Revista Alimentação Animal n.º 123

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 1 N.º 123 JANEIRO A MARÇO 2023 (TRIMESTRAL) ANO XXXIV 3€ (IVA INCLUÍDO) €€ €€ €€ €€ € € 2023
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PERSPETIVAS PARA

A CERTEZA DE QUE PODEMOS CONTAR COM A INDÚSTRIA

O tema de capa desta edição da Revista é dedicado às perspetivas para 2023, numa conjuntura ainda de grande volatilidade e incerteza, desde logo com a alta dos custos de produção e todos os consumos intermédios, uma inflação que não vivíamos há 30 anos, com um impacto dramático na vida das empresas e nos cidadãos, seja nos juros, nos salários, ou na perda de poder de compra.

É verdade que há cerca de um ano, no inicio da invasão da Rússia à Ucrânia, a situação era tensa e de enorme gravidade. Para além dos custos das matérias-primas, energia, combustíveis, transportes, embalagens, de uma clara disrupção nas cadeias de abastecimento a nível global, ainda no rescaldo de dois anos de pandemia, confrontámo-nos com stocks de cereais para menos de duas semanas, encontrar alternativas rápidas e sustentáveis ao mercado da Ucrânia – o nosso principal fornecedor – contornar regras restritivas que são impostas a países terceiros, trabalhar e cooperar ao longo de toda a cadeia de abastecimento, no sentido de evitar ruturas e não ter alimentos para alimentar milhões de animais, de produção ou de companhia, com consequências ainda mais inimagináveis na produção de carne, leite e ovos, essenciais na alimentação dos portugueses.

Esteve em causa a soberania alimentar.

Naturalmente que os preços dos alimentos para animais passaram para segundo plano, uma vez assegurados os fluxos de aprovisionamento, as matérias-primas, macro e microingredientes, tiveram um período histórico de volatilidade e instabilidade, os preços dos alimentos entraram numa escalada de subida, mas a Indústria nunca conseguiu repercutir todos os aumentos, num ano de 2022 particularmente penoso para Indústria e Pecuária.

Tudo isto, apesar dos milhões de ajudas à produção, nacionais e europeus, para mitigar os custos de produção, a suspensão do IVA nas rações e fertilizantes – que se vão prolongar ao longo de 2023 –, e as ajudas às famlíias, a inflação seguiu em alta porque, já o sabíamos, existem preços de reposição, os ajustamentos dos mercados não são imediatos, tivemos o impacto da seca, de doenças como a gripe aviária na avicultura, a peste suína africana nos porcos, reduções de efetivos, os custos da pecuária ainda são elevados, as margens relativamente reduzidas e penalizam a Fileira da Alimentação Animal.

Tendo sido assegurado o aprovisionamento do setor, pese embora os constantes sobressaltos das greves nos portos ou o funcionamento da SILOPOR, a conjuntura atual é diferente, talvez mais distendida mas não comporta menores riscos. Existe alguma tendência para a redução dos preços do gás e energia, mas o petróleo deverá prosseguir em alta; os cereais têm denotado sinais de algum abrandamento mas o setor aprovisionou-se a preços elevados, quer de milho, trigo ou cevada, e a proteína segue firme e altista. Nos aditivos e vitaminas, temos uma forte dependência da China e a incerteza continua. Ao nível do consumo, pese embora assistamos a uma ligeira retração da inflação, na alimentação os preços continuarão elevados e há que saber gerir as expectativas quanto ao impacto das recentes medidas IVA ZERO no cabaz de alimentos.

Muito provavelmente, teremos custos que vieram para ficar e que dificilmente, por razões estruturais, de mercado global ou devido aos custos de contexto, regressarão aos níveis de 2021. E não sabemos qual será o futuro alinhamento geopolítico e geoestratégico do pós-guerra ou as consequências do resultado das eleições europeias e norte-americanas em 2024. O que sabemos é que as tensões provocadas pela invasão da Ucrânia, os apoios do Ocidente e as sanções à Rússia irão influenciar negativamente a conjuntura em 2023.

Por outro lado, temos ameaças de Bruxelas nesta transição energética, da implementação do Green Deal, da Estratégia do Prado ou Prato, do PEPAC, de uma crescente pressão do ambiente sobre a agricultura e a pecuária, com impactos na produção, os ataques sucessivos à produção e consumo de bens de origem animal ou novas abordagens legislativas como a relativa às cadeias livres de desflorestação, o bem-estar animal ou “o fim das gaiolas”, que tenderão a colocar em causa a competitividade e sustentabilidade da Fileira, tal como a conhecemos hoje.

É, pois, urgente uma abordagem de base científica e reconhecer a importância da atividade na economia circular, de que fomos pioneiros enquanto setor, o contributo da pecuária no desenvolvimento equilibrado no território, na fixação de pessoas no interior, no futuro do Mundo Rural. A relevância da agropecuária na produção de alimentos e na sua valorização, no mercado interno e externo.

Aparentemente, o que conhecemos de Bruxelas, é um claro retrocesso civilizacional que só pode ser travado pela inovação, conhecimento, investigação, interligando as empresas, com a academia e a investigação. Em nome da verdade e de uma escolha livre, informada e consciente.

É precisamente isso que a Indústria da alimentação animal, seja pela criação do FeedInov, seja em ligação com a FEFAC (GFLI, pegada ambiental, estratégias nutricionais sustentáveis), as iniciativas em que a IACA está envolvida no quadro dos PRR (InsectERA, economia circular, resistência antimicrobiana) ou o nosso papel na elaboração do regime ecológico do PEPAC sobre a eficiência alimentar, demonstram que o setor continuará ativo, empenhado e resiliente.

Porque sabemos que podemos ser e somos parte da solução.

Essa é certamente a única certeza para este e para os próximos anos.

A de que a Sociedade, mas sobretudo a pecuária, podem contar com a Indústria da Alimentação Animal.

ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 3 ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL
António Isidoro Diretor da IACA
ÍNDICE 03 EDITORIAL 04 TEMA DE CAPA 06 PERSPETIVAS 2023 26 SUSTENTABILIDADE 28 INVESTIGAÇÃO 48 OPINIÃO 50 SPMA 52 NOTÍCIAS DAS EMPRESAS 58 AGENDA

PRECISAMOS DE UMA FILEIRA FORTE, COESA E COMPETITIVA

Durante os últimos três anos muito se falou da resiliência dos setores agrícola e agroalimentar, da cooperação ativa da cadeia de abastecimento, desde a produção até às cadeias de distribuição e o esforço levado a cabo por todos nós, incluindo a Administração Pública, nos sucessivos Grupos de Acompanhamento, para que não faltassem alimentos à mesa dos consumidores e de preferência de origem nacional.

E de facto, pese embora todas as restrições e condicionalismos durante a pandemia, ou as dificuldades das explorações pecuárias, devido ao heroísmo dos empresários e das empresas, a Fileira não parou –aliás nem podia parar – , os animais foram alimentados todos os dias e a carne, leite, ovos, os produtos da aquicultura ou os petfood não deixaram de estar presentes nas prateleiras dos supermercados ou nos diferentes pontos de venda.

Em 2022, mais “aliviados” da pandemia, mas preocupados com o impacto da Guerra na Ucrânia, a disponibilidade de alimentos e a segurança alimentar passaram a estar na ordem do dia, na preocupação dos cidadãos e nos media.

De repente, parecia que o Setor era (finalmente?) prioritário.

A criação do Ministério da Agricultura e Alimentação, nesta nova legislatura, vinha dar um peso político a uma área da economia e da sociedade, fundamental para o nosso futuro coletivo. Afinal, pese embora o esforço que foi feito, fica a ideia de que em Bruxelas ou em Portugal, existem áreas governativas a suscitar maior atenção da parte dos decisores políticos. Recorde-se que ainda em 2021, durante a presidência portuguesa, a IACA começou a chamar a atenção para os preços das principais matérias-primas utilizadas na alimentação animal, quer devido a colheitas mais reduzidas que o normal quer decorrente das compras de milho e soja pela China, num processo acelerado de redução de stocks, assistindo-se igualmente a um aumento nos preços dos fretes e, a par de uma tendência de aumento dos custos dos combustíveis, a uma subida generalizada dos custos dos alimentos compostos para animais que poderiam colocar em causa a competitividade da pecuária nacional, confrontada com baixos preços no produtor.

Num cenário de redução do consumo e de alguma disrupção das cadeias de abastecimento que se começava a fazer sentir, a indústria da alimentação animal alertava a presidência da União Europeia para a necessidade de apoiar os produtores pecuários, sem o qual, muitos tenderiam a desaparecer no muito curto prazo.

A Comissão Europeia, apesar dos apelos constantes dos Estados-membros, entre os quais Portugal,

resistiu enquanto foi possível, com dois setores particularmente afetados: a suinicultura e o leite. E se na suinicultura, existiam problemas comuns à escala da União Europeia, no caso do leite, estávamos perante estrangulamentos de carácter nacional, tendo até sido criada uma subcomissão no âmbito da PARCA, que apresentou diversas propostas para a sustentabilidade da Fileira.

No setor da carne de porco, a Comissão Europeia decidiu criar em Bruxelas um Grupo de Reflexão sobre as estratégias do setor que apresentou em meados de janeiro de 2023, um conjunto de recomendações que já foram discutidas no Conselho Agrícola de março e que seguirão ainda para o Parlamento Europeu.

Enquanto tudo isto se passava, ambos os setores definhavam, mais o leite, pelo arrastamento de uma conjuntura que penalizou claramente os produtores nacionais, sobretudo quando comparávamos os preços aos seus congéneres europeus.

Os custos de produção aumentavam exponencialmente e os preços no produtor, teimosamente, não sofriam quaisquer alterações, o que levou a muitas manifestações e reuniões, algumas das quais com a presença da IACA, com apelos não só à Ministra da Agricultura, mas também ao Primeiro-Ministro para travar o abandono e o encerramento de mais explorações pecuárias.

O ano de 2022 surge assim com uma conjuntura que assombrava o setor, arrastando todos aqueles que direta ou indiretamente dele dependem, como é o caso da alimentação animal.

E eis que surge a invasão da Rússia à Ucrânia, com um impacto dramático nos preços das matérias-primas, a que se juntou e acentuou os combustíveis, uma crise energética sem paralelo, os fertilizantes, tudo isto a par de uma seca extrema, em que muitos agricultores foram obrigados a vender animais para rentabilizar as explorações. As matérias-primas subiram entre 70 a 80%, para além de todos os custos (energia e transportes), com as rações a sofrerem um incremento em muitos casos, na ordem dos 40 a 50%, de todo incomportável para viabilizar as empresas. De Bruxelas e do Governo tivemos medidas de apoio, foi concedida a isenção do IVA nas rações e fertilizantes (medidas prorrogadas para 2023), tudo isto claramente insuficiente para compensar as perdas, até que a partir de meados de 2022 e no último trimestre de 2022, no setor do leite, surgiram os aumentos de preços à produção, também como resultado de uma relativa escassez do abastecimento.

O ano de 2022 foi particularmente penoso para a alimentação animal e produção pecuária, talvez um dos mais negativos de que temos memória.

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O que esperar para 2023?

Para este ano, depois de mais um ano de Guerra, em que eventuais planos de paz são (ainda) uma miragem, com um impacto muito negativo para a Europa e na geopolítica mundial, claramente bipolar, temos vindo a registar algum arrefecimento e uma correção nos preços dos cereais, o que não deixa de ser positivo, mas a proteína, sobretudo a soja, continua altista. No entanto, temos os preços de reposição, uma vez que as compras (contratos) são efetuadas a períodos mais ou menos longos (3 a 4 meses), não muito longos face ao passado, porque nesta instabilidade e incerteza em que vivemos, com tantas tensões em diferentes blocos que são relevantes para o aprovisionamento do setor, os riscos continuam elevados.

O acordo do Mar Negro está a funcionar até porque a Rússia precisa de exportar trigo e fertilizantes e as vias de solidariedade em claro desenvolvimento, com novas infraestruturas em perspetiva e fortes apoios da União Europeia, sobretudo nas zonas de fronteira com a Ucrânia. O abastecimento de aditivos e vitaminas, com origem na China, continua difícil, num mercado muito longe de estabilizado, exigindo alterações constantes de formulações. Temos ainda a competição entre a energia e a alimentação, animal ou humana, com notícias de eventuais proibições da utilização de colza no biodiesel e a consequente falta de bagaços na alimentação animal ou de coprodutos, se forem cada vez mais utilizados na produção de energia.

Sabemos que a inflação está em alta, apesar de algum abrandamento devido à energia (os alimentos continuam altistas) e, entretanto, foram tomadas medidas de apoio à produção e o pacote de IVA zero em produtos essenciais, nos quais se incluem (e bem) os produtos de origem animal. Esperemos que tenham um efeito muito positivo nos consumidores, mas é preciso não criar falsas expectativas porque existem muitos fatores que não controlamos.

Ao nível da alimentação animal, com margens muito esmagadas em 2022, é natural que exista alguma pressão para a baixa de preços, mas temos um efeito contrário que se prende com as taxas de juro ou o custo da mão-de-obra e, sobretudo, matérias-primas cujos preços se devem manter em níveis elevados e que não deverão recuar para os valores a que estávamos habituados.

Em conclusão, não previmos grandes alterações na atual conjuntura, pelo menos neste primeiro semestre, cuja evolução continua claramente dependente do conflito na Ucrânia, dos alinhamentos geopolíticos e de eventuais tensões na China ou no Brasil. A política nacional é outra preocupação, designadamente a implementação da PAC (PEPAC) ou prováveis greves nos portos como a que ocorreu no final do ano passado e início de janeiro de 2023, e igualmente na SILOPOR, empresa que continua em liquidação, sem uma solução à vista, pelo que convém estarmos atentos.

Se queremos ter um setor pecuário competitivo e sustentável, há que remunerar os produtores e as margens devem ser repartidas de uma forma equitativa ao longo da cadeia alimentar.

