Livre #1 : Música

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# Digo eu Uau... Está pronta! Nem dá para acreditar, hein. A primeira edição (de muitas!) de Livre está fresquinha e você está diante dela. Nesta primeira edição escolhemos tratar de um dos temas mais solicitados pelos jovens assinantes de Ultimato: a música! Tudo o que você lerá aqui é fruto de corações apaixonados por Deus que querem entender sempre e melhor a música e o cristianismo e a relação que eles tem. Música para mim é uma expressão humana natural, que discute e promove a vida em si. Existem inúmeros momentos na Bíblia que vemos o quanto a música foi importante. Desde cânticos de batalha e de vitória à músicas de lamentação, de pedidos de socorro, de gratidão, de desespero e de proclamação de esperança. Há músicas patrióticas, românticas e religiosas, de arrependimento e de adoração na Bíblia.

Proclamações de amizade, de liberdade e clamores foram cantados durante toda a história bíblica, que se estende até hoje, até nós. Nesta edição aproveite para repensar um pouco sua visão da musicalidade enquanto cristão, ou seu cristianismo enquanto músico. Afinal, certo é que TODAS as áreas da nossa vida podem ser remidas e submissas ao senhorio de Cristo, e isto nos dá ainda mais liberdade para criar, compor, ouvir, cantar, tocar... Aqui deixo os meus sinceros agradecimentos aos colaboradores e palpitadores desta edição! Pabline Felix, Manu Magalhães, Ricardo Oliveira, Bruno Tardim, Sloan Lourenço e Mardem Jump; Paulo Nazareth pela entrevista cedida; Liz Fagundes pela ilustração. E a todos que torceram por esta primeira edição. Aprecie a Livre!


# Tudo seu

Seção Livre

[saiba] - pg.21

Perfil [Enock Diga lá [Independência Diga lá

[Hope Rock?] - pg.5

Trocando Idéias

[Paulo Nazareth] - pg.9

Diga lá [Questão Para ver

de Gosto] - pg.12

[Ana Nunes & Liz Fagundes ] - pg.16

Curta - pg.20

Lou] - pg.22

ou morte] - pg.24

Meu Papo [Sinfonia] - pg.28 Humor [Punk] - pg.30


Foto: divulgação

# Diga lá

Que história é essa de

Hope Rock?

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palestrante e mestrando/UFPB estudando redes sociais e convergência. Um nerd.

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Ricardo Oliveira: blogueiro, crítico de cinema,

Eu sempre menciono uma das minhas bandas preferidas: Palavrantiga. Em 2008 eles lançaram seu primeiro EP, entitulado Volume 1 e fiquei empolgado o suficiente para ir atrás de uma entrevista. Segundo Marcos Almeida, vocalista, foi uma das primeiras que eles realizaram. Tudo gravado via Skype, com ele e Lucas “Fizin”, o baterista. Rendeu um podcast que está no ar até hoje e novos papos muito bons. De lá pra cá eu me “aproximei” bem mais dos caras (tudo via internet) e no final de semana passado eu hospedei o sr. Marcos Almeida em minha casa. Ele veio a João Pessoa por conta própria, para tocar aqui gratuitamente. Coisa de gente doida, eu sei. Acontece que a vinda dele pra cá também tinha o objetivo de trazer a banda posteriormente, coisa que já tem sido articulada desde 2008. Marcos tem andado por aí com uma história de Hope Rock, que ele mesmo define como uma música cuja base é a esperança. Ouvindo o som e lendo certas entrevistas você talvez seja bem direto: “hope rock que nada! Isso aí é música de crente!”. Pois é. Acontece que não é qualquer música.


# Diga lá

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Fotos: Eduardo Mano

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Cristãos? Sim. Boring? Not. Os quatro integrantes da banda são cristãos, sim – nada ortodoxos, mas bastante convictos da fé que tem. A música que fazem não é “mais ou menos” permeada pelo que acreditam. Ela é totalmente baseada no que acreditam. O problema central é que o rótulo de música “cristã” hoje em dia não é sinônimo de uma ideologia, mas sim de qualidade musical inferior. Ouvindo o som da banda você poderá confirmar exatamente o oposto. Eles tocam muito bem, são músicos exemplares, com influências que passam por U2, The Killers, Coldplay, Los Hermanos, Chico Buarque e chegam nos famigerados cristãos que também fazem música boa, como João Alexandre, Jorge Camargo, etc. A minha grata surpresa foi saber que em seus ensaios mais recentes, eles elaboraram arranjos para músicas de Nelson Cavaquinho, Roberto Carlos e Los Hermanos. Canções que se adequam à sua proposta, de um rock


