Espécies Invasoras | PEV 2021

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Muitas das plantas que nos rodeiam foram transportadas do seu habitat natural para outros locais, estas denominam-se plantas exóticas. São plantas não nativas de um determinado local, ou seja, quando dali não é originária e nunca foi aí registada como ocorrendo naturalmente. Estas podem coexistir com as espécies nativas de forma equilibrada ou de forma desequilibrada, desenvolvendo-se muito rapidamente e tornando-se nocivas, causando impactos ambientais e económicos negativos, designadas de plantas invasoras. Assim, é considerada invasora qualquer espécie não nativa que desequilibre a estrutura ou o funcionamento de um sistema ecológico. Ao serem introduzidas, estas espécies adaptam-se facilmente e rapidamente colonizam novas áreas, pois para além de superarem as barreiras geográficas, estas espécies conseguem superar barreiras bióticas e abióticas, mantendo populações estáveis. Por serem plantas de fácil dispersão, torna-se difícil para o Homem o seu controlo, pelo que se tornam nocivas e contribuem para a diminuição da biodiversidade dos ecossistemas. Estas são uma ameaça à saúde pública, à qualidade das nossas paisagens, à disponibilidade de água nos lençóis freáticos, à produção de alimentos e à economia do país, pois contribuem para a diminuição da produção agrícola, florestal e piscícola.

O que caracteriza uma planta invasora?

Espanta-lobos Ailanthus altissima

Características:

Crescimento rápido, dispersão e colonização eficiente;

Ausência de predadores, competidores ou agentes patogénicos; Maior capacidade competitiva que as espécies nativas; Produção de muitas sementes, as quais podem ser viáveis por longos períodos de tempo e podem ser estimuladas pelo fogo; Reproduzem-se vegetativamente sem necessidade de produção de sementes para dispersar.

ciclo de gestão de plantas invasoras a. prevenção

b. deteção precoce e resposta rápida

Definir alvos e objetivos de conservação/ produção para o local invadido (considerar o orçamento disponível).

Arundo donax

Árvore dioica, de até 20 m, formando numerosos rebentos de raiz; ritidoma cinzento, liso ou longitudinalmente fendilhado; raminhos castanho-brilhantes, grossos, tortuosos e medulosos. Folhas: caducas, alternas, imparifolioladas, com ráquis de até 1 m, cujos primeiros pares de folíolos têm 2-4 lobos irregulares na base; folhas jovens com extremidades avermelhada. Flores: esverdeadas, pequenas (7-8 mm), reunidas em panículas de 10-20 cm. Frutos: monocarpos samariformes com 3-4 cm, avermelhados no início. Floração: abril a julho.

Pode formar povoamentos densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa. Tem efeitos alelopáticos, impedindo o desenvolvimento de outras espécies. Custos elevados na aplicação de metodologias de controlo. Alergias.

Características que facilitam a invasão: Espécie pioneira de crescimento muito rápido. Reproduz-se por via seminal produzindo uma elevada quantidade de sementes (± 350 000/ano) que podem dispersar até grandes distâncias (pelo vento) e germinam se verem humidade. A espécie também se reproduz por via vegetativa, rebentando vigorosamente de raiz, formando extensos estolhos radiculares.

Impactos: Forma clones que apresentam uma grande área de dispersão, impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa, apresenta custos na aplicação de medidas de controlo, representa um grande obstáculo ao escoamento junto a linhas de água, aumentando o risco de cheias e as suas canas são muito inflamáveis, o que aumenta a possibilidade e o risco de incêndios.

Controlo físico: Arranque manual: Para plantas jovens, até cerca de 2m de altura e com rizomas de dimensões reduzidas. Deve garantir-se que não ficam rizomas e/ou fragmentos dos rizomas de maiores dimensões no solo pois estes regeneram muito vigorosamente diminuindo a eficácia da metodologia. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção dos rizomas. Pode ser feito também o corte primeiro e a posterior remoção dos rizomas, para plantas maiores e com rizomas mais extensos. Após o arranque, os caules devem ser destroçados e os rizomas devem ser retirados do local para posterior queima.

Características que facilitam a invasão: Características:

Avaliar técnicas de controlo disponíveis.

Reproduz-se vegetativamente, por fragmentos, formando vigorosos rebentos após o corte. E também por por via seminal produzindo muitas sementes (cada fruto contém entre 1000 a 1800 sementes), as quais são dispersas por pequenos mamíferos.

Monitorizar e avaliar o impacto das ações de gestão/registar/publicitar.

Arranque manual: metodologia preferencial para plântulas e plantas jovens. No caso de plantas jovens, a u lização de uma forquilha, para soltar as primeiras raízes, facilita a remoção. Em susbtratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Raízes de maiores dimensões e fragmentos que fiquem no solo têm grande probabilidade de originar novos rebentos pelo que devem ser removidos (muito importante!).