Provavelmente temos custos que vieram para ficar e é importante que os consumidores tomem consciência de que a alimentação tem de ser valorizada.

A única certeza é a instabilidade e a incerteza dos mercados, até pela conjuntura global. No entanto, não nos podemos dar ao luxo de criar condições para o abandono do mundo rural, com o progressivo desaparecimento de produtores agrícolas e pecuários.

A Indústria necessita da produção agropecuária para a sua sustentabilidade e Portugal de uma Fileira agroalimentar forte, coesa e competitiva, para responder aos grandes desafios do futuro.

SOB O SIGNO DA LETRA E: ESTRANHO, EXTRAORDINÁRIO, EXCECIONAL

2022 foi o ano dos três És… Estranho, Extraordinário, Excecional.

do que uma nova realidade, o conflito veio gerar uma realidade aumentada.

Um ano muito complexo e difícil de acompanhar, um ano muito diferente do que tinha sido usual nas últimas décadas, um ano que, pelo menos, até então, foi uma exceção que contrariou uma regra de incerteza permanente, mas a que se adicionou o sobreaquecimento da economia e um inflacionamento de escala verdadeiramente mundial, naquele que terá sido o primeiro choque frontal com o processo de progressiva globalização em curso há quase quatro décadas. E 2023 tem tudo para repetir o ano transato e para ser, igualmente, um ano Excitante. No início de 2022, ainda antes da eclosão do conflito na Ucrânia, sabíamos que a crise estava a chegar e que os seus impactos seriam, essencialmente, de médio e longo prazo, com a pandemia a ser provavelmente aquele de impacto mais circunscrito no tempo, enquanto temas como os da polarização financeira, dos desequilíbrios entre oferta e procura, da sucessão de maus anos agrícolas, da fortíssima disrupção das cadeias de abastecimento, das alterações climáticas ou das alterações de padrões de consumo teriam um efeito muito mais alargado no tempo, sendo que, na altura, a complexidade e incerteza dos cenários tendiam a ser agravados pela escalada de conflitos regionais, como o que se sentia já então no leste europeu.

E, claro, já se pressentia a tempestade inflacionista, um fenómeno que especialmente quando afecta os produtos mais básicos, gera impactos sérios na capacidade de aquisição e na satisfação das necessidades mais prementes das famílias, sendo que a cadeia de valor a montante não poderia absorver o fortíssimo agravamento dos seus custos. Mas, já nessa altura, se sentia que as empresas, na comercialização dos seus produtos, teriam de fazer face às acrescidas dificuldades dos consumidores e que agravamentos sensíveis dos preços teriam sempre um reflexo muito negativo no consumo, exigindo muita ponderação e equilíbrio. O mundo sofreu um fortíssimo abanão a partir de finais de Fevereiro, com uma guerra que tinha tanto de previsível, como teve de inesperado, porque, em boa verdade, a política e a diplomacia se convenceram que a Rússia não teria coragem para dar aquele passo. Para muitos a crise parece ter nascido aí. Mas em boa verdade, ela tornou apenas mais fundo o buraco que antecipávamos ir enfrentar. Por isso, mais

Como pudemos todos sentir, 2022 trouxe-nos a renormalização do pós-pandemia, o regresso de alguns ‘vícios’ do período pré-Covid, mas também a consolidação de novos hábitos e rotinas que germinaram durante os atípicos anos da doença. O ano passado foi de forte recuperação do turismo e de um quase pleno-emprego, mas também de ruturas nas cadeias de abastecimento, de fortes estrangulamentos logísticos e de busca incessante de abastecimento de proximidade. Foi um ano de tempestade inflacionista e de um pesado agravamento dos custos energéticos e das taxas de juro. Foi um ano em que escassez e especulação empurraram fortemente as cotações das matérias-primas, os custos com todo o tipo de fatores de produção, os custos dos materiais de embalagem e os custos de transportes. Estes fenómenos atacaram todos os setores da economia, mas, no universo do grande consumo, afetaram a cesta de compras dos consumidores e empurraram significativamente as marcas próprias dos retalhistas e as insígnias de hard discount e de sortido mais curto. Na maior parte das empresas transformadoras, o aumento dos valores de vendas resultaram especialmente da parcela de aumento de preços, aumento que superou a quebra das quantidades vendidas e superou a redução do valor médio dos produtos transacionados.

E esse aumento de valor, ao nível de volume de negócios, não tem qualquer equiparação com a evolução do nível de rentabilidade. Vendeu-se mais (em valor), mas vendeu-se menos em quantidade, e vendeu-se manifestamente pior ao nível gamas de produtos de maior valor. E, na grande maioria das empresas, a rentabilidade ressentiu-se fortemente.

Do lado do retalho, a equação tem também contornos desfavoráveis, muito especialmente porque a parcela crescente de vendas das suas marcas próprias (e a tentativa de compressão dos respetivos preços), afetou fortemente a sua rentabilidade, obviamente de forma mais notória nas insígnias que dependem de um mix entre marcas de fabricante e marcas da distribuição de que aquelas que vendem quase exclusivamente marcas próprias e têm uma equação de valor diferente.

É muito por aqui (e não tanto pela forma como foram repercutidos os custos de cedência das marcas de

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fabricante nos respetivos preços de venda ao público) que temos repetidamente declarado não fazer sentido, no caso do retalho alimentar, a aplicação de uma taxa sobre os lucros extraordinários… até pela possibilidade, não despiciente, de a mesma vir a ser repassada a montante, para os restantes elos da cadeia de aprovisionamento.

Aos dias de hoje, fazer previsões para lá de três ou seis meses converte-se num puro exercício de adivinhação. Ainda assim, corramos alguns riscos e avancemos com uma ou outra ideia. Vamos assistir em Portugal (e não só) a mais uma escalada da perda do poder de compra das famílias e, consequentemente, a um sério impacto no mercado. Há dias referia-se que no ano recém-terminado essa redução da capacidade aquisitiva se cifraria nos quatro por cento. Mas, na verdade, o inflacionamento de alimentação e energia superou, de largo, o crescimento de preços de todas as outras componentes de despesa. E, sabemos todos, os agregados familiares com menores rendimentos, destinam uma proporção muito maior do seu valor disponível à compra de alimentos, do que aqueles que beneficiam de rendimentos mais elevados. Por isso, aquela perda é tanto maior quanto menor for o rendimento auferido e é por isso, também, que é usual ouvir-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Mas vamos, por certo, também assistir a um forte esforço para desatar o nó logístico que continuamos a enfrentar. Vamos observar uma transferência do consumo de fora para dentro de casa. Vamos perceber como as novas rotinas de trabalho e de mobilidade afetam a forma e o local em que compramos. Vamos sentir o impacto da crise em muitos dos nossos principais parceiros económicos, seja a nível das nossas exportações, seja a nível de turismo. E vamos ser ainda mais exigentes em matéria de responsabilidade, de sustentabilidade, de frugalidade ou de portugalidade.

Num ano tão complexo e desafiador como 2023, é normal que os prognósticos sejam negativos, depressivos e desmotivadores. Mas quando as expectativas são tão baixas, há sempre boas surpresas possíveis: uma desaceleração da inflação mais rápida do que o previsto, um bom ano agrícola, o arrefecimento dos custos energéticos, a estabilização dos fluxos logísticos, alguma moderação social, um turismo interno e externo resiliente, boas campanhas comunicacionais e promocionais,

uma inovação relevante e que contribua para o bem-estar das pessoas, são tudo fatores que podem, ainda assim, fazer melhorar a performance de um ano para o qual se parte com bases, infelizmente, muito negativas.

Nesta altura começa já a parecer claro que a inflação tenderá a corrigir, muito em especial no segundo semestre. Mais do que deflação, será mais correcto falar de desinflação. E a mesma ocorrerá por puro efeito matemático (não esqueçamos que a inflação é um fenómeno comparativo e, a partir de Março, compararemos, mês-a-mês o crescimento dos preços com aquele que ocorreu a partir do início da Guerra da Ucrânia e do sobreaquecimento da economia), mas também por arrefecimento das cotações de grandezas fundamentais, como a energia, os combustíveis e os transportes e logística. Sabemos todos, que tudo o resto é influenciado por esses custos e nesta área, seja na produção primária, seja na transformação, seja no retalho, o respetivo impacto é muitíssimo significativo.

Mas também é perceptível que entre o momento em que as cotações internacionais desses bens e serviços começam a dar sinais de compressão e o momento em que isso é sentido nos preços ao consumidor se passam, por vezes, vários meses. E por isso, durante os próximos três ou quatro meses continuaremos a ouvir falar em ‘contradições’ entre essas cotações e o que os bolsos dos portugueses sentem. Tal como se dizia na fase final da crise da troika, também agora, primeiro serão sentidos sinais positivos na economia portuguesa e só mais tarde esse efeito chegará às carteiras das famílias portuguesas.

Isso não impede, que se comece a sentir já, mesmo num ciclo de aumentos que ainda está longe de cessar, uma forte pressão de jusante para montante, do retalho para os seus fornecedores, para a redução dos respetivos preços de cedência. Mesmo quando muitas empresas continuam a anunciar aumentos e quando se continuam, legitimamente, a queixar de que esses aumentos não são suficientes para repassar os fortíssimos agravamentos de custos que continuam a sentir.

Por isso e por muito pouco simpática que seja a mensagem, julgo que em muitos setores do agroalimentar e da produção agro-pecuária, os operadores e produtores se devem preparar para encarar reduções, mais cedo ou mais tarde, dos presentes níveis de preços. E que o momento atual, mais do que uma nova realidade

se poderá converter num oásis algo efémero. Ainda assim, comungo com aqueles que acreditam que a correção de valores que iremos assistir, converterá os novos preços e cotações num novo planalto, inferior ao pico atual, mas claramente de altura superior ao patamar de preços em que se vivia até meados de 2021. É preciso perceber sempre bem como a equação entre a oferta e a procura funciona e de que forma os movimentos do ‘pêndulo’ se realizam em cada momento. Uma oferta inferior à procura, motiva sempre um aquecimento dos preços. Uma oferta superior à procura gera o seu arrefecimento. E estes movimentos não são estáticos e consideram a disponibilidade dos produtos a cada momento, mas também – e muito – a evolução da procura, seja por motivos económicos, demográficos ou ‘culturais’. Para as empresas e para as marcas, este será um ano absolutamente crítico, mas também decisivo. Um ano em que apenas os mais fortes terão condições de superar os muitos obstáculos que surgirão no seu percurso. Um ano em que as marcas não poderão – nunca –esquecer aquilo que são: Marcas. Distintivas, sustentáveis e diferenciadoras. Marcas reputadas e influentes, transparentes e empáticas, inspiracionais e aspiracionais. Marcas inclusivas, solidárias e mobilizadoras. Marcas inovadoras e surpreendentes, mas também agregadoras de valor.

E para isso, é preciso compreender o Consumidor, mas também o Ser Humano, gerir com equilíbrio e sem ambiguidades toda a estratégia de produtos, preços e promoções, manter um investimento robusto e consistente a nível de marca, acertando no tom e no teor das mensagens e não esquecendo que as pessoas estão a enfrentar muitas pressões e precisam, mais ainda neste período, de algum alívio e da sensação de que, no fundo do túnel, há uma luz que se acende. A comunicação deve, pois, mexer com as nossas emoções, envolvendo honestidade, otimismo e, claro, algum humor, uma ferramenta criativa sempre importante. Não podemos escapar da complexidade e dos desafios deste ano recém-iniciado, mas podemos, pelo menos, tentar inverter alguns dos seus piores prognósticos, limitando impactos, conquistando eficiências, inovando e desenvolvendo novas soluções e estratégias que mantenham o foco e o centro no consumidor, um consumidor em dificuldades, mas nem por isso menos atento e exigente.

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O QUE A APIC PRETENDE FAZER PELO SETOR DA CARNE, EM 2023?

O que a APIC pretende fazer em 2023? É o mesmo que perguntar, quais as perspetivas para este ano e quais os objetivos e iniciativas que nos propomos realizar, tendo em vista a competitividade e sustentabilidade do Setor e da Fileira.

midor. Até temos de informar se a linha telefónica de apoio é fixa ou móvel. A loucura total!

Produzir carne é uma atividade com muitos desafios, diria que, pelos menos alguns deles, são desafios muito difíceis de implementar e todos com um enorme custo de execução. Não enfatizo a sua necessidade e até a mais-valia da maioria destes desafios, se bem aplicados, mas não deixam de ser desafios que acarretam uma enorme responsabilidade a estes operadores económicos.

Recordando os anos noventa, quando se começou a ouvir falar de alimentos seguros e o famigerado plano HACCP, para alguns o “ bicho papão” , para outros, o dossier que se vendia porta a porta, com o logo da empresa do lado, face ao copy-paste tantas vezes feito. Como se fosse possível aplicar o mesmo plano HACCP em duas empresas diferentes. No final do dia, este HACCP, era sempre o argumento para mais uma coima a favor da ASAE, com o enquadramento tão apetecível para se cumprir os objetivos dos inspetores – “ Não aplicação do plano HACCP ”.

Mais tarde começou o enfoque no Bem-Estar Animal, como se os produtores primários fossem selvagens, como se não soubessem, independentemente do carinho que possam ter pela vida animal, que, sem bem-estar animal, existem mais custos (os serviços veterinários, os medicamentos e consequentemente com a menor qualidade da carne e mesmo com as rejeições totais ou parciais).

Mais recentemente, impôs-se a responsabilidade social, quer-se garantir que a carne é oriunda de animais sem antibióticos, querem dar mostras que evitam o desperdício alimentar, que produzem com menos sal, com menos aditivos, que contribuem, pouco ou nada, para a redução da pegada do carbono e que até utilizam embalagens recicláveis.

Atualmente, vivemos a era da informação, tudo, mas tudo tem de ser dado a conhecer ao consu -

A opinião pública passou a ser levada em conta, independentemente da veracidade da mesma. Construíram-se narrativas diabólicas sobre o setor da carne, identificando as empresas que produzem carne como as responsáveis pelas alterações climáticas que estão a acontecer.

