAA, o acordo foi estabelecido durante a reunião bianual que esta confederação realizou no Porto em finais de Maio deste ano.

profissionais de turismo, esta será a sua primeira deslocação aos Açores. Acredito que o evento vá colocar os Açores na mente das pessoas e contribuir para o desenvolvimento turístico desta região", avançou Michel De Blust", que visitou também pela primeira vez o arquipélago português e se mostrou encantando com "a amabilidade e hospitalidade das

pessoas". A ECTAA tem 31 membros em 30 países e funciona como porta-voz de cerca de 70 mil agentes de viagens e operadores turísticos na Europa. A A P A V T é m e m b r o d a E C TA A d e s d e 1982, ocupando atualmente um lugar na sua direção, representada por Pedro Costa Ferreira.

PONTA DELGADA ACOLHE 108ª REUNIÃO BIANUAL DA ECTAA Já no âmbito do projeto "Azores: ECTAA's Preferred Destination, a 108ª reunião bianual da ECTAA vai ter lugar em Ponta Delgada na primavera de 2014, sendo esta a primeira vez, como sublinhou o presidente da APAVT, que o mesmo país acolhe reuniões em anos consecutivos, com exceção da bélgica, onde está sediada a confederação. O evento levará aos Açores várias dezenas de dirigentes de associações de agências de viagens e de operadores turísticos de 30 países da Europa. "Para a maior parte dos participantes, que são REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

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Tecnologias

Quais as vantagens do GDS nas reservas hoteleiras? Niklas Andreen, vice-presidente da Travelport para o segmento da hotelaria, explica os novos desafios dos sistemas de distribuição global, nomeadamente as transformações profundas com a utilização da Internet e das novas plataformas digitais, bem como alguns dos mitos associados às reservas nas cadeias hoteleiras.

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disseminação da Internet e o crescimento exponencial da utilização de smartphones e tablets para a reserva de viagens e hotéis conduziu a uma mudança de paradigma na indústria de Turismo. A aposta na inovação e na tecnologia tem sido uma das prioridades da Travelport, dando resposta às novas solicitações dos agentes de viagens e à

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mutação constante do mercado e do sector. Atualmente, alguns agentes de viagens estão a optar pelas reservas de hotéis on-line, porque acreditam que é um processo mais fácil, rápido e barato. De acordo com Niklas Andreen, vicepresidente da Trav elport para o segmento da hotelaria, a utilização do

GDS neste processo traz inúmeras vantagens aos agentes de viagens que podem poupar tempo na pesquisa, construir uma relação de lealdade com os fornecedores, oferecer um melhor serviço aos seus clientes e, em última análise, ganhar mais dinheiro. O responsável da Travelport explica ainda alguns dos mitos associados às reservas na hotelaria.

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Tecnologias

PRIMEIRO MITO: É MUITO COMPLICADO RESERVAR NO GDS Por muitos motivos é até muito mais simples reservar hotéis no GDS do que na web, já que os agentes de viagens podem encontrar todas as informações numa única plataforma, em vez de terem de procurar em múltiplos sites. Há ainda soluções, como o Travelport Smartpoint APP, que permitem que os

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agentes de viagens comparem tarifas, consultem as reservas e as políticas de cancelamento e tenham acesso a conteúdos, como imagens e tours de 360º graus dos destinos, num único display. Seguir a informação da reserva do cliente é também muito mais acessível no GDS. Todos os detalhes das viagens são armazenados automaticamente, enquanto que se a reserva for feita

directamente ou via web o agente tem de manualmente introduzir a informação do PNR (Passenger Name Record). Reservar via GDS permite, portanto, ganhar tempo e torna a gestão de possíveis alterações rápida e eficaz.