Reproduz-se unicamente por via vegetativa, através dos rizomas, que regeneram muito vigorosamente após o corte e após o fogo agravando os problemas de invasão. Os fragmentos dos rizomas são transportados nos cursos de água e quando ficam retidos nas margens originam novos pontos de invasão, a grandes distâncias.

Identificar e prioritizar áreas a controlar e espécies que ameaçem os objetivos propostos.

Desenvolver e implementar o plano de intervenção (eradicação, controlo de contenção, controlo inicial, controlo de continuidade, manutenção e mitigação).

Controlo físico:

Características que facilitam a invasão:

Impactos:

Rever e modificar o plano se necessário.

Impactos:

N

Cana

Tolerância a diferentes condições ambientais; Tolerância em ambientes perturbados pelo homem;

Erva perene robusta, de grandes dimensões, com caules até 6m, simples ou pouco ramificados. As folhas têm 1-8cm de largura, longas e com a ponta fina. As flores estão reunidas em panículas na parte superior, com 30-90cm e a sua floração ocorre de agosto a outubro. Os frutos não produzem sementes viáveis fora da sua área de distribuição nativa. Sendo nativa da Ásia, mas distribui-se por toda a região de Portugal Continental e ilhas. São frequentes principalmente na proximidade de linhas de água, zonas húmidas, pantanosas costeiras e áreas agrícolas.

Características:

Chorão-da-praia Carpobrotus edulis

Características: Subarbusto suculento, rastejante perene, de caules que podem atingir vários metros, e que enraízam nos nós. As folhas são carnudas, com 4-13 x 1-1,6cm, com secção transversal em triângulo equilátero e ápice agudo. As flores têm 8-10cm de diâmetro e são amarelas ou cor-de-rosa/púrpura, ocorrendo a floração de março a junho. Os frutos são carnudos, de forma ovóide, cor púrpura na maturação e são comestíveis. São muito frequentes em dunas costeiras e desenvolve-se tanto em zonas secas como húmidas. Em Portugal distribui-se por quase todo o país e é nativa da África do sul.

Acumula sal, alterando o pH do solo, reduz a disponibilidade de nutrientes para as outras plantas, forma tapetes impenetráveis que ocupam áreas extensas, impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa e não ajuda no suporte das areias, pois as suas raízes são superficiais.

Controlo físico: A metodologia preferencial é o arranque manual. Nos solos onde é mais frequente, os arenosos, o seu arranque é fácil em qualquer altura, mas em solos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Os fragmentos de maiores dimensões podem enraizar facilmente, por isso deve garantir-se que estes não são deixados no solo e que são totalmente removidos, para que não originem novos focos de invasão. Depois de arrancados devem-se deixar a secar, num local seguro e cobertos por plástico preto para que a sua destruição/degradação seja acelerada. Alternativamente, podem deixar-se no local mas com as raízes voltadas para cima, sem qualquer contacto com o substrato.

Erva aquática rizomatosa, geralmente flutuante. Folhas aéreas, crescendo em tufos, com limbo de até 8 x 9 cm, romboidal a suborbicular; pecíolos de comprimento variável, os mais curtos muito intumescidos na metade inferior, e todos contendo aerênquima esponjoso. Flores azuis/ violetas, com 5-7 cm de diâmetro, reunidas (8-12 flores) em espigas com cerca de 15 cm; anteras amarelas, variegadas de azul. Frutos: cápsulas com 3 valvas que contêm inúmeras sementes (entre 3 e 450) de pequenas dimensões. Floração: março a julho com um período de floração muito curto (2 a 3 dias).

Características que facilitam a invasão: Canais de irrigação, lagoachos, lagoas e regolfos de barragens. Não suporta água salobra e a salinidade limita a sua distribuição. Favorecida por águas ricas em nutrientes, principalmente azoto, fósforo e potássio. Pode suportar flutuações drásticas no nível de água, acidez e níveis baixos de nutrição.

Impactos: Forma tapetes que podem cobrir totalmente a superfície da água levando à alteração do ambiente aquático. Diminui a qualidade da água, a biodiversidade (fauna e flora aquáticas), a luz disponível e o fluxo de água, e aumenta a eutrofização.

Jacinto-de-água Eichhornia crassipes

Controlo físico: Remoção manual/mecânica (metodologia preferencial). Remoção manual ou com “ceifeiras” mecânicas, ou “aspiradores”. Por vezes, usam-se barreiras flutuantes, para conter a espécie dentro de uma área pequena. Para o sucesso desta metodologia é fundamental que não fiquem fragmentos de grandes dimensões na água.


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