Sabemos que não é verdade, sabemos que não somos a principal indústria no contexto dos GEE. Sabemos até que somos dos primeiros setores a começar a tomar medidas e a implementar boas práticas do ponto de vista da sustentabilidade ambiental.

Então, o que falta?

Falta comunicação!

Falta dar conhecimento científico, técnico e fidedigno aos consumidores sobre como se produzem animais e se produz carne!

Falta dar a conhecer ao público em geral, os requisitos de biossegurança implementados; as condições exigentes em termos de bem-estar animal quer nas explorações quer nos matadouros, por esta Europa fora; falta dar a conhecer as boas práticas implementadas nas indústrias, as energias renováveis quer nos transportes quer nas linhas de produção, a produção com menos sal e menos aditivos, a participação na economia circular de forma cada vez mais robusta.

É preciso fazer mais pelo setor e sem dúvida nenhuma que é a comunicação que faz falta.

Há que acabar com os mitos que foram sendo criados à volta da produção de carne!

Há que dar a conhecer que as respostas às perguntas que vão surgindo, tais como:

1. A produção de matérias-primas para a alimentação animal concorre com a produção de alimentos para humanos?

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2. A produção de ruminantes é a principal responsável pelas emissões de GEE?

3. Os animais sofrem no momento do abate em matadouro?

Têm uma única Resposta: Não!

Não. A produção de matérias-primas para a alimentação animal não concorre com a produção de alimentos para humanos, até porque 86% da alimentação animal (forragens, resíduos de culturas e subprodutos) não é adequada para consumo humano (FAO, 2018).

Não. A produção de ruminantes não é a principal responsável pelas emissões de GEE, sendo a principal Indústria, a Indústria Produtora de Energia que produz 28% dos GEE, seguida pelo setor dos transportes, com 24,6% dos GEE (Eurostat, 2018).

Não. Os animais não sofrem, porque os animais sã o atordoados antes de morrerem. Existe legislação europeia harmonizada e especifica sobre o atordoamento dos animais no abate, o Regulamento (CE) nº 1099/2009, o qual estabelece requisitos muito exigentes quer relativamente aos equipamentos de atordoamento quer também em termos de formação dos trabalhadores dos matadouros no âmbito do bem-estar animal.

Para que esta comunicação seja eficaz e chegue a todos é preciso que tenha o patrocínio dos vários setores que são parceiros da produção de carne. Razão pela qual, a APIC e mais 23 entidades têm estado a dinamizar um movimento que se materializa na constituição de um grupo de associações/ entidades (agora também com empresas privadas, associados da APIC e uma empresa de aves, que não quiseram ficar de fora) cujo objetivo é comunicar em conjunto (a uma só voz) com vários destinatários, no sentido de defender proativamente as atividades dos setores agrícola, pecuário e indústria da carne, que têm sido diabolizados , como sabemos.

Foi selecionada uma agência de comunicação, estando já a postos para se começar a operacionalizar o plano de comunicação que pretendemos, no mais curto período possível.

Naturalmente, que este Movimento se deve alargar o mais possível, e não deixar nenhuma entidade de fora, pois, todos, seremos poucos nesta missão!

Por esta razão, se tornou o objetivo principal da APIC-COMUNICAR!

Poderíamos assim deixar uma lista de objetivos e iniciativas da APIC para o ano de 2023, mas optámos por dar relevo ao que se quer mesmo fazer, com força e determinação. COMUNICAR!

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BIOENERGIA – EM QUE DIREÇÃO VAMOS?

Uma visão geral da situação atual

Hoje a palavra de ordem é a transição energética. Por eletrificação total? Sabemos que tal não é hoje possível por razões tecnológicas e ainda menos por razões de viabilidade económica.

Por recurso ao hidrogénio verde onde não for viável a eletrificação? Esta é uma bandeira nacional e também europeia, mas a sua colocação no terreno apresenta dificuldades que não estão a ser devidamente divulgadas.

Para este efeito, a eletricidade necessária à produção de hidrogénio tem de ter origem renovável própria, evitando-se concorrência com outras atividades consumidoras.

Por outro lado, no caso mais provável da tecnologia de eletrólise da água, esta, sendo um bem escasso em muitas localizações ou situações irá constituir uma condicionante real para muitas iniciativas de investimento nesta produção. Finalmente, assumindo que, pelo menos em Portugal, a energia renovável hoje mais económica e pela via solar, poderemos ter no futuro um novo problema de ocupação de território como aconteceu no caso de

produção de biocombustíveis a partir de matérias de origem agrícola.

Surge agora uma estratégia para os gases renováveis por extrapolação ao objetivo do hidrogénio. Ora os gases renováveis são hoje, quase em exclusivo, os gases oriundos da matéria orgânica, animal ou vegetal, embora se coloquem boas expectativas futuras para a sintetização química de combustíveis de base renovável. É o caso dos combustíveis de baixo carbono obtidos na natureza, captando matérias residuais ou produtos agrícolas complementares ou, simplesmente, combinando de várias formas hidrogénio verde e carbono captado em processos industriais ou, até, do ar atmosférico.

Tratar-se-á de uma evolução com enorme potencial, até porque permite uma transição energética não disruptiva; infelizmente, os decisores europeus e nacionais não a estão, para já, a encarar.

Os Biocombustíveis

Até 2015, o mercado dos biocombustíveis em Portugal restringia muito a participação de operadores não sediados no país.

10 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL ALIMENTAÇÃO ANIMAL PERSPETIVAS 2023
Jaime Braga
Ano 2016 (m3) Soja Oleina de Palma OAU CAT 3 CAT 1 Colza FFA Oleinas Importação 19 499 3 020 108 750 4 965 0 31 757 101 1 328 Nacional 23 761 0 11 756 9 498 2 551 83 353 776 349 Total 43 260 3 020 120 506 14 463 2 551 115 111 877 1 678 % 15,63 1,14 38,90 5,02 0,95 37,73 0,04 0,59 Fonte: ENMC Ano 2015 (m3) Soja Oleina de Palma OAU Colza FFA Oleinas Total 95 377 22 657 36 644 169 181 633 976 % 29,30 6,96 11,26 51,98 0,20 0,30 Fonte: ENMC Ano 2015 (m3) Soja Oleina de Palma OAU Colza FFA Oleinas Total 95 377 22 657 36 644 169 181 633 976 % 29,30 6,96 11,26 51,98 0,20 0,30 Fonte: ENMC 169181 95377 976 633 Matéria-Prima Anual (m3) Colza Soja Palma OAU Oleínas FFA 51,98 29,3 6,96 11,26 0,3 0,2 Matéria-Prima Anual (%) Colza Soja Palma OAU Oleínas FFA Ano 2015 (m3) Soja Oleina de Palma OAU Colza FFA Oleinas Total 95 377 22 657 36 644 169 181 633 976 % 29,30 6,96 11,26 51,98 0,20 0,30 Fonte: ENMC 95377 976 633 Matéria-Prima Anual (m3) Colza Soja Palma OAU Oleínas FFA 51,98 29,3 6,96 11,26 0,3 0,2 Matéria-Prima Anual (%) Colza Soja Palma OAU Oleínas FFA Soja Oleina de Palma OAU CAT 3 CAT 1 Colza FFA Oleinas Importação 19 499 3 020 108 750 4 965 0 31 757 101 1 328 Nacional 23 761 0 11 756 9 498 2 551 83 353 776 349 Total 43 260 3 020 120 506 14 463 2 551 115 111 877 1 678 % 15,63 1,14 38,90 5,02 0,95 37,73 0,04 0,59 Fonte: ENMC Ano 2016 (m3) 115110,796 43259,969 3020,302 120505,702 2550,61 14462,882 1677,712 100,788 Matéria-Prima Anual (m3) Colza Soja Palma OAU Cat 1 Cat 3 Oleínas FFA 37,73179322 15,62736513 1,142448176 38,9024404 0,947089403 5,019974787 0,590765186 0,038123693 Matéria-Prima Anual (%) Colza Soja Palma OAU Cat 1 Cat 3 Oleínas FFA Soja Oleina de Palma OAU CAT 3 CAT 1 Colza FFA Oleinas Importação 19 499 3 020 108 750 4 965 0 31 757 101 1 328 Nacional 23 761 0 11 756 9 498 2 551 83 353 776 349 Total 43 260 3 020 120 506 14 463 2 551 115 111 877 1 678 % 15,63 1,14 38,90 5,02 0,95 37,73 0,04 0,59 Fonte: ENMC Ano 2016 (m3) 115110,796 43259,969 3020,302 120505,702 2550,61 14462,882 1677,712 100,788 Matéria-Prima Anual (m3) Colza Soja Palma OAU Cat 1 Cat 3 Oleínas FFA 37,73179322 15,62736513 1,142448176 38,9024404 0,947089403 5,019974787 0,590765186 0,038123693 Matéria-Prima Anual (%) Colza Soja Palma OAU Cat 1 Cat 3 Oleínas FFA
Secretário-Geral
Produção Nacional - Biocombustíveis - M³ 2020 % em volume 2021 % em volume 2022 % em volume FAME 269 285 89.3% 262 727 96.4% 286 680 98.1% HVO 32 107 10.7% 9 687 3.6% 5 494 1.9% TOTAL 301 392 272 414 292 174 Produção Nacional por Matérias-primas - M³ 2020 % em volume 2021 % em volume 2022 % em volume MATÉRIAS-PRIMAS AGRICOLAS ÓLEO DE COLZA 50 154 44.4% 34 486 46.7% 19 131 40.2% ÓLEO DE SOJA 30 403 26.9% 29 630 40.1% 27 064 56.8% OLEINA DE PALMA 32 360 28.7% 9 729 13.2% 1 422 3.0% Subtotal 112 917 37.5% 73 845 26.0% 47 617 16.3% MATÉRIAS-PRIMAS PARTE II GORDURAS ANIMAIS 1 081 0.6% 13 802 7.8% 863 0.4% ÓLEOS ALIMENTARES USADOS 178 520 99.4% 163 902 92.1% 198 487 99.6% BAGAÇO DE AZEITONA 0 0.0% 295 0.2% 0 0.0% Subtotal 179 601 59.6% 177 999 62.8% 199 350 68.2% MATÉRIAS-PRIMAS AVANÇADAS MATÉRIAS-PRIMAS AVANÇADAS 8 837 100.0% OLEINAS ÁCIDAS 0 14 077 44.4% 16 384 36.2% LAMAS DE DEPURAÇÃO 0 1 853 5.8% 2 224 4.9% ÓLEO DAS TERRAS DE FILTRAÇÃO 0 1 786 5.6% 3 374 7.5% MARGARINAS E MOLHOS 0 6 342 20.0% 6 408 14.2% ÁCIDOS GORDOS-GLICERINA BRUTA 0 3 834 12.1% 4 298 9.5% TRIGLICÉRIDOS DE AZEITE 0 3 431 10.8% 5 740 12.7% CACHOS DE PALMA 0 0 0.0% 358 0.8% SEPARADORES DE GORDURAS 0 0 0.0% 29 0.1% EFLUENTES DE PALMA 0 362 1.1% 6 398 14.2% Subtotal 8 837 2.9% 31 685 11.2% 45 213 15.5% TOTAL DOS ANOS 301 355 100.0% 283 529 100.0% 292 180 100.0% Importação de Biocombustíveis - M³ 2020 % em volume 2021 % em volume 2022 % em volume FAME 8 760 24.5% 20 608 11.6% 39 235 22.8% HVO 12 103 33.9% 112 550 63.5% 77 402 45.0% BIOETANOL 5 898 16.5% 23 263 13.1% 39 241 22.8% BIOETBE 8 962 25.1% 20 757 11.7% 16 208 9.4% TOTAL 35 723 177 178 172 086

ALIMENTAÇÃO ANIMAL PERSPETIVAS 2023

Até por regras contratuais, era predominante o biodiesel FAME obtido a partir de óleos virgens que proporcionavam, por essa razão, a produção de farinhas de elevado teor proteico, tão necessárias à produção de alimentos compostos para animais.

Mas, em 2016, este mercado deixou de ser fechado e os operadores nacionais tiveram de procurar soluções que preservassem a sua competitividade.

Surgiu o recurso a matérias residuais, nomeadamente os óleos alimentares usados, embora o recurso a matéria agrícola ainda se mantivesse maioritário.

Mas as tendências legislativas europeias levaram progressivamente a restrições regulamentares à utilização de matérias-primas de origem agrícola e, sobretudo desde 2021, a legislação nacional fomentou o aumento das importações de biocombustíveis, na maioria já incorporados em importações de gasolinas ou de gasóleo.

Sobre esta situação nada favorável aos produtores nacionais, a partir de 2021 o recurso a óleos virgens ou outras matérias agrícolas foi limitado a 3,1%, em teor energético, dos combustíveis em cada ano colocados no mercado.

A ligação que sempre tinha existido entre biocombustíveis e abastecimentos em farinhas com conteúdo proteico ao setor dos alimentos

compostos para animais, via setor das extrações foi finalmente prejudicada. Claramente, e ao nível oficial, as estratégias da Economia, do Ambiente e da Agricultura não convergiram; foi desfeito um ponto forte da economia nacional, a segurança económica e alimentar do País ficou mais frágil.

A evolução verificada nos três últimos anos está apresentada nos quadros que se anexa. Estes quadros quantificam o que anteriormente foi exposto.

A utilização de matéria agrícola é cada vez menor.

A quota de importações de biocombustíveis, antes variava entre 10% e 15% do total e, agora, atinge 40%.

A incorporação física de biocombustíveis utilizados nos transportes é, no entanto, pouco superior a 6% em energia e, mesmo tendo em consideração a eletricidade consumida no setor ferroviário, os biocombustiveis representam ainda quase 90% do esforço de descarbonização dos transportes.

Os gases renováveis

Como atrás foi dito, a eletrificação não responde a todas as necessidades energéticas da sociedade e, concretamente, da indústria e dos transportes.

