Diário de bordo

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Diรกrio de Bordo


Expediente

Ana Carolina Rodrigues, 20 anos, estudante de Jornalismo. e-mail:carolinarmelo16@gmail.com

Ana LuĂ­za Pereira, 20 anos, estudante de Jornalismo. e-mail:analupereira40@gmail.com


Sumário Editorial

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Perfis

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Países

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Correspondente

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Agência de notícias

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América Latina

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Fake News

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Tradução

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Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.

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Gabriel García Márquez


Editorial

Segundo o site O Mundo: Comunicação Internacional da PUC Minas, o correspondente internacional é um jornalista enviado por algum meio de comunicação para realizar coberturas de acontecimentos de fora do seu país. Mas sabemos que não é só a teoria que conta para formar um correspondente. A experiência é um fator essencial. Com isso, essa revista foi feita no intuito de mostrar a visão de correspondentes em certos pontos importantes. Sendo uma profissão muito estimada, nossos dois personagens buscam quebrar esses paradigmas, dando uma perspectiva diferente. Mostrando as dificuldades, os benefícios de viver em um país que não é o seu.

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Fernando Kallás

Fernando Kallás é correspondente internacional da BBC Brasil em Madri, na Espanha e também do programa redação SporTV, que promove análise dos destaques esportivos no mundo. Atualmente tambem trabalha no jornal AS, segundo jornal esportivo de maior circulação em toda Espanha. Antes de ir para solo espanhol, Fernando morou dois anos no Oriente Médio. Em Beiture, o jornalista trabalhou no Departamento de Mídia e Informação da ONU e atuou como correspondente

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internacional da BBC Brasil. Cobriu a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, tanto para a Rede Globo quanto para o jornal espanhol AS. Além disso, cobriu dezenas de jogos da Champions League - incluindo a final de 2005, em Istambul - jogos da NFL, eventos de UFC e o circuito mundial de tênis ATP World Tour. No Brasil, o jornalista foi editor e produtor da TV Globo - trabalhou no RJTV, SporTV e Globonews - e na Agência EFE Notícias. Além disso, também foi comentarista de MMA e repórter dos canais de tv por assinatura SporTV e Combate. Em agosto de 2010 criou a Rádio PVT, primeiro podcast de MMA do Brasil, em parceria com os jornalistas Marcelo Alonso e Gleidson Venga do Portal do Vale Tudo. Além disso também é apaixonado por vinhos e estuda os produzidos na Espanha desde 2011. Hoje, da cursos de desgustação e consultoria sobre vinhos e é membro da Associação Madilenha de Sommelieres e da União Espanhola de Degustadores.


Pablo Uchoa

Pablo Uchoa é um jornalista formado pela USP, nasceu no Rio de Janeiro mas foi criado no Ceará. Trabalhou como repórter online da Gazeta Mercantil e editor da Globo News quando ainda estava no Brasil. Ex-correspondente em Washington entre 2012 e 2014, possui experiência de reportagem na Ásia, África, América Latina e Europa. Agora trabalha como jornalista multimídia na BBC em Londres, trabalhando no canal BBC World news. Tem um livro sobre a Vene-

zuela chamado Venezuela: A encruzilhada de Hugo Chávez. Tem um mestrado em Política Latino-Americana feito na Universidade de Londres (University of London) em 2007. Em 2004 ganhou um prêmio interno da Rede Globo por uma série de reportagens sobre os 40 anos do golpe militar de 1964. Abordou sobre a história dos DREAMERS, um grupo de estudantes que fizeram um ato para receberam o direito de viver nos EUA, o fechamento da Baía de Guantánamo, As mudanças legislativas a nível estadual que levaram o Supremo Tribunal a criticar a proibição federal contra o casamento gay, esteve na linha de frente sobre a Venezuela depois da morte do Hugo Chávez e a reconstrução da Bósnia após o aniversário da guerra.