menos sem fé na vida que o de sempre, porém, sem menosprezar as dores que todos tem. Ouvir “Vem me Socorrer” é a prova disso. A canção tem um tom contemporâneo, bastante inspirado no clima Little Joy, mas não fala de pequenas alegrias. Marcos grita sobre sua dor, mas não perde a esperança. Conhecê-lo pessoalmente foi poder ouvir algo que deve ser bastante considerado: a música popular brasileira sempre teve pitadas religiosas em seu lirismo. A diferença, obviamente, seria o proselitismo – as intenções de

conquista para uma determinada fé. Não se ouvirá as músicas de Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil e dos contemporâneos Otto, Céu, Ana Cañas, sem perceber notadamente referências às religiões afro como Candomblé e Umbanda. É impossível não reparar nas músicas de Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola e nos contemporâneos do Los Hermanos e Marisa Monte, uma presença de uma cosmovisão que passa pelo Deus cristão, na perspectiva católica.

Umbanda music?

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A pergunta que Marcos levantou no final de semana foi: você por acaso encontra Caetano e Céu na prateleira “Umbanda Music”? Claro que não, pois além destes artistas não buscarem um tipo de proselitismo a respeito do que creem, o mercado sabe que eles não representam isso (mesmo que a crença esteja evidente em várias de suas músicas). O grande problema talvez seja o fato de que a maioria dos cristãos evangélicos que fazem música, tem intenções proselitistas com sua arte, fazendo dela objeto de segundas


# Diga lá

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mas sim acreditar que arte é vivência e não necessariamente um objeto a ser usado para conquistar pessoas. O som do Palavrantiga tem ido além das “barreiras” cristãs e novos parceiros tem acreditado nisso. Henrique Portugal, tecladista do Skank, não só ouviu e gostou do som, como convidou os caras para gravarem uma música no programa de bandas independentes que ele tem. Depois, o site FRENTE, que ele organiza, entrevistou Marcos e lá ele explica com mais detalhes toda essa história de Hope Rock. Ao fim, deixo um convite para você viver essa jornada: como os cariocas do Crombie se juntam aos rapazes do Palavrantiga tocando “O Vencedor” do Los Hermanos, é bom saber: nem só de triunfalismo vive o cristão. foto: Marcus Castro

bandas icas e go! s ú m ti as Ouça te ar og. bl s nes citada o nosso com pot. e t i s logs Vi b . e vr

intenções. Agregam-se em prateleiras que hoje mais afastam e segregam do que atraem e promovem boa arte. O que o Palavrantiga espera não é algum tipo de revolução, mas ao menos uma evolução a respeito de um paradigma que deve ser descontruído. Música feita por cristãos não é necessariamente proselitista. O som do Palavrantiga pode sim ser bastante direto sobre sua fé, de forma salmódica e até chegar a ter tons eclesiásticos, congregacionais, mas possui uma visão de humanidade, que a maior parte não tem. A ideia é pensar o hoje, a condição humana atual e perguntar: do jeito que está, dá pra continuar? Velho Irlandês, Crombie, Alforria, Tanlan são ótimos exemplos de bandas que tem seguido intencionalmente ou não este tipo de conceito. Não é estar em cima do muro em relação à fé,


[Pabline Felix entrevista]

# Trocando Idéias

Paulo Silêncio, violão, lápis e papel.

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Carioca, fã de Los Hermanos e da boa bossa nova, Paulo Nazareth escolheu a música como forma de expressão – e de relação – da sua Verdade. Ao lado dos amigos e irmãos de fé Felipe Vellozo, Filipe Costa, Lucas Magno e Gabriel Luz, ele vem encantando os lugares onde passa com o som de Crombie, uma banda de música brasileira com mensagens cristãs. Nesta edição de Livre, Paulo fala um pouco sobre o papel da música na sua vida, fora e dentro da igreja.

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foto: Gabriel Telles

Nazareth:


# Trocando Idéias Quando e como começou seu interesse pela música? Acho que a música faz parte da minha vida desde antes de eu nascer. Meus pais cantavam pra mim quando eu ainda estava na barriga. Meu pai é músico e naturalmente eu me vi envolvido por esse universo. Me lembro de acordar, muitas e muitas vezes, ao som do violão do meu pai... na verdade isso acontece desde a minha infância, até hoje. Minha casa sempre foi muito musical.

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Você tem um objetivo específico como músico? É a sua proposta para viver?

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Não tenho objetivo como músico no sentido de obter, na música, o meu sustento financeiro. Mas a música está, de alguma forma, em tudo o que eu vivo. É algo muito forte pra mim e dentro de mim. Deus se revela pra mim, fala comigo, me trata e me explica coisas através da música. Vendo por aí, a música é sim minha proposta pra viver.

O que você considera mais importante na hora que está compondo uma música? Eu gosto muito de silêncio, violão, lápis e papel. Além disso, para mim, é importante que as idéias que vão surgindo me toquem de alguma maneira e soem com verdade aos meus ouvidos, por mais banal que seja o assunto em pauta. Quando isso não acontece, eu não sigo adiante.