SEGUNDO MITO: NÃO HÁ OFERTA SUFICIENTE VIA GDS A verdade é que o GDS oferece aos 31


Tecnologias

«Com esta ferramenta conseguimos efectuar mais vendas» «Na TQ, o Travelport Rooms and More já é utilizado por toda a equipa desde 2011. A solução distingue-se em dois aspetos que considero de extrema importância e que têm impacto na produtividade da nossa agência de viagens: a obtenção de comissão em determinados providers e a forma segura e prática como essa comissão chega a agência via PayPal, sem burocracias. Na atual conjuntura económica não podemos perder uma venda sequer. Com esta ferramenta conseguimos efetuar mais vendas, aos mesmos preços praticados na internet, e, simultaneamente, incrementamos a rentabilidade da agência, já que efetuamos vendas aos melhores preços do mercado. O Travelport Rooms and More detém ainda uma grande variedade de hotéis, bem como de fornecedores, fazendo com que consigamos encontrar a melhor opção para cada cliente. De destacar ainda a garantia de suporte da Travelport, que nos tem prestado todo o apoio na utilização da solução». Jorge Dias, TQ - Travel Quality, Viagens e Turismo

«É uma eficiente one stop shop booking tool» «O Travelport Rooms and More é uma ferramenta regular de reservas na Amorim Viagens desde dezembro de 2011 e foi desde logo bem recebida na equipa, dada a sua simples utilização e perspetiva imediata do potencial para incrementar, em termos quantitativos e qualitativos, o nosso volume de reservas hoteleiras. A solução, integrando a oferta hoteleira de diversos providers, permite uma análise imediata do mix produto/preço/comissão, assumindo o papel de uma eficiente one stop shop booking tool, que evita a consulta em fornecedores distintos com o consequente custo de oportunidade de tempo. O Travelport Rooms and More permite uma comparação direta do mesmo produto em termos de preço, comissão e condições pagamento entre vários players, tornando o processo de tomada de decisão do agente de viagens mais eficiente e responsável. Uma das vantagens incontornáveis é uma majoração dos resultados em virtude da comissão de serviços que revertem para a agência e que até então eram absorvidos como uma mais-valia do fornecedor e/ ou central de reservas». João Pinto da Silva, Amorim Viagens

agentes de viagens todos os conteúdos que necessitam: pesquisa inteligente, que permite, de forma rápida e eficaz, apresentar opções de viagens com a melhor tarifa disponível, com soluções como o Travelport Best Available Rate. A o fe r t a d a Tra ve l p o r t é va s t a n e s t e segmento e está compilada no Travelport Rooms and More que integra mais de 450 mil unidades hoteleiras em todo o mundo num único interface, garantindo que o agente de viagens não precisa de despender tempo à procura de hotéis que 32

não se ajustam às exigências dos seus clientes. Já o Travelport Lowest Public Rate Program permite que os agentes de viagens encontrem e reservem rapidamente as melhores tarifas on-line e offline em mais de 25 mil cadeias hoteleiras.

TERCEIRO MITO: OS HOTÉIS SÃO CAROS NOS GDS Efectuando as reservas nos sistemas de distribuição global, os agentes de viagens podem ganhar comissões que

não conseguem garantir on-line, além de conseguirem estabelecer parcerias com a cadeias hoteleiras que podem conduzir a descontos acrescidos nos preços praticados. Há, ainda ferramentas, que apenas estão disponíveis no GDS e que garantem as melhores tarifas disponíveis. Desta forma, os agentes, além de praticarem preços mais reduzidos, incrementam a qualidade do serviço que oferecerem aos seus clientes. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


Legislação

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Legislação

Comissão Europeia propõe nova Diretiva das Viagens Organizadas Cerca de seis anos após ter sido iniciado o processo de revisão da diretiva das viagens organizadas, que datava de 1990, a Comissão Europeia apresentou este mês uma proposta de alterações cujo conteúdo está a ser objeto de aprofundada análise pelos diferentes interessados, designadamente pela ECTAA e suas associadas. Leia aqui o que propõe a CE.

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proposta tem como objetivo geral melhorar o funcionamento do mercado interno, melhorar a proteção ao Consumidor por aproximação das regras sobre pacotes e outras combinações de viagens e serviços e estabelecer condições equitativas entre operadores, removendo os obstáculos ao comércio transfronteiriço. Contudo, sendo apenas um projeto da Comissão Europeia, terá de passar ainda por uma tomada de decisão conjunta do Parlamento e do Conselho Europeus, logo suscetível de sofrer alterações, e uma vez que venha a ser aprovada a Diretiva, os

Estados-membros terão 18 meses para a sua transposição para a legislação nacional.