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Espanha A Espanha é um país do sudoeste europeu banhado pelo Mediterrâneo que tem Madrid como capital. A língua oficial é o espanhol, mas também se falam regionalmente no país o basco, o galego, o catalão, o valenciano e o aranês Fazem parte do território espanhol as Ilhas Canárias, as Ilhas Baleares e os enclaves Ceuta e Melilha, que se localizam no norte da África. Ao todo, o país conta com 505 944 km2. A Espanha é dividida em 17 comunidades autônomas (Andaluzia, Aragão, Principado das Astúrias, Ilhas Baleares, País Basco, Ilhas Canárias, Cantábria, Castela-La Mancha, Castela e Leão, Catalunha, Estremadura, Galiza, Comunidade de Madrid, Região de Múrcia, Comunidade Foral de Navarra, La Rioja, Comunidade Valenciana). Cada uma delas apresenta diferentes níveis de autonomia, sendo assim,

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a Espanha funciona como uma federação descentralizada e se denomina um “Estado de Autonomias”. O turismo no país é um dos principais fatores que movimenta a economia espanhola. O país está entre os mais visitados do mundo. Suas praias, os monumentos históricos e a própria arquitetura do lugar são atrativos para os turistas. A cultura espanhola é rica em diversos aspectos, com danças típicas como o flamenco, instrumentos como a castanhola e festas como as touradas e a Tomatina.


Reino Unido O Reino Unido é uma união política de quatro “países constituintes”: Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales, com a capital em Londres. Localiza-se na margem noroeste da Europa, na Ilha da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte e possui um território de 248 528 km². A língua oficial é o inglês. Governado por um sistema parlamentar e uma monarquia constitucional, tem como chefe de estado a Rainha Elizabeth II desde 1952, que também é chefe de países como Canadá e Austrália. O chá das cinco, o futebol e o fish and chips são típicos do reino. A arquitetura monarquista do país chama atenção com os palácios da realeza, além da London Eye e do Big Ben, muito conhecidos no mundo todo. Os telefones e ônibus também são atrações do país.

O Reino Unido é um grande exportador de cultura. Na música temos artistas como Elton John, The Beatles, Queen, Spice Girls e Amy Winehouse. Na ciência, Isaac Newton e Stephen Hawking são nomes de peso. David Beckham, Bob Charlton e John Terry dão fama ao futebol. Além de escritores como Charles Dickens, Agatha Christie, J. K. Rowling, Virginia Woolf e ,claro, William Shakespeare.

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O que é ser correspondente pra Fernando Kallás car ao trabalho de reportagem como gostaria. Então meu traPara mim, ser corresponden- balho como correspondente te internacional é ser repórter. é basicamente de opinião, de A reportagem é a alma do jor- comentarista de atualidade. nalismo. Ser correspondente antes era o maior prêmio que “A reportagem é a alma um repórter poderia ganhar do do jornalismo” meio de comunicação em que ele trabalhasse. Significava que Jornalista que não gosta de você era a elite. Hoje em dia reportagem está na profissão isso mudou - pela facilidade de errada. Se eu pudesse escose transmitir informação e pela lher, viveria de reportagem. crise econômica dos meios. Mas não posso, meu trabalho no jornal é como editor. “Jornalista que não gos- O trabalho de reportagem, ta de reportagem está na profunda, está em extinção, profissão errada” pela internet, pela “morte” do papel, pelo imediatismo do twitO perfil do correspondente mu- ter, a obsessão pelos clicks e dou. Passaram a ser os próprios pela suposta preguiça de ler jornalistas que começaram a grandes textos. Ninguém mais buscar a sorte, bancar uma mu- checa fonte, não liga pro rigor dança de país, se arriscar para da informação, Rigor é a palatentar espaço. Foi o meu caso. vra que deveria sempre defiEu fui “descoberto” pela BBC no nir o trabalho de um jornalista. Líbano por causa do meu blog. Hoje, pelo meu trabalho diário no jornal, não consigo me dedi