Para este efeito foi criada uma “Estratégia para o Hidrogénio” e, mais recentemente uma “Estratégia para os Gases Renováveis”. Ora os gases renováveis, para já, são o hidrogénio e o biometano e tal é bem patente na Portaria n.º 15/2023 de 4 de janeiro, na qual são fixados os preços base para a aquisição destes gases com o objetivo de os injetar na rede nacional de gás:

Biometano: 150 Gwh/ano com o preço de referência de €62,00 / Mwh

Hidrogénio: 120 Gwh/ano com o preço de referência de €127,00 / Mwh

Se, no caso dos biocombustíveis, existiam claras sinergias, desfeitas por orientação política europeia adversa, impõe-se que neste tema, que irá fazer repensar o destino, não só dos resíduos sólidos urbanos, mas também de muitos subprodutos da atividade agrícola e da indústria alimentar, um entendimento claro e prévio entre as áreas da Agricultura, do Ambiente e, também da Economia, pelo menos na sua vertente da concorrência.

Será, de todo, desejável que na política de gases renováveis, o setor agroalimentar seja defendido e possa exercer a sua atividade sob regras realistas e estáveis.

12 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Importação de Biocombustíveis por Matérias-primas - M³ 2020 % em volume 2021 % em volume 2022 % em volume MATÉRIAS-PRIMAS AGRICOLAS MILHO 25 597 57.8% 34 103 61.7% 53 864 97.3% ÓLEO DE COLZA 0 0 0.0% 0 ÓLEO DE SOJA 1 044 2.4% 788 1.4% 76 0.1% CEVADA 0 7 628 13.8% 0 OLEINA DE PALMA 17 664 39.9% 12 746 23.1% 1 393 2.5% Subtotal 44 305 95.5% 55 265 31.1% 55 333 30.8% MATÉRIAS-PRIMAS PARTE II GORDURAS ANIMAIS 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% ÓLEOS ALIMENTARES USADOS 2 098 100.0% 49 591 100.0% 29 086 100.0% BAGAÇO DE AZEITONA 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% Subtotal 2 098 4.5% 49 591 27.9% 29 086 16.2% MATÉRIAS-PRIMAS AVANÇADAS: MATÉRIAS-PRIMAS AVANÇADAS 0 0.0% 0.0% 0.0% BAGAÇO DE UVA 0 0.0% 2 054 2.8% 4 677 4.9% OLEINAS ÁCIDAS 0 0.0% 0 0.0% 156 0.2% LAMAS DE DEPURAÇÃO 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% ÓLEO DAS TERRAS DE FILTRAÇÃO 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% MARGARINAS E MOLHOS 0 0.0% 0 0.0% 1 202 1.3% ÁCIDOS GORDOS - GLICERINA BRUTA 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% TRIGLICÉRIDOS DO AZEITE 0 0.0% 0 0.0% 0 0.0% TERRAS DE FILTRAÇÃO 0 0.0% 24 900 34.3% 28 929 30.3% CONDENSADO IND. CERVEJA 0 0.0% 33 0.0% 4 665 4.9% CACHOS DE PALMA 0 0.0% 7 169 9.9% 12 768 13.4% BORRAS DE VINHO 0 0.0% 232 0.3% 0 0.0% SEPARADORES DE GORDURAS 0 0.0% 0 0.0% 239 0.3% EFLUENTES DE PALMA 0 0.0% 38 231 52.6% 42 789 44.8% Subtotal 0 0.0% 72 619 40.9% 95 425 53.1% TOTAL DOS ANOS 46 403 100.0% 177 475 100.0% 179 844 100.0%

VISÃO DO MERCADO PARA O ANO DE 2023

A instabilidade mundial em todas as áreas coloca, também na nossa muitas incertezas na avaliação e nas perspetivas sobre o futuro. É com algumas reservas, que tento criar uma visão do mercado para o ano de 2023, com tantas incertezas e volatilidade dos mercados, mas mesmo assim arrisco a dar a minha opinião, com os dados disponíveis aos dias de hoje.

A incerteza com que os produtores investem hoje, para produzirem novilhos de abate a 6, a 8 ou 10 meses de distância, com os preços de matérias-primas e vitelos altos, prova que têm de ser corajosos e são também eles, a quererem andar com este País para a frente. Sabendo nós, que as vacas diminuíram e que os vitelos vão continuar com preços elevados.

Será que a carne também se manterá a estes preços?

A carne tem de continuar com preços altos. É com muita preocupação, que vejo que no ano de 2022, se abateram mais 10% de bois e vacas do nosso efetivo reprodutor, este sinal de decréscimo faz com que os produtores tenham dificuldade em manter as suas cabeças de gado, com os custos inerentes às subidas das matérias-primas e todas as palhas e produtos similares.

O mesmo se nota nos ovinos, onde o abate de animais adultos cresceu quase 17 %.

Com o preço da carne alto, produtor de vitelos, decidiu realizar dinheiro e deixar de estar na instabilidade no mercado das rações e dependente das chuvas que não tivemos em 2022. Confirmação de isto tudo é o aumento quase 8% o abate de animais abaixo de 1 ano, a denominada Vitela e Vitelão também.

Será que poderíamos crescer em número de efetivo reprodutor?

Em minha opinião, SIM.

Metade das nossas vacas estão no Alentejo, mais de 17 % estão nos Açores, temos espaço para crescer nestas regiões e no resto do País.

E ainda pergunto, o Ribatejo e Oeste não chega a 7% do nosso efetivo reprodutor, não será uma região com espaço para crescer também?

E o centro e norte de Portugal idem.

Estes dados são do primeiro semestre 2022, informação disponível até ao momento deste artigo.

De carne e animais vivos Portugal importa cerca de 900 milhões euros e exporta cerca de 250 milhões de euros.

O défice da balança comercial é bastante desfavorável como podem ver. Como podemos atenuá-lo?

Burocracia

É com bastante alegria que observamos alguns jovens a entrar na Bovinicultura, mas com tanta burocracia para legalizar uma exploração e tanto tempo depois se pode iniciar a atividade, dou daqui os meus parabéns a estes novos colegas, que só por amor à atividade, resistem a tudo isto.

Esta gente nova, faz muita falta para evoluirmos e dar continuidade às atividades ligadas ao campo e ajudar à nossa soberania alimentar, algo que sentimos na pandemia e que todos nós esperamos que não se complique um dia, por outro motivo qualquer. Estes agricultores, bovinicultores, são os melhores bombeiros deste País, que mantêm os campos limpos, trabalhados e diariamente os protegem ambientalmente. São eles os mais interessados em ter uma produção sustentada, integrada, com pastagens permanentes e nos montados, porque só dessa forma garantem o futuro das suas terras, das suas empresas e o futuro das gerações seguintes. São eles que preenchem o interior, com emprego e dando vida a essas zonas desfavorecidas, que estão cada vez mais, menos habitadas ou ao abandono. Nós fazemos parte da solução para este tema de crescimento da população nas zonas rurais. Sem nós, esse tema nunca mais se resolve, fazemos parte da solução e não do problema. Deixem-nos TRABALHAR.

Vejam o exemplo dos fogos. No Alentejo, não temos esse problema como temos noutras zonas interiores de Portugal. Porquê? Porque mantemos os campos limpos e trabalhados. Nós temos de falar bem ALTO e afirmar o bem que fazemos, com todo o profissionalismo e orgulho.

Abram ou deixem abrir, mais marcas de exploração para pastoreio e as vacadas crescem, abram mais marcas de explorações para retenção de vitelos que alguém as explorará e libertem-nos ou aliviem-nos dos aspetos burocráticos, que nós fazemos a nossa parte.

Resumindo, os produtores só pedem que os deixem crescer e fazer crescer o nosso Portugal... Aos dias de hoje, Portugal produz cerca de 50% da carne que consome e não conseguimos alterar isto sem medidas de simplificação.

PAC

E é com apreensão que nos deparamos com a nova PAC e com as novas políticas de esquerda Europeias. Numa primeira análise, estão viradas para o pequeno agricultor, aqueles agricultores que “mataram” há uns anos atrás e que agora querem dar tudo, com esperança de que eles voltem ao mercado. Será? E ao médio e grande agricultor, os que mantiveram a

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Nuno Ramalho Presidente da Direção

Europa a produzir durante estes anos, estão a alterar quase tudo e vai resultar que diminuam efetivo reprodutor.

Não estou contra os estímulos que vêm de novo para os pequenos agricultores, antes pelo contrário, acho que deveriam existir mais agricultores. Só desta forma mantemos as zonas rurais a criar riqueza. Mas estas alterações vão fazer baixar ainda mais o número de vacas em Portugal.

É que o médio e grande agricultor, vai se reajustar ao quadro apresentado e vai perceber que reduzindo o efetivo reprodutor, fica mais seguro. Vai acontecer com centenas de explorações.

Isto assusta-nos na ANEB. Lembro-me bem, quando da pandemia, quem continuou a trabalhar de sol a sol e a manter o País com alimentos. Havia rotura de quase tudo e os produtores Portugueses disseram, SIM, estamos cá. Parece que a nossa ministra, não se lembra, de alguns países reterem pro-

dutos para consumo interno. Isso não é defender nem o produtor nem o nosso consumidor. Quem manteve as prateleiras dos supermercados preenchidas, não digo cheias porque não nos dão condições a produzir mais, foram os produtores Portugueses. Temos de aumentar a nossa soberania alimentar.

O governo Português foi mais além, do que a UE exigia, no desvio de fundos do ministério da agricultura para o ministério do ambiente, cerca de 15%.Prevemos nós que na mesa dos portugueses numa nova conjuntura adversa, esperemos que não, em vez de chegar carne, tenhamos um prato cheio de ar.

Preço da Carne

Para 2023 o que se espera, em minha opinião, é de um reajusto em baixa dos preços das matérias-primas e que a carne se mantenha, com algum acerto de preço também, mas continuando em alta.

O custo dos vitelos vai continuar alto e a carne idem, porque não vai haver produto suficiente

no final da cadeia, algo que os produtores gostariam de mudar, mas com tanta burocracia, não vamos conseguir crescer tanto, para fazer face a demanda do mercado.

Infelizmente, por outro lado a carne de vaca não vai chegar à mesa de todos os portugueses, porque o custo de produção vai ser elevado.

Com a continuação do turismo em crescimento, a restauração vai continuar a ser o nosso melhor cliente, com a valorização das peças mais nobres.

As empresas de transformação de carne, devem criar mais produtos de carne de vaca, de forma a otimizar em preço, para chegar à mesa da maioria dos portugueses.

Em resumo, o setor está forte e recomenda-se, apelando à tutela que nos ouça e ajude a agilizar o setor, não a condicionar Basta só não atrapalhar que nós fazemos o nosso trabalho.

QUE PERSPETIVAS PARA A PRODUÇÃO DE LEITE EM PORTUGAL?

Há 20 anos existiam em Portugal cerca de 16.000 produtores de leite, 12.000 no Continente e 4.000 nos Açores. Restam atualmente 3500, dos quais 2000 estão nas ilhas açorianas e 1500 no continente.

O baixo preço ao produtor, abaixo dos custos de produção, abaixo da média europeia desde 2010 e no último lugar entre 27 países ao longo dos últimos anos, empurrou muitos produtores para fora do setor e desmotivou jovens agricultores, possíveis sucessores, de se envolverem na atividade.

O baixo preço do leite foi consequência de múltiplos fatores, com destaque para a aposta da indústria no leite UHT, a utilização desse leite barato como isco para atrair consumidores aos supermercados e a passagem desse esforço de contenção de preços através da indústria diretamente para o produtor. Apesar de tudo, com o aumento da produtividade e da dimensão dos efetivos dos produtores que permaneceram na atividade, foi possível manter o nível de produção de leite em valores estáveis e semelhantes à produção existente quando existiam quotas leiteiras, sendo Portugal autosuficiente em leite UHT, exportador de leite cru para Espanha e importador de produtos de valor acrescentado, nomeadamente queijos e iogurtes.

Enquanto o preço do leite permaneceu congelado até 2022, os custos de produção aumentaram de forma significativa. Aos históricos custos motivados com a rega das culturas e todos os custos associados à dispersão e reduzida dimensão das parcelas agrícolas, acresceu nos últimos anos o custo inflacionado dos adubos, da energia e sobretudo das rações, que representam mais de metade dos custos de uma vacaria. Esse custo não parou ainda de aumentar, pressionado, por exemplo, pelo aumento do custo dos bagaços de soja.

O preço do leite aumentou finalmente de forma significativa entre setembro e novembro de 2022, perante a redução da produção nos Açores e em Espanha, de onde veio a procura pela qualidade reconhecida do leite português. Em Espanha, tal como em Portugal, os produtores abateram animais de forma significativa, perante os efeitos da seca e do aumento do custo das rações e dos outros fatores de produção.

Portugal teve em novembro de 2022 um preço ao produtor, superior em mais de 70% face ao ano anterior, registando o maior aumento da Europa porque tinha o preço mais baixo, extremamente baixo em 2021, mas ficando ainda com um preço médio de 54,5cts, abaixo da média comunitária que passou os 57 cêntimos por kg. Esse aumento foi repercutido de forma ainda mais significativa no preço de venda de leite ao público, o que se explica com o custo acrescido do transporte da vacaria até à fábrica e da fábrica até às lojas bem como do custo de processamento (pasteurização e homogeneização) e do custo da embalagem.

De momento o preço do leite permanece estabilizado em Portugal e Espanha no curto prazo, mas com incertezas a médio prazo, uma vez que se registaram algumas descidas no mercado internacional de lácteos e, em consequência disso, em alguns países europeus. Contudo, nos últimos anos, o preço do leite na península ibérica não acompanhou o mercado internacional quando os preços subiram, pelo que seria incompreensível e causador de revolta, desânimo e encerramento de vacarias qualquer descida significativa do preço do leite ao produtor.