SOBRE A DIRETIVA EM VIGOR (90/314/CE) A Directiva em vigor tinha como objectivo proteger os turistas europeus, aplicando-se aos pacotes de férias organizadas que combinam, pelo menos, dois dos seguintes serviços: 1) transporte; 2) alojamento; 3) outros serviços turísticos, como excursões, se cobrirem um período superior a 24 horas ou incluírem uma dormida. Paral tal esta directiva oferece uma

protecção que inclui: requisitos em matéria de informação para as agências de viagens; responsabilidade dos operadores turísticos pela prestação de serviços de viagem, o que significa que os operadores devem garantir a prestação de todos os serviços incluídos no pacote (por exemplo, o voo e o alojamento num hotel) com o nível de qualidade exigido; bem como proteção (reembolso dos pagamentos efetuados antecipadamente ou repatriamento) no caso de um operador turístico abrir falência.

A NECESSIDADE DE UMA NOVA DIRETIVA: Esta proposta é a resposta à mudança radical no mercado das viagens, onde cada viajante tem um papel cada vez mais activo na adaptação das férias às suas necessidades específicas, recorrendo à Internet para combinar vários elementos das viagens, em concomitância com a possibilidade de escolherem nas brochuras, pacotes de viagens já organizadas; As normas previstas na actual Directiva são difíceis de aplicar na era da Internet, na medida em que cada vez mais consumidores reservam férias personalizadas em linha (tanto junto de um operador como de vários operadores comercialmente associados); A existência de mecanismos e regras diferentes entre os Estados-Membros não facilita o mercado interno e o mercado transfronteiriço. Por conseguinte, torna-se essencial reformular a actual Directiva de forma

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Legislação

a ir ao encontro das alterações do mercado.

Assim: PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA NOVA PROPOSTA Alargamento do conceito de "pacote turístico" aos "Click-trough packages" e "dynamic packages"; Introdução de um novo conceito de viagem: os "Travel Assisted Arrangement"; Novas regras relativas à alteração de preço dos pacotes; Novas regras relativas ao cancelamento do pacote, nomeadamente em situações de força maior ou circunstâncias extraordinárias; Definição das regras de responsabilida-de do Organizador; Alargamento das obrigações a nível de informação prévia não só na venda dos pacotes turísticos mas também na venda dos denominados "Travel Assisted Arrangements";

CONCEITO DE "PACOTE TURÍSTICO": Actualmente: Pacotes de férias organizadas que combinam, pelo menos, dois dos seguintes serviços: 1) transporte; 2) alojamento; 3) outros serviços turísticos, como excursões, se cobrirem um período superior a 24 horas ou incluírem uma dormida

Proposta: Pacotes de férias organizadas que combinam, pelo menos, dois serviços turísticos se: Tais serviços forem agregados por um Agente, incluindo as situações de solicitação do Cliente; Independentemente de serem adquiridos serviços a fornecedores separados, estes tenham sido adquiridos no mesmo ponto de venda e no mesmo processo de reserva; se for cobrado um preço global; se publicitado ou vendido como "pacote"; se resultar da combinação de serviços escolhidos pelo cliente após disponibilização pelo Agente; Adquirido a diferentes agentes através de um processo de reserva online simultâneo, onde os dados da reserva são transmitidos entre agentes o mais tardar quando o primeiro serviço é

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confirmado; A ideia de alargar o conceito de pacote aos "click trough packages" acabou por ficar aquém das expectativas e solicitação da ECTAA, na medida em que é necessária a transferência de dados específicos do cliente, como o nome, dados do cartão de crédito ou outras informações necessárias para a concretização do pagamento. Por

RESUMO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Quanto aos "Assisted Travel Arrangement": 1. Reconhecimento do direito ao reembolso e repatriamento em caso de insolvência; 2. Uma informação mais clara quanto à responsabilidade dos intervenientes; Resumo das principais características: Para as Agências: 1. Criação de condições de concorrência equitativa; 2. Supressão de exigências desadequadas da realidade como a entrega e disponibilização da brochura; 3. Exclusão das viagens de negócios; 4. Introdução de normas a nível da União Europeia em matéria de informação, responsabilidade e reconhecimento mútuo dos regimes nacionais de protecção em matéria de insolvência.

outro lado, o conceito de "Booking data" conforme pretensão da ECTAA não foi adotado. Finalmente, afastará a generalidade das combinações de serviços disponibilizadas pelas companhias aéreas low cost. A expectativa é que o texto final venha a corresponder aos anseios do sector, criando deste modo um "level playing field" reforçando assim, também, a protecção dos Consumidores.

