Livre #2 : Sexualidade

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#2 SEX

UALI

DADE

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[espaรงo para publicidade]

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# Digo eu Essa edição de livre é muito especial. Ao fazê-la entrei em contato com um dos temas mais discutidos entre os jovens, e um dos mais deixados de lado pela igreja. Foram muitas pesquisas, leituras, contatos, e emails para chegarmos ao conteúdo que temos aqui. Sem sombra de dúvidas, essa edição me edificou demais, mudou meu olhar sobre várias coisas, gerou algumas respostas e algumas perguntas, e me fez amar ainda mais o plano perfeito de Deus pra nós. Ao mesmo tempo, a sexualidade não é assunto assim tão tranquilo. Inúmeras questões que partem dela podem nos deixar completamente perdidos! O desejo, a negação, o tempo certo, a solidão, a espera, o vício, o casamento, a opção sexual, a vergonha, a pessoa certa, a vontade de Deus, a gravidez inesperada, as decepções, a pornografia, a santidade, o namoro,

a identidade, o quando, o se, o como, o onde e o com quem. Questões que todos vivemos diariamente, e com as quais precisamos lidar, sabendo sempre que em todas essas coisas a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável Preciso agradecer muito a todos que contribuíram com esta edição: os queridos Pabline, Fred, Ana Gabi, Tábata e Rod pelos textos produzidos especialmente para Livre; Jota Mossadh pelas ilustrações (#para ver, #todo seu) e muita inspiração da sexxxchurch; Denúbila pelas imagens em #para ver, Andrea pela entrevista concedida e os fotógrafos que cederam gentilmente suas imagens para esta edição. Mais uma vez, você é convidado à abrir sua mente, ler tudo e reter o que é bom. É só virar a página pra começar a viagem.


# Tudo seu

Seção Livre

[Ana] - pg.21

Perfil [Ingrid] - pg.22 Diga lá [O medo lança fora todo amor] - pg.24

Diga lá [Assassinando a garota de Ipanema] - pg.5 Trocando Idéias

[Andrea] - pg.9

Diga lá [Viciado em Pornografia] - pg.12 Para ver [sexxxchurch

& Rodrigo Denubila] - pg.16 Curta - pg.20

Meu Papo [Sala

de Espera] - pg.28

Humor [abas] - pg.30


Esses dias eu estava conversando com um amigo. Muitos o chamam de Søren Kierkegaard, mas ele prefere não se expôr, tem aversão a esse negócio de ser pop. Até mesmo recomenda tal sentimento, assim como um médico prescreve um remédio. Na verdade ele já morreu! Mas além de acreditar que ele está vivo, experimentei o quanto foi real dar ouvidos às suas palavras. O espetacular nessa história é que nessa onda de experimentar percebi que quem vive é a garota de ipanema, e vive aqui dentro de mim, caramba! Fiquei pensando em sexo, na incrível motivação que ele pode despertar em mim, e é isso que acontece quando experimento aquelas sensações. No ônibus, na praça, em casa, na rua, na sala de aula, ufa! Em todo o lugar lá ela está, num doce balanço a caminho do mar. Mas o que aborrece é que ela vem e passa. No instante que eu a sinto ela desaparece. Até no fim do dia, quando estou esgotado, ela surge como uma imagem viva e subjuga o meu corpo, superando a necessidade fisiológica do sono. Exige atenção, e ao estender-lhe a mão ela se vai, fica um vazio.

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Foto: Ana Cláudia Nunes

significa aquele que promove a paz. Por enquanto sou um jovem de 25 anos, e tenho uma linda namorada com quem pretendo me casar. Cristão, brasileiríssimo e belorizontino, graças a Deus!

garota de Ipanema!

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Frederico: Etimologicamente vem do alemão,

Assassinando a

# Diga lá


# Diga lá

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Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça É ela a menina que vem e que passa Num doce balanço, a caminho do mar Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema O seu balançado é mais que um poema É a coisa mais linda que eu já vi passar Ah, por que estou tão sozinho? Ah, por que tudo é tão triste? Ah, a beleza que existe A beleza que não é só minha Que também passa sozinha Ah, se ela soubesse que quando ela passa O mundo sorrindo se enche de graça E fica mais lindo por causa do amor