O que tem de mais divertido e mais chato no mundo da música? Pra mim, o mais divertido é ouvir, sem compromisso, músicas que me emocionam, novidades que me inspiram. Estou sempre procurando coisa nova. Isso me dá muito prazer. Eu acho chato tocar em lugares onde eu não gosto de ir e ouvir música ruim.

Na página da banda, vocês destacam a inf luência da música popular brasileira. É nessa categoria que você coloca o som da Crombie? É música popular brasileira porque somos brasileiros e fazemos música brasileira pra qualquer um que queira ouvir. Misturamos ritmos e influências e falamos sobre assuntos diversos.


Qual a importância de festivais como Som do Céu para a juventude cristã??

[Pabline Felix] é curiosa por natureza, jornalista por conseqüência. CEFETiana de passado, ABUense de coração e cristã de corpo e alma.

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Precisamos de lugares onde possamos descobrir talentos não tão conhecidos por todos, gente que compõe de maneira menos usual e fala de um jeito diferente sobre as coisas de Deus e da vida. Em lugares como o Som do Céu, temos a chance de estimular nossos impulsos de criatividade. Nestes espaços acabamos refletindo um pouco sobre o que temos visto, ouvido e produzido.

foto: Tadeu Bara

Eu vejo com pesar essa divisão. Imagino que seria legal se conseguíssemos desconstruir esse muro dentro de nós. Tão bom se falássemos mais do dia a dia e de coisas com as quais qualquer pessoa se identifica. Podemos usar a linguagem que usamos pra conversar em lugares comuns, aonde Jesus vai, em nós. Assim, as nossas músicas seriam mais inteligentes, mais agradáveis, mais acessíveis e mais úteis. A diferença entre tocar na igreja e no teatro é a predisposição diferente de cada um dos “públicos”. Eu penso sempre nas pessoas. Seja qual for o lugar, procuro lembrar que estou ali para servir. De uma maneira geral, em todo lugar, as pessoas são simpáticas com a gente e nos recebem bem.

foto: Mari Magno

Achamos que o rótulo “gospel” se aplica a “produtos” com propostas diferentes da nossa. Não percebemos em nós as características bem peculiares de quem se encaixa nesta classificação. E temos mesmo a pretensão de que o que fazemos não esteja espacialmente limitado ao universo chamado “gospel”.

foto: Tadeu Bara

Como você vê a divisão religioso/secular no mercado musical? Existe diferença entre tocar numa igreja e num teatro, além das condições acústicas?

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O rótulo “gospel”, usado comumente para classificar cantores ou bandas cristãs, incomoda vocês? É assim que vocês querem ser conhecidos?


foto: arquivo pessoal

# Diga lá

Questão de

Gosto?

Preciso fazer uma confissão: tenho preconceito contra música gospel. Melhor dizendo, tenho preconceito contra cantores e determinadas gravadoras do nosso meio. Você poderia até perguntar: “Não é questão de gosto?”. Infelizmente, este não é o meu caso. Quando você revira os olhos e questiona a seriedade de outra pessoa por causa do tipo de música que está tocando no carro é sinal de que alguma coisa está errada. Sim, é ridículo, mas já fiz isso. Agora é tempo de fazer considerações.

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Considerando com a

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Manu Magalhães: engana no violão, convence um pouco no microfone, mas profissionalmente trocou notas por letras ao virar jornalista. Até os 5 anos cantava “Sou uma f lorzinha de Jesus” todo domingo de manhã.

razão

Por vezes penso que crentes brasileiros têm certa crise de identidade, basta observar a variedade de denominações existentes e a dificuldade de integração entre elas, particularmente entre cristãos tradicionais e neopentecostais. Não raro, esses grupos têm dificuldades em se identificar um no outro, e as diferenças em sua teologia e em sua prática cristã causam mais


pra escolher repertório. Nesses casos, devemos ter em mente o que a música que nos contraria esconde em suas entrelinhas. Já explico.

Considerando com a

alma

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Todo mundo já deve ter ouvido uma música chamada Aos Olhos do Pai. Além dela não me agradar pelo estilo auto-ajuda, acabei ficando enjoada de tanto que tocava em festas de 15 anos, aniversários e batismos de meninas. Só que, até eu escrever esse artigo, nunca havia dito isso a ninguém. Antes de me mudar do Brasil, a pequena congregação em que eu dava apoio fez um culto de gratidão e despedida. As pré-adolescentes para quem dava aula na Escola Bíblica foram cantar. Adivinha qual música? Essa mesma. Elas não tinham playback, então puseram o CD tocando com voz original e tudo.

