Livro catálogo IMENSURÁVEL - Felippe Moraes

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IMENSURÁVEL

FELIPPE MORAES

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IMENSURÁVEL - Felippe Moraes Felippe Moraes, 1988 [organização: Anderson Eleotério e Felippe Moraes; curadoria e texto: Alexandre Sá; versão inglês: Carolyn Brisset]. Fortaleza, CAIXA Cultural / ADUPLA, 2018. 64 p.: il. color. ; 15 x 21 cm ISBN 978-85-64507-33-3 Catálogo da exposição IMENSURÁVEL - Felippe Moraes, realizada na CAIXA Cultural Fortaleza, Galerias I e II, de 29 de maio a 12 de agosto de 2018. 1. Arte contemporânea - Século XXI (Exposições). 2. Arte brasileira - Século XXI (Exposições). 3. Fotografia, Instalação, Objeto, Desenho, Vídeo, Gravura (Artes Visuais). I. Moraes, Felippe. II. Sá, Alexandre. III. Eleotério, Anderson. VI. CAIXA Cultural Fortaleza (CE). 4


Apresenta APRESENTA

IMENSURร VEL FELIPPE MORAES

Curadoria: Alexandre Sรก

CAIXA CULTURAL FORTALEZA DE 29 DE MAIO A 12 AGOSTO DE 2018

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Páginas anteriores | Previous pages Sem Título, da série Keyhan, 2017 Untitled, Keyhan series, 2017 Impressão fotográfica sobre papel fine art (ed.3 + P.A.) Photographic print on fine art paper (ed.3 + A.P.) 120 x 81,8 cm | 120 x 92,2 cm 120 x 77,8 cm | 120 x 79,7 cm

Sem título, da série Movimento Pendular , 2015-17 Untitled, Pendular Movement series, 2015-17 Impressão fotográfica sobre papel fine art (ed.3 + P.A.) Photographic print on fine art paper (ed. 3 + A.P.) 100 x 100 cm

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TUDO O QUE NOS ULTRAPASSA Na ocasião da minha primeira exposição coletiva em 2009, com a qual marco o início de minha carreira como artista, o curador perguntava como mote da mostra: “O que te move?”1 Minha réplica imediata foi “tudo o que nos ultrapassa”. Essa resposta inscrita na parede, aberta e ambiciosa, parecia não só assentar meu pensamento como artista, que já vinha se desenvolvendo há muito tempo, mas tornar-se um norte determinante para tudo que viria a seguir. Em “Imensurável” - uma tentativa de traçar um panorama da minha obra até o momento, em direção a uma reflexão sobre os meus dez primeiros anos de trabalho -, esse entendimento parece ainda profundamente verdadeiro e revelador. Dessa maneira, a obra propõe um habitar conceitual daquilo que ultrapassa os limites da compreensão, que esvazia nosso vocabulário emocional e intelectual, que nos impõe, pela brutalidade tanto quanto pelo silêncio, uma reflexão sobre o nosso lugar e tamanho no mundo e no universo, encaminhando-nos a uma compreensão de nossa existência que se aproxima do sublime. Como artista, nunca me senti um artífice ou um ente que produz. Entretanto, tampouco experimentei o temor contemporâneo de chamar-me de artista. Sempre percebi minha prática como um revelar, mais do que um fazer. Compreendo e empreendo a arte como uma forma de pensar, investigar e criar em métodos, promessas e resultados que diferem daqueles da ciência, da filosofia ou da espiritualidade, mas que constantemente recorre a elas para ampliá-las, discuti-las e até negá-las, habitando os vazios deixados por elas. A arte talvez seja como a matéria escura que permeia o universo, apesar de ainda absolutamente incompreendida pela ciência. Sabemos de sua existência, mas pouco sobre sua natureza. É invisível, imperceptível e essencial para dar conta dos modelos conceituais desenvolvidos até agora. Minha prática está constantemente nesse entre. Não reside em disciplinas únicas, mas no vazio entre elas. O trabalho do artista é, portanto, um legado. É a possibilidade de um pensamento que não é comportado por nenhuma outra área de conhecimento humano e que é revelador na inconsequência de seus métodos e na demonstração de suas falências e limitações. Não há medo do vazio. Em um momento histórico em que nossos modelos filosóficos, políticos e científicos parecem ter encontrado os limites de seus próprios alcances, procedimentos e ambições, a arte não se abstém do confronto e do diálogo com o desconhecido. Ao contrário, habita-o com entusiasmo. Assim sendo, meu trabalho é uma celebração da experiência do tangível e de como essa vivência, e somente ela, pode promover uma apreensão do intangível e do imaterial com tamanha eloquência retórica e poética. Trata-se de uma revelação que se dá pela ausência, pelas reticências, pelo espaço entre caracteres epistemológicos e pela contemplação daquilo que é infinito, invisível, oculto, que se esconde atrás do horizonte e que é, por fim, imensurável. FELIPPE MORAES