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O verdadeiro problema é que quando estava decidido a Como o eu gostaria de escrever como poeta, mas além das minhas limitações, o meu amigo advertiu: “Não se iluda, assassinar a garota de ipanema percebi que o “eu” também o poeta é extraordinário, sensacional, mas enquanto poeta morreria. Aí o amor de si mesmo declarou guerra! Somené cego em relação ao bombocado da realidade!”. Cheio de te após a euforia da autoconfiança confessei que não havia vida suficiente em mim para matar meu ego poeta enigmágraça. Afinal desde quando a realidade é doce ou gostosa? Então tomei uma decisão! Vou matá-la. “Matar quem?”. tico, que me confudia sublimando-se na garota de ipanema. A garota de ipanema, uai! “Opa, peraí! Mas e a Bossa Completamente desiludido caí na real. Foi então que pude Nova?”. Não tenho intenção de cometer etnocídio. Nem sou deixar Deus me ajudar. Oh! Como é bom! Poder assumir sua humanidade, fragilidade, dependênanoréxico cultural, mas não dá cia. Habitar harmonicamente a terra, para ingerir veneno junto com a com todas as possibilidades de trasalada. Fica com indigestão, em “Criou Deus o homem à sua imagem, à gédia que isso implica, sem tornar-se alguns casos leva até à morte. E imagem de Deus o criou; homem e mulher os um ser desesperado. você ouviu aquela música macriou. Deus os abençoou e lhes disse: “sejam Acredito que o instinto humano ravilhosa? Tom Jobim e Vinícius férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem de se envolver em experiências de de Moraes, e com João Gilberto a terra!” Por essa razão, o homem deixará pai e sexo com paixão é fundamentalmene Caetano Veloso? Esse pessoal mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão te saudável. Mas o fato é que quandescreve vários dramas da vida, uma só carne”. Gn 1.27 e 2.24 do o amor ideal romântico torna-se com elegância e celebração. Emreal ele acaba! Uma pessoa te desbora nós identificamos isso como perta uma sensação linda ou um teBossa Nova, não pode-se dizer que é obra de uma pessoa “extraordinária” ou de um grupo são extraordinário, tal promessa de felicidade te faz cego de de pessoas de vidas efêmeras, como todos nós, simples mor- amor. Mas no exato instante que você a enxerga ela morre, tais. Isso é cultura brasileira! Não dá pra fazer sem um país não é uma pessoa ideal, perfeita; ela existe, é real. Em termos tropical, com flora, fauna, terra, mar e céu! Isso é dádiva, mais xulos, depois que você goza acaba, em alguns casos surge até nojo e repulsa. Esse estado de paixão pode durar mais graça!


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# Diga lá

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tempo. Mas no fim está fadado ao fracasso, o tempo o corrói sem culpa, a não ser que se torne algo maior do que ele mesmo. E isso só Deus pode fazer! Nem adianta tentar controlar, pois mesmo quando experimentar aquelas sensações não será mais do que um ser desesperado reprimindo suas angústias. Como aquela pessoa moderna que se apropria sei lá como do Kama sutra, pratica umas aulas de yoga para então estuprar a si mesma. Não estou negando a necessidade real, biológica, bela e verdadeira de você expressar corporalmente sua maculinidade ou feminilidade. Mas o ponto crucial é que só Deus pode satisfazer plenamente os desejos humanos! Se você tentar satisfazer seus próprios desejos por conta própria será eternamente frustrado. Enquanto você não se comprometer com o dever de amar a Deus acima de todas as coisas e o dever de amar o próximo como a si mesmo não será livre para se comprometer a amar ninguém, pois é escravo do amor de si mesmo, do egoísmo, das sensações passageiras e etéreas que vem e passam a cada instante.

Como a pessoa que no voto de casamento prometeu amar o amado na tristeza e na alegria sem o enxergar de verdade. Fez a promessa para o seu ideal romântico. Com o passar do tempo cai na real, mas continua enamorada com o seu ego poeta, até podê-lo projetar em outra pessoa que em algum momento aparenta se encaixar nesse ideal. Ela não ama ninguém, ama a si mesma desesperamente! A eterna diferença que Deus faz é que o sexo, por mais humano, terreno, passageiro e efêmero que continue sendo, quando feito coerentemente com o mandamento de Deus não somente revelará o anseio do homem por Deus como irá também repercutir na eternidade. Pois não é mais o fim da união de duas pessoas, mas é um meio para que você se una em verdade com a outra pessoa. Enxergando, tocando, sentindo, amando, comprometendo-se realmente com a outra pessoa, realizando-se sexualmente no casamento como ser humano, à imagem e semelhança de Deus!


# Trocando Idéias

Andrea

Vargas: Para quebrar TABUS [Pabline Felix entrevista]

Andrea é missionária, casada, nascida em Campo Grande/MS e criada em Ji-paraná/RO. Cursou administração e marketing, se formou em Teologia no Canadá e é pós-graduada em aconselhamento cristão no SETEBES de Vitória, especializando-se em sexualidade. Braço direito de seu esposo Diniz, lideram com muito amor e loucura o ministério Avalanche de Missões Urbanas. Andrea é uma conselheira sábia, cristã revolucionária e serva fiel. Nesta edição de Livre ela nos faz ref letir um pouco sobre a sexualidade e igreja.

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Deveria estar, porque a nossa única razão de existir é cuidar da criação de Deus. Mas infelizmente não só não está como também, em muitos casos, não quer estar e se opõe a quem se atreve a cumprir a tarefa de discipular todo tipo de gente para Deus.

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A igreja está preparada para receber o homossexual, as drags, as prostitutas?


