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Um caminho para o Futuro
from Revista Antral 207
by Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros
José Monteiro
Segundo dados recentes publicados pela EUROSTAT, a taxa de desemprego em Portugal, embora sendo mais baixa que a média europeia, ronda atualmente os 5,8%, com a particularidade de na faixa etária abaixo dos 25 anos esta disparar, segundo a mesma fonte, para os 19,9%.
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Paradoxalmente, o setor dos transportes rodoviários, entre os quais os táxis, bem como muitos outros, tais como hotelaria, restauração, construção, pescas, e agricultura lutam com uma gritante falta de mão de obra e para a qual não se vislumbra solução.
Alguns setores ainda encontram por vezes, uma ténue resposta, contratando emigrantes vindos de países longínquos, como a Índia, o Nepal, o Brasil, Cabo Verde etc, etc, etc.
Existem, contudo, outros que, face a esta falta de mão de obra adotam soluções bem mais inteligentes, que foi o caso do Município de Miranda do Douro, pois face a esta realidade convocou três dezenas de ovelhas de uma raça oriunda do planalto mirandês e incumbiu-as da tarefa de fazerem a limpeza da vegetação dos espaços verdes envolventes desta cidade.
Foi uma solução que primou por ser inteligente, prática e muito pouco dispendiosa, pois como diz o velho ditado: “Quem não tem cão, caça com gato”.
Concentremo-nos agora no nosso caso, ou seja, no transporte em táxi.
Sabemos que a pandemia que nos assolou desde março de 2020, teve um impacto muito negativo na nossa vida económica, e consequentemente muitas empresas foram obrigadas, in extremis, a encerrar, enquanto outras, conseguiram-se aguentar, embora tivessem que forçosamente emagrecer os seus quadros de pessoal.
Dois anos passados, felizmente, e fruto do levantamento das muitas restrições, o país começou a despertar para um novo ciclo económico.
Urge assim, e muito em consequência do enorme fluxo de turistas que escolheram o nosso país este ano como destino, e também pela reativação da nossa economia, aos táxis começarem a oferecer enquanto transporte público de oferta homogénea de nível nacional, a plenitude dos seus serviços.
É aqui que o problema se nos coloca.
O nosso setor para além de estar bastante envelhecido, não tem de momento, pessoal credenciado e disponível para nele operar.
É urgente atrair novos motoristas, nomeadamente jovens, pois estes já dominam as novas tecnologias e são o garante de um futuro mais estável.
Neste contexto, cabe às associações do setor reivindicar junto da tutela, o que tem sido feito, alterações legislativas que tornem mais célere, menos onerosa e menos burocrática, a formação dos novos profissionais.
Destas reivindicações destaco a redução da carga horária dos cursos iniciais para as 50 horas em vez das atuais 125 horas e do curso de renovação das 25 horas para as 8 horas.
A abolição do exame multimédia, a não exigência da escolaridade obrigatória, que atualmente está fixada em 12 anos de frequência do ensino obrigatório, para os nascidos a partir de 1 de janeiro de 1994, seriam per si, medidas que muito contribuiriam para a diminuição dos custos de formação, e consequentemente atrairiam mais facilmente os novos candidatos a motoristas de táxi, pois como todos sabemos muitos deles lutam com enormes dificuldades financeiras.
Paralelamente, os organismos oficiais deviam tomar medidas burocráticas, agilizando a emissão do certificado de motorista de táxi, emitindo de imediato, a exemplo das cartas de condução, uma guia de substituição, logo após a entrada do pedido do C.M.T., pois é atualmente um absurdo e incompreensível para aqueles que precisam de trabalhar, o tempo que decorre entre o final da formação e o recebimento deste documento emitido pela Casa da Moeda.
Deviam também permitir às entidades formadoras que a comunicação dos cursos de formação pudessem ser comunicados ao IMT,I.P. com a antecedência mínima de três dias úteis e não como atualmente 8 dias úteis, o que só dificulta todo este processo.
Enfim, são estas algumas das medidas que muito contribuiriam para desbloquear o nosso problema da falta de profissionais para trabalhar, e não pensem caros colegas, que isto não é viável, haja querer e boa vontade por parte da tutela.
Não reivindicamos o impossível, reivindicamos sim, condições análogas às que são exigidas aos motoristas dos TVDE.
Saudações Associativas.