CONCEITO DE "ASSISTED TRAVEL ARRANGEMENT" (ATA) Trata-se de um novo conceito, que consiste na combinação de, pelo menos dois tipos diferentes de serviços para a mesma viagem, não constituindo um pacote de viagem e resultando na celebração de contratos com fornecedores distintos através de uma agência de viagens: Com base em reservas separadas por ocasião de uma única visita ou contacto com o ponto de venda; ou Através da aquisição de serviços adicionais de viagem através outro fornecedor de uma forma orientada através de processos de reserva on-line sequenciais pelo menos até à confirmação da reserva do primeiro serviço Se este conceito vier a ter força de lei, necessariamente que, as companhias aéreas que vendam, nos seus sites, ATA's terão forçosamente de prestar as mesmas

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Legislação

garantias financeiras que os operadores e as agências de viagens, sob pena de entrarmos em concorrência desleal permitida por lei.

PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR Quanto à proteção do consumidor, a proposta prevê um alargamento da informação a prestar informação previamente à celebração do contrato, a saber: A informação referente a vistos contempla a obrigação de informar o tempo aproximado para obtenção do mesmo; A informação sobre a contratação de um "pacote" para os efeitos da Diretiva; Caso o Consumidor não seja informado de eventuais taxas e suplementos a suportar previamente à conclusão do contrato, não será obrigado a suportar os mesmos; O contrato deverá conter ainda a informação que o Organizador é responsável pelo pontual cumprimento do mesmo, pela assistência em caso de dificuldade e ainda de que é obrigado a assegurar protecção ao consumidor em caso de insolvência, indicando também a entidade que concede essa protecção e os respectivos contactos. Sobre as alterações ao preço, contratos e reembolsos: Regime de alteração de preço: Os fundamentos para alteração de preço do "pacote turístico" mantêm-se nos termos previsto a nível da nossa legislação interna, existindo agora a obrigação de redução do preço com os mesmos fundamentos. O aumento do preço está porém limitado a 10% do preço do pacote. Rescisão do contrato pelo consumidor previamente ao início da viagem: É possível o cancelamento sem custos pelo cliente perante situações força maior que estejam a ocorrer no destino (exemplo: conflitos políticos com desaconselhamento de viagens pelas autoridades). Reembolso: Nos casos em que existe direito a reembolso, o mesmo tem de ser feito no prazo máximo de 14 dias. Sobre a responsabilidade pelo cumprimento do contrato: O Organizador é o responsável pelo

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cumprimento pontual do contrato ainda que os serviços sejam prestados por terceiros; O Organizador é responsável, até ao valor de €100 por noite, com o limite máximo de 3 noites, nas situações em que o atraso do passageiro se fica a dever a circunstâncias de força maior, a título exemplo seria o que ocorreria no caso das cinzas do vulcão da Islândia que ocorreu há poucos anos. O limite acima referido não se aplica para passageiros de mobilidade reduzida, grávidas, pessoas com necessidades especiais cuja situação tenha sido comunicada até 48h antes do início da viagem. Introduz-se uma nova cláusula que afasta o direito a reembolso / compensação no caso de não cumprimento / cumprimento defeituoso do programa. O Viajante não terá direito a um compensação/ redução de preço caso não informe, "in loco", o Organizador de eventuais desconformidades e tal obrigação de comunicação tenha ficado previamente determinada no contrato, sempre, porém, tendo em consideração as circunstâncias do caso concreto.

