The contribution of communication channels in ec

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O contributo dos meios comunicacionais em ambientes de aprendizagem

The contribution of communication channels in educational contexts

Ana Maria da Silva Vieira anavieira2010@gmail.com Universidade de Vigo

Anabela Mesquita sarmento@iscap.ipp.pt CEOS.PP/ISCAP/P.PORTO1 & Centro Algoritmi

Resumo

Atualmente os novos meios comunicacionais têm sido reconhecidos como mediadores importantes nos ambientes de aprendizagem. Tendo esta situação por referência, este artigo apresenta uma investigação que estudou o contributo das tecnologias digitais, por estudantes, como suporte à construção de aprendizagens e ao desenvolvimento de competências de autonomia na organização de percursos orientados para o sucesso académico. Este estudo permitiu identificar os meios usados pelos estudantes por iniciativa própria e o seu contributo nos ambientes de aprendizagem. Estas tecnologias usadas entre estudantes, sobretudo na criação e gestão de espaços virtuais para a comunicação e cooperação na partilha de materiais de estudo em diversos formatos multimédia, focam sobretudo o uso para o acesso a materiais de estudo disponibilizados pelo docente e a comunicação com o mesmo. Relativamente ao contributo destes meios comunicacionais com o sucesso académico dos estudantes, esta pesquisa demonstrou que eles são um suporte à autonomia do estudante na gestão e flexibilidade do tempo e locais dedicados ao estudo, à comunicação entre pares e com o docente, e ao acesso ubíquo a materiais de estudo, à sua pesquisa e partilha.

Palavras chave: ambientes de aprendizagem, Ensino Superior, Meios de comunicação, práticas pedagógicas, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

Abstract

Nowadays, new communication channels have been recognized as important mediators in educational communities. This article presents an investigation that studied the contribution of digital technologies to support the learning structure and the development of autonomy skills. This study

1 This work is financed by portuguese national funds through FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, under the project UIDB/05422/2020

made it possible to identify the channels used by students on their own initiative and their contribution in the educational contexts In these technologies used among students, virtual spaces have been created where they can communicate and cooperate by sharing study materials in different multimedia formats. They are mainly used to access study materials provided by the teacher and to be able to communicate with him. Regarding the contribution of these communication channels to students' academic success, this research demonstrated that they are a support for student autonomy in the management and flexibility of time and places dedicated to study, communication between peers and with the teacher, and ubiquitous access to study materials, research and sharing.

Keywords: educational contexts, Higher Education, communication channels, educational practices, Information and Communication Technology (ICT).

1. Introdução

Atualmente, no campo educativo, as TIC abrem um leque de novas possibilidades para romper com esquemas enraizados, permitindo a revelação de novos caminhos pedagógicos suportados teoricamente pela participação plena e ativa dos alunos, enriquecendo significativamente o processo de ensino-aprendizagem (Usela, Alexandra, Castañeda, 2015). Estamos numa sociedade mediática, com a emergência de novas formas de comunicação e com um número de mensagens a circular cada vez maior. Tendo em conta este cenário, todo o sistema educativo deve contribuir para o desenvolvimento de competências comunicativas assumindo-se, esta situação, como um desafio pedagógico que força o professor a qualificar-se, relacionar-se e aprender a comunicar e a comunicar com recurso às TIC

Alguns estudos relativos a esta situação em Portugal revelam que as tecnologias digitais, usadas pelos estudantes como suporte à interação com a instituição onde realizam a formação, são constituídas pelas plataformas de ambientes virtuais de gestão da aprendizagem, de que dispõe a maioria das instituições de ensino superior em Portugal (Pombo et al., 2016). Essas plataformas são reconhecidas e dominantes nas instituições de ensino superior, tendo havido um forte investimento para a sua implementação (OECD, 2007). Contudo, outras tecnologias como as de comunicação interpessoal também são, muitas vezes, utilizadas pelos estudantes no suporte à aprendizagem (Morais, 2012), o que indica possibilidades de um uso de ferramentas que combinam fins pessoais e fins académicos (Pombo et al., 2016).

Estudos internacionais também identificaram quais as tecnologias digitais que os estudantes do ensino superior usam com mais frequência em contexto de aprendizagem formal e para fins pessoais (Conole, 2014). Infere-se, pois, que o uso de tecnologias tem vindo a ser apropriado em vários contextos da vida das pessoas, em geral. No que à educação e formação diz respeito, as tecnologias digitais baseadas na internet, como são, por exemplo, as ferramentas Web 2.0 ou as redes sociais, constituem recursos capazes de promover interações entre estudantes e docentes em contexto de ensino e aprendizagem formal, principalmente porque são ferramentas que podem ser usadas,

simultaneamente, pelos alunos nas suas vidas sociais cotidianas e também como suporte aos processos de aprendizagem, proporcionando mais partilha e autonomia pessoal (Sleeman, Lang, Lemon, 2016).