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desconforto que complementaridade. O crescimento da música evangélica parece ter agravado essa situação, uma vez que as convicções doutrinárias se refletem nas composições e o comportamento litúrgico influencia arranjos, interpretação e até a duração das músicas. Resultado: o desacordo denominacional se estende para a música, e acaba por criar mais uma divisão. O que mais fere, porém, é reconhecer que esse preconceito não é justificável pelo zelo doutrinário. Sua fonte é mais profunda, pois surge do orgulho espiritual, como era com os cristãos de Corinto. Alguns se gloriavam de seguirem a cartilha de Paulo, outros de Apolo, assim como nós hoje (guardadas as devidas proporções) nos orgulhamos de só ouvir João Alexandre ou David Quinlan. Obviamente, não quero dizer que tenhamos de aturar qualquer coisa que nos enfiem ouvido abaixo em nome da humildade. Nosso culto deve ser racional, portanto, é imprescindível zelarmos por aquilo que é executado na igreja. Entretanto, nem todo mundo é ministro de louvor


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# Diga lá

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Entretanto, houve algo diferente. Como diria Milan Kundera, o amor aguça a nossa percepção da beleza, e foi isso mesmo o que o amor fez comigo e com elas. Elas sempre tiveram vergonha de ir lá pra frente cantar, todo domingo era a mesma ladainha, “ai tia, deixa eu cantar do banco”, “não, hoje tem que ser os adultos”. Mas nesse dia elas foram sem charme e em silêncio. Mal conseguíamos nos olhar. Enquanto elas cantavam, eu relembrava tudo o que sabia sobre elas. A mais velha não se dava bem com o pai, era muito insegura e afetivamente carente, estava bastante atrasada na escola e tinha uma irmã, a quem muito admirava, que antes dos 17 anos já tinha um filho. A mais alta era quase o oposto. Era esperta e cheia de personalidade, mas tinha seu potencial enterrado pela negligência da mãe. A que cantava mais baixo tinha os cílios mais lindos que eu já vi na vida, e numa apresentação de dança que fizeram na igreja, ela fez escova no cabelo pela primeira vez. Ela se sentiu linda, uma modelo de propaganda de champu. Lembrei do dia em que

elas não queriam assistir ao culto porque estavam sem paciência, e só ficaram porque eu apelei para o seminarista me ajudar porque eu não sabia lidar com a situação. Lembrei da alegria de quem encontrava a referência bíblica primeiro e de como eram desastradas com brincadeiras que exigiam um pouco mais da coordenação motora. E aquele momento, com aquela música tocando, seria nosso último, com Aos olhos do Pai ao fundo. Ainda bem que elas escolheram essa música. Ver aquelas meninas, cada uma com sua história, cantando a completude aos olhos do Pai, a segurança emocional nAquele que dá a vida, a aceitação do cabelo crespo indomável, da pele negra, a troca dos padrões femininos inatingíveis pela a liberdade em Deus fez daquele o louvor mais lindo que ouvi nos últimos tempos. Na verdade, eu nem soube mais porque tinha implicância com essa música. Elas cantavam com uma pureza de alma que me acanhava, simplesmente porque elas cantavam com amor e gratidão a Deus pela nossa amizade.


Considerando com a

nossa humanidade

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Foi a partir daí que comecei a reconsiderar minha opinião sobre as músicas cristãs. Talvez seja daquela forma que Deus recebe o louvor da igreja, independente de correção teológica ou primazia técnica. A igreja ainda é imperfeita, e muitas vezes entrega a Deus um louvor meio alquebrado, desafinado, sem jeito. Quando Ele nos ouve cantar, pode ser que se lembre da nossa trajetória e sinta prazer em ser louvado com as palavras mais difíceis que sabemos ou com vinte minutos de apenas uma frase, desde que nosso coração destile amor e simplicidade diante dEle. Pode ser que ele dê um sorriso compreensivo quando nos vê parar de cantar porque a letra é mais forte do que nossas convicções, ou porque, mesmo sendo antropocêntrica, algo na música nos leva a ver como é limitada nossa capacidade quando estamos longe dEle. Nada que é feito por cristãos é um fim em si mesmo, a música inclusive, seja ela chamada de MPB crente ou música gospel. E se Ele, que é perfeito, consegue se alegrar com nosso louvor limitado, não tem porque eu me revoltar com isso. Preciso é ter amor para ouvir. Até porque, sem ele, seremos como o metal que soa ou como o símbalo que retine. E isso não é uma questão de gosto.


# Para ver


nota.[ ana clรกudia nunes]


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# Para ver

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soar.[liz fagundes]

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# Curta!

Os melhores discos de mpb por Paulo Nazareth

Ultimato sugere:

A arte e a Bíblia

[Francis Shaeffer ] Luar (1981) - Gilberto Gil Pra mim, esse CD tem algumas das músicas mais lindas do Gil. O Gil tem coisas muito lindas em toda a sua obra, o tempo todo! Mas gosto muito de uma música deste CD, chamada Cores vivas. Vale a pena ouvir.