ASSISTED TRAVEL ARRANGEMENTS: O agente que promova a comercialização deste tipo de serviço tem de informar o cliente, previamente à conclusão do contrato que: (i) cada fornecedor é responsável pelo serviço prestado (ii) ao contratar este tipo de serviço não beneficia da protecção prevista para a

RESUMO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Quanto aos pacotes turísticos 1. Maior rigor nas alterações de preço; 2. Alteração dos direitos de rescisão do cliente; 3. Alargamento dos deveres de informação, nomeadamente quanto à responsabilidade da Organizadora da viagem pela correta execução da mesma; 4. Reconhecimento do direito a indemnização pelo dano não patrimonial "Férias estragadas";

venda de "pacotes turísticos" mas apenas do direito ao reembolso e repatriamento em caso de insolvência do agente ou de qualquer dos fornecedores.

SOBRE A CONTRATAÇÃO DE AGÊNCIAS ORGANIZADORAS FORA DA EEA: A Agência Vendedora estabelecida num Estado Membro assume todas as obrigações previstas para os organizadores, salvo prova de que o organizador cumpre com as obrigações previstas a nível de cumprimento do programa e proteção em situações de insolvência.

MELHORAR O FUNCIONAMENTO DO MERCADO INTERNO E TRANSFRONTEIRIÇO O mercado interno deve incluir um espaço sem fronteiras internas no qual a livre circulação de bens e serviços e a liberdade de estabelecimento são garantidos. Tal alcançar-se-á pela harmonização de certos aspetos relacionados com a venda de pacotes de forma a encontrar o equilíbrio necessário entre a proteção do consumidor e a competitividade das empresas. As disparidades nas regras de proteção dos consumidores nos diferentes Estados-Membros são um desincentivo à aquisição de serviços noutro Estadomembro e, da mesma forma, um desincentivo para que os agentes procedam à venda dos seus produtos noutros Estados-membros. Assim, a proposta de Directiva prevê: Definição da responsabilidade exclusiva do Organizador da viagem pela execução do programa; Uniformização das regras da responsabilidade que visa facilitar as transações entre Agências organizadoras e Agências vendedoras Para facilitação das operações transfron-teiriças prevê-se, explicitamente, o mútuo reconhecimento da protecção em caso de insolvência ao abrigo da lei (i) do Estado Membro da sede ou do estabelecimento do Organizador (ii) ou do Estado membro da sede ou do estabelecimento do Retalhista.

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CHECKOUT

Abriu em Abril

Vila Galé Collection Palácio dos Arcos O Vila Galé acaba de se estrear na submarca Collection com a abertura do seu mais recente hotel de charme, o primeiro cinco estrelas do grupo, em Portugal. Num antigo palácio do século 15 surge agora uma unidade onde a poesia é rainha, em Paço de Arcos.

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á abriu o mais novo hotel do Vila Galé. É uma dupla estreia para o grupo hoteleiro nacional, que entra no mercado dos cinco estrelas e na submarca Collection em Portugal. O Vila Galé Collection Palácio dos Arcos está de portas abertas desde o passado mês de Abril, "seduzindo" os clientes com a temática poesia, que é visível um pouco por todo o hotel. Outrora um palácio, mais concretamente do século 15, está nas mãos da cadeia portuguesa por um período de 50 anos desde que a Câmara Municipal de Oeiras decidiu abrir um concurso público para concepção, adaptação e exploração do Palácio dos Arcos, então em evidente estado de degradação. Decidida a ter um hotel emblemático, o Vila Galé meteu REVISTA APAVT · Nº35 · 2013

"mãos à obra" para recuperar este edifício histórico com 2.000 m2 de área bruta distribuída por três pisos, conservando os dois torreões unidos pela larga varanda sustentada por três arcos, bem como a capela com altar barroco dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Do antigo palácio vieram ainda algumas peças de mobiliário, quadros, livros e lustres, que contribuíram para tornar o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos ainda mais especial. Outro destaque merecido é a biblioteca deste hotel, que é composta por livros muito antigos também "herdados" neste projecto. A poesia surge nas pequenas frases e poemas que acompanham os hóspedes ao longo da sua estadia. De manhã à noite, autores nacionais e internacionais surgem

em diferentes espaços, surpreendendo-o num elevador, no bar, no quarto ou nos corredores. E está presente quer no palácio quer na Ala Nova, construída agora pelo Vila Galé, com tons mais sóbrios de castanho e bege. Enquanto que no antigo palácio se encontram três quartos e duas suites, a nova ala apresenta-se com os restantes 71 quartos. Mas é também aqui que o hóspede pode desfrutar de um Satsanga Spa Collection com piscina interior e da piscina exterior com bar de apoio. De volta ao palácio, está a recepção, o restaurante Inevitável, o Bar Pessoa Lounge e a "velha" biblioteca. Reservas palacio.reservas@vilagale.com 37