# Trocando Idéias Quando e como surgiu a idéia de fazer uma escola de sexualidade para cristãos? A idéia surgiu em 2007. A Missão Avalanche já estava desenvolvendo escolas de missões urbanas, artes e comunicação, mas sentimos a necessidade de treinar pessoas estrategicamente para atuarem na área da sexualidade. Vimos que seria impossível corresponder à demanda por palestras pelo Brasil afora e resolvemos, então, elaborar uma grade curricular para cristãos interessados em, primeiramente, se conhecerem e serem restaurados e, por consequência, serem capazes de restaurar outros. A proposta é levantar, capacitar e enviar mais pessoas para militarem pela sexualidade humana segundo a ótica de Deus.

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Qual a principal dificuldade em abordar esse assunto dentro das igrejas? E fora dela?

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Fotos: Amanda Oliveira

Sei que a igreja, de um modo geral, tem divulgado a idéia de “ganhar almas” para Jesus. O problema não é ganhar a alma do indivíduo. O problema é crer que o indivíduo só tem alma! Muitos crêem que uma vez se convertendo, se tornarão anjos assexuados. Nossa luta tem sido confrontar essa visão e propor outra: apresentar

o ser humano na sua integralidade - corpo, espírito e alma – e sua necessidade de se relacionar. O maior desafio para abordar o assunto fora da igreja é a visão humanista que impera em boa parte das instituições. O culto à licenciosidade e ao hedonismo faz muitos discípulos. Mas, por incrível que possa parecer, ainda existe muita abertura para se falar sobre sexualidade fora da igreja. Parte disso se deve a problemas sociais referentes a abuso, prostituição, estupro, gravidez indesejada, pedofilia, parafilias [comportamento sexual que encontra prazer em outra atividade que não a penetração], AIDS, DSTs, homofobia, androgenia, e por aí vai. Algumas instituições muitas vezes se vêem como reféns dessas questões e acabam se abrindo para quem trabalha na área. Se os cristãos tiverem algo a dizer, ótimo! São oportunidades imperdíveis para levarmos os valores do Reino de Deus para a sociedade.

A que você atribui a relação dos jovens cristãos com a sexualidade e sensualidade? Hoje os jovens tem muita informação sobre esses assuntos, mas o problema está na fonte da pesquisa. Usar site pornô, Hollywood ou literatura humanista para ser educado sobre a sua sexualidade é problema na certa. Existe falta de transparência no meio cristão. Assuntos como intimidade,


por exemplo, costuma ser evitado, espiritualizado ou demonizado. O nosso maior engano é achar que Deus não entende nada de sexo. Ninguém sabe mais de sexo do que Deus e Ele tem muito a dizer sobre o assunto.

Existe uma fórmula pra vencer as dificuldades na área sexual? Existe fórmula para não vencer. Se guardamos segredo, tentamos mudar sem ajuda de ninguém, convidamos Jesus para sair de cena porque não está claro o que está acontecendo ou crer que sexo é brincadeira e que, quando casar, vai para de vacilar. Para vencer, é necessário reconhecer que, nesta luta secreta, está perdendo, que não consegue vencer sozinho e que precisa de Jesus para perdoar e de gente madura para discipular em um nível profundo, que atinja a prestação de contas na intimidade e nos relacionamentos.

Se estão falando sobre sexualidade é porque tem gente querendo saber. Nem todo mundo que está falando tem tido a preocupação de representar a fala de Deus. Acho bom que falem – porque as pessoas acabam expondo suas idéias e seu coração, mas acho que devemos ter critérios na fala e na escuta. Uma mentira em que se acredita é tão poderosa quanto uma verdade em que se acredita. A gente se torna aquilo que acredita ser.

Se todo o curso pudesse ser resumido em um único ensino, qual seria? A palavra principal é relacionamento verdadeiro. Deus nos criou para nos relacionarmos com Ele, conosco e com o próximo, motivados pelo Seu amor, gerando vida em abundância, sem medo ou vergonha.

Fotos: Amanda Oliveira

[Pabline Felix] é curiosa por natureza, jornalista por conseqüên- 11 cia, ABUense de coração e cristã de corpo e alma.

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Para não sucumbir ao hedonismo, creio que seja preciso ter o hábito de refazer nossa aliança pessoal com Deus.

Vários projetos e blogs estão tratando sobre esse assunto atualmente. Qual a importância disso?

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Os cristãos estão imersos numa cultura hedonista, que prega o prazer a todo custo. Qual postura deve ser adotada por eles frente a essa “propagandização” desse modo de vida?

Muitas são as investidas do sistema vigente em nos corromper, mas é preciso lembrar que nossa resistência é motivada pelo amor que temos por um Senhor que vale a pena receber tudo de nós. Ele não nos prometeu felicidade nem prazer e sim, vida em abundância à medida que morremos para o nosso eu.