A utilização dessas tecnologias pode ter efeitos no tempo dedicado à interação entre estudantes e docentes, continuando para além das paredes da sala de aula, num processo de envolvimento, partilha de conteúdos e materiais de estudo e de comunicação. Dispositivos como smartphones, tablets, leitores eletrónicos e apps móveis têm-se destacado como ferramentas emergentes de apoio à aprendizagem no ensino superior (Stevenson, Hedberg, 2017), apoiando e transformando as interações entre docentes e estudantes e entre pares (Becker et al., 2017). Todas essas ferramentas sustentam a criação de ambientes híbridos de aprendizagem, fundindo situações de formação presencial com blended learning e mobile learning (Aresta, Pedro, Santos, 2015).

Algumas investigações referem que os estudantes usam as tecnologias digitais como suporte à aprendizagem, alertando para a necessidade de adaptar e selecionar essas tecnologias, tendo em consideração os níveis de competências digitais. Concomitantemente, esta situação leva-nos a contribuir para a produção de conhecimentos acerca do uso de tecnologias como suporte à construção de aprendizagens, ao desenvolvimento de competências de autonomia e à promoção de percursos de sucesso académico por estudantes. Neste contexto, este artigo apresenta-se como um contributo para identificarmos o papel dos meios comunicacionais para a construção de percursos de sucesso académico, de que forma estes são utilizados em ambientes de aprendizagem e quais as tecnologias usadas pelos estudantes

2. A comunicação como meio de construção do conhecimento Segundo Fonseca (2000, p. 4) a comunicação é uma qualidade racional e emocional dos seres humanos que surge da necessidade de entrar em contato com outras pessoas, trocar informação, transmitir ideias ou trocar mensagens que fazem sentido de acordo com interesses e partilha de experiências. Por meio de um conjunto comum de símbolos, a comunicação constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da organização social (Chiavenato, 2006).

Sainz (1998) destaca a importância da comunicação na formação do ser humano e identifica as três principais dificuldades presentes na comunicação pedagógica: o estilo de comunicação autoritário e vertical, que continua a prevalecer nas instituições de ensino; o estilo de comunicação autoritário voltado para a informação que prevalece na relação professor / aluno ou comunicação pedagógica oficial; e a dificuldade na interação e comunicação em grupo. Explica que a importância de desenvolver processos pedagógicos para favorecer e promover a melhoria dos processos de comunicação entre os membros da comunidade educativa, aproveitando a validade e prevalência do uso das TIC na sociedade atual, que facilitam formas de relacionamentos gerando melhorias na comunicação das IE, constitui um elemento fundamental das práticas pedagógicas dos professores. A comunicação é um processo determinante para o desenvolvimento da subjetividade humana, que

expressa a interação entre os sujeitos da atividade e permite a apropriação sócio histórica, bem como a construção e produção do conhecimento Além disso, é necessária a sua democratização através de estilos de gestão e comunicação mais abertos, flexíveis e participativos, que facilitem uma maior autonomia e responsabilidade dos sujeitos envolvidos neste processo.

Por sua vez, Meira (2001) relaciona o campo da comunicação com as novas tecnologias e a educação ambiental. Afirma que ambas as disciplinas têm aberto possibilidades para resolver problemas que preocupam o ser humano em vários campos do conhecimento. Relaciona as TIC com a educação ambiental, afirmando que contribuem para os processos de comunicação na construção do conhecimento, na medida em que permitem a rápida disseminação, comunicação e visibilidade dos problemas e transformações sociais possibilitadas a partir da ação pedagógica. A sociedade atual tem uma série de ferramentas, sistemas tecnológicos e programas que reúnem qualidades imprescindíveis, além de permitirem gerir e transferir, melhor e em menos tempo, grandes quantidades de informação, de preferência digitalizada, que se codifica e se apresenta em diferentes suportes e linguagens (som, texto e hipertexto, imagem fixa ou móvel, multimédia e hipermédia, etc.) facilitando novas formas ou a criação de ambientes para uma comunicação interativa e simultânea

As tecnologias expandem as possibilidades de comunicação, geram novas culturas e permitem o desenvolvimento de novas competências e formas de construção do conhecimento. Para isso é necessário considerar que as TIC oferecem múltiplas oportunidades e benefícios; favorecem as relações sociais, a aprendizagem cooperativa, desenvolvimento de novas habilidades, novas formas de construção do conhecimento e o desenvolvimento das capacidades de criatividade, comunicação e raciocínio (Castells e Macías, 2002, p. 24).

