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Fundação Profissão Motofrete
O primeiro capítulo de uma nova história dos motoboys e motofretistas
Constituída em abril de 2019 pela Loggi, à Fundação Profissão Motofrete nasceu de uma iniciativa voltada a segurança no trânsito dessa mesma empresa em 2018 que se chamou Movimento Profissão Motofrete. Nessa iniciativa foi percebido que os entregadores tinham outras necessidades relacionadas ao seu desenvolvimento e proteção social, e por esse motivo, a Fundação nasce com a missão de também promover a inserção e ascensão social dos entregadores de pequenas cargas em todo Brasil.
A partir dessa missão, a Fundação estruturou diversas ações com o objetivo de viabilizar acessos a essa categoria que historicamente nunca foram priorizados como acesso ao crédito para aquisição de motocicletas e equipamentos de segurança, seguro de vida e plano de saúde. A FPM tem também um programa de EAD, educação a distância, para que os motofretistas se capacitem de maneira gratuita.
Segundo Gitane Leão, diretora executiva da Fundação Profissão Motofrete, muitas ações estão programadas, ainda para 2020, dentre elas a liberação de novos conteúdos educacionais, tais como atendimento ao cliente, negociação, empreendedorismo e planejamento financeiro. Além disso já estão sendo feitas campanhas de humanização e valorização do entregador, segurança no trânsito e patrimonial, sendo que este último item tem como objetivo instruí-los sobre a importância em adquirir peças de boa procedência e incentivá-los a efetuar a “vacina” que se trata do DNA Security (Distribuição Numérica de Autenticidade), sistema de controle e gravação do número do chassi em diversas peças do veículo (de 35 a 45 gravações em motos). Outro foco é estruturar um selo de empresas sustentáveis, visando reconhecer e estimular investimentos sociais nessa categoria.
Nos últimos tempos foi inegável o aumento das entregas por aplicativos, viabilizando a geração de renda para muitas famílias brasileiras, principalmente através do trabalho autônomo. Entretanto, esse crescimento traz também alguns riscos e oportunidades. Nesse contexto a FPM tem papel fundamental em orientar os motoboys e motofretistas sobre os principais riscos da profissão e sobre como podem e devem se prevenir, seja no âmbito da segurança no trânsito e patrimonial, no seu planejamento financeiro, bem como no aprimoramento edu
cacional e profissional, visando seu crescimento na profissão e seu reconhecimento na sociedade.
Já há um número bem considerável de entregadores atuando pelo Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Locomotiva Instituto de Pesquisa, 5,5 milhões de brasileiros entregam mercadorias para garantir seu rendimento. A pesquisa mostra ainda que 90% deles utilizam apenas plataformas digitais para fazer entregas. Mesmo com esse número expressivo, há ainda uma barreira muito grande nesse segmento: muitos profissionais ainda atuam na informalidade. A Fundação tem também o foco de promover a formalização, visto que a informalidade gera uma série de dificuldades a esses profissionais, assim como a ausência de direitos básicos a qualquer trabalhador e muitas vezes como cidadão.
Os entregadores são um nicho econômico importante e nesse sentido a FPM faz um intenso trabalho
para que sejam reconhecidos como tal. Por isso a FPM atua através da mobilização de todo o ecossistema, através de parcerias que viabilizem um maior acesso dos entregadores a pprodutos e serviços específicos, mas também a resultados como os principais números do setor, padrões de consumo e perfil desses entregadores para que seja mensurada não só a sua evolução como a grande influência deles na economia. Outro trabalho importante da FPM é o de inclusão social dos entregadores, que é feita através da aproximação desses profissionais com as principais empresas ou indústrias que têm relacionamento de consumo com essa categoria, através de seus produtos serviços, pois levando em consideração que a maior parte desses entregadores é informal, são dificilmente alcançados por essas empresas. “Entendemos que com essa aproximação geramos valor para ambas as partes, as empresas e os entregadores. Além disso, a inclusão pressupõe ampliar e facilitar o acesso à educação para esses profissionais e suas famílias visando o desenvolvimento em cadeia”, diz Gitane Leão.
O trabalho da Fundação é importantíssimo, mas por si só não basta, ela também tem um papel de mobilizadora. Um grande exemplo é que uma série de medidas precisam ser efetivamente tomadas em benefício dessa categoria, como incentivos fiscais para que esses profissionais possam adquirir equipamentos de segurança, motopeças, além de óleo e combustível, tendo em vista que esses são itens fundamentais para uma pilotagem segura e com qualidade e ainda representam a maior fatia de custos na atividade. Embora a profissão já seja regulamentada é necessária também, uma atualização na regulamentação, visando a realidade que vive essa categoria e o aumento dos profissionais na atividade, inclusive por conta da entrada dos aplicativos no mercado. A maioria deles também são autônomos, e já é consenso de que o regime CLT não responde por toda a demanda. “Dessa forma é interessante que seja criada uma estratégia intermediária entre a CLT e o autônomo informal, garantindo assim o mínimo de proteção e garantias a esses profissionais e suas famílias”, completa Gitane.
Formação e capacitação é outro diferencial para essa categoria, existe a grande necessidade da formação de condutores nos diversos espalhados pelo Brasil e menos de 1% desses profissionais estão regularizados dentro da lei. Tais medidas certamente impactariam diretamente na segurança no trânsito.
Para fazer parte da Fundação Profissão Motofrete não há custos para os entregadores, basta que se iconcluam, obtendo a certificação no EAD de Segurança Defensiva. Para quem quer apoiar a FPM existem várias formas, desde a estruturação de parcerias com valores diferenciados nos seus produtos e serviços para os entregadores cadastrados da Fundação, ou mesmo aporte financeiro para viabilizar as ações da entidade. Gitane Leão, ressalta que os apoiadores são um grande diferencial para a viabilização do modele que a FPM adotou. “Estruturamos um modelo “ganha- -ganha”. Construímos uma plataforma onde é possível a aproximação da iniciativa privada e pública com os entregadores, essa aproximação tem muito valor para todas as partes. Os entregadores passam a acessar em um único lugar produtos e serviços específicos para seu desenvolvimento, proteção e segurança com condições melhores que as de mercado. Para a iniciativa privada é a oportunidade de se comunicar e estruturar políticas e ações específicas para esses profissionais, possibilitando maior assertividade, eficiência, qualidade e otimização de custos”, completa a diretora executiva da FPM.
A Fundação Profissão Motofrete foi pensada e estruturada para funcionar de forma independente, utilizando a tecnologia como diferencial, com uma atuação mediada por uma plataforma digital que possibilita o acesso rápido dos entregadores aos seus produtos, serviços e conteúdo, bem como de todos os parceiros a essa comunidade. A nossa visão é que esse modelo pode ser uma alternativa para outros grupos em situação de vulnerabilidade que tenham questões similares a dos entregadores. “Não poderia deixar de fazer uma consideração sobre o momento atual que temos vivido em decorrência da Covid 19. Temos visto a importância de algumas profissões para a sociedade, como a dos entregadores. Observamos ainda a importância da estruturação de negócios baseados no conceito de comunidade. Sem querer soar clichê, um dos grandes aprendizados na minha visão é que estamos todos conectados, sem exceção. Temos hoje a grande oportunidade de olhar essa realidade de frente e formularmos soluções para redução das desigualdades nessa comunidade. É para essa reflexão que eu convido todos vocês”, finaliza Gitane Leão.
FUNDAÇÃO PROFISSÃO MOTOFRETE www.profissaomotofrete.com.br