É preciso ter em conta que o custo da ração para o produtor é o mais elevado de sempre, que a produção de silagem de milho em 2022 foi inferior em qualidade e quantidade por causa da seca e a produção de forragem de outono-inverno foi condicionada pela chuva intensa entre outubro e janeiro que impediu muitas sementeiras. Há ainda no horizonte outras ameaças e dificuldades que desmotivam os produtores de leite: o setor perde apoios no PEPAC, devido à convergência, porque os produtores de leite tinham poucos direitos mas com valores elevados por direito e as ajudas diretas por vaca leiteira ou por hectare de milho silagem, bem como os novos ecoregimes têm orçamentos insuficientes para compensar as perdas quando se atingir a plena convergência.

Os produtores de leite estão também a ser pressionados pelas regras do REAP que limita a valorização agrícola dos efluentes, limitando e dificultando a sua utilização pelas distâncias exigidas a habitações vizinhas, vizinhança frequente na bacia leiteira face ao desordenamento do território. Isto ocorre ao mesmo tempo que a União Europeia pretende que se reduza de forma significativa a adubação química. Anunciam-se também exigências acrescidas de registos e de emissão de guias para o transporte dos efluentes, bem como registos acrescidos em matéria de saúde animal e limitações do uso de antimicrobianos. Percebo a necessidade de proteger a saúde pública através do uso criterioso de medicamentos, mas não podemos correr o risco de colocar em causa o bem-estar e a vida dos animais por ausência de tratamentos disponíveis na vacaria em qualquer hora.

A produção de leite, bem como os restantes setores da pecuária e da agricultura que produz os bens de grande consumo, tem visto a sua imagem apresentada de forma negativa por causa da poluição e dos gases de efeito de estufa. Isto acontece primeiro na comunicação social e depois, por ausência de contraditório, começou também a surgir nos livros escolares. Tudo isto são fatores que incentivam ao abandono da atividade e que devem merecer a atenção dos responsáveis políticos, associativos e de quem se pretenda que a produção de leite em Portugal continue viva, a ocupar o território, abastecer a indústria de transformação e a alimentar o país.

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PERSPETIVAS DA SUINICULTURA PARA 2023

Começa a ser um lugar comum antever o ano que se inicia como um período de grande imprevisibilidade e 2023 não foge àquela que tem sido a regra dos últimos quatro anos. Prognosticar este ano não é um exercício inteligível sem o devido enquadramento com os anos anteriores, onde o setor tem vivido numa autêntica montanha russa.

Em 2020, num ano que podia ser memorável para a fileira da carne de porco, com os reflexos da abertura do importante mercado chinês, a pandemia veio desestabilizar os mercados e a travagem acelerada do consumo trouxe reflexos económicos no setor que redundaram numa crise com maior expressão no último trimestre de 2021 e primeiro trimestre de 2022.

Com a guerra na Ucrânia, a que se somou uma seca severa, os custos de produção, que já estavam altos, escalaram a patamares incomportáveis a um setor com dificuldade em escoar produtos para mercados terceiros e com consumos internos em declínio. Desde novembro de 2021 que a FPAS alertou a Senhora Ministra para a grave situação que as empresas estavam a atravessar, estimando nessa altura (muito antes da guerra) um aumento dos custos alimentares na ordem dos 30%, uma redução do preço pago ao produtor de cerca de 40%, aumentos dos custos dos fatores energéticos, diminuição de consumo interno e da procura externa, apresentado um pacote de medidas de apoio ao setor para evitar milhares de falências.

Foi só em agosto de 2022 que o apoio mais significativo chegou ao setor na forma de ajuda forfetária no valor global de 6,4 milhões, vindo aliviar as tesourarias castigadas por dois anos de extremas dificuldades. Ainda que manifestamente insuficiente para fazer face aos prejuízos de 75 milhões de euros registados pelo setor entre outubro de 2021 e março de 2022, a FPAS e os suinicultores não podem deixar de se congratular pelo trabalho exercido junto do Ministério da Agricultura tendo conseguido pela primeira vez um apoio direto para o setor da suinicultura.

Cabe também aqui uma palavra de reconhecimento à Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que se bateu interna e externamente pela implementação deste apoio, constituindo junto do seu gabinete uma comissão de acompanhamento do setor suinícola, da qual fez parte integrante a FILPORC. E assim chegamos ao ano de 2023, um ano que está a ser marcado por preços altos, mas margens iníquas. Apesar da fragilidade e imprevisibilidade de toda a conjuntura económica, as perspetivas são

de estabilidade dos preços durante todo o ano, motivado por outro acontecimento internacional que tem impactado bastante a disponibilidade de carne de porco na Europa: a diminuição do efetivo nos países do norte da Europa provocada pelo avanço da Peste Suína na Alemanha.

Com a capacidade instalada de abate na Península Ibérica muito superior à capacidade produtiva, assiste-se a um paradigma bicéfalo entre a escassez de porco e o excedente de carne.

Paralelamente, a inflação alimentar está a criar uma convulsão social à qual os setores produtivos não poderão estar alheados sendo fundamental o papel de comunicação ativa, articulada e explícita que a fileira deve desempenhar nos próximos tempos no sentido de ser, como sempre foi, um parceiro de confiança dos consumidores.

Nesta circunstância, identificam-se dois desafios importantes para a fileira neste ano que agora se inicia: 1) a resiliência da indústria de abate para fazer a um cenário de escassez de porcos e pressão dos distribuidores para baixar preços de venda e 2) o fraco poder de compra dos consumidores que ameaça reduzir significativamente o consumo. O ano 2023 apresenta ainda grandes oportunidades para a fileira que começará a colher os frutos do trabalho invisível que a FILPORC tem desenvolvido. Desde logo, a certificação em bem-estar animal está cada vez mais presente nos lineares dos supermercados, representando uma oportunidade para a fileira da carne de porco portuguesa valorizar os seus produtos, com uma certificação desenvolvida a pensar nas características de produção nacionais, valorizando as cadeias curtas de abastecimento e elevando os padrões éticos de maneio dos animais ao nível das melhores práticas mundiais. Por outro lado, o trabalho de diplomacia comercial está orientado para mercados emergentes asiáticos, com uma presença forte da FILPORC em mercados como Filipinas, Singapura, Vietname e Tailândia que resultarão na abertura e operacionalização destes mercados previsivelmente ainda durante este ano e desenvolvimento de uma campanha de promoção que decorrerá ao longo do próximo triénio na China, Vietname e Filipinas.

Em suma, o ano de 2023 representará um desafio enorme para o setor da suinicultura e para a fileira da carne de porco portuguesa, desafios sobre os quais refletiremos nos dias 12 e 13 de abril no X Congresso Nacional de Suinicultura, para o qual deixo o convite para todos os leitores da Alimentação Animal.

Até lá!

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David Neves Presidente

COMO SERÁ 2023? QUAIS AS PERSPETIVAS, EM ESPECIAL PARA O NOSSO SETOR?

Desde o início do ano, na altura em que escrevemos, já se passaram mais de 50 dias, de um período que totaliza 365 dias.

A Terra, uma esfera quase perfeita, o nosso espaço, ambiente e território, tudo faz parte do universo infinito, que é muito especial pois tem vida em muitas formas e aparências.

de populações com deficiências alimentares e problemas de saúde, como a obesidade (infelizmente ainda temos a má-nutrição em muitas regiões do Mundo).

O que é absolutamente único e não devemos perder de vista, é que tudo o que hoje é colocado à nossa disposição, desaparece num ciclo interminável de nascer, viver, morrer, para de novo alimentar, sustentar todos os seres vivos que nela se encontram, cada um com o seu próprio ciclo. Ou seja, a terra dá-nos o exemplo e RECICLA permanentemente.

O Homem, inicialmente com uma presença relativamente reduzida – pouco mais de 3 mil milhões nos anos 60 do século XX, no início da Revolução Verde – tornou-se um ser vivo de inegável sucesso ao longo dos tempos, contando, no início de 2023, com mais de 8 mil milhões de unidades. Um sucesso que se ficou a dever, em grande parte, à capacidade de produzir os alimentos para a sua dieta, saúde e bem-estar, tornando-se inteligente a partir do momento em que aumentou o consumo de proteína de origem animal. E aqui entramos nós, com o desenvolvimento da atividade pecuária e da produção animal.

Quando me iniciei neste setor, há quase 50 anos, o objetivo principal era alimentar o melhor possível toda a população mundial, sem pensar na utilização dos recursos (terra, ar, solo), o desperdício ou a poluição. Neste momento, não deixámos de manter esse objetivo, mas com o processo de crescente industrialização tomámos consciência de que existiram limites que foram ultrapassados: excessos, tanto a montante, como a jusante.

É evidente que estes excessos não podem ser tolerados, como a “exploração” da natureza com a destruição maciça de equilíbrios delicados como a desflorestação, esgotamento ou a poluição quase irreversível de águas doces, com impactos nos ecossistemas e na biodiversidade, do lado da oferta, enquanto, do lado da procura (consumo), temos os efeitos nocivos na saúde humana com excessos de proteína animal, gorduras, açúcares, ao mesmo tempo que assistimos ao crescimento

Tudo isto, conjugado com as alterações climáticas e o seu impacto no Planeta, levou os decisores globais e a opinião pública a “parar para pensar” e a implementar um conjunto de decisões, sobretudo na União Europeia, que exige um processo de harmonização à escala global.

E assim, a nossa indústria, a nível mundial tem vindo a apostar na investigação, inovação e desenvolvimento, com soluções muito interessantes, no sentido de reutilizar muito melhor os alimentos disponíveis, ao nível europeu ou em Portugal, cada vez mais preocupada com a Economia Circular.

Produzir com sustentabilidade, ou seja, respeitar mais a nossa terra, essa esfera especial com vida própria no universo, o nosso território, que sempre volta a encontrar o seu equilíbrio.

Muitas regras, como por exemplo as metas previstas na Estratégia “Do Prado ao Prato”, trarão naturalmente custos acrescidos, mas serão certamente uma ajuda para o nosso setor, a nível europeu e mundial, no interesse dos consumidores e dos desafios da Sociedade.

A produção de alimentos para animais, a nível mundial, continua a aumentar, pese embora não seja essa a tendência na Europa que exige regras cada vez restritivas no seu território, com a pecuária a ser ameaçada pelas questões ligadas, entre outras, ao ambiente e bem-estar animal. No entanto, estamos inseridos num mercado global, em que os bens e serviços têm de chegar aos consumidores a preços competitivos, pelo que temos de lutar, cada vez mais, para manter a nossa capacidade concorrencial.

A eficiência e eficácia são já e serão no futuro os nossos principais instrumentos; melhorar a produção e a produtividade com uma alimentação de precisão, com as melhores tecnologias disponíveis, em que a nossa função para a atividade pecuária consiste em produzir mais alimentos, de excelente qualidade, menos alimentos para igual produção de carne (menor índice de con -

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versão), com menos terra arável ou agrícola e termos como output mais proteína de alto nível e alimentos ricos em macro e micro-ingredientes indispensáveis para nossa saúde, com menos emissões de gases com efeito de estufa e estrumes, utilizando menos água.

A visão que os decisores políticos têm do nosso modelo de produção e a sua transferência para regimes mais extensivos ou com menos animais, é manifestamente enganosa e compromete a sustentabilidade na utilização dos recursos. As produções iguais com menos tecnologia, ou utilizando menos alimentos de precisão, fornecem menos nutrientes pelos ingredientes usados, mais emissões, mais poluição do ar e dos solos. Esta deslocação, de uma produção de maior eficiência para um regime menos eficiente, como se conclui da estratégia prevista no Green Deal denomina-se “ leakage” , e representa uma perda de excelência e eficácia, que compromete a inovação e o desenvolvimento da genética e da alimentação animal nas últimas décadas.

Ou seja, face a estas ameaças, que também encerram novas oportunidades, o papel da Indústria de Alimentação Animal, incluindo as suas pré-misturas e aditivos, ganha assim particular relevância; necessita que estejamos sempre atentos a novas soluções nutricionais, como por exemplo agentes melhoradores de digestibilidade e capacidade maior de aproveitamento como “influenciadores” do microbioma, essencial na saúde animal e na sua capacidade de produção de carne/ovos/ leite, dosagens e níveis de macro-ingredientes, suas qualidades e conteúdos que influenciam a digestibilidade e, ao mesmo tempo, o bem-estar e saúde do animal que assim resulta numa melhor e mais eficaz produção. Por isso, num ano de grande incerteza, as perspetivas para 2023 da nossa indústria passarão sem dúvida por eficiência, eficácia e excelência de utilização e aplicação de todos os instrumentos que estão à nossa disposição, passando por novas matérias-primas e novas utilizações, novas soluções que utilizamos para aplicar aos animais, sem esquecer a influência fulcral da genética, cada vez melhor, da tecnologia de acompanhamento

das criações, monitorizando o bem-estar animal, temperatura, velocidade de ar, higiene, vacinações, alojamentos, para rentabilizar a 100% as capacidades produtivas com um mínimo de ‘perdas’, e mesmo assim, que as perdas sejam a seguir fonte de energia, adubo, e outros fins que beneficiam a terra, o nosso ambiente, para que as gerações que vêm depois de nós tenham uma vida ainda melhor que a nossa.

Temos assim a Circularidade como o motor da Indústria do século XXI.

Não falei das guerras, conflitos, que também nos afetam, mas sobre os quais não conseguimos ter uma influência direta.

Que tenhamos a capacidade de usar de forma válida, os instrumentos que temos ao nosso alcance, como a informação imediata de tudo que se passa no mundo, seja perto ou longe de nós.