1 DELLACQUA, W. Sem Crise ou Os 4 Opositores, 2009. Disponível em <http://os4opositores. blogspot.pt/2009/04/da-curadoria.html>. Acesso em: 25 abr. 2018. 15


Movimento Pendular, 2014 Pendular Movement, 2014 Cabo de aço, vidro e areia preta Steel cable, glass and black sand Dimensões variáveis Variable dimensions

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Detalhe de Movimento Pendular, 2014 Detail of Pendular Movement, 2014

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Revolução: faça você mesmo, 2017 Revolution: do it yourself, 2017 Sublimação sobre tecido Sublimation on fabric 90 x 70 cm

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IMENSURÁVEL “Imensurável” é o nome desta exposição individual de Felippe Moraes que, embora não seja propriamente uma retrospectiva, propõe estabelecer um panorama de uma trajetória abundante, repleta de silêncios, incógnitas e perguntas em suspensão. Imensurável é também o desejo que lhe move, em suas linhas furtivas de ficções e nas infinitas possibilidades de entrecruzamento da ciência e da arte. Imensurável é também a névoa contemporânea que nos inunda diariamente e nos leva a um estado sensorial deambulatório e, inevitavelmente, rizomático. Se no cotidiano, tal lógica rizomática, termina por nos jogar em um processo de encontros, desencontros, dispersões, entorpecimentos e hiatos, o trabalho de Felippe Moraes é o avesso disso. Trata-se de uma proposta quase inconsciente de, a partir da entropia, encontrar um conjunto de metodologias que visam organizar o discurso plástico e visual que ao longo da história atravessou o desejo de artistas, filósofos, cientistas, matemáticos em suas infinitas fórmulas, mapas e cartas de navegação. A questão estética que norteia sua trajetória surge, então, por meio de um entrecruzamento de referências, advindas das mais diversas áreas, sempre povoadas pela responsabilidade visual e formal, produzindo um novo compêndio de proposições artísticas que, como grande parte da boa produção recente, promove e provoca uma dúvida em suspensão, devolvendo-nos a uma área de indeterminação sobre o fim em si mesmo da existência, como em um vaivém filosófico, que continua a perguntar, numa vibração em subsolo, qual o estatuto da arte nos dias de hoje. O trabalho é, em primeira instância, povoado de um quase hermetismo que eventualmente poderia provocar certo tipo de distanciamento recorrente na arte contemporânea. Por outro lado esse pseudo-hermetismo, que talvez também se fundamente através de uma precisão formal absoluta, desfaz-se rapidamente a partir do momento que nos interessamos por mergulhar em suas propostas e em seus jogos de interpretação. Quando isso ocorre, o espectador se deixa inundar por um conjunto de interrogações e deambulações epistemológicas que não optará por trazer resposta alguma, mas, sim, por provocar uma bruma levemente risonha que, por meio da conjunção com o trabalho exposto, brinca, ironiza a sua presença e discute o afã de cientificidade que atravessa esse tal homem contemporâneo em busca de infinitas soluções para o seu eterno processo de conhecimento//desconhecimento. Esta exposição é esse conjunto de pontos de fuga que, em vez de apontarem para um horizonte específico, terminam por criar diversos horizontes e possibilidades interpretativas sob uma metodologia muito particular, na qual o artista constrói sua narrativa fragmentada, espessa e amparada, por sua qualidade e precisão, em alguns movimentos de arte que foram fundamentais para a segunda metade do século XX como o minimalismo, a land art e a arte conceitual. Por outro lado, não se trata de um movimento nostálgico diante de tal legado, mas de um desejo vigoroso de reprocessamento de tais referências e da atualização desses movimentos em uma perspectiva histórica também entrópica e não mais linear. O devir contemporâneo que emerge dos trabalhos se nutre sem intenção específica de um passado, mas sua responsabilidade inquestionável é com o alinhamento das práticas híbridas e com a realocação de tais questões em uma linhagem histórica da arte mais dúbia, atemporal, paradoxalmente formal, monumental e aurática. 21