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O que é ser correspondente pra Pablo Uchoa O correspondente tem duas funções: a mais básica é a de estar presente em determinado país e fazer a cobertura dos fatos que ali acontecem. No caso da TV, por exemplo, isso faz toda a diferença, porque de outra maneira fica-se dependendo de imagens de agências, falta de vox pops, entrevistas com analistas, a cor local... Claro que a falta de alguém para sentir o cheio, ouvir os sons e perceber as cores locais também faz falta no jornalismo escrito, mas pelo menos por telefone e com um bom texto é possível – até certo ponto – contornar essa impessoalidade da cobertura. A outra função do correspondente, eu acho, é estar imerso no país onde ele está vivendo e de lá trazer de lá histórias universais, interessantes, esclarecedoras e relevantes, que o seu público leitor possa compreender e com as quais se identificar. Acredito que esse seja o

trabalho mais interessante do correspondente, no qual o jornalismo se torna uma profissão extremamente subjetiva, em certo sentido. Cada correspondente imprime o seu próprio olhar, estilo e ritmo à sua cobertura.

“estar imerso no país onde ele está vivendo e de lá trazer de lá histórias universais” Ser correspondente é algo que pode ter muitos matizes, é uma definição muito variada e que sofre impacto da pessoa e do estilo do repórter, bem como da orientação editorial sob a qual ele trabalha. Os correspondentes são repórteres no sentido básico do termo reportagem: são quem põe o pé na estrada, ou pelo menos na rua, quem tem faro e curiosidade e sobretudo muita paixão pelo tema que está cobrindo e o país onde está vivendo. Para mim, isso aí é que é ser correspondente.

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Agências de Notícias Agências de notícias são empresas que difundem informações - e também notícias prontas - para os portais jornalísticos. As agências são boas porque permitem uma cobertura de mais assuntos porém se tornam um problema quando a mídia em geral passa a usá-las muitos. Isso faz com que as matérias veiculadas para o público se tornem parecidas demais e sem abordagens diferentes.

Para Fernando Kallás As agências de notícia, pra um trabalho como correspondente, não é uma coisa que você usa no seu dia a dia. No meu dia a dia dentro da redação do jornal [como editor] é fundamental, porque um jornal não pode ter correspondentes em todos os países. Então o trabalho que uma agência de notícias faz é dar ao jornal um trabalho de correspondente que esse jornal não pode manter.

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Para Pablo Uchoa Na redação, a gente usa muito material de agência, pois eles são rápidos em mandar imagens e informações de locais e sobre temas que não estamos cobrindo. Porém, na BBC a gente não pode simplesmente veicular o que diz agência X ou Y. Temos de ter pelo menos duas fontes diferentes para cada informação, usamos as agências como apenas uma de várias fontes que precisamos para cada informação. Quando se trata de correspondente, porém, o ideal é que nada seja de agência. Usar uma aspa (ou no caso da TV, uma sonora) na sua reportagem, até tudo bem. Mas o lide, o ângulo, a apuração e as informações que sustentam a história devem vir 100% do correspondente. Se não, é um desperdício de dinheiro, não é? O correspondente deve estar colhendo histórias, depoimentos, casos da vida real, personagens, informando sobre o clima e os bastidores, etc. A lógica é que manter um cor-

respondente sai caro: são viagens, são custos em moeda estrangeira, custos, enfim, extras relativos a manter o correspondente distante da base. Por isso, o material que o correspondente mandar tem de ser exclusivo, profundo, colorido e carregado, digamos, de uma sensação geográfica, que transmita o local de onde ele ou ela está reportando. Se o correspondente estiver na redação mandando duas, três matérias por dia -- ou até mesmo uma só -- ele não tem tempo de fazer um trabalho diferenciado. Uma boa matéria leva dias para ser feita. O(A) correspondente até pode entrar em um ritmo de produção em que pode estar mandando matéria a cada dois ou três dias por períodos, mas em algum momento precisa parar e apurar coisas exclusivas e diferenciadas.