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Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (1994) - Marisa Monte Só tem musica linda, um bom gosto enorme, arranjos maravilhosos. Um dos 90 melhores discos da história da música brasileira, segundo a revista Rolling Stone. É mesmo imperdível.

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Luz (1982) - Djavan Esse CD tem as “versões originais” de Samurai (com a participação de Stevie Wonder, tocando gaita), Sina, Capim e Esfinge, dentre outras das músicas mais conhecidas do Djavan. Muito bom.

Para Francis Schaeffer, o cristão deve usar as artes para glorificar a Deus, não simplesmente como propaganda evangelística, mas como algo belo para a glória de Deus. A Arte e a Bíblia é uma obra fundamental para cristãos atuantes no mundo das artes. Neste clássico, Schaeffer examina o registro escritural da utilização de várias formas artísticas e estabelece uma perspectiva cristã sobre a arte. Com clareza e vigor, ele explica por que “o cristão é alguém cuja imaginação deve voar além das estrelas”.


# Seção Livre

Vai que é TUA!

[recebimento de trabalhos até 05/08]

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#2 Sexualidade

Fotos: Ana Cláudia Nunes

Próxima edição:

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Se você está imaginando o quanto gostaria de participar da nossa publicação, fique tranquilo, Livre separou um lugarzinho especial para você. Na seção livre é você quem manda o conteúdo. Pode ser uma fotografia, ilustração, poema, charge, tirinha...ou o que sua imaginação mandar. É só enviar sua idéia para nós: redaçãolivre@ ultimato.com.br, com “seção livre” no assunto. E aí é só aguardar a próxima edição! Quem sabe você não é o próximo a estampar uma página de Livre? Mas se não rolar não se preocupe, vamos disponibilizar todas as sugestões enviadas no nosso blog, o www.revistalivre.blogspot.com, onde você também pode comentar, sugerir, ter acesso a links e conteúdo exclusivo da Ultimato. Demorou? Então, confira o tema da próxima edição e não se esqueça de participar da sua seção!


# Perfil

Toca ENOCK

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Fotos: arquivo pessoal

LOU!

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[por Sloan Teixeira] Aos 53 anos de idade e uma vida quase toda dedicada à música, o pastor e músico Enoque Lourenço Teixeira, mais conhecido como Enock Lou, diz que desde muito novo já tinha uma ligação especial com essa arte. Natural de Marilândia do Sul (cidade próxima a Curitiba), nascido em um lar evangélico e filho de pastor, Enock teve seu encontro com a música bem cedo. Conta que aos oito anos de idade ganhou um disco do cantor Oséias de Paula, e que não se cansava de ouvir, e ao mesmo tempo acompanhava as músicas cantando sempre que podia, inclusive em cultos e apresentações especiais na igreja. Na sua pré-adolescência enfrentou vários problemas, desviou-se do evangelho e fugindo de casa morou na rua durante 4 anos, onde teve contato com o mundo das drogas. Apesar disso, sua relação com a música ainda existia. Aos quatorze anos teve a oportunidade de morar em um galpão de uma banda de rock em Curitiba, e desse modo sempre estava nos ensaios e ajudava como podia, aproveitando a oportunidade para desenvolver o canto. Com dezessete já havia se firmado como cantor e a partir de então não teve mais jeito de deixar a música: nesse mesmo ano (1974) se tornou cover do cantor Raul Seixas. Em 1977 Enoque se firmou novamente no evangelho e através


de uma casa de recuperação se livrou de proble- melhor cover do Maluco Beleza no Festival da Inmas com as drogas. Enoque fez parte do grupo terpretação da Canção em São Paulo. Canção e Paz e conta que teve como inspiraMesmo estando em um momento muito ção bandas como Vencedores Por Cristo, Grupo bom em sua carreira como cantor, Enock Lou Logos e Rebanhão, sendo que algumas músicas ainda se sentia vazio, então toma uma decisão desses grupos marcaram sua vida: De vento em radical de mudar de vez sua vida e usar sua múpopa (VPC), Expressão de Louvor (Grupo Logos) sica para servir a Deus. Após essa “Metamorfose e Baião (Rebanhão), música que inclusive regra- Radical” (título de um de seus LP’s) o cantor pasvou.Nessa época participou também do Grupo sa a se dedicar a compor músicas evangelísticas, vocal Apocalipse onde teve parcom o intuito pregar a palaceiros como Casinha, Cleomir e Ficou curioso? acesse pra ouvir! vra de Deus através do rock, Mauro Valiente, que renderam www.myspace.com/enocklou e entre os anos de 1993 e alguns dos seus grandes suces2002 ele lança 4 álbuns com sos como ”Ovelha Perdida” e músicas de autoria própria e “Ensina – me ó Senhor”. parcerias com o cantor e compositor André de No entanto, por motivos pessoais, afastou-se Oliveira. Um dos grandes sucessos foi a música novamente do evangelho, e continuou sua carrei- “Passou Batido” apelidada de “Wisky com cocara na música, voltando a ser cover de Raul Seixas, cola”, e a música “A serpente”, que foi gravada e desenvolvendo um trabalho q foi muito influen- por outras bandas que também se inspiraram no ciado pelo Rock, e que incluía em seu repertó- estilo alternativo do cantor. Foi justamente esse rio músicas como “Lover Why”/Century (música estilo alternativo que rendeu ao cantor o apelido com a qual ganhou um festival de música em 87, de “Maluco de Cristo”, não só por causa de suas em Vilhena/RO), “Radio Gaga”/Queen, além das musicas, mas também pelo figurino e atitude ramusicas do Raulzito. No ano de 1989, ano em dicais, que fazem dele uma figura sem igual na que Raul seixas morreu, Enock foi considerado o musica evangélica.

