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COMO INCORPORAR USO A UM EDIFÍCIO ANTIGO
As cidades estão repletas de edifícios antigos sem uso, portanto requalificar as construções existentes e readequá-las seria uma maneira sustentável de projetar. É indiscutível que os espaços urbanos estão cada vez mais adensados e, numa cidade como Jundiaí, por exemplo, a quantidade de lotes vazios no centro para empreender ou construir é muito baixa. Sendo assim, uma boa alternativa seria recuperar um imóvel já existente através de um “retrofit” que consiste em “colocar o antigo em forma”, ou seja, além de reformar um edifício antigo, incorporaria a este um novo uso.
No caso do projeto da Escola Rosa, o uso institucional/educacional que terá como proposta a implementação de um curso de Arquitetura e Urbanismo em um casarão histórico da cidade de Jundiaí, que pretende refletir acerca da importância de preservar e utilizar patrimônios históricos sem uso e em situação de abandono.
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Ademais, outro ponto positivo do retrofit consiste no fato de que recuperar um imóvel é menos custoso e mais sustentável do que iniciar uma obra do zero.
Dessa maneira, o aspecto da sustentabilidade em relação ao retrofit se concretiza quando infere-se que uma obra nova gera mais entulho e consome mais matéria prima do que o restauro de algum edifício antigo. Segundo Sérgio Angulo et. al em seu artigo “Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil”, devido a industrialização, ao uso de novas tecnologias, ao aumento de pessoas nos centros urbanos e à diversificação do consumo de bens, os resíduos se tornaram problemas urbanos gravíssimos pois acumulam massa e volume. Logo, o gerenciamento desses resíduos se tornou mais custoso e mais prejudicial ao meio ambiente por apresentar riscos de contaminação à natureza (JOHN, 1999; JOHN, 2000; BRITO, 1999;
GUNTHER, 2000; PINTO, 1999).
Portanto, quanto à problemática da geração de resíduos devido à indústria da construção civil, as medidas que poderiam ser tomadas para minimizar essa situação são poucas. Com isso, o retrofit pode ser uma alternativa sustentável para implementar novos projetos na cidade pois ao invés de demolir a construção atual e construir uma nova no mesmo lugar, pode-se reaproveitar o que existe e promover o contraste entre o antigo e o moderno. Um exemplo disso é a Pinacoteca do Estado de São Paulo localizada no Jardim da Luz no centro da cidade de São Paulo.
O projeto original dos arquitetos Ramos de Azevedo e Domiciano Rossi nunca foi totalmente concluído pois na década de 1900 foi inaugurado sem a cúpula que havia sido desenhada no projeto e sem o revestimento externo, ou seja, os seus tijolos ficaram aparentes da forma que é até a atualidade. A proposta do projeto era abrigar o Liceu de
Artes e Ofícios, porém já em 1905 foi necessária uma adaptação na edificação para que pudesse receber quadros do Estado de São Paulo.
Ao longo dos anos a Pinacoteca passou por diversos acontecimentos desde um incêndio em 1930 até a instalação de um quartel provisório no mesmo ano devido às Revoluções de 1930 e a Constitucionalista de 1932. Alguns anos mais tarde, a Escola de Belas Artes instalada no edifício da Pinacoteca, devido ao seu programa extenso de necessidades, realizou diversas mudanças como a divisão do pé direito em dois para a implantação de um novo pavimento (SILVA, P. Z. D. C. DA, 2007). Por consequência, decorrente de tais ocorrências, foi proposto um movimento pela recuperação e restauração do edifício que foi projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Essa intervenção utilizou materiais como o aço e o vidro.

Segundo o art. 7 da Carta de Veneza (IPHAN, 1964), “o monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa. Por isso o deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode ser tolerado, exceto quando a salvaguarda do monumento o exigir ou quando o justificarem razões de grande interesse nacional ou internacional”. Assim sendo, abstrai-se que a restauração de determinado patrimônio deve respeitar a composição do ambiente de modo a não degradar o monumento, mas recompor e preservar o existente. A partir da leitura da Carta de Veneza, que tem proposições um tanto proibitivas, é importante ressaltar que não necessariamente um “retrofit” tem que restaurar o bem ao seu estado original, mas sim compreender a sua importância na cidade e propor projetos que valorizem o patrimônio e possibilitem o uso do local.