Monumento a Euclides, 2017 Monument to Euclid, 2017 Slanic-Moldova, Romênia [Romania] *Obra pública não presente na exposição mas pertinente ao contexto curatorial *Public work not shown in the exhibition but relevant to the curatorial context

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Detalhes de Monumento a Euclides, 2017 Details of Monument to Euclid, 2017

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Suas fórmulas e suas fabulações estão todas ali. As equações matemáticas, as topologias do terreno (subjetivo e objetivo), a geologia do espaço (entre eu e o tu) e todas as outras possibilidades de compreensão e utilização do afã quantitativo que se estabelece como pesquisa. Contudo, Felippe Moraes faz uso desse material de maneira lúdica, consideravelmente ficcional, como se soubesse da verdade que atravessa tais cálculos e, exatamente por isso, optasse assumidamente por desconfiar deles, torcendo-os e aplicando-os já de outra forma, na materialidade refinada dos objetos e proposições; promovendo um tipo de lastro poético que se sustenta pela coragem da sua dúvida, pela certeza inelutável de suas angústias e pela instabilidade de suas formulações plásticas. Em certo sentido, é possível afirmar que seja essa a especificidade do trabalho do artista. Se os anos 1960 e 1970 trouxeram uma potência de desmaterialização do objeto, bem como uma crença inconteste no processo de diluição da forma e na primazia do processo, para Felippe Moraes tais elementos servem como um compêndio de paradigmas a serem eclipsados, reinventados, colocados em marcha e em refluxo, em um jogo infinito de espelhos que visa, de maneira hercúlea, redescobrir e escavar pequenos fragmentos de eternidade na efemeridade da vida e da experiência estética, em suas fórmulas inacessíveis e potencialmente gráficas. O elemento conjuntivo que frutifica a partir da fricção entre palavra e imagem termina por abandonar vagarosamente sua potência conceitual, apontando então para uma retomada da lógica da fantasia nascente da concretude do mundo, iluminando o sintoma herdado por nós todos, de termos desaprendido a sonhar como os antigos artistas enciclopédicos. ALEXANDRE SÁ CURADOR

Monument to Euclid (2017) is a permanent installation in the mountains of the city of Slanic-Moldova in Romania. Its eight sandstones are aligned to the cardinal points, thus functioning as a solar calendar. Each one of the stones contains the inscription of one of the first eight appointments of the book “The Elements”, by Greek mathematician Euclid, in which he defines geometric entities such as the point, the line and the plane.

Monumento a Euclides (2017) é uma instalação permanente nas montanhas da cidade de Slanic-Moldova na Romênia. Suas oito pedras de arenito são alinhadas aos pontos cardeais, funcionando como um calendário solar. Cada uma das rochas contém a inscrição de um dos oito primeiros apontamentos do livro “Os Elementos”, do matemático grego Euclides, em que define entidades geométricas como o ponto, a reta e o plano.

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Detalhe de Monumento a Euclides, 2017 detail of Monument to Euclid, 2017 8 pedras de arenito kliwa gravadas 8 engraved kliwa sandstones Aprox. 1300 x 1300 x 120 cm Slanic moldova - RomĂŞnia [Romania] ArtesĂŁo pedreiro Dan Celmare Stone craftsman Dan Celmare

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Divisão, 2011 Division, 2011 Impressão a jato de tinta sobre papel, alfinetes e toras Inkjet print on paper, drawing pins and logs Dimensões variáveis Variable dimensions

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Hermes, 2011 Impressão fotográfica em papel fine art e alfinetes (ed.3 + P.A.) Photographic print of fine art paper and drawing pins (ed.3 + A.P.) Dimensões variáveis Variable dimensions

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16kg para entortar uma árvore, 2012 16kg to bend a tree, 2012 Impressão fotográfica sobre papel fine art (ed.5 + P.A.) Photographic print on fine art paper (ed.5 + A.P.) Díptico [Diptych] 110 x 110 cm / 35 x 35 cm