[Sloan Teixeira] é Filho de Enock Lou, estudante de Letras e tem acompanhado o pai nas aventuras pela música.


Foto: Ana Cláudia Nunes

# Diga lá

Marden Jump: É um músico cristão que cria sites pelo

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blogger e toca no Juventude na Rocha, e quando dá escreve sobre novas bandas no Megafônicos. www.mjumpstudio.com

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Independência ou morte De uns tempos pra cá decidi mudar. Na verdade, de 2008 pra cá comecei a não curtir o rock que era feito no meio cristão na época. Não apenas o rock, a música num contexto todo, porém o rock me afetava mais, por ser um estilo que gostava mais naquela época, principalmente aquele que faz a gente balançar a cabeça. O Rock e a Música “Gospel” estava um pouco pior do que é hoje, tudo era mercado, ainda não existia essa ideia aberta de se tratar música como arte que se tem hoje, ideia que tem sido trazida para o nosso meio com surgimento de bandas como Palavrantiga e Crombie, já citadas nessa edição. Não havia muito espaço para bandas novas... hoje há um espaço um pouco maior. Você só ouvia aquilo que as “senhoras” gravadoras queriam te enfiar pela goela, aquilo que os produtores achavam que era vendável e que tinha valor. Na verdade, era uma música fake, talvez não fosse nem aquilo que o próprio cantor ou banda queria fazer, mas sim o que a gravadora queria, e por questões contratuais ele era obrigado a fazer. E fazia, e ainda exis-


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mais gringo e todos com uma ótima poesia inserida em suas letras. São pessoas acessíveis, que fazem música sem se importar muitas vezes em qual rótulo ou qual segmento esteja, fazem música e ponto final. Um desses casos foi o Aeroilis. Conheci a banda em meados de 2006 pela internet, porém fiquei muito tempo sem ouvir, e quando fui ouvir de novo em 2008 com uma mentalidade musical mais madura, percebi que aquele som tinha grande valor. A banda faz um indie rock e brit rock com uma pegada bem anos 80 e 90. E depois de um longo tempo produzindo os catarinenses voltaram agora lançando seu segundo disco “Nada Mais Além” totalmente liberado para download, o que mostra que no meio independente existem músicos que enxergam que sua música vai mais além de mercado, ela é arte, e a internet é melhor forma de divulgar. O som do Aeroilis é bem indicado pra quem gosta de Oasis, The Verve, Blur e Coldplay. Com ajuda de um grande amigo que gravou seu primeiro álbum, acabei conhecendo o som do Lucas Souza e Banda, e acabei gostando, pois achei o um tanto quanto harmonioso. O Lucas

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tem muitos que fazem, e acabam fazendo uma música com segundas intenções, intenções de atingir “tantas” vendas no mercado, cantando aquilo que a “Igreja” quer ouvir, e não o que ela precisa ouvir. Chega um momento da vida que é preciso ter uma mudança de pensamento, uma reflexão sobre aquilo que a gente acha certo, e não o parece mais ser certo. É preciso uma renovação. Munido desse sentimento resolvi buscar novos sons pela internet, eu queria algo que não fosse de plástico como Hillsong United, e que não fosse cansativo como o Oficina G3, nem repetitivo com Antônio Cirilo e menos instrumental que David Quinlan, algo que tivesse uma naturalidade no som, algo mais humano, que quando eu estivesse ouvindo eu pudesse imaginar os caras fazendo o som na minha frente, tamanha a naturalidade. Foi então que pesquisando nos MySpace’s da vida, e através de amigos, eu fui descobrindo novos sons e de 2008 pra cá tenho conhecido tanta coisa boa, sons que eu não imaginaria que seriam feitos no Brasil, muitos com uma boa influência de música brasileira, outros com um ar


# Diga lá

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Ilustrações deste editoria: Marden Jump