Batista (2007) reconhece a realidade da comunicação mediada por computador e afirma que embora sempre estivesse presente, supera historicamente outros meios de comunicação como a televisão ou a rádio, porque os tempos são muito diferentes A escola deveria ser responsável pela apropriação dos recursos tecnológicos por meio de projetos participativos, colaborativos e de integração. Coll (2007) analisa a nova sociedade digital e do conhecimento que transformou as TIC na espinha dorsal da vida escolar, tanto assim que os professores as integraram na sua atividade profissional e, progressivamente, no processo de ensino-aprendizagem, que exige deles uma aprendizagem e vivência de uma nova cultura de aprendizagem a partir de três recursos básicos: a) os alunos não precisam apenas de informação, mas de ferramentas para sistematizá-la e entendê-la; b) devem desenvolver capacidades de gestão da aprendizagem, do conhecimento e da formação neste mundo globalizado, e c) devem desenvolver competências de comunicação que os transformem em seres habilidosos para relacionar, classificar e sistematizar a informação, para poder dá-la a conhecer e utilizá-la de forma apropriada

Salmerón, Rodríguez e Gutiérrez (2010) atribuem às TIC os principais avanços educativos e a ascensão de modelos de formação, afirmando que a comunicação é um elemento essencial nos

processos de ensino-aprendizagem. As TIC, entendidas como artefactos tecnológicos de produção cultural, facilitam a inovação a partir do uso de ambientes virtuais de aprendizagem, promovem o trabalho colaborativo mediado pelo computador, favorecem a comunicação, a mediação e a construção partilhada do conhecimento e excedem os limites da sala de aula.

Coll, Ornubia e Mouri (2007), por sua vez, argumentam que as TIC transformam e melhoram as práticas pedagógicas e que, quando junto com a comunicação, tornam-se num instrumento de medição e contribuem para a relação entre aluno e professor dentro do processo de ensinoaprendizagem. Coll (2007) reconhece que a informação é a essência da comunicação, graças ao desenvolvimento das TIC tornando-se um objeto de reflexão e pesquisa.

3. A comunicação e as novas tecnologias como suporte de aprendizagem

As organizações têm procurado transformar os processos produtivos para torná-los mais eficientes, recorrendo às TIC, e é aqui que os alunos são chamados a desempenhar um papel fundamental nesta área, uma vez que que estão frequentemente na vanguarda do uso de novas tecnologias incorporando-as nas suas práticas cotidianas (González, 2008) O uso das tecnologias na escola deve facilitar o desenvolvimento de meios alternativos, de produção de conhecimento e pensamento; por outras palavras, fazendo uso das ferramentas tecnológicas e digitais, o professor deve questionar-se sobre o impacto destas práticas pedagógicas, o seu significado no processo de produção, o papel do conhecimento, a comunicação e a interação com outros através de redes. Além disso, as TIC são necessárias para a própria formação e desenvolvimento diário de professores e alunos; têm um impacto positivo no significado e qualidade do ensino-aprendizagem; contribui, entre outros benefícios, para a flexibilidade do ensino, aprendizagem cooperativa, ensino individualizado e autoestudo (Usela, Alexandra, Castañeda, 2015)

A utilização de tecnologias pode ter efeitos no tempo dedicado à interação entre estudantes e docentes, continuando para além das paredes da sala de aula, num processo de envolvimento, partilha de conteúdos e materiais de estudo e de comunicação. Dispositivos como smartphones, tablets, leitores eletrónicos e apps móveis têm-se destacado como ferramentas emergentes de apoio à aprendizagem no ensino superior (Stevenson, Hedberg, 2017), apoiando e transformando as interações entre docentes e estudantes e entre pares (Becker et al., 2017).