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64kg de triângulo, 2014 64kg of triangle, 2014 Balanças relógio, cabo de aço inoxidável, esticadores de cabo de aço, aço inoxidável e aço (ed.3 + P.A.) Clock balances, stainless steel cable, steel cable stretchers, stainless steel and steel (ed.3 + A.P.) 180 x 210 x 5 cm

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8 & 9, 2012 - 2015 Tinta vinĂ­lica e caneta de giz sobre tela Vynil paint and chalk marker on canvas 100 x 100 cm

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I Ching, 2014 Impressão jato de tinta sobre papel, papel vegetal, encadernação em capa dura Inkjet print on paper, tracing paper, hardcover 16 x 22 x 3 cm

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Homenagem a PitĂĄgoras, 2012 Homage to Pythagoras, 2012 ImpressĂŁo fotogrĂĄfica sobre papel fine art (ed. 5 + P.A.) Photographic print on fine art paper (ed.5 + A.P.) 39,5 x 59 cm cada [each]

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Ungido, 2011 Anointed, 2011 Aço, níquel, ouro e madeira Steel, nickel, gold and wood 22 x 2 x 9 cm

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A Gênese, 2009 - 2011 The Genesis, 2009 - 2011 Ouro, cobre, latão e terra (ed.3 + P.A.) Gold, copper, brass and soil (ed.3 + A.P.) Dimensões variáveis Variable dimensions

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To produce the work Word (2009-2010), the artist spent seven months cutting and cataloguing all the 5101 appearances of the word Deus (God in Portuguese) from a catholic Bible. Through the premise proposed by the New Testament that “In the beginning was the Word, and the Word was with God, and the Word was God” (John 1:1), the artist intends to reach the core of this divine, isolating the very word referring to God, in a procedure similar to distillation.

Para produzir a obra Verbo (2009-2010), o artista passou sete meses recortando e catalogando todas as 5101 aparições da palavra Deus de uma Bíblia católica. Partindo da premissa proposta pelo Novo Testamento de que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1), o artista pretende chegar ao cerne desse divino, isolando a própria palavra Deus, em um processo análogo à destilação.

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Vista geral e detalhe de Verbo, 2009 - 2010 Overall view and detail of Word, 2009 - 2010 Bíblia católica e papel Catholic Bible and paper Dimensões variáveis Variable dimensions

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Detalhe de Verbo, 2009 - 2010 Detail of Word, 2009 - 2010

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O Peso do Verbo, 2010 - 2014 The Weight of The Word, 2010 - 2014 72 reagentes condutores, vidro, latão e balança de precisão 72 conductive chemical reagents, glass, brass and precision scale Dimensões variáveis Variable dimensions

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At the end of the process of creating the work Word (200910), after cutting out all the words Deus from a Bible, the artist weighed them and obtained 15g. From that information he developed the work The Weight of The Word (2010-14), in which he presents seventy-two conductive chemical reagents in glass jars, each one weighing 15g, alongside a scale also measuring 15g of salt, important mystical material in various traditions.

Ao final do processo de criação da obra Verbo (200910), em que o artista retirou todas as palavras Deus de uma Bíblia, ele as pesou e obteve 15g. A partir dessa informação desenvolveu a obra O Peso do Verbo (201014), em que apresenta setenta e dois reagentes químicos condutores de eletricidade em frascos de vidro, cada um pesando 15g, junto a uma balança também medindo 15g de sal, importante material místico para diversas tradições.

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A sĂŠrie Tubos Sonoros (2014) foi desenvolvida para que o visitante possa encostar um de seus ouvidos nas aberturas e, pela passagem do ar, escutar sutilmente o suspiro de uma das notas da escala musical, de DĂł a DĂł uma oitava acima. The series Sound Tubes (2014) was developed so that the visitors can lean one of their ears in the openings and, through the passage of air, listen to the subtle breath of one of the notes of the musical scale, from Do to Do one octave above.

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série Tubos Sonoros, 2014 Sound Tubes series, 2014 Aço inoxidável, aço e acrílico Stainless steel, steel and acrylic Dimensões variáveis Variable dimensions

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Primos [Primes], 2016 π, 2016 φ, 2016 Painéis de LED LED Panels 20 x 135 x 10 cm cada [each]

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The Drag That Said Phi, 2017 Color HD Video - Stereo 08’05” com [starring] Alaska Thunderfuck

In The Drag That Said Phi (2017), the performer Alaska Thunderfuck enunciates the first digits of the irrational number of the Golden Proportion (φ = 1,618…). The queer figure, with its audacious aesthetics and narrative, tensions the idea of classical beauty suggested by this measurement. By narrating an incommensurable number, the video comes to discuss the human dimension when facing the infinite.

Em The Drag That Said Phi (2017), a performer Alaska Thunderfuck enuncia os primeiros dígitos do número irracional da proporção áurea (φ = 1,618...). A figura queer, com sua estética e narrativa audaciosas, tensiona a ideia de beleza clássica proposta pela medida. Ao narrar um número incomensurável, o vídeo acaba por discutir a dimensão humana ao vislumbrar o infinito.

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Harmonices Mundi (2017) apresenta seis músicos interpretando as peças compostas por Johannes Kepler em 1619 para descrever a órbita elíptica dos seis planetas conhecidos à época. Frente aos avanços tecnológicos para mensurar o universo, o vídeo propõe uma leitura poética para refletir sobre a ideia de cosmos em uma ordem subjetiva.

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Harmonices Mundi, 2017 Color HD video - Stereo 13’38’’ com [starring] Bomrani

Harmonices Mundi (2017) presents six musicians interpreting the pieces composed by Johannes Kepler in 1619 to describe the elliptical orbit of the six known planets at the time. Facing the contemporary technological endeavors to measure the universe, the video promotes a poetical discussion reflecting on the idea of cosmos in the subjective realm.

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A Distância do Horizonte, 2011 - em desenvolvimento The Distance from The Horizon, 2011 - ongoing Fórmula matemática (diversos formatos) Mathematical formula (various formats)

The Distance from The Horizon (2011 - ongoing), proposes a mathematical formula as a work of art. This formula created by the artist allows calculating the distance of any observer to the optical horizon.

A Distância do Horizonte (2011 - em desenvolvimento), propõe uma fórmula matemática como obra de arte. Tal fórmula criada pelo artista permite o cálculo da distância de qualquer observador até o horizonte ótico.

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Monumento ao Horizonte, 2016 Monument to The Horizon, 2016 Aço corten [Corten steel] 490 x 90 x 300 cm Caminho Niemeyer - Niterói - Rio de Janeiro

*Obra pública não presente na exposição mas pertinente ao contexto curatorial *Public work not shown in the exhibition but relevant to the curatorial context *Esta obra monumento foi adquirida com os recursos do edital prêmio Artemonumento2016

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Monumento ao Horizonte (2016) é uma escultura permanente instalada no Caminho Niemeyer em Niterói e funciona como um observatório de horizontes. O observador é convidado a subir suas escadas internas e colocar-se diante de uma fenda aberta no aço corten, permitindo a visualização do horizonte do Oeste imediatamente à diante.

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Monument to The Horizon (2016) is a permanent sculpture installed at Caminho Niemeyer in Niterói and functions as an observatory of horizons. The observer is invited to climb up the internal stairs and place oneself towards the slit in the weathering steel, allowing one to visualize the West horizon immediately ahead.


Vista de 180° da fenda interna de Monumento ao Horizonte 180° view of the slit inside Monument to The Horizon

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EVERYTHING THAT SURPASSES US During my first collective exhibition in 2009, which I see as the start of my career as an artist, the curator selected a question as its cornerstone: “What moves you?”1 My immediate reply was: “Everything that surpasses us”. Written openly and ambitiously on the wall, this answer seemed not only to ground my thinking as an artist (which had been developing for quite some time) but also became a compass guiding everything that was to follow. In Immeasurable - which is an attempt to offer an overview of my work so far, prompting reflection on my first ten years of work - this understanding seems even more true and revealing. The works propose a conceptual dwelling that extends beyond the boundaries of comprehension, depleting our emotional and intellectual vocabulary and forcing us through its brutality and silence to reflect on our place and size in the world and the universe, steering us towards an understanding of our existence that approaches the sublime. As an artist, I have never felt like a craftsman or an entity who produces. However, neither have I felt the contemporary fear of calling myself an artist. I have always perceived my practice as a revealing rather than a making. I understand and undertake art as a way of thinking, investigating and creating through methods, promises and results that differ from those of science, philosophy or spirituality, but that constantly reach out to them in order to distend, discuss and even deny them, living in the gaps that they leave unfilled. Art is perhaps the dark matter that permeates the universe, still utterly misunderstood by science. Although aware that it exists, we know little about its nature. It is invisible, imperceptible and essential for dealing with the conceptual models developed so far. My practice is constantly in this between. It does not lie in single specific disciplines, but rather slips into the crevices among them. The work of the artist is thus a legacy. It is the possibility of a thought that is not encompassed by any other field of human knowledge, which is revelatory in the heedlessness of its methods and the demonstration of its failures and limitations. There is no fear of the void. At a time in history when our philosophical, political and scientific models seem to have found the limits of their scopes, procedures and ambitions, art does not shy away from confrontation and dialog with the unknown. To the contrary, it dwells enthusiastically within it. My work is thus a celebration of the experience of the intangible and of how these - and only these - perceptions can underpin an apprehension of the intangible and the immaterial with such poetic and rhetorical eloquence. This is a revelation that is triggered by absences, reticences and ellipses, the space between epistemological characters and the contemplation of what is infinite and invisible, concealed and hidden behind the horizon and which is, ultimately, immeasurable. FELIPPE MORAES

1 DELLACQUA, W. Sem Crise ou Os 4 Opositores, 2009. Available at: <http://os4opositores. blogspot.pt/2009/04/da-curadoria.html>. Accessed on April 25, 2018. 62


IMMEASURABLE Immeasurable is the name of this one-man show that - although not really a retrospective - strives to offer an overview of the abundant output of Felippe Moraes, rife with looming questions, silences and unknowns. Immeasurable as well is the desire that fuels its furtive lines of fiction and infinite crossover possibilities between science and art. And immeasurable also is the contemporary cloud that swirls around us every day, sweeping us into sensory state that is ambulatory and inevitably rhyzomatic. But if this rhyzomatic logic casts us into a process of meetings, matches and mismatches, dispersals, dazes and divisions in our daily lives, the works of Felippe Moraes are exactly the opposite. This is an almost unconscious drive to find a set of entropy-entrenched methodologies able to structure the plastic and visual discourse that has conveyed the desires of artists, philosophers, scientists and mathematicians, in their infinite formulas, maps and charts throughout history. The esthetic issue that has steered his progress thus arises through intersecting references emanating from a wide variety of areas, always populated by visual and formal responsibility, producing a new compendium of artistic propositions that - like much good recent output promotes and provokes hovering doubts, bringing us back to a place of uncertainty regarding the real purpose of existence, in a philosophical to-and-fro that continues to question the statute of art in today’s world, through an underground vibration. His work is initially peopled by a quasi-hermetism that might eventually lead to a certain aloofness that is recurrent and contemporary art. On the other hand, this pseudo-hermetism, which might also perhaps be rooted in an absolute formal precision, collapses rapidly as soon as we try to plunge into its proposals and interpretation ploys. When this occurs, the viewer is swept away by a stream of epistemological peregrinations and interrogations that will lead not to any answers, but rather raise a happy haze that quips and teases at its presence through linking up to the works on display, exploring the scientific eagerness running through this contemporary man seeking infinite solutions to his eternal process of knowledge/unawareness. This exhibition clusters together these vanishing points that, instead of indicating one specific horizon, in fact create several skylines with diverse interpretative possibilities in a very personal methodology through which the artist constructs his fragmented narrative, dense and sheltered by its quality and precision, in some art movements that were fundamental during the second half of the XX century, such as Minimalism, Land Art and Conceptual Art. On the other hand, this is not a nostalgic glance back at this legacy, but rather a vigorous wish to reprocess these references and updates of these movements in a historical perspective is that is entropic and no longer linear. The contemporary future that emerges from the works is nurtured with no specific intent of the past, but rather with an unquestionable commitment to aligning hybrid practices and reallocating these issues within a historic lineage of more dubious art, atemporal and paradoxically formal, monumental and auratic. 63


These formulas and fabulations are all there. Mathematical equations, terrain topology both subjective and objective, the geology of the gap between the I and the You, and all the other possibilities for comprehending and using the quantitative drive that materializes as research. However, Felippe Moraes uses this material in a playful and quite fictional manner, as though he knows the truth underpinning these calculations and for precisely this reason decided to openly mistrust them, distorting and deploying them in different ways in the refined materiality of objects and propositions; promoting a type of poetic ballast that is upheld by the courage of his doubt, the inevitable certainty of his anguish and the instability of his plastic formulations. In a certain way, it may be said that this is the specificity of the work of the artist. If the 1960s and 1970s ushered in a capacity to dematerialize the object, together with an undeniable belief in the form dilution process and the primacy of the process, for Felippe Moraes these elements are like a compendium of paradigms to be eclipsed, reinvented, spurred and curbed in an infinite play of mirrors that herculeanly strives to rediscover and excavate tiny fragments of eternity in the ephemerality of life and esthetic experience in his inaccessible and potentially graphic formulas. The conjunctive element that blossoms from the friction between word and image gradually loses its conceptual power, then pointing towards a return of the logic of fantasy springing from the concreteness of the world, spotlighting the symptom inherited by us all, of having unlearned how to dream like the old encyclopedic artists. ALEXANDRE SĂ CURATOR

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FELIPPE MORAES Felippe Moraes (Rio de Janeiro, 1988) é artista, pesquisador e curador independente. Atualmente é doutorando pela Universidade de Coimbra em Portugal e mestre pela University of Northampton no Reino Unido. Suas principais exposições individuais são Proporción [Proporção] (2018) no Espacio de Arte Contemporáneo (EAC) em Montevidéu, Cosmografia (2017) com curadoria de Julia Lima e Ordem (2014), ambas na Baró Galeria em São Paulo, Progressão (2016) com texto de Michelle Sommer no MAC-Niterói, Os Elementos (2016) curada por Alexandre Sá no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica no Rio de Janeiro, Matter [Matéria] (2012) com texto de Raphael Fonseca na MK Gallery no Reino Unido e Construção (2011) na Temporada de Projetos do Paço das Artes em São Paulo com textos de Fernanda Lopes. Foi vencedor do prêmio KARA 2017, levando-o a uma residência de um mês na instituição Kooshk, em Teerã no Irã. No mesmo ano ainda esteve na residência In Context, na Cidade de Slanic Moldova na Romênia, onde construiu a obra pública e permanente Monumento a Euclides (2017). Em 2016 foi o primeiro colocado no prêmio ArteMonumento2016 da FUNARTE levando à construção da obra pública permanente Monumento ao Horizonte (2016) no Caminho Niemeyer em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Esteve em importantes mostras coletivas como Flat Image [Imagem Plana] (2017) na Exhibit Gallery em Londres, Bienal de Cerveira (2017) em Portugal, Coisas sem nome (2015) no Instituto Tomie Ohtake, Escala Humana no EAC em Montevidéu e Trienal Frestas (2014) em Sorocaba, São Paulo. Em 2014 foi um dos finalistas do Prêmio EDP nas Artes no Instituto Tomie Ohtake. Está em importantes coleções como do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Centro Cultural São Paulo.

FELIPPE MORAES Felippe Moraes (Rio de Janeiro, 1988) is an artist, researcher and independent curator. Currently is a PhD candidate at the University of Coimbra in Portugal and holds an MA Fine Art from the University of Northampton in the UK. His main solo shows are Proporción [Proportion] (2018) at Espacio de Arte Contemporáneo (EAC) in Montevideo, Cosmografia [Cosmography] (2017) curated by Julia Lima and Ordem [Order] (2014), both at Baró Galeria in São Paulo, Progressão [Progression] (2016) with text by Michelle Sommer at MAC - Niterói. Os Elementos [The Elements] (2016) curated by Alexandre Sá at Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica in Rio de Janeiro, Matter (2012) with text by Raphael Fonseca at MK Gallery in the UK and Construção [Construction] (2011) as part of Temporada de Projetos at Paço das Artes in São Paulo with texts by Fernanda Lopes. Moraes was one of the winners of the KARA 2017 award, and as a result, did a one-month residency at Kooshk in Tehran, Iran. In the same year was also in the In Context residency, in the city of Slanic Moldova in Romania, where he installed the permanent public work Monument to Euclid (2017). In 2016 he was awarded first place in the Brazilian national prize ArteMonumento2016 promoted by FUNARTE, allowing him to construct the permanent public work Monument to the Horizon (2016) at Caminho Niemeyer in Niterói, in the State of Rio de Janeiro. His works were shown in important group shows such as Flat Image (2017) at Exhibit Gallery in London, Cerveira Biennial (2017) in Portugal, Coisas sem nome [Things with no names] (2015) at Instituto Tomie Ohtake, Escala Humana [Human Scale] at EAC in Montevideo and Frestas Triennial (2014) at Sorocaba in São Paulo. In 2014 was one of the finalists of Prêmio EDP nas Artes [EDP in the Arts Award] at Instituto Tomie Ohtake. His works are in relevant collections such as Museu de Arte Moderna de São Paulo [Museum of Modern Art of São Paulo] and Centro Cultural São Paulo [São Paulo Cultural Center]. felippemoraes.com 65