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e banda vêm fazendo música desde a adolescência, onde começaram a tocar e viajar pelo Brasil, em 2005 gravaram ao vivo “Caminho de Revolução”, disco que projetou a banda nacionalmente e levou-os a tocar nos quatro cantos do país, Estados Unidos e Europa. Hoje com um EP e 3 discos lançados, a banda ganhou grande apreço de muitos após ter lançado em 2009 o disco “Cidade do Amor”, um disco bem diferente daquilo que temos visto por aqui, um brit pop e brit rock de grande qualidade, que me encanta pela qualidade tanto na gravação, quanto na produção, mixagem e masterização. As letras também não ficam pra trás, trazem uma poesia confessional de exaltação a Deus, daquelas que quando ouvimos, vemos quão grande é o nosso Deus, e como tem gente preocupada em cantar isso. Um som totalmente indicado pra quem gosta de U2, Coldplay, Keane, Delirious?, Beatles e The Killers.

No final de 2008 conheci um som que eu achei que não existia no Brasil, o Danni Distler, ainda na época da extinta Mister Distler. Hoje tocando projeto solo, Danni busca fazer um som totalmente abrasileirado com acordes de samba, jazz e até o rock da jovem guarda. O Danni não se preocupa em tocar aquilo que as igrejas querem ouvir, ele faz um som que as pessoas lá de fora precisam ouvir, fala desde amor até catástrofes, passando pela volta de Jesus com certa subjetividade, fazendo crítica aos homens e às igrejas que não olham pela causa social. Talvez Danni esteja no caminho oposto de muitos, que buscam fazer música baseada na gringa, nos Hillsong’s e afins. Ele mistura sua idéias emergentes com a tradicional música brasileira. Nessa mesma época acabei conhecendo a Tanlan, a banda faz um belo Indie Rock Gaúcho, mas não aquele Rock Trash. A aposta da Tanlan é em melodias radiofônicas e letras que saiam desse “muro” gospel, na verdade a Tanlan se considerada um


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uma renovada em tudo, as músicas permeiam do Pop Rock, Rock Alternativo ao Country, Folk, passando British Rock, tudo isso direcionado para letras e melodias congregacionais, mas nada de prosperidade, promessas, milagres e afins. As letras falam de dizer sim ao seu chamado, de deixar a Luz de Cristo brilhar sobre as trevas. O som indicado pra quem gosta de Foo Fighters, Delirious? e U2. Conheci o som do Hélvio Sodré, um cara que mora em Brasília através da Internet, como não poderia deixar de ser. Bom, o Hélvio fez parte da FreakZ Louvor Jovem, onde tocava baixo e compunha algumas músicas também. No começo do ano de 2009 sentiu o chamado de Deus para seguir um projeto solo e em julho começou a trabalhar no álbum “Por Aí”, lançado agora em maio. O som dele é rock alternativo, onde as guitarras e as linhas melódicas arriscadas - porém afinadas e originais – são destaque. Soa tipo John Mayer, Los Hermanos, Sufjan Stevens, Lifehouse, Jars of Clay. Bom pessoal é isso, é possível ouvir música de qualidade no meio underground e independente, sem precisar ouvir essa música mercantilizada que as grandes gravadores fazem, basta procurar, ou ser apresentados a ela, e esse foi meu objetivo: apresentar bandas e cantores que fazem isso. Então visite os sites dos caras que citei! Você pode acessar o blog da revista ou pesquisar no google mesmo. Afinal, é independência ou morte.

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banda de rock e não uma banda gospel, seu objetivo não é tocar em apenas em igrejas e congressos, e sim tocar em lugares onde o termo “gospel” não iria, onde a mensagem ainda não foi falada. Suas letras falam de amor, esperança e sentido e sua música é de uma produção caprichada e arranjos minuciosos. O som lembra bastante Switchfoot, Foo Fighters, Jars of Clay, Oasis, Delirious? e U2. No começo desse ano, via uma twittada de um amigo acabei conhecendo a Colina de Malta. A banda é composta por mineiros que saíram de Paracatu, buscando, dentre outras coisas, melhores oportunidades para carreira como músicos. Passaram por diversas bandas, tendo uma caminhada musical já de dez anos. Mas hoje, morando em Goiânia, a banda tem se fixado no meio cristão, após ter lançado um EP com título homônimo, a Colina de Malta vai se fazendo conhecida usando a internet como meio de divulgação, onde você encontra o EP liberado pra download. O som é um pop rock que permeia entre o britânico e a música popular brasileira, um boa pedida pra quem gosta de Los Hermanos, Oasis, Skank e The Strokes. E mais recente conheci, o som do Gustavo Esquivel e o do Hélvio Sodré. Depois de lançar em 2008 o álbum “Sou Rico” com uma pegada Pop Rock, um pouco meio clichê, o Gustavo Esquivel volta em 2010 lançando o álbum “Brilha em mim”. Um álbum bem trabalhado onde o Gustavo dá


junho2010

Foto: arquivo pessoal

# Meu Papo

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Bruno Tardin: prosador inconstante, leitor ávido, estudante de Letras. Um escapista em potencial.