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O fim do crédito aos clientes empresariais

recente medida, imposta pela IATA, de reduzir o pagamento das agências de viagem às companhias aéreas de 30 para 7 dias, ao longo de um período de dois anos, obriga a uma alteração estrutural e irremediável do negócio. Ou seja, uma agência que concede e assume diretamente o crédito aos seus clientes empresariais vai ter de deixar de o fazer, pelo menos na forma como o tem praticado até hoje. No entanto, aquilo que pode à primeira vista parecer como uma medida extremamente negativa para o sector, pode transformar-se numa oportunidade única de as empresas assegurarem solidez financeira e competitividade. A verdade é que a concessão de crédito a clientes tem-se tornado num dos piores flagelos para as agências de viagens, com um impacto no negócio que nem sempre é devidamente avaliado. Bem além da escassez do crédito e do seu próprio custo que como sabemos tem vindo a aumentar nos últimos anos - há que ter em conta o enorme custo operacional de processar este suposto serviço prestado aos clientes: recursos humanos alocados ao processo de cobranças, à emissão de segundas ou terceiras vias de faturas que o cliente oportunamente requer para dilatar ainda mais o prazo de pagamento, ao tempo passado em explicações com o cliente sobre detalhes de faturas, etc. Por fim, há que considerar o impacto no balanço da dívida a bancos num contexto em que estes impõem grandes limitações que podem neutralizar por completo a capacidade de endividamento e provocar a paralisia de uma empresa. Do lado dos clientes, sejam eles empresas, instituições ou Estado, a pressão é naturalmente cada vez maior embora, paradoxalmente, as empresas que atravessam as mesmas dificuldades com os seus próprios clientes, tendem em melhor perceber os argumentos dos seus fornecedores. Infelizmente o mesmo não acontece com o Estado, que não tem uma 38

Frédéric Frère CEO da Travelstore relação similar com "clientes". O Estado, de facto, tem sido o primeiro a injetar o vírus do pagamento atrasado no sistema, provocando um ciclo vicioso em que todos pagam mal aos seus fornecedores. Todos menos, é bom de ver, as agências de viagens, cujo principal fornecedor - a companhia aérea - se entendeu entre pares, no seio da sua associação, para impor aos seus clientes/distribuidores um mecanismo que os força a pagar numa data fixa e que veio agora aproximar este prazo ao conceito de pronto pagamento... Face a esta nova r ealidade, a única solução será de replicar em Portugal aquilo que o sector do corporate pratica desde há vários anos na maioria dos países Europeus e nos EUA, que consiste em transferir a competência da atribuição de crédito a empresas especializadas, sejam elas bancos, empresas de cartões de crédito ou de soluções de crédito para compra de viagens. Desta forma, será finalmente possível para as agências de viagens concentrarem-se na geração de valor para o cliente por via da sua intervenção como especialistas na gestão e reserva de viagens empresariais e não

como péssimos fornecedores de crédito... O cliente exige cada vez mais da sua agência de viagens. Exige maior capacidade tecnológica com soluções desenvolvidas à medida das suas necessidades, maior competência de Travel Management para reduzir os seus custos associados à compra de viagens e maior capacidade de assistir o viajante, 24H por dia e 7 dias por semana. Todos estes desafios estão ao alcance das empresas com talento e ambição, desde que não se misturem as competências originais com as competências de financiamento dos clientes. Chegou portanto a altura para, de uma forma clara e inequívoca, as agências adotarem uma nova abordagem no relacionamento com os seus clientes empresariais, transferindo sistematicamente a concessão de crédito a especialistas. A APAVT poderá ter um papel chave nesse processo de transição que irá necessitar de uma ação importante de sensibilização do sector e a eventual aproximação a parceiros especialistas do crédito. De uma ameaça pode, assim, surgir uma excelente oportunidade. REVISTA APAVT · Nº35 · 2013


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