O papel da IACA, é por isso preponderante: seleciona, junta, analisa e resume o que necessitamos para exercer o nosso trabalho ainda melhor...e de uma forma mais sustentável.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL | 21

AÇÕES PREVISTAS PARA 2023

Num cenário de grande instabilidade, a braços com uma crise social, económica e energética global, de tensões entre países e blocos, novos alinhamentos políticos ao nível da União Europeia e na cena internacional (China, Brasil, EUA?), com os receios de uma nova escalada na guerra e a necessidade de apoios europeus para conter eventuais desequilíbrios e uma potencial desagregação política e social, perspetivar o próximo ano é extraordinariamente difícil, como se conclui das previsões macroeconómicas avançadas por diferentes instituições internacionais (FMI, Banco Mundial, BCE) ou nacionais (Conselho de Finanças Públicas ou Banco de Portugal). O facto é que, em relação às suas previsões de junho, o FMI prevê um crescimento do PIB de 6,2% (abaixo dos 6,5% anunciados pelo Governo) mas aponta para 0,7% em 2023 (um corte face aos 1,9% previstos em junho), bem abaixo da desaceleração prevista pelo executivo português, para 1,3%. Ao nível da inflação, de acordo com o FMI, teremos para este ano, para Portugal, uma taxa de 7,9% e em 2023, de 4,7%, que comparam com os 7,4% e os 4% previstos no Orçamento de Estado.

Ainda que seja inevitável a continuidade da inflação e um forte abrandamento económico quer na Europa, quer a nível mundial, as taxas de juro em alta conduzem a outro tipo de problemas, sobretudo para um país como o nosso, fortemente endividado.

A evolução de eventuais crises sanitárias como a PSA ou a gripe aviária constituem igualmente preocupações acrescidas.

Objetivos

Com a consciência de que 2023 vai ser um ano muito desafiante para a Fileira, os principais objetivos da IACA passam pela consolidação e reforço da atividade de representação da Indústria, a nível nacional e internacional, e na divulgação das nossas propostas para o exterior, centrados nos seguintes eixos:

COMUNICAÇÃO: reforçar e agilizar a ligação entre a IACA e os seus Associados, ao nível dos contactos diretos (Grupos de Trabalho com técnicos das empresas associadas), para acompanhar dossiers relevantes para o Setor e preparar posições junto das autoridades nacionais e em Bruxelas, da informação disponibilizada (Informação Semanal, Revista "Alimentação Animal", Anuário IACA, Newsletter, Notas de Conjuntura, INFO IACA, Circulares, o website) e na resolução de problemas que se colocam a cada empresa, com temas de atualidade. Procuraremos abordar com mais frequência as empresas, com vista a perceber com que dificuldades e constrangimentos se deparam, por forma a dirigirmos a nossa ação com maior eficácia, poten-

ciando o envolvimento da IACA nos projetos de investigação e desenvolvimento, com a continuada aposta na comunicação, interna e externa, explorando cada vez mais os media generalistas, como foram os exemplos de entrevistas na televisão, rádio, ou artigos em meios como o Observador, Expresso, DN ou Público.

COOPERAÇÃO: reforço da Cooperação com as autoridades oficiais, designadamente ao nível da Agricultura, Economia, Ambiente, Saúde, Infraestruturas e Emprego, principais áreas com impacto para o nosso Setor, com destaques para o GPP, DGADR, DGAV, APA e DGS. No quadro da investigação, desenvolvimento e inovação, continuarão a ser privilegiados os contactos com o INIAV e as Universidades (ISA, UTAD, FMV, ESA Santarém, ESA Coimbra, Universidade de Évora, Universidade do Porto), para fazer a ponte entre a investigação e as empresas, designadamente no quadro do FeedInov. A presença da IACA, enquanto representantes da FIPA em Comissões de Acompanhamento no quadro do Ministério da Agricultura, designadamente do PDR 2020 ou da PAC, potenciam essa lógica de cooperação e articulação, procurando resolver ou mitigar os problemas/estrangulamentos da nossa Indústria.

ARTICULAÇÃO: reforço da articulação entre a IACA e as organizações a montante e a jusante do nosso Setor, ao nível das associações agrícolas (ANPOC e ANPROMIS – de que é exemplo o Centro de Competências CEREALTECH), de comerciantes e importadores (ACICO), pecuárias (representantes dos setores das carnes, do leite e dos ovos) e da FIPA, consolidando a relação de Fileiras e criando um maior lobby e “massa crítica” junto das autoridades nacionais e internacionais na defesa dos interesses comuns: a defesa da sustentabilidade da produção nacional e do Mundo Rural, o equilíbrio no relacionamento com as cadeias de distribuição, a promoção da alimentação animal na Sociedade, da produção pecuária e do consumo de produtos de origem nacional, nos mercados interno e externo.

SEGURANÇA ALIMENTAR: reforçar o controlo das matérias-primas importadas de Países Terceiros, com a continuada aposta no QUALIACA visando a sua consolidação no mercado, com os custos a serem suportados parcialmente pelos aderentes (o restante continuará a ser assumido pela Associação), como acontece desde 2019. O Projeto tem sido bem acolhido pela Indústria e pela Fileira da produção animal, visa o reforço da qualidade das matérias-primas, complementando o Plano de Controlo Oficial, e uma estratégia que

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permite potenciar uma melhor relação com os fornecedores, com maiores exigências contratuais. Com um certificado anual que é emitido aos aderentes pela DGAV e IACA, é um instrumento importante no processo de auditoria das empresas e na gestão/ avaliação de riscos.

FILIAÇÃO: tal como em 2022, pretendemos atrair mais empresas da Fileira, com a filiação de novas empresas e atividades no universo da alimentação animal, na sequência da alteração dos Estatutos de 2016, que se confirmou nestes últimos 6 anos, com a entrada de mais associados. Esta estratégia reforçará o peso e o papel da Instituição como parceiro e a sua capacidade de intervenção na Sociedade, nos próximos anos, preparando-a melhor para os desafios do futuro.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS: consolidar a imagem da IACA e as suas posições no plano internacional, em particular no quadro da FEFAC e da FoodDrinkEurope – potenciando a representação da Indústria em fóruns de interesse para o Setor e em Grupos Consultivos da Comissão Europeia (Grupos de Diálogo Civil), no Parlamento Europeu, e junto da opinião pública, através dos media e do meio académico e universitário, intervindo em Jornadas, workshops, Seminários e Conferências, promovendo os interesses dos associados, a inovação e o conhecimento, tal como tem acontecido nos últimos anos, em que a IACA, para além da sua continuidade no Board da FEFAC, coordena Grupos de Trabalho relevantes.

Iniciativas Propostas

Para atingir estes objetivos, o Plano de Ação, que se reflete naturalmente na proposta de Orçamento para 2023, contempla um conjunto de iniciativas, das quais destacamos as seguintes:

COMUNICAÇÃO & IMAGEM

• Realização de eventos temáticos ao longo do ano, designadamente a Reunião Geral da Indústria e workshops, com o modelo de convites a representantes das autoridades oficiais que acompanham os diferentes dossiers, de forma a compreenderem melhor as posições e necessidades da Indústria e dos seus Associados.

• Face ao sucesso das edições anteriores, realizaremos, em colaboração com a SPMA, as XII Jornadas de Alimentação Animal, uma iniciativa que já é uma referência e um ponto de encontro anual do Setor.

• Presença da IACA nos fóruns nacionais e internacionais a que está diretamente ligada, designadamente, no âmbito da FIPA, GPP, DGAV, DGADR, APA, FEFAC, FoodDrinkEurope e Comissão Europeia (DG AGRI, DG SANTE) e contactos ao nível da REPER, Parlamento Europeu e Comissão de Agricultura da Assembleia da República.

COOPERAÇÃO & CONHECIMENTO

• Com Espanha a assegurar a presidência da União Europeia no segundo semestre (a Suécia irá liderar o Conselho durante o primeiro semestre de 2023) daremos continuidade ao FeedMed, grupo de pressão constituído por IACA/EUROFAC/ASSALZOO/CESFAC, representando Portugal, França, Itália e Espanha, constituído em setembro de 2017 e perfeitamente consolidado. Recorde-se que o objetivo deste Grupo é defender em Bruxelas, nomeadamente no quadro da FEFAC, os interesses e especificidades dos países do Sul, face a pontos de vista, muitas vezes, divergentes dos blocos do Norte ou de Leste, sobretudo tendo em conta o Pacto Ecológico Europeu, nomeadamente a Estratégia do "Prado ao Prato" e as suas metas mais relevantes, bem como os PEPAC, os alimentos medicamentosos ou as cadeias de abastecimento livres de desflorestação.

• Continuaremos a assegurar a vice-presidência do Comité "Produção Industrial de Alimentos Compostos" e a representação da Indústria europeia nos Grupos de Diálogo Civil "Culturas Arvenses", "PAC", e "Acordos Internacionais da Agricultura", no quadro da DG AGRI/Comissão Europeia, bem como a coordenação do Grupo PARE (Política Agrícola e Relações Externas) da FIPA, com participação nos Comités da FoodDrinkEurope, em particular o da Competitividade.

• Para além da presença nos Comités específicos da FEFAC, incluindo a participação no Comité "Sustentabilidade", a IACA continuará presente ao mais alto nível na estrutura dirigente da nossa organização europeia, num novo modelo de governação, para o qual muito contribuímos e que se iniciou a partir de junho de 2020, ano em que o Presidente da Direção assumiu um lugar no Board. No Congresso da FEFAC que será realizado em junho de 2023, a IACA é candidata ao Órgão Executivo da FEFAC para o Mandato 2023/25.

• Criação de Grupos de Trabalho “ad-hoc” para a discussão de dossiers importantes para o futuro do Setor, designadamente sobre o Green Labelling e o CLP/REACH. De facto, a rotulagem verde é um dos temas de maior destaque e pretende dar a conhecer a pegada carbónica, a pegada ambiental e de que forma as matérias-primas contribuem para a sustentabilidade ambiental.

• Relativamente aos Centros Antiveneno, em 2023 iremos acompanhar a posição da Comissão relativamente à proposta da FEFAC e quais as alterações ao sistema de registo nos Centros Antiveneno até então utilizado. De resto, a presença constante nos Comités Nutrição Animal e Pré-misturas são fundamentais para o sucesso desta estratégia.

• Continuação da dinamização da CT 37 tendo em vista um melhor conhecimento da sua atividade e da importância para a credibilidade da alimentação animal, trazendo cada vez mais laboratórios a participar nesta Comissão Técnica.

LEGISLAÇÃO

• No quadro da Contratação Coletiva de Trabalho, os CCT foram denunciados em 2020, não sendo expectável qualquer evolução em 2023, tendo em conta as recentes decisões do Governo. Continuaremos, no entanto, a analisar eventuais alternativas, em conjunto com as empresas associadas.

• Acompanhamento do processo legislativo relativo à aprovação de OGM, quer para importação, quer para cultivo e designadamente o dossier das Novas Técnicas de Melhoramento de Plantas, denominadas como NGT (Novas Técnicas Genómicas), que terão particulares desenvolvimentos em 2023, numa colaboração ativa com o CIB, ANSEME, FIPA, e outras entidades.

• Acompanhamento do PEPAC, a implementar a partir de janeiro de 2023 – em que os regimes ecológicos têm um papel fundamental –, bem como as propostas de negociação ou implementação de acordos comerciais, pugnando pela aplicação das mesmas regras que são impostas aos operadores da União Europeia.

• Monitorização e acompanhamento do novo Regulamento sobre os Alimentos Medicamentosos, e colaboração no Programa "Uma Só Saúde", quer para ajudar a atingir o grande objetivo de redução e/ou utilização prudente de antibióticos na alimentação animal, quer na promoção da receita veterinária eletrónica, na defesa da utilização

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dos alimentos medicamentosos como um serviço de inegável valor prestado aos clientes, mas igualmente como uma ferramenta eficaz no controlo e redução do consumo de medicamentos, como uma das medidas de combate ao problema da resistência antimicrobiana.

Recorde-se ainda sobre este tema, em 2022, foi criado o “Grupo de Trabalho – Alimentos Medicamentosos", tendo realizado reuniões com a participação de empresas associadas e da DGAV. Em 2023, espera-se esclarecer todas as questões ainda em aberto, e aguarda-se, não só, o Decreto-Lei, a nível nacional, que implementa o Regulamento Europeu, bem como os estudos da EFSA relativamente aos níveis máximos de contaminação cruzada da totalidade das substâncias ativas antimicrobianos em alimentos para animais não visados.

• Continuidade do curso de legislação aplicável ao setor da alimentação animal, em conjunto com a DGAV e FeedInov, bem como a promoção de outras iniciativas, designadamente a ligação com as escolas.

• Acompanhamento da revisão da legislação sobre os vários temas relacionados com a alimentação animal em discussão na UE, nomeadamente o Regulamento sobre higiene nos alimentos para animais (Regulamento (CE) nº 183/2005), o REFIT nos aditivos (Regulamento (CE) nº 1831/2003), com especial atenção às restrições de aditivos produzidos a partir de microrganismos geneticamente modificados, novos aditivos para alimentação animal e discussão de novos grupo de aditivos (“melhoradores da condição de saúde" e com impacto positivo a nível ambiental).

• A revisão da legislação relativa às substâncias indesejáveis será acompanhada, a par e passo, pela IACA, nomeadamente ao nível das micotoxinas, dioxinas e PCBs, P-Fenetidina e Cravagem de centeio.

• Continuação da implementação da Visão 2030 para a Alimentação Animal e da Carta de Sustentabilidade 2030, com atenção no tema da desflorestação, aprovisionamento de soja responsável e economia circular.

INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

• Presença da IACA em Projetos como o InsectERA, que visa o conhecimento e disseminação de novas fontes de proteína para a alimentação animal (insetos), economia circular, visando a utilização e valorização de coprodutos, bem como no quadro

da resistência antimicrobiana, tendo em vista a utilização responsável e a redução do consumo de antibióticos na produção animal.