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América Latina A América Latina é uma parte do continente americano que engloba países onde se falam linguas derivadas do latim, como o espanhol, o português e o francês. Essa denominação é devido à colonização desses países, feita pelas nações europeias chamadas “latinas”. Ou seja, aquelas que surgiram após a queda do Império Romano do Ocidente. Sendo assim, os países que compõe a América Latinas são os que fazem parte da América do Sul, Central e o México.

Imaginários A mídia, de uma forma em geral, interfere na criação de imaginários acerca de países, regiões e culturas. Isso quer dizer que a televisão, o jornal, o rádio, os filmes transmitem visões repletas de símbolos sobre o que se passa, por exemplo, na América Latina. Os meios de comunicação estão cheios desses símbolos que, errados ou não, ajudam a formar a imagem de determinadas coisas. O Brasil como o país do samba e do futebol, por exemplo. O problema está quando essa imagem passa a caracterizar um país - ou um bloco, como é o caso da América Latina. Assim, os estrangeiros só conseguem pensar a imagem desses países da forma como a mídia passa ou por signos estabelecidos historicamente.

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Com que frequência você reporta sobre a América Latina para o país onde trabalha? Fernando Kallàs Reporto sobre a América Latina para a Espanha em torno de duas vezes por mês. Só quando existe alguma notícia extraordinária sobre futebol ou sobre a corrupção do COB, da CBF. Ou ainda quando há jogos importantes entre seleções

Pablo Uchoa

É extremamente frustrante “vender” notícias numa empresa britânica. Tem de ser muito insistente, e na maioria das vezes o esforço não dá em nada. Entre os assuntos latino-americanos que eles entendem mais facilmente: FARC; criminalidade dos cartéis mexicanos; impeachments e protestos; o passado de ditaduras; personagens como Lula, Chávez, Fidel e outros; desastres naturais, como as enchentes no Peru e terremoto no México; acidentes dramáticos e carregados de histórias pessoais, como o

que matou quase todo o time da Chapecoense; e via de regra qualquer coisa que seja inusitada e universal. Qualquer coisa que requeira conhecimento de uma situação mais regional perde interesse dramaticamente. Na América Latina, não há nem a proximidade histórica nem a justificativa estratégica, portanto o interesse pelas nossas pautas é bem menor por aqui. Na América Latina, não há nem a proximidade histórica nem a justificativa estratégica, portanto o interesse pelas nossas pautas é bem menor por aqui.

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Fake News

evidentemente

falsas

É um termo novo usado para se referir a notícias fabricadas. Consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos. As notícias falsas são escritas e publicadas com a intenção de enganar, a fim de obter ganhos financeiros ou políticos, muitas vezes com manchetes sensacionalistas, exageradas ou para chamar a atenção.

Como o fenômeno das Fake News aleterou sua prática jornalística?? Fernando Kallás O fenômeno que eles chama de fake news, dos sites que inventam notícias e que tem muitos seguidores, são sites que tem, muitas vezes, linhas políticas e ideológicas definidas. No momento que a gente está, de polarização da sociedade não só brasileira, mas europeia também, esses sites obrigam

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o jornalista a trabalhar como ele sempre deveria trabalhar: com rigor, com notícia de fundo, com conhecimento de base, com investigação. Para mim, a base do jornalismo é rigor. A fake news, de alguma forma, obriga o jornalista a prestar atenção a essa base que ele muitas vezes esquece. Faz


com que você tenha que voltar a chegar fonte, voltar a cruzar fonte, voltar a perguntar para os dois lados, para o lado que está acusando e para o lado que está sendo acusado.

“Jornalismo é baseado na fonte, é baseado sempre em rigor”

comunicação sem que seja necessário apresentar uma argumentação convincente. Ah, não gosta da notícia? Fake news. Uma observação sobre essa tema é que fake news é uma competição desigual com real news. Jornalismo de qualidade é um troço caro e que não dá retorno financeiro. Imagine, mandar um ou dois jornalistas para passar uma semana fazendo uma reportagem sobre um tema que ninguém está dando bola, pagando o salário do jornalista, os custos da produção, da viagem em si, da logística para que esta matéria seja feita com segurança.