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Foto: Keely Marie Scott

# Diga lá

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Shaun Groves: Cantor e compositor, pregador,blogueiro, marido,pai, amigo. Sente e pensa profundamente e sorri com facilidade. www.shaungroves.com

Viciado em

Pornografia

As últimas brasas da fogueira já estavam quase apagadas. As etiquetas nas garrafas estavam danificadas, depois de dias expostas ao sol. Os que haviam acampado perto de minha barraca já estavam longe há algum tempo. Meu amigo e eu pegamos as coisas que estavam para trás. Ficou apenas um CD de hip-hop. Tínhamos algumas malas e garrafas vazias. Além de uma revista. Sua capa estava molhada e irreconhecível. Eu a abri com um pedaço de pau. Havia orvalho naquele dia e as páginas da revista também estavam molhadas. Naquele momento eu vi uma mulher. Ela estava com seus seios descobertos. Desde meus sete anos tenho fugido. Quero dizer, meninas eram “problemáticas”. Elas eram indesejáveis. Tinham alguma coisa que desejávamos, mas não sabíamos dizer o que, já que nunca as alcançávamos. Eu ainda me lembro daquela cena. Eu estava ao mesmo tempo empolgado e receoso. Eu não conseguia entender a razão, mas sabia que ninguém deveria me ver olhando aquela revista. De uma coisa eu sabia: eu queria mais. Alguns anos depois eu tive minha chance. Dessa vez eu não fugi. Eu tinha treze anos e estava na casa do meu amigo Tyler (nome fictício). Ele


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vídeos. Além disso, eu não tinha computador em casa. Ao invés de comprar pornô, eu comecei a roubá-los. Eu vasculhava as casas de meus amigos para ver se os pais deles tinham alguma revista Playboy. Quando não achava, as roubava de lojas de conveniência. Não muitas...apenas três ou quatro em alguns anos. De qualquer jeito, eu fiz. Página por página eu ficava imaginando se aquilo poderia ser real para mim. Sei que é constrangedor dizer isso, mas aquelas mulheres pareciam me fazer sentir amado. Meus olhos desejavam aqueles corpos e faziam sentir-me um homem. Por um momento, eu me senti amado, desejado. Eu me sentia perto de alguém, e não me incomodava o fato de aquele alguém não ser real. Para mim era muito real. Entretanto, aqueles momentos de plenitude passavam. Sempre. O prazer fracassava. Em pouco tempo eu era tomado por um sentimento de remorso e culpa. Sentia-me a milhões de quilômetros da bondade e a bilhões de anos luz de Deus. Eu sempre pensava naquela primeira foto de mulher pelada que eu vi, na minha infância. Achava que Deus estava com um bastão em sua mão, me punindo à distância e me mostrando que não tínhamos nada em comum. Sabia que aquilo não era verdade. Eu era um cristão. Sabia que Deus me via perfeito e amável, assim como via seu próprio Filho. Conhecia todas aquelas coisas. Amor. Graça. Perdão.

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era meu único amigo com acesso à internet. Quase todos os dias nós jogávamos no computador por horas. Certo dia, eu cliquei em um ícone que pensei ser um jogo: tudo mudou em nossa vida. Não era um jogo, mas um vídeo. Nossa primeira reação foi cair na gargalhada com as lentas imagens daquelas mulheres. Era uma gargalhada do tipo “desligue isso, é tão ridículo”. Contudo, nós não desligamos. Assistimos ao vídeo e, então, eu fui para casa. Tyler continuou procurando por vídeos daquela natureza e me mostrou o que havia encontrado. Dessa vez, eu não fugi. Não queria continuar olhando, mas eu continuei. Estava hipnotizado. Com o tempo, ficar olhando, juntos, aquela nudez na internet causava-nos estranheza e desconforto. Por isso, Tyler e eu preferimos nos dedicar ao pornô solo. Tyler continuou a fazer download de tudo o que podia. Dos vídeos mais leves aos mais pesados. Eu, àquela altura, estava dividido entre o prazer de ver aquelas cenas e a culpa que carregava dentro de mim pelo que estava a fazer. Em alguns dias eu estava forte, e resistia. Em outros, eu parecia um viciado em pornô, desesperado para achar uma imagem. Apesar disso, eu nunca comprei ou fiz download de um filme pornô. Era um garoto nascido na igreja, em uma cidade pequena. Todos me reconheceriam se descobrissem quem estava comprando aqueles


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# Diga lá

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Contudo, eu não experimentava tais coisas em minha vida. Pior! Eu crescia cada vez mais frustrado comigo mesmo. Eu havia prometido para mim mesmo que eu não me incomodaria mais com aquilo, só para repetir meus erros. Tyler não estava nada melhor. Ele começou a achar impossível crer em um Deus que o impediria de assistir seus vídeos pornôs. Sem Deus em sua mente, ele se convenceu de que pornô era apenas diversão. De que forma uma diversão pode machucar alguém? Tendo decidido que pornografia não é ruim, ele decidiu que aquilo seria algo útil para sua vida. Ele fez uma assinatura da revista Playboy e começou a comprar todos os seus vídeos. Perceber o que estava acontecendo com o Tyler foi uma forma de me despertar. Eu sabia que estava fadado ao mesmo destino. Por isso, pedi ajuda. Certo dia, estava conversando com um amigo que é um bom cristão. Sem vergonha, disse tudo o que estava acontecendo a ele. Disse que se pudesse assistir a um filme pornô de graça, sem ser acusado por minha consciência, eu o faria. Pedi ajuda a ele e nós oramos juntos.