Sinfonia de Movimento Harmônico

(em mi menor) Desde o Éden, a raça humana é, por excelência, um povo comunitário. Fomos feitos para vivermos em grupos, isto é inegável. Mas não é uma questão apenas de estar ao lado, de viver com alguém, mas sim de conviver – e neste caso a ordem dos fatores altera e muito o produto. Acolhimento é isto: uma questão mais horizontal que vertical. Tome por exemplo uma sinfonia: quanto maior e mais variada uma sinfonia for, mais acordes e mais variações ela conseguirá produzir. Em uma sinfonia, desde a grande e pesada tuba até o diminuto e leve pífaro são iguais (ainda que totalmente diferentes). Tente imaginar, em uma orquestra, como seria se os instrumentos se achassem mais importantes por seu tamanho,

ou por seu som, ou ainda pela quantidade de acordes que eles produzem. Teríamos uma algazarra cacofônica, uma tempestade avassaladora de barulhos os mais irritantes. Não teríamos sincronia na sinfonia. Da mesma forma que os instrumentos de uma orquestra têm de trabalhar juntos, um com o outro, para compor a melodia regida pelo maestro (e todos devem obedecê-lo, caso contrário...), nós também deveríamos conviver em harmonia. Um instrumento, antes de ouvir a sua própria voz, deve ouvir a dos demais – e também as pessoas, que deveriam estar mais dispostas a ouvir e menos a falar, falar, falar... Todos têm algo a ensinar, o problema é que estamos ocupados demais falando pra poder ouvir. Con-


questra, mas se você for um flautista e precisar do acompanhamento de qualquer uma delas, ambos precisam buscar apoio um no outro para que a música saia com clareza e suavidade.

29 revistalivre

Todo bom músico de orquestra sabe que são necessárias altas doses de generosidade, sabedoria e humildade para garantir o sucesso da orquestra. Aceitando-se ao “outro” como fazemos – ou deveríamos fazer – a nós mesmos, percebemos que estas três coisinhas pequenas são também vitais. Sem generosidade, sabedoria e humildade,

tornamo-nos altivos e egocêntricos. Nossa natureza não é a de um solista grandiloqüente, mas sim de uma inesgotável orquestra! A vida comunitária dá sentido, propósito – ao outro e a nós mesmos. Pianos, violinos, flautas, tubas, clarinetas, harpas, enfim, todos se acolhem e se completam para perpetrar uma melodia maior e muito mais sublime do que tudo o que qualquer um deles poderia fazer em isolamento. E, tal qual em uma orquestra, o acolhimento mútuo dá um ponto de apoio nos momentos de falta de sincronia entre os músicos e o maestro. Isto tudo a propósito de uma cena minimamente farsesca a qual presenciei recentemente: em uma destas orquestras estudantis, o maestro lutava bravamente com os instrumentistas, cada qual disputando entre si o título de destaque na companhia. Ah, se nós fôssemos menos como homens, e mais como os acordes! O mundo, por força, haveria de ser menos barulhento e mais melodioso...

junho2010

viver é sorver a essência alheia – e, não importando qual som iremos descobrir, acolhê-lo. Somos humanos, fato consumado, logo todos nós temos alguma coisa barulhenta em nosso ser – mas todos nós temos também um “harmônico maior” em nossa partitura. Tal como grandes compositores, precisamos nos dispor a ouvir de tudo, para então opinarmos sobre a melodia alheia – e sobre a nossa própria. Deveríamos ouvir no “outro” o eco de nossa própria melodia (ainda que diferente de alguma forma). Na orquestra, todos estão tocando a mesma música, mas nunca dois instrumentos, sejam eles quais forem, irão produzir o mesmo som. Assim também somos nós, e para completarmo-nos devemos encontrar um pouco de nós mesmos na sinfonia alheia. E, contudo, esta vivência comunitária vem a ser uma questão de apoio, não de cega aceitação. Você não precisa gostar de clarinetas para reconhecer a importância delas na or-


# Humor

por Tiago Valadão: www.ottoeheitor.com

junho2010

# Expediente

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Projeto Gráfico,diagramação, ilustrações e capa: Ana Cláudia Nunes Projeto Editorial: Ana Cláudia Nunes e Pabline Cota Felix Orientação: Bruno Martins Textos: Pabline Felix, Manu Magalhães, Ricardo Oliveira, Bruno Tardim, Sloan Lourenço e Mardem Jump.

Tiragem: 35000 exemplares Editora Ultimato Ltda Copyright © 2001 - 2010 Reprodução permitida. Mencione a fonte. Livre é parte integrante de Ultimato. Não pode ser vendida separadamente. Editora Ultimato - Caixa Postal 43 - 36570-000 Viçosa-MG | Fale Conosco: (31) 3611-8500


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