Perspetivas e Desafios

Descritas as principais tarefas e objetivos para 2023, a Direção está plenamente consciente de que o último ano deste Mandato vai ser ainda mais difícil e exigente que os anteriores, tendo em conta o contexto internacional e as incertezas que se colocam, no plano interno e externo, num cenário de alta inflação e taxas de juro, estagnação e perda de poder de compra das famílias, com potencial quebra de consumo nos produtos de origem animal. Estaremos atentos às dificuldades e aos desafios que têm caracterizado a evolução da indústria de alimentos compostos para animais e os que estão bem presentes na próxima década, numa agenda mais verde e digital, e uma aposta no desenvolvimento sustentável e no combate às alterações climáticas, em que os dossiers como a saúde e bem-estar animal, ambiente, redução das emissões de GEE na pecuária, disponibilidade de proteína, segurança alimentar (cada vez mais focada na disponibilidade de alimentos) e resistência antimicrobiana são essenciais para uma imagem mais favorável do setor na opinião pública e junto dos decisores políticos, à luz de uma sociedade civil com interesses que nunca foram tão contraditórios como hoje.

Quer pelos constrangimentos ao nível da produção, pelo impacto ambiental, quer pelo consumo, ao nível das dietas e os impactos negativos na saúde, sabemos que vão continuar os ataques aos produtos de origem animal, com impacto negativo na Fileira pecuária e desde logo na nossa atividade.

No entanto, as questões energéticas decorrentes dos preços dos fertilizantes, gás e eletricidade, trazidas pelo conflito na Ucrânia e a dependência da Europa em fontes alternativas, também abrem perspetivas e oportunidades para a pecuária, por exemplo, ao nível da gestão dos efluentes, já para não falar dos serviços prestados aos ecossistemas.

Nesta perspetiva, a Direção da IACA está plenamente consciente das dificuldades e das exigências, mantendo como principal objetivo a aposta continua e reforçada nas parcerias, no conhecimento científico e técnico e na dinâmica da nossa Organização, alargando a sua base de apoio e capacidade

de intervenção, quer na Fileira, quer junto dos responsáveis políticos, Administração Pública e do público em geral, sobretudo com os mais jovens.

Tal como sempre, no plano nacional e internacional, com a consciência de que temos de atuar em conjunto e de forma integrada, numa estratégia proativa, agir e não reagir, com a certeza de que o futuro depende, em grande parte, de nós próprios.

Pela sua história e experiência de mais de 50 anos, pela constante capacidade de nos adaptarmos às diferentes realidades que foram surgindo e pela relação com as empresas, bem vincada nestes três anos de enormes desafios, pela resiliência dos nossos Associados, demonstrámos que somos uma Associação com visibilidade, credível e respeitada, quer pelos nossos parceiros, quer pelas autoridades, seja em Portugal ou no quadro internacional, sobretudo na União Europeia, no Brasil ou nos EUA, com quem temos excelentes relações institucionais, nomeadamente através da USSEC (soja) e do USGC (cereais).

A consolidação e continuada aposta no FeedInov e a interação com os seus diferentes parceiros, tendo em vista dispormos de dados credíveis e conhecimento para defendermos posições com bases científicas, representa mais uma etapa na adaptação aos novos tempos, enquanto parceiros de confiança e acrescentando valor na cadeia alimentar.

A Carta de Sustentabilidade 2030 e os compromissos que assumimos, definem igualmente um nível de ambição ainda mais exigente, dos quais não podemos abdicar.

Neste quadro de incerteza global, de grande instabilidade e volatilidade, para além da consolidação dos Projetos estruturantes (Alargamento, QUALIACA, FeedInov), e aposta continuada na Comunicação, Formação e Informação, o que continuamos a garantir aos nossos Associados é ambição e vontade, de fazer mais e melhor, com coerência e espírito de Missão, tendo em vista a coesão da Indústria e a sustentabilidade da IACA, como grandes orientações estratégicas no médio e longo prazo.

A Agenda 2030 e o reconhecimento da parte dos decisores de que a Alimentação Animal é hoje parte da solução, representa uma responsabilidade acrescida e um nível de exigência que temos de manter perante os desafios da Sociedade, que também nos abrem novas oportunidades que temos de saber construir.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PERSPETIVAS 2023

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Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade.

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SUSTENTABILIDADE, ECONOMIA CIRCULAR E FONTES DE PROTEÍNA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

O desenvolvimento sustentável da indústria agroalimentar e da cadeia de abastecimento é uma das principais preocupações da sociedade atual. Em particular, a extensão de terra usada para a pecuária, a desflorestação, os nutrientes e emissões de gases para o ambiente e o esgotamento da água são questões importantes sujeitas a discussão (Godfray et al., 2010; Van Selm et al., 2022; Bikker and Jansman, 2022). Neste sentido, as Nações Unidas (ONU, 2015) focam a sustentabilidade, minimizando o impacto negativo da produção animal no meio ambiente global e nas alterações climáticas, produzindo produtos de alta qualidade de acordo com a legislação e as exigências dos consumidores em termos de segurança alimentar e bem-estar animal. No entanto, os recentes aumentos dos preços das mercadorias, assim como a atual crise política internacional e as doenças infecciosas descontroladas, comprometeram a disponibilidade de matérias-primas e a rentabilidade do sistema de produção na União Europeia (UE). Nestas circunstâncias, cumprir os regulamentos e as exigências do mercado torna-se um verdadeiro desafio.

A sustentabilidade visa atender as exigências da sociedade atual sem comprometer as gerações futuras e mantendo o equilíbrio entre os aspetos ambientais, sociais e económicos (Coma et al., 2022). Na alimentação animal, tem-se vindo a sugerir a utilização de “novos” ingredientes e coprodutos da indústria alimentar, assim como melhorias na utilização de matérias-primas atualmente disponíveis como possíveis abordagens para melhorar a sustentabilidade atual do sistema de produção.

A busca por novos ingredientes alternativos aos tradicionalmente utilizados na alimentação animal tem sido amplamente estudada. O principal problema desta estratégia é conseguir uma fonte económica de nutrientes para competir com os ingredientes atuais do ponto de vista do custo-benefício rentável. Por exemplo, a produção de insetos e macro e microalgas tem sido considerada uma alternativa potencial aos ingredientes tradicionais nos alimentos compostos (Bleakley e Hayes, 2017; O’Brien et al., 2022).

O interesse da produção de insetos como fonte alternativa de proteína para a alimentação animal tem vindo a aumentar em todo o mundo. Com efeito, a capacidade de algumas espécies de insetos crescerem em substratos baseados em resíduos da indústria alimentar, ou mesmo de origem urbana ou fecal, pode ser considerada uma estratégia interessante de apoio à economia circular (Nakagaki e Defoliart, 1991). De acordo com o Regulamento da Comissão 2017/893, um total de 8 espécies de insetos estão autorizadas a serem utilizados em alimentos compostos para animais na UE. Entre elas, provavelmente, as larvas da mosca sol-

dado-negra (Hermetia Illucens) e da larva-da-farinha (Tenebrio molitor) são as de maior interesse do ponto de vista prático devido à sua composição nutricional adequada (rica em aminoácidos essenciais) e à reduzida necessidade de espaço e água para crescimento (Oonincx et al., 2011). Além disso, certas espécies de insetos são ricas em componentes bioativos como a quitina (Finke, 2007) e o ácido láurico (Makkar et al., 2014), muito valiosos para as indústrias farmacêutica e cosmética. No entanto, a utilização de insetos na alimentação animal está sujeita a fortes restrições legislativas na UE, e tanto os elevados custos de produção como a escassa informação disponível sobre as necessidades de nutrientes para um desempenho ótimo de espécies-chave são pontos importantes de melhoria (Fondevila e Fondevila, 2022).

A utilização de macro e microalgas como ingredientes de alimentos compostos para animais também tem sido estudada. Por um lado, a produção de algas não compete pelo uso da terra, e a maioria das espécies é rica em ácidos gordos polinsaturados (EPA e DHA) e moléculas de valor acrescentado com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Por outro lado, o elevado teor de humidade, que requer um processo de secagem após a colheita que diminui a eficiência da produção, juntamente com os teores altamente variáveis em proteínas, fibras e cinzas, reduzem a sua aplicabilidade prática (Weinrich e Busch, 2021; O’Brien et al., 2022).

A indústria alimentar produz vários resíduos e coprodutos de diferentes origens considerados como potenciais ingredientes para alimentos compostos para animais que, por sua vez, não competem com a indústria alimentar para humanos (Van Zanten et al., 2022). Com efeito, a reciclagem de coprodutos da indústria alimentar tem sido tradicionalmente utilizada como uma solução para reduzir os resíduos residuais numa perspetiva de economia circular. Por exemplo, materiais fibrosos de grãos de cereais, proteína animal processada e produtos gordos de matadouros, resíduos da panificação e coprodutos derivados das indústrias de produção de vinho, óleo e etanol têm sido largamente utilizados para este fim. No entanto, as tendências recentes centram-se no desenvolvimento de outros produtos de valor acrescentado e com elevado interesse económico para outros setores industriais, como o setor farmacêutico e o setor da cosmética, que podem potencialmente contribuir para o aumento da rentabilidade económica da produção. Entre outros, estes produtos incluem antioxidantes fenólicos como o hidroxitirosol da indústria do azeite e colagénio, ácido hialurónico e heparina de origem animal (FEFAC, 2019; Corrales et al., 2022).

Finalmente, outra estratégia eficaz para melhorar a sustentabilidade da produção animal atual é a otimização da retenção de nutrientes, aumentando a eficiência

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* Universidade Politécnica de Madrid G. Fondevilla

alimentar e reduzindo as margens de segurança. A este respeito, é necessária mais investigação sobre a composição e o valor nutricional dos ingredientes dos alimentos compostos para animais atuais para abordar um sistema de alimentação animal de precisão. De facto, existe a necessidade de aumentar o conhecimento sobre a energia e a digestibilidade de nutrientes destes ingredientes, com especial atenção para as fontes de proteína devido às suas implicações no controlo ambiental.

O bagaço de soja é a fonte mais importante de proteína e aminoácidos essenciais em dietas animais em todo o mundo. Os elevados níveis de inclusão frequentemente utilizados, especialmente em dietas para aves e suínos, exigem uma previsão exata do seu valor nutritivo e valor energético (Mateos et al., 2019; Van Zanten et al., 2019). No entanto, o valor energético do bagaço de soja para aves relatado pelas principais instituições internacionais é muito variável, com valores que oscilam entre 2,18 (CVB, 2021) e 2,55 (RPRI, 2014) Mcal AMEn/kg. Nos últimos anos, o recurso a equações específicas tornou-se o método preferido para estimar o valor energético do bagaço de soja, mas na maioria dos casos, os resultados obtidos por estes modelos de previsão são também muito variáveis porque utilizam diferentes unidades e componentes para as estimativas (Fondevila et al., 2021). Além disso, a maioria das equações de previsão não tem em conta diferenças na digestibilidade da proteína ou na composição da fração de hidratos de carbono, o que por sua vez pode não ser adequado para uma estimativa exata. Esta variabilidade sugere que não existe um acordo real sobre o contributo de energia do bagaço de soja para a dieta (Mateos et al., 2019; Aguirre et al., 2022).

Em geral, grande parte da investigação realizada sobre o valor nutritivo do bagaço de soja centra-se nas condições aplicadas durante o processo de extração do óleo, com pouca atenção às características dos grãos originais. No entanto, pesquisas recentes sobre a qualidade e as características químicas dos grãos crus do Brasil e dos EUA que chegam aos portos europeus relataram que a proporção de grãos danificados variou entre 3,2 e 6,3% em média, dependendo da origem dos grãos (Cámara et al., 2022). Além disso, esta variação pode ser ainda maior (1,69 a 9,32%) dependendo da carga avaliada. Estas diferenças na qualidade dos grãos crus têm uma grande influência no valor nutritivo do bagaço de soja resultante, pois os grãos danificados, geralmente, são resultado de processos de fermentação e danos provocados pelo calor que reduzem a qualidade da proteína, assim como os teores de aminoácidos, sacarose e oligossacarídeos. No entanto, a diferenciação visual de grãos danificados não pode ser realizada durante o controlo de quali-

dade dos bagaços de soja após o processo de moagem e, consequentemente, as variações na qualidade dos grãos originais são frequentemente ignoradas.

Em conclusão, podem considerar-se diferentes estratégias para melhorar a sustentabilidade da indústria de alimentos compostos para animais.

Em particular, a utilização de “novos” ingredientes e coprodutos da indústria alimentar pode ajudar a reduzir os desperdícios e o impacto ambiental, embora, em alguns casos, a baixa rentabilidade económica do processo possa reduzir a sua aplicabilidade. As informações disponíveis sobre a composição química e o valor nutricional dos ingredientes atuais incluídos nos alimentos compostos para animais são, geralmente, menos do que vulgarmente aceite.

A este respeito, a qualidade das fontes de proteína, como o bagaço de soja, é muito variável e, consequentemente, devem realizar-se mais pesquisas com vista a melhorar a eficiência dos alimentos compostos para animais e reduzir as margens de segurança para alcançar um sistema de produção animal mais sustentável. Além disso, os nutricionistas e os responsáveis pelas fábricas de alimentos compostos para animais devem comparar os seus próprios dados sobre a composição química do bagaço de soja e outros ingredientes para aumentar a precisão da estimativa do seu valor nutricional com base na sua composição química.

REFERÊNCIAS

Disponível a pedido para iaca@iaca.pt

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EFICIÊNCIA PRODUTIVA EM VACAS LEITEIRAS

A atual conjuntura nacional e europeia, traduz-se numa grande volatilidade do mercado e dos preços. Aliado a isto, a invasão russa ao território ucraniano, criando uma distorção logística global, um aumento substancial de preços de energias, combustíveis e fertilizantes. Surgem também, cada vez com mais frequência, eventos climáticos extremos e imprevisíveis, desde longas secas a grandes inundações. Este panorama exige que a atividade pecuária, em geral e a atividade leiteira, em particular, seja mais sustentável que nunca, do ponto de vista económico, social e ambiental, de forma a garantir a sua continuidade.

Como atingir uma maior eficiência produtiva?

