PARA ALEM DO MITO DA BELEZA
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acerca da discriminação no emprego com base na aparência, somente quando examinarmos as reações comuns a essas queixas ("Ora, por que você estava usando aquele suéter justo demais?" "E então, por que não faz alguma coisa para mudar?") e as rejeitarmos. Não poderemos erguer a voz contra o mito até que acreditemos profundamente que não há nada de objetivo na forma pela qual o mito atua — que quando nós mulheres somos chamadas de feias demais ou bonitas demais para fazer aquilo que desejamos fazer, isso não tem nada a ver com a nossa aparência. Nós mulheres podemos reunir a coragem para falar sobre o mito em público se tivermos em mente que as críticas ou os elogios à nossa aparência nunca faltarão. Em tudo isso não há nada de pessoal; é tudo de natureza política. As reações de reflexo que surgiram para nos calar sem dúvida aumentarão de intensidade. "Para você é fácil dizer isso." "Você é bonita demais para ser uma feminista." "Não é de admirar que ela seja uma feminista. Olhe só para ela." "O que é que ela espera, vestida daquele jeito?" "É nisso que dá a vaidade." "O que faz você pensar que estavam assoviando para você?" "Que roupa ela estava usando?" "Querias!!!" "Não se engane." "Já não há mais desculpa para uma mulher aparentar a idade que tem." "As uvas estão verdes?" "Uma piranha." "Uma desmiolada." "Ela está se mostrando para ver o que consegue." Ao reconhecermos essas reações como realmente são, pode se tornar mais fácil encarar os elogios ou os insultos coercitivos, ou os dois, e exprimir reações escandalosas já muito atrasadas. A tarefa será difícil. Falar sobre o mito da beleza toca num nervo que, para a maioria de nós, em algum nível está muito exposto. Precisaremos ter compaixão por nós mesmas e por outras mulheres com relação aos nossos sentimentos poderosos acerca da "beleza" e ter muita delicadeza com esses sentimentos. Se o mito da beleza é uma religião, é porque nós mulheres sentimos falta de rituais que nos incluam; se ele é um sistema econômico,