EXPOSIÇÃO | EXHIBITION

CATÁLOGO | CATALOG

ARTISTA | ARTIST Felippe Moraes

ORGANIZAÇÃO | ORGANIZATION Anderson Eleotério Felippe Moraes

CURADORIA | CURATORSHIP Alexandre Sá COORDENAÇÃO GERAL | GENERAL COORDINATION Anderson Eleotério PRODUÇÃO | PRODUCTION David Motta

PRODUÇÃO EDITORIAL | EDITORIAL PRODUCTION Cristiane Pires TEXTOS | TEXTS Alexandre Sá Felippe Moraes DESIGN GRÁFICO | GRAPHIC DESIGN Claudia Ramadinha

PROGRAMAÇÃO VISUAL | ART DIRECTION Claudia Ramadinha

FOTOS | PHOTOS Felippe Moraes Exceto: p. 22, 24, 25 - Adi Bulboaca p. 57 - Bernardo de Britto p. 34, 35 - Carla Chaim p. 46 - Carol Krieger p. 40, 41 - Fabio Furtado p. 14, 15, 16, 17, 31 - Maria Sabato p. 20, 21 - Natalia Garbu

ASSESSORIA DE IMPRENSA | PRESS LIAISON Helena Félix Isabelle Vieira Kiko Bloc-Boris DESIGN DE MONTAGEM | EXHIBITION DESIGN Alexandre Sá Felippe Moraes PROJETO EXPOGRÁFICO | EXPOGRAPHIC PROJECT Anderson Eleotério

REVISÃO DE TEXTOS | TEXTS REVISION Rosalina Gouveia

MONTAGEM E CENOTÉCNICA | ART MOUNTING AND SCENOGRAPHIC TECHNOLOGY Josymar Nascimento

VERSÃO INGLÊS | ENGLISH VERSION Carolyn Brissett

SINALIZAÇÃO | SIGNPOSTING SPH Comunicação Visual

IMPRESSÃO E PRÉ-IMPRESSÃO | PRINTING Expressão Gráfica e Editora

REVISÃO DE TEXTOS | TEXTS REVISION Rosalina Gouveia AGRADECIMENTOS | ACKNOWLEDGMENTS

SEGURO | INSURANCE Pro Affinite - Chubb Seguros Brasil S.A.

Adriano Casanova, António Olaio, Baró Galeria - SP, Bernardo de Britto, Bernardo de Souza, Clara Sampaio, Cláudia Lúcia de Souza Moraes, David Cardoso, Farah Diba Pahlavi de Britto Moraes, Genivaldo Alves, Izabel Ferreira, Jairo Goldenberg, Julia Lima, Largo das Artes - RJ, Luciana Carvalheira, MAM - SP, Martin Bernard, Mega Flora, Miguel Sayad, Mineradora Jundu, Raissa Paes, Raquel Silva, Rosemary de Souza Moraes, Solange Aparecida, Tito Sousa, Valéria de Souza Moraes, Walter Corsi.

TRANSPORTE | TRANSPORTATION Art Quality Chenue do Brasil ASSISTENTE DE PRODUÇÃO | PRODUCTION ASSISTANT Felipe Paladini PRODUÇÃO LOCAL | LOCAL PRODUCTION Cristiane Pires PROJETO | PROJECT Anderson Eleotério DM Produções Artísticas PRODUÇÃO EXECUTIVA | EXECUTIVE PRODUCTION ADUPLA Produção Cultural Ltda.

CAIXA CULTURAL FORTALEZA GALERIAS I E II Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema CEP: 60060-188 Fortaleza - CE Tel.: (85) 3453-2770

PATROCÍNIO | SPONSOR Caixa Econômica Federal Governo Federal 66


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PROJETO:

PRODUÇÃO:

PATROCÍNIO:

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Doe órgãos, a vida continua! | Vamos preservar o meio ambiente.

Distribuição Gratuita Venda Proibida


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