A fake news separa os jornalistas que fazem jornalismo com rigor dos jornalistas que não fazem jornalismo. Separa os que fazem simplesmente repercutir o que outros sites publicam sem chegar fonte. Isso não é jornalismo, isso é qualquer outra coisa. “fake news é uma comJornalismo é baseado na fonte, é baseado sempre em rigor. petição desigual com real A fake news separa o jornanews” lismo bom do jornalismo ruim. Isso custa dinheiro. Até mesmo deixar um jornalista duas semanas por conta de uma matéria investigativa custa dinheiro. Quantas pessoas você Essa história de fake news pode contratar com o mesmo afetou muito a relação do pú- dinheiro só para ficar sentada blico com os meios de comu- à frente do computador espanicação. É um fenômeno que lhando boatos? Muitas. Quansemeia muita desconfiança em tos “bots” com profiles fake nas relação às mídias tradicionais redes sociais você pode ativar, e que desacredita os meios de pelo mesmo preço? Mais ainda.

Pablo Uchoa

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Tradução Pode parecer óbvio quabdo se fala da importância da tradução para um correspondente internacional. Porém, a questão vai muito além de apenas saber falar bem o idioma do país no qual se está trabalhando. A questão ta tradução se encaixa para o jornalista como uma função vital de seu trabalho. É aconselhável que o profissional domine a língua do país mas, quando isso não acontece e em algumas situações excepcionais - como a cobertura de guerras -, costuma-se contratar um tradutor para acompanhar o jornalistas. Quando o correspondente entra em contato com o idioma local, fica muito mais fácil apurar as matérias, conversar com as fontes, ter contato com as pessoas. Assim, as reportagens ganham mais peso, mais importância e mais veracidade.

“O jornalista deve sempre procurar entender os costumes, as tradições e as peculiaridades” Porém, a relevância da tradução não reside somente em saber a lígua. Além do idioma, é muito importante que o correspondente consiga fazer a tradução cultural do país. Isso quer dizer que o jornalista deve sempre procurar entender os costumes, as tradições e as peculiaridades. Mas não só isso, o correspondente deve reportar ao seu país com o máximo de imparcialidade possível quanto a cultura desse local, para evitar contruir imaginários errados acerda dele.

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Fernando Kallás A tradução da língua e da cultura, eu acho que são fundamentais quando você mora em outra sociedade, outro país, outra cultura totalmente diferente da sua. Quando a gente viaja de turismo, é totalmente diferente de você morar em outro país. Quando você mora, você acaba incorporando a cultura, mas você é estrangeiro, então tem que ter um filtro, não pode pensar como uma pessoa desse país. Quando você é correspondente você tem que ter senso crítico.

“O olhar distante eu acho que é muito importante” Então é uma linha tênue quando você mora no exterior. Por isso, muitas vezes os meios de comunicação não deixam os correspondentes ficarem mais do que 2, 3 anos em um país, porque acho que é quase um limite: essa pessoa, naturalmente vai incorporando as manias, a cultura e um pouco

da visão do local e esquecendo o que realmente importa para o país de onde ela vem. No meu caso, é um caso diferente porque eu já morava aqui quando comecei a trabalhar de correspondente. Então é uma coisa que eu tento de todas as formas manter a isenção e a dependência. O olhar distante eu acho que é muito importante.

“a pessoa vai incorporando as manias, a cultura e um pouco da visão do local e esquecendo o que realmente importa para o país de onde ela vem” A questão da língua é fundamental. O jornalista hoje ele tem que falar inglês e espanhol, preferencialmente. Outra língua também ajuda, mas o inglês e o espanhol são hoje em dia fundamentais porque são universais.

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