É imperativo que o setor agropecuário, nomeadamente o leiteiro, aumente a sua eficiência técnico-económica para combaterem as limitações existentes. A sustentabilidade da produção dependerá da eficácia técnica dos seus responsáveis e da eficiência produtiva dos seus animais. Mas de que fatores depende a eficiência produtiva de um animal? A alimentação, o maneio e a genética são considerados os três grandes pilares que sustentam toda a sua produção.

O papel da nutrição, neste caminho para uma maior eficiência na produção leiteira, é absolutamente determinante. Os números falam por si: na realidade, o custo relativo à alimentação das vacas leiteiras pode representar cerca de 70% do custo total de litro de leite produzido. Por outro lado, através da análise da eficiência alimentar de uma vaca leiteira, também se consegue estabelecer uma avaliação da capacidade do animal de transformar os nutrientes dos alimentos em leite, isto é, os litros de leite produzidos por quilograma de matéria seca consumida, o que, consequentemente, contribui para o aumento das margens de lucro e potencia um impacto ambiental positivo.

Nos últimos anos, os avanços têm sido notórios, no sentido da formulação de rações mais completas, equilibradas e constantes. Mas se o caminho

percorrido já se faz longo, a margem de caminho a percorrer no futuro afigura-se maior. Serão apresentados três pontos chave a ter em atenção, no que concerne ao desenvolvimento da eficiência alimentar na sustentabilidade das explorações leiteiras, quer pelo aumento da produtividade, quer pela melhor gestão dos recursos alimentares disponíveis, que serão cada vez mais reduzidos, e com custos mais elevados.

Para promover a eficiência alimentar, é necessário aumentar a digestibilidade total da dieta fornecida, para que a maior proporção dos nutrientes contidos seja aproveitada para produção de leite, diminuindo as perdas através da urina, fezes, produção de gases e calor.

A produção de leite e a ingestão de matéria seca, geralmente, evoluem paralelamente, pois, para se incrementarem as produções, as vacas devem, necessariamente, comer mais alimento. Por outro lado, a digestibilidade e o consumo não seguem as mesmas direções, na medida em que quanto maior a ingestão de alimentos, mais rápida é a passagem destes pelo trato gastrointestinal e menor tende ser o tempo disponível para que ocorra digestão.

O fornecimento de dietas que garantam máxima fermentação ruminal promovem o aumento da eficiência alimentar em vacas leiteiras. Dietas bem equilibradas, contendo fontes e teores adequados de energia, proteína, com taxas de degradabilidade ruminal ajustadas e teores de fibra que garantam estabilidade do pH ruminal, são pontos críticos para maximizar a taxa de crescimento das bactérias ruminais e aumentar a extensão e velocidade com que os alimentos são degradados por estes microrganismos.

Outro dos fatores que influencia a eficiência alimentar/produtiva é a exposição dos animais a fatores suscetíveis de provocar níveis elevados de stress. Quando os animais se encontram sob situações de stress, a sua eficiência alimentar é, consequentemente, prejudicada. A reduzida frequência de alimentação, limitações de espaço, competição de animais de tamanhos diferentes, má higiene e stress térmico são exemplos de situações

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

que podem exercer uma má influência, comprometendo assim os resultados produtivos da exploração, quer a nível alimentar, quer de sanidade do animal.

sequentemente, a eficiência económica da exploração.

Neste sentido é importante recorrermos a todos os mecanismos que dispomos para garantir que temos animais bem nutridos.

Assim, a nutrição de precisão é a melhor ferramenta para evitarmos dietas mal formuladas ou com concentrações inadequadas de vitaminas e minerais, que podem expor as vacas a determinados distúrbios metabólicos, como cetoses, acidoses, laminites, hipocalcemias, retenções de placenta, entre outros, que reduzem a eficiência alimentar dos animais, e con -

A nutrição desempenha, também, um papel preponderante na saúde da glândula mamária: vacas bem nutridas apresentam naturalmente um sistema imunológico forte, ativo e com melhores condições de combater essas infeções. Relativamente aos componentes da fração sólida do leite, a nutrição tem um papel ainda mais reforçado, uma vez que muitos dos precursores desses componentes têm a sua origem em nutrientes que derivam, direta ou indiretamente, da dieta da vaca em lactação.

A nutrição de precisão é a área que representa a procura por aumentar a exatidão com a qual as dietas são formuladas, de modo a atender às exigências dos animais, por forma a ter a melhor produção

possível mantendo os animais saudáveis. O sucesso desta prática exige que a quantidade de nutrientes fornecidos e ingeridos, assim como as exigências dos animais e especificidades da exploração sejam bem conhecidos.

A Sorgal, tem a preocupação, para além de ter todos os controlos de qualidade inerentes ao processo de fabrico do produto, ter também técnicos altamente preparados, que consigam promover no terreno esta filosofia de um acompanhamento de proximidade, reforçando a eficiência das produções e, consequentemente, o rendimento dos seus clientes.

“Um animal pode estar alimentado mas não nutrido!”
Sónia Lima Engª Zootécnica e gestora de clientes da Sojagado

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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE PATOLOGIA AVÍCOLA GRIPE, e não só…

Ao refletir sobre patologia avícola, particularmente sobre a Gripe das Aves, e apesar da enorme gravidade desta doença, sou levado a pensar no tema de modo mais abrangente. Como atuar para proteger os nossos efetivos?

Voltando à Gripe, se há alguns anos quando praticamente toda a Europa Avícola viveu este pesadelo, em Portugal conseguimos passar ao lado (houve apenas um caso numa ave selvagem na região do Algarve), a realidade vivida num passado recente foi bem diferente.

O surto que todos bem nos lembramos teve início no final de Novembro de 2021 e a partir dessa data, muitas foram as aves afetadas, desde aves selvagens, aves não comerciais de detenção caseira, assim como explorações avícolas de produção industrial.

As zonas onde ocorreram os surtos também não estiveram concentradas. Apesar da maior preponderância de casos se situar na zona centro, foram diagnosticados focos da doença de norte a sul do país. Atualmente, após a implementação das medidas de controlo e erradicação dos focos, Portugal recuperou o estatuto de país livre de gripe aviária de alta patogenicidade, de acordo com o disposto no capítulo 10.4 do Código Sanitário dos Animais Terrestres da Organização Mundial para a Saúde Animal (WOAH), a 29 de novembro de 2022.

Sabendo que ainda existem focos noutros países, e que as aves migratórias são as principais responsáveis pela disseminação do vírus (estas aves não têm fronteiras), concluímos que potencialmente todo o país esteve (e continua a estar) em perigo. Para facilitar o raciocínio, e apesar de estarmos a falar de um vírus diferente, nós humanos sabemos bem quais as regras sanitárias que tivemos de adotar para nos protegermos de uma pandemia provocada também por um vírus, neste caso um Coronavírus chamado Covid 19. Em linhas gerais essas regras passaram pelo afastamento social, uso de máscara, higiene e desinfeção e também o uso de vacinas. Mesmo com todos estes cuidados, muitas pessoas se infetaram, muitas vezes

não conseguindo ter a mais pequena noção qual teria sido a fonte dessa infeção (foi o meu caso, por exemplo).

Repito que estamos a falar de doenças diferentes, mas ao fazer um paralelismo da Gripe Aviária (e das doenças infeciosas avícolas em geral) com o Covid nos Humanos, é fácil compreender o porquê e quais as medidas a adotar no maneio das nossas explorações (independentemente da espécie) para prevenção de doença.

E agora pergunto: falou-se muito de Gripe. E as outras doenças? Será que as medidas de defesa sanitárias que devemos pôr em prática para evitar a propagação da Gripe são igualmente válidas para outras doenças?

Certamente que sim.

Regra geral, e para além do contacto direto com animais infetados, a transmissão de doenças infeciosas faz-se sempre através de:

• Contacto com as secreções e excreções de animais infetados, nomeadamente secreções respiratórias e fezes (já referido);

• Consumo de água e alimento infetados;

• Contacto indireto através de materiais e produtos contaminados (veículos de transporte de aves, equipamentos, pessoas, vestuário e calçado, produtos animais, insetos, etc.)

• Por via aerógena – disseminação do agente causal numa determinada área geográfica através de partículas transportadas pelo vento.

Assim, é fácil perceber que tudo o que pudermos fazer para cortar este ciclo deve ser implementado, no sentido de criar um “escudo protetor” ao redor dos nossos animais.

Resumindo, devemos:

• Proibir a entrada nas explorações a pessoas estranhas, principalmente se essas pessoas estiveram em contacto com outras aves;

• Gerir corretamente as entrada e operações de desinfeção dos carros de transporte de ração (ou de outros fornecedores) e carros de recolha de cadáveres;

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José João R. Sousa Nunes Médico Veterinário TNA - Tecnologia e Nutrição Animal

• Logo, pedilúvios, rodilúvios e arcos de desinfeção não são “peças decorativas”. Devem estar a funcionar e providos do desinfetante adequado;

• Ter um livro de registo para visitantes;

• Cajo seja justificado, não abrir o percurso exterior de pavilhões de criação ao ar livre;

• Quando em contacto com as aves, usar bata ou fato de macaco, botas, touca, luvas e máscara, especificamente para o pavilhão em causa. Não devemos nunca entrar num pavilhão com qualquer destas peças já utilizada num pavilhão diferente. Cada pavilhão deve ter o seu conjunto de materiais de proteção para cada pessoa;

Nota: No caso da Gripe Aviária (também comum a outras patologias), podemos albergar e transportar o vírus no inte rior das nossas fossas nasais. Logo, é importante usar a máscara.

• As pessoas que estão em contacto com as aves devem comunicar de imediato ao responsável técnico da exploração qual quer alteração no seu comportamento, quebra de consumo ou de produção e aumento da morbilidade ou mortalidade;

• Evitar ao máximo (se possível proibir) que pessoas que detenham aves em casa possam contactar com os animais de exploração (situação ideal).

Sobre este último ponto, gostaria de fazer mais alguns comentários:

Sobretudo no meio rural, é quase regra que as pessoas tenham em sua casa uma pequena capoeira com meia-dúzia de frangos e galinhas poedeiras, e eventualmente alguns perus ou patos. Tanto pela construção das ditas capoeiras, ou pelo facto de os animais facilmente andarem ao ar livre nos quintais, é fácil o contacto com aves selvagens, ou com seus excremen tos, penas e até cadáveres. As aves das capoeiras caseiras podem facilmente ser contaminadas por uma qualquer doença, mas por serem mais robustas e resistentes não apresentar qualquer sintomatologia. Na prática, quem com elas convive, e no caso de pessoas que trabalhem em simultâneo

numa exploração avícola, podem ser “transportadores” de doenças.

É fundamental que as pessoas que tenham aves em casa e trabalhem em explorações avícolas, pelo menos possam delegar as tarefas do seu tratamento caseiro noutra pessoa do agregado familiar. Ao mesmo tempo devem reforçar as medidas de proteção ao contactarem com explorações industriais.

Para que existam condições em que a criação dos animais nas explorações avícolas corra sem sobressaltos, todo este conceito de isolamento e biossegurança não é suficiente.

Começa no pavilhão e em tudo que o envolve. Explicando melhor, novamente os conceitos de higiene e desinfeção, mas aqui aplicados às instalações onde as aves vão ser criadas, os conceitos de conforto geral, assim como os de qualidade tanto do alimento, como da água de bebida.

Começando por partes:

As aves têm de ser colocadas num local perfeitamente limpo e higienizado. Para que isso aconteça, tudo o que nos faz lembrar o bando que anteriormente foi criado nesse espaço, deve ser anulado. Cama removida, desmontagem o mais completa possível dos

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comedouros e bebedouros (que deverão ser higienizados num local à parte), lavagem e desinfeção dos espaços. Atenção aos depósitos e circuitos de água e de alimento, que nesta fase deverão ser limpos e desinfetados. Não me vou deter em pormenores como atuar, já que sobre este tema existem numerosos trabalhos e guias práticos. Há, no entanto, um detalhe que considero da maior importância: Antes de qualquer procedimento de desinfeção há que remover mecanicamente todos os detritos e lavar com um bom detergente. Não há nenhum desinfetante que consiga destruir bactérias, vírus, fungos, parasitas, etc., na presença de matéria orgânica. Há que primeiro remover os restos de alimento, fezes, urina e poeiras incrustadas, para que então numa superfície limpa um qualquer desinfetante possa atuar com a máxima eficácia. Depois destes procedimentos, é importante que as instalações permaneçam vazias por algum tempo antes da chegada dos novos “inquilinos”, cumprindo o chamado vazio sanitário. Em teoria, quanto mais tempo, melhor. O ideal seria que este período tivesse a duração mínima de quinze dias. Reconheço que nem sempre é fácil que aconteça, mas se existir uma boa programação na gestão dos bandos, é possível contar com um tempo mais alargado.

Falando de conforto (sempre preferi conforto face ao termo bem-estar), também é um conceito muito abrangente. O somatório de todas as condições de criação que podemos oferecer às aves, para que se sintam protegidas e seguras, fazem parte deste conforto. Tudo o que tenha a ver com a luz, cor das paredes, temperatura e humidade, ventilação e renovação do ar, qualidade da cama, disposição dos comedouros e bebedouros, número de animais presentes por metro quadrado, ruídos, etc., são fatores de conforto.

Devemos através da observação das aves no pavilhão, aprender com elas e verificar se exibem os seus comportamentos naturais, ou se por outro lado demonstram qualquer tipo de stress. Normalmente as condições de conforto geral tentam mimetizar a vivência das aves como se estas estivessem no

seu estado selvagem. No entanto, hoje em dia esta afirmação pode já não ser totalmente verdadeira. As aves com que hoje lidamos foram objeto de um longo e contínuo processo de melhoramento genético em termos produtivos, e podem já ser muito diferentes das suas ancestrais que viviam no estado selvagem. Em caso de dúvida, as próprias empresas responsáveis pela genética das aves possuem completos guias de maneio, acessíveis em publicações, ou através dos seus sítios na Internet. Há que consultá-los e segui-los sempre que necessário. Mas atenção que se não existem dois animais iguais, ainda menos dois bandos iguais. Por vezes as particularidades de um grupo de animