Escolhi quem não tinha medo de um mundo tão cheio de génios, ao ponto de não se conseguir reconhecer nenhum. Tinha também um trejeito nos mamilos apetitoso. Censurado! — isto por mim mesmo, que são outros quinhentos, e revela-se aqui um obsceno atentado à decência. Ainda que sejam eles a mais bela das artes. Espetei-lhe um beijo de língua no dia em que me deu a coragem. E se me dessem um superpoder, que fosse apalpar-lhe a alma, ter mãos para o tanto que aquilo era! “Nem todos os que leem são ativistas mentais, literários… o que lhes queiras chamar”, continuei ingenuamente. Sorriu-me num fragmento de segundo e, logo depois, meteu a voz de fogo que tem a paixão, para me dizer — A força da cadência das palavras, dos pensamentos alinhados, pujantes e profundos nem sempre é percetível. O encontro do livro com aquele que lê escarra-lhe a possibilidade de ordenar as sensações, os argumentos, os pensamentos. Nasce a habilidade de legendar capazmente memórias e histórias. Há um nascer, um despertar, um refletir e depois um bailado. Não nascemos todos no mesmo dia. Ler é meter a engrenagem do pensamento a trabalhar, escrever é meter a máquina a todo o vapor. Há um jogo de imaginação e palavras, que cria uma linha paralela ao tempo, que nos embebeda de possibilidades. É um confronto do pensamento com a ação. E dói, quase sempre. Há uma resiliência avassaladora nas palavras organizadas. Somos, por dentro, infinitos pontos de vista. E há uma luta e um amor que se faz com todos eles! O ativismo literário! Oh, que maravilha! Casamos. Ela comigo e eu com uma infinidade de possibilidades. Cheirar-me-á, acima de tudo e eternamente, a Amor.
«Ler é meter a engrenagem do pensamento a trabalhar, escrever é meter a máquina a todo o vapor. Há um jogo de imaginação e palavras, que cria uma linha paralela ao tempo, que nos embebeda de possibilidades. É um confronto do pensamento com a ação. E dói, quase sempre. Há uma resiliência avassaladora nas palavras organizadas.»
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