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• Cientistas alertam Comissão Europeia para os riscos de não cumprimento das metas de protecção climática nos transportes

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Breves

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Os cientistas e investiga-

dores que subscreveram uma carta conjunta dirigida à Comissão Europeia, consideram um erro a promoção unilateral exagerada da mobilidade eléctrica, enquanto energia alternativa nos transportes.

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No âmbito da protecção climática nos transportes, e face às alterações planeadas nos regulamentos legais, especialmente da Directiva de Tributação de Energia, da regulamentação referente às emissões de CO2 de veículos ligeiros e pesados, bem como da Directiva de Energias Renováveis, um grupo de 171 cientistas e investigadores, não só de PaísesMembros da UE, como também da Suíça, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos da América, Japão e Brasil, enviaram, a 17 de Junho, uma carta aberta conjunta à Comissão Europeia, alertando para o risco de não cumprimento dos objectivos de protecção do clima a longo prazo no sector dos transportes.

Através dessa carta os cientistas pretendem informar, não só os decisores políticos europeus, mas também o público em geral, da sua convicção de que a Comissão Europeia está prestes a definir um rumo errado em matéria de protecção climática nos transportes, que levará a uma falha no cumprimento dos objectivos a longo prazo.

Realçam na sua carta que não pretendem contestar expressamente a Comissão Europeia, mas sim encetar um diálogo construtivo, a fim de apoiar os seus esforços para a melhor protecção possível do clima, da melhor maneira possível, de forma transparente e compreensível para os cidadãos europeus.

Tendo em vista a enorme e crescente pressão do tempo, consideram que não podemos permitir mais omissões ou erros na protecção do clima, pretendendo estimular uma ampla discussão sobre este tema em bases científicas e apelar a uma política de protecção climática transparente e tecnologicamente neutra, orientada para reduções físicas reais de gases de efeito estufa em toda a cadeia de valor, havendo uma necessidade considerável de melhorias nas alterações planeadas aos regulamentos legais.

Consideram que os regulamentos atuais ainda representam uma promoção unilateral exagerada da mobilidade eléctrica, considerada como tendo zero emissões de CO2, enquanto os combustíveis renováveis não são tidos em conta. Consideram igualmente que se trata de uma violação grave do princípio da neutralidade tecnológica, não só por impedir uma competição justa entre diferentes soluções, cada uma medida em termos da redução real de gases de efeito estufa, mas também por desconsiderar as leis da natureza, porque o clima só reage às quantidades físicas reais de gases de efeito estufa, e não a factores arbitrariamente fixados pelos políticos para a contabilização das medidas. Além disso, consideram existir aqui falta de transparência, uma vez que a Comissão Europeia não divulgou quaisquer cálculos sobre a redução real de gases com efeito de estufa que se pode esperar desta medida em toda a cadeia de valor, incluindo a instalação de novas infra-estruturas.

Com base nos estudos científicos de que dispõem, chegam à conclusão de que a mobilidade eléctrica no período até 2030, que será decisivo para o sucesso ou fracasso a longo prazo da protecção climática, muito provavelmente não levará a qualquer redução significativa de gases de efeito estufa em toda a cadeia de valor e, portanto, consideram-na insuficiente como medida de protecção climática de médio prazo. Em particular, o grande aumento das emissões de CO2 da construção de veículos eléctricos a bateria, a alta participação de combustíveis fósseis na produção de electricidade que ainda existirá por muito tempo, a enorme despesa de construção de novas infra-estruturas para estações de recarga e o facto da mobilidade eléctrica não trazer nenhuma energia renovável nova para o sistema.

Assim, apontam outras soluções para a redução de gases de efeito estufa no sector dos transportes, como combustíveis alternativos sustentáveis (combustíveis líquidos e gasosos, incluindo hidrogénio renovável, metano renovável e outros), que acreditam serem muito mais eficazes pois, além de terem efeitos imediatos na redução de emissões reais de gases de efeito estufa para a atmosfera a partir da enorme frota de veículos existente, incluindo os movidos a gás, não necessitam de uma nova infra-estrutura de abastecimento.

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