Para minha surpresa, meu amigo me disse que tinha o mesmo problema. Na verdade, a maioria dos meus amigos tinha. Pedimos a uma pessoa mais velha de nossa igreja para se encontrar conosco uma vez por semana e nos ajudar. Aquele homem não tinha nenhuma sabedoria mágica ou força sobrenatural para nos ajudar contra a pornografia. Contudo, ele nos ouviu, aconselhou e orou conosco. Ele se tornou um cuidadoso mentor para todos nós. A primeira coisa que ele nos mostrou foi que não estávamos sozinhos naquilo, não éramos os únicos a enfrentar aquele problema e tampouco éramos loucos. Quando me encontrei com meu grupo, vi que minha vida precisava mudar. Muitas daquelas mudanças ainda se aplicam em minha realidade hoje. Primeira lição: Corra! “Voe”, dizia nosso mentor. “Alcoólatras devem atravessar a rua para fugir de uma garrafa de bebida”. Em meu caso, isso significa que não posso entrar sozinho em uma banca de jornal, ou usar sozinho um computador sem filtros de internet. Preciso limitar as oportunidades que dou


Copyright © 2008 por Christianity Today International (Traduzido por Daniel Leite Guanaes)

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de evitar o pecado. Nós oramos, choramos, nos ensinamos, nos deixamos aprender. Eu também alimento o cachorro correto ao estudar a Bíblia em grupo. Não apenas a leio. Escrevo o que aprendi e o que desejo fazer com aquilo. Passo um tempo em silêncio, esperando para ver o que Deus falará comigo. Eu oro, adoro, sirvo outras pessoas. Na maior parte das vezes, o cachorro bom prevalece. Aquele terrível monstro está tão sufocado agora que nem o vejo com tanta frequência. Contudo, de vez em quando ele aparece. Começa a latir e logo me vejo na direção errada. Ele late muito alto, quando não tomo cuidado em resistir às tentações. Então eu fujo. O deixo esquecido, ignorado. Além disso, eu oro: “Deus, me ajude a fazer hoje o que é certo. Ajude o Tyler também. Livranos da pornografia e leve-nos próximos da perfeição. Faça-nos amar mais ao Senhor do que a nós mesmos e nos cerque com pessoas que nos façam lembrar que tu nos amas mesmo quando erramos. Cerque-nos com amigos e nos dê uma igreja que nos ajude a viver em santidade. Mate o cão mau e alimente o bom. Amém!

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para a tentação. Tenho que criar um espaço que me distancie da pornografia. Não posso ter catálogos em minha casa. Não posso me dar o direito de assistir TV sozinho. Mesmo com filtros na internet, não uso o computador se não tiver outra pessoa em casa. Essas restrições me aborrecem algumas vezes. Todavia, elas me ajudam demais. A segunda coisa que aprendi foi a perguntar: Como posso aprofundar meu desejo por Deus e esquecer-me dessas coisas que me fazem pecar? Alguém me disse, certa vez, que há dois cachorros no quintal do meu coração. Um cachorro cava egoísmo, pecado e prazer. O outro cachorro cava justiça, misericórdia, paz e obediência a Deus. Quando acordo todas as manhãs, escolho qual cachorro pretendo alimentar. O que eu alimento cresce até o outro não poder mais ser visto. Preciso alimentar o cachorro correto. Faço isso quando cultivo relacionamentos honestos com cristãos. Tenho um amigo com quem converso de forma particular diariamente. Falamos abertamente sobre sexo, pecado e tudo o que nos leva a pecar. Juntos, nós buscamos formas


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# Para ver

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[sexxxchurch]

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pense com a de cima


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# Para ver

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CON[sequĂŞncia] Rodrigo DenĂşblia

www.denubila.com.br

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# Curta! Visite: www.sexxxchurch.com filho do gringo xxxchurch.com, o sexxxchurch é um referencial de luta contra a pornografia, incentivando a pureza sexual através da confissão, sinceridade e libertação através de Cristo. O site além de ter um visual lindão, possui textos bacanas e você ainda pode baixar filtros para sua internet, pedir ajuda ou se confessar. Tg 5:16 na veia!

Mova-se: Escola de Sexualidade Avalanche Avanche é uma escola de missões urbanas underground que funciona em Vitória-ES. Dentre os vários cursos oferecidos, existe há 3 anos o curso de Sexualidade, que acontece de 04 a 30 de Outubro. Para ver a grade, professores, preço e outros detalhes vai lá no www.avalanchemissoes.org.