Num estudo realizado por Pinto & Leite (2020), concluiu-se que a internet é utilizada por todos os estudantes para fins académicos e nas diversas atividades do processo de aprendizagem. As tecnologias digitais utilizadas pelos estudantes no suporte à aprendizagem são: facebook; processador de texto word; vídeos; documentos eletrónicos como eBook ou eTextbook; wikipédia; whatsapp; dropbox; software específico. A rede social Facebook é a ferramenta proeminentemente mais usada pelos estudantes, para partilha de informação, colaboração e comunicação (Henderson et al., 2015), sobretudo no uso de grupos privados que esta rede social permite criar e gerir, para a partilha de informação, conteúdos e materiais de aprendizagem (como, por exemplo, documentos,

links úteis, vídeos on-line), e para a comunicação entre estudantes acerca de questões relacionadas com o curso, professores e os estudos Estes resultados são secundados por estudos internacionais, focados no uso de tecnologias por estudantes, confirmando uma elevada utilização de redes sociais (Dolch, Zawacki-Richter, 2018), sobretudo do Facebook (Padilla-Carmona, Suárez-Ortega, SánchezGarcía, 2016), principalmente para atividades de comunicação e colaboração em que os estudantes podem, entre si, colocar questões, partilhar informações e ideias e trabalhar em conjunto (Henderson et al., 2015). Pinto & Leite (2020), também concluíram no seu estudo que há dois tipos de tecnologias que suportam a comunicação entre estudantes, sendo o Facebook o mais usado, seguido do Whatsapp O uso das redes sociais onde coexistem a partilha de informação e a comunicação entre pares revela que essas ferramentas têm vindo a ser mais frequentemente mobilizadas pelos estudantes, integrando diversas tipologias de uso, o que significa uma evolução relativa ao que foi apontado no estudo de Morais (2012)

No que se refere às tecnologias oficiais como suporte ao trabalho académico, ou seja, as tecnologias sugeridas pelos docentes e/ou oferecidas pela universidade, no estudo realizado por Pinto & Leite (2020) foram identificados cinco tipos usados pelos estudantes no suporte à aprendizagem, a saber: e-mail institucional; documentos eletrónicos como eTextbook e PowerPoint; sites de pesquisa bibliográfica; sistema de gestão da aprendizagem Moodle e software específico de uma unidade curricular. O e-mail institucional foi a tecnologia oficial e institucional referida como utilizada por todos os estudantes, e usam-na com a finalidade de comunicar com os docentes e para receber informação institucional. Também no estudo desenvolvido por Dolch & Zawacki-Richter (2018), o uso do e-mail institucional foi a tecnologia que mais evidenciou um uso crescente por estudantes ao longo dos anos (2012-2015). A familiaridade no uso dessa ferramenta também pode ser apontada como um aspeto facilitador da sua utilização para fins académicos, assim como para situações que exigem mais formalidade (Bullen, Morgan, Qayyum, 2011).

Os contextos de aprendizagem dentro e fora da sala de aula são cada vez mais configurados pelo uso de vários dispositivos e tecnologias que beneficiam o acesso massificado à internet pelos estudantes nas suas casas e nas instituições de ensino superior que frequentam (Becker et al., 2017). Existe uma forte cooperação entre os estudantes que se reflete, sobretudo, na comunicação entre pares sobre os conteúdos curriculares, e na partilha de materiais de estudo formais resultantes das suas pesquisas individuais. Esses procedimentos permitem, aos estudantes, uma interação diferenciada com os conteúdos e um aprofundamento posterior aos momentos da aula Nestes processos de comunicação, identifica-se como um dos fatores de sucesso relacionado com o uso de tecnologias digitais, o recurso ao e-mail entre estudante e docente para o apoio ao esclarecimento de dúvidas No estudo realizado por Pinto & Leite (2020), os estudantes revelaram enquadrar-se num perfil de utilizadores com competências de pesquisa, avaliação, arquivo e partilha de informação em diversos formatos multimédia, e com a capacidade de estabelecer interações diferenciadas de comunicação entre pares

O uso do e-mail institucional acontece quando há necessidade de comunicação com os docentes. No entanto, o seu uso acontece estritamente para fins académicos e é pouco promotor do desenvolvimento de competências de autonomia Os estudantes selecionam, por iniciativa própria, ferramentas que lhes permitem criar e gerir espaços virtuais de cooperação na partilha de materiais de estudo e de comunicação. O uso de ferramentas, como redes sociais, mostra que essas são as mais frequentemente usadas simultaneamente para fins académicos e pessoais, gerindo os estudantes, no seu cotidiano, esses dois espaços que ganham assim uma presença ubíqua (Pinto, Leite, 2020)

Os estudantes apresentam competências de autonomia na seleção e uso das ferramentas mais adequadas para as suas necessidades de estudo, juntando competências de comunicação e cooperação na partilha de informação e conteúdo. Da pesquisa de Pinto & Leite (2020), emergiu, claramente, um perfil de estudante com mobilidade, capaz de recorrer às diversas tecnologias para apoiar o seu estudo, em qualquer momento e lugar, servindo-se, para isso, do uso de dispositivos móveis, sobretudo o computador portátil pessoal, o que confirma as tecnologias móveis como tendências emergentes no ensino superior (Stevenson, Hedberg; 2017). O estudante com mobilidade reflete a existência de ambientes híbridos de aprendizagem que podem ser ambientes presenciais, ou ambientes onde se combina o presencial e à distância, ou ainda serem ambientes mobile learning (Aresta, Pedro, Santos, 2015). Esse fator de flexibilidade do espaço de estudo virtual ou presencial, e de gestão do tempo de estudo suportados pelas tecnologias, é um fator promotor de sucesso académico, sobretudo relevante na vida de estudantes que frequentemente conciliam o estudo, em tempo parcial, com um emprego.