Ultimato sugere: Sexo: Espiritualidade, Instinto e Cultura [Ageu Heringer Lisboa] Afinal, quem diz como viver minha sexualidade? É possível resistir aos instintos e à pressão cultural? O que fazer com a gravidez adolescente? São essas algumas das questões de que trata Sexo: Desnudamento e Mistério. Diariamente somos submetidos à ridicularização dos valores e à intensa erotização e glamourização do transgressivo, com a clara intenção de abolir a censura e qualquer idéia de pecado. Para o autor, é preciso não se intimidar com o “todo mundo faz”, mas respeitar-se, exigir respeito e respeitar o outro. Assim será possível compartilhar com todo o nosso ser esta maravilha inventada por Deus: o sexo.


# Seção Livre À Flor da pele

[enviado por Ana Cláudia Nunes]

Próxima edição: [recebimento de trabalhos até 05/11]

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#3 Missões

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A Ana nos mandou suas fotos e participou da edição de sexualidade, as demais participações que não vieram pra cá estão disponíveis no nosso blog, o www.revistalivre.blogspot.com. Entra lá e veja o que tá rolando na rede! Queremos agradecer a todos que participaram desta seção livre e convidamos você a se unir com a gente na próxima edição. Se liga, já fica aqui a chamada: envie suas idéias para redacaolivre@ultimato.com.br, e não se esqueça de colocar “seção livre” no assunto!


# Perfil

Ingrid Reis: O sexo me faz inteira.

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[por Tábata Mori]

foto: arquivo pessoal

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Ingrid Monteiro de Castro Reis tem 23 anos, é casada com Diêgo Franco Reis, abandonou a física para fazer Pedagogia, trocou a universidade em Viçosa para morar em Belo Horizonte, cidade que a possibilitava casar e estudar. Jovem e sem-vergonha para falar sobre sexualidade, cristã de berço, sempre acreditou que o sexo era algo para depois do casamento. Apesar da ansiedade da juventude enfrentada em mais de seis anos de namoro, a baixinha invocada aceitou com submissão que o sexo lhe traria o peso do pecado e esperou. Casada há um ano e meio com Diêgo, foi só depois do casamento que Ingrid compreendeu que deveria esperar não só por acreditar nas verdades do Cristianismo, mas agora via na prática que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. Para ela, o sexo não é apenas para depois do casamento, ele é o casamento, ele é a união. A união de corpos que consuma uma vida a dois, que compartilha responsabilidades e prazeres mútuos.


foto: arquivo pessoal

[Tábata Mori] é jornalista e poetisa, solteira e assistente de comunicação da Rede Mãos Dadas. 23 www.ex_pressao.blig.ig.com.br revistalivre

“Quando tiramos o foco do prazer físico e transferimos a nossa atenção para o que podemos de fato usufruir do sexo, além do prazer físico, é claro, desfrutamos de sensações, emoções e prazeres mais completos e complexos”. Para Ingrid, essa não é uma conquista que não se finda na primeira noite, ou na primeira semana, mas que é revivida e aprofundada a cada encontro. “O casamento não destrói as particularidades, mas as funde fazendo com que um seja parte do outro”, Ingrid afirma e continua: “quando eu e o Diêgo temos uma briguinha ou a correria está grande, eu sinto falta dele. Eu não sinto falta de sexo, sinto falta do meu marido, de sentir que ele é meu e que eu sou dele. O sexo me faz inteira!” Para o casal, o casamento não é o meio de se proteger de um escândalo, ele é visto como o lugar seguro onde podem experimentar coisas, sensações e sentimentos com a paz, a alegria e a completude que Deus concede. Deus criou o sexo e precisamos entender que o ambiente de compromisso e fidelidade é que proporciona a plenitude da vontade de Deus para a nossa sexualidade.

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A primeira vez a gente nunca esquece, eu diria que é porque dói. Tanto para homem como para mulher a primeira vez é algo... diferente, talvez estranho. É a primeira vez que você pode dar continuidade a todos os desejos até então reprimidos, tudo que você pensou em fazer agora é permitido e, de repente, você se esquece de tudo, os corpos se encontram, mas não se encontram, os ritmos são diferentes, os movimentos nem sempre se encaixam, o que garante que essa coisa de sexo vai dar certo é que a sua mão se encaixa com a dele ou dela e que vocês se amam. A primeira vez é a certeza de que temos que aprender mais sobre o outro. Sonho e vontade, dor, beijos e alegrias estão todos presentes nesse momentos em que almas e corpos se unem. “Se acontece ou não o alcance do prazer, tão pregado como a melhor coisa do mundo, não se pode garantir, mas que o sexo protegido pelo casamento proporciona, ou, me proporciona o ápice do ser mulher, inteira, entregue...sim, me proporciona”, diz ela. Antes do casamento o casal tinha decidido respeitar os limites físicos um do outro, em especial de Ingrid. Para ela, os sentimentos é que fizeram o simples ato sexual ser completo.


foto: arquivo pessoal

# Diga lá

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O MEDO lança fora todo AMOR

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Rod Silva: Livre Pensador. Freak. Poser. Idealista. Blogueiro. Viciado em Café e Livros. Vários zeros a esquerda!

Era um daqueles dias que eu considero perfeito. Domingo, levantei por volta das 10h00. O céu sem nenhuma nuvem e o vento frio do inverno soprava manso, mantendo o clima ideal. Almocei a tradicional macarronada com frango assado e batata, que só minha mãe sabe fazer. Logo em seguida, resolvi tirar um cochilo de pelo menos uma hora. Assim que levantei, percebi a casa toda em silêncio. Procurei em todos os cômodos e não achei ninguém. O mais estranho é que estava tudo aberto. Senti um frio na barriga e alguns pensamentos estranhos passaram pela minha cabeça.


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de ir para o inferno. Medo de perder a salvação. Medo de que eu fosse castigado. Medo de ser exposto. Medo. Medo. Medo. Medo. Com o passar dos anos, algumas experiências bem dolorosas me fizeram enxergar algumas coisas que carrego comigo até hoje. As decisões e atitudes que eu precisava tomar, os posicionamentos que deveria ter, o moldar do meu caráter e tudo o mais, deveriam ser baseados no meu amor por Cristo e não pelo medo de qualquer coisa que fosse. E quando isso foi realmente incutido no meu ser, o fardo se tornou muito mais leve. Eu tinha um norte. Uma referência sólida para onde e como eu deveria caminhar. As lutas vieram e ainda vem com muita força. A tentação bate a porta a cada suspiro e não foram poucas as vezes que eu caí. Não foram poucas as vezes em que fui parar no fundo do poço. Mas o fato de estar alicerçado no Amor, me levou, e ainda me leva, a profunda

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Desci as escadas para ver se meus pais estavam conversando com a vizinha, mas nada. Subi correndo, esperei um pouco sentado no sofá. Era quase hora de ensaio do louvor e ninguém tinha aparecido ainda. O desespero bateu forte. Comecei a orar. No meio das palavras meio sem nexo, deixei escapar um “Ai meu Deus, fui deixado para trás!”. Dentro da minha cabeça adolescente, na época por volta de 15 ou 16 anos, Jesus Cristo tinha voltado, arrebatado meus pais e meus amigos e eu tinha ficado. Cinco minutos depois, meus pais chegam com sacolas da padaria. Fiquei extremamente sem graça quando os vi. Hoje conto para meus amigos essas histórias e todos caem na risada. Mas essa era minha mentalidade na época. Eu era totalmente bombardeado com esse tipo de doutrina. “Se você fizer (ou não) isso ou aquilo, você vai pro inferno”. Minha, se assim posso chamar, relação com Cristo, era totalmente baseada em medo. Medo


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# Diga lá

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e verdadeira busca por arrependimento. A sensação é a seguinte “Hey! Que droga. Magoei a pessoa que mais se importa comigo. A pessoa que, por tanto me amar, morreu em meu lugar”. Esse sentimento, por mais clichê que pareça, me dá forças para se levantar, compartilhar minhas dificuldades com meus irmãos de caminhada e seguir em frente. Arrependimento. Essa é a palavra chave para uma vida cristã que busca crescimento e maturidade. Cristianismo que não leve a cruz de Cristo não é digno de ser seguido. E cruz que não leve ao arrependimento, pode ser a de qualquer um, menos a de Jesus. Mas ok você deve estar se perguntando o porque de toda essa ladainha. Teóricamente, esse deveria ser um texto sobre sexualidade e até agora não citei nada que referenciasse isso. Mas o ponto que quero focar é o seguinte. Dentro de um contexto, dito, cristão, porque é que você busca

viver uma sexualidade saudável? (pressupondo que você realmente queira isso...). É fato que sexo ainda é um grande tabu nas igrejas cristãs. Mas hoje temos uma abertura gigante, livros e videos muito bons disponíveis a quem quiser ver, ler e se aprofundar sobre o assunto. Temos grandes conselheiros, sexólogos e psicólogos cristãos que tem embasamento para falar sobre o assunto. Mas ainda sim, o que te motiva na busca pelo posiconamento de Deus sobre sexo? Porque Deus fala muito sobre sexualidade na bíblia. Você acha que Ele deixaria de lado um assunto de extrema importância e que nos torna cooperadores da criação de Deus, na potencialidade de podermos gerar outra vida através do relacionamento sexual? Sobre a motivação, vou te dar duas alternativas. A primeira resposta poderia ser - “Eu não quero ir para o inferno!”. A segunda - “Eu amo


“Sobre a motivação, vou te dar duas alternativas. A 1a resposta poderia ser - “Eu não quero ir para o inferno!”. A 2a - “Eu AMO aquele que me criou e quero viver tudo aquilo que Ele planejou para mim”

“Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (I João 4:8) “No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.” (I João 4:18)

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ria de propor uma reflexão. Que você possa se perguntar que sentimentos tem governado sua vida e onde eles tem te levado. A escolha parece simples, mas não é. Deus deixa claro que quer nos dar vida e vida em abundância. Ele não nos criou para simplesmente sobreviver. Mas sim, viver plenamente sem falta de nada. E quando eu digo sem falta de nada, incluo também tristeza, choro, dor, desapontamento, quedas, e por aí vai. Então é bom a gente decidir sobre quais bases vamos construir a nossa vida. E, para ninguém dizer que não citei nada da bíblia até agora, deixo as doces, e ao mesmo tempo, duras palavras do apóstolo João. Que nossa vida seja uma caminhada em Santidade através do Amor e não uma corrida desordenada baseada em medo.

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aquele que me criou e quero viver tudo aquilo que Ele planejou para mim”. Aparentemente, as duas opções estariam corretas. Mas o que estou tratando aqui é de foco e prioridade. Todos os dias, literalmente, leio mensagens de pessoas afundadas em vícios sexuais. E o clamor da maioria delas tem a ver com “não ir para inferno”. Não se engane. Em hipótese alguma estou anulando a atuação do diabo e nem excluindo a existência do inferno. Mas, por experiência própria, quando temos esse tipo de conceito por base, na maioria das vezes, confundimos arrependimento com remorso. E quando não temos um verdadeiro coração arrependido, caímos em um círculo vicioso que parece invencível. Por outro lado, você pode até estar vivendo, aparentemente, uma vida sexual sáudavel. Mas quando o barco balançar - e ele vai balançar - qual será a sua postura? Então, antes de mais nada, gosta-


foto: arquivo pessoal

# Meu Papo

Na sala de

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espera

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Ana Gabi Gomes: Estudante das Letras na UFMG, a moça do blog f lorido e uma cristã batista apaixonada pelas coisas de Deus, por literatura, sorvete e dias de sol.

Na última vez que eu fui à minha médica para uma consulta de rotina, ela atrasou e tive que esperar um tempão - na sala de espera, claro. Até aí tudo bem, pois é o esperado, poucos médicos são pontuais, mas o problema é que todas as mulheres que estavam na sala de espera começaram aquelas conversas super agradáveis: tragédias do jornal Super, fofocas da novela e experiências na gravidez e partos. Como não havia levado um livro ou meu MP3 para passar o tempo ouvindo música e lendo, eu tive que ouvir tudo aquilo e o tempo que tive que esperar me pareceu infinito. Foi traumático. Estou em outra sala de espera também. Tenho 25 anos e como a maioria dos jovens cristãos da minha idade que ainda estão solteiros, uma vontade grande de me casar e formar minha própria família, ter meus filhos e um companheiro para “multiplicar as alegrias da vida e dividir as dificuldades”. Porém, tenho que esperar. Tenho duas opções enquanto es-


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do forno em 30 minutos e ir ler um livro ou assistir um episódio de um seriado. Você escolhe. Que saibamos aproveitar o tempo na sala de espera com sabedoria. Vai valer a pena. Minha médica me atendeu tão bem que quando saí nem me lembrei do tempo que tive que passar esperando para ser atendida. Valeu a pena. E tenho certeza de que quando me casar, vou ser tão feliz que nem vou me lembrar do tempo na sala de espera como moça solteira. Vou olhar pra trás e dizer: valeu a pena esperar em Deus. Como diz Rosseau: “a paciência é amarga mas seu fruto é doce.”

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pero: ouvir as conversas das pessoas ao redor sobre suas experiências traumáticas sobre o casamento e me questionar se realmente vale a pena tudo isso. Ou então aproveitar o tempo da espera para viajar, passear, me dedicar aos estudos e às coisas do Senhor - o que seria equivalente a ouvir música e ler enquanto espero na sala de espera. É como pôr um bolo para assar, você tem duas opções: pegar uma cadeira e sentar-se em frente ao forno observando por 30 minutos e crescimento da massa, se angustiando porque está demorando, ou colocar um lembrete no celular para te lembrar de tirar o bolo

ilustração: Fernanda Fidélis

“Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor.” Salmo 40:1


# Humor

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por Tiago Valadão: www.ottoeheitor.com

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# Expediente Projeto Gráfico,diagramação, ilustrações e capa: Ana Cláudia Nunes Projeto Editorial: Ana Cláudia Nunes e Pabline Cota Felix Orientação; Bruno Martins Textos: Frederico Rocha, Pabline Felix, Ana Gabriela Gomes, Tábata Mori, Shaun Groves e Rodrigo Silva.

Tiragem: 35000 exemplares Editora Ultimato Ltda Copyright © 2001 - 2010 Reprodução permitida. Mencione a fonte. Livre é parte integrante de Ultimato. Não pode ser vendida separadamente. Editora Ultimato - Caixa Postal 43 - 36570-000 Viçosa-MG | Fale Conosco: (31) 3611-8500


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