O uso das tecnologias no suporte à aprendizagem indica ser mais promotor de autonomia quando as ferramentas são escolhidas pelos estudantes, permitindo que estes definam e criem formas próprias de interação, comunicação e cooperação nos espaços digitais. No entanto, o uso das tecnologias digitais oficiais no suporte à aprendizagem dentro da sala de aula está, frequentemente, associado a práticas pedagógicas mais apoiadas na transmissão de informação e no acesso a materiais de estudo. Contudo, a facilidade acesso alargado à informação também tem efeitos positivos ao nível do sucesso académico e de autonomia (Pinto & Leite, 2020)

4. Conclusão

A comunicação é um processo determinante para o desenvolvimento da subjetividade humana, que expressa a interação entre os sujeitos e permite a construção e produção de conhecimento A sua democratização é necessária, através de estilos de gestão e comunicação mais abertos, flexíveis e participativos, que facilitem uma maior autonomia e responsabilidade dos sujeitos envolvidos neste processo.

As TIC podem ser concebidas como um meio de aumentar a produção oral e escrita, permitindo a partilha de experiências e apresentando propostas geradoras de conhecimento O professor pode

promover e acompanhar a aprendizagem, sendo um orientador disposto a exercitar-se com os seus alunos, mantendo um diálogo constante, ouvindo, observando e respondendo às suas necessidades, planeando atividades pedagógicas com os meios audiovisuais e eletrónicos A tecnologia é como aquela onda, que devido ao seu grande esplendor, encanta, desafia, maravilha os alunos. É um desafio para alunos, e para professores é sinónimo de angústia e medo do desconhecido Por isso, é urgente que os professores se atualizem e qualifiquem em TIC para poderem pesquisar e encontrar estratégias pedagógicas em ambientes digitais que permitam construir conhecimento. Os professores são os eixos que mobilizam o processo de transição do ensino à aprendizagem, aproveitando e aprimorando os vários canais de perceção do ser humano (auditivo, visual, cinestésico, entre outros)

Ainda assim, continuam em vigor em muitas práticas docentes, as primeiras teorias de comunicação baseadas em unidirecionalidade da mensagem e passividade do recetor. As TIC, nas práticas pedagógicas, são um recurso para desenvolver competências junto dos alunos, por isso é importante melhorar as aprendizagens, promovendo o uso dos meios eletrónicos na sala de aula

A escola da sociedade da informação não deve limitar-se a ser uma mera transmissora de conhecimentos; deve compensar desigualdades, fomentar um espírito crítico e capacidade de processar e estruturar informação, para melhorar os processos básicos de desenvolvimento dos seres humanos, tais como a comunicação, a imaginação e a inventividade. Pode-se dizer que hoje os jovens sabem, dirigem e utilizam os meios eletrónicos diariamente, são a primeira geração a ter sido educada na sociedade digital, e têm uma forma diferente de ser, de relacionar-se, de partilhar, cooperar, criar e espalhar. Com o advento da Web 4.0, recomenda-se como pesquisas futuras explorar a influência das TIC nas formas de comunicar e compartilhar conhecimentos em contextos amplos, tecnológicos e de inovação. Ao entender a importância das TIC no cotidiano de todos, o professor deve ter o objetivo de mostrar aos estudantes que o seu uso deve estar acompanhado de compreensão, responsabilidade e criatividade, pois a escola do novo milénio deve preparar os estudantes para a cidadania digital O desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias permitirá aos estudantes aprender de forma mais eficaz, eficiente, flexível e confortável.

Assim, conclui-se que a Indústria 4.0 pode-se traduzir numa oportunidade significativa para que os meios de aprendizagem sejam repensados e alinhados com o novo perfil requerido, sendo bem mais do que apenas tecnologia, mas também um modelo organizacional que deverá valorizar o desenvolvimento dos recursos humanos. Perante um cenário em constante evolução será necessário estar em constante atualização teórica e treinamento, sendo imprescindível estar preparado para gerir todas as ferramentas tecnológicas citadas ao longo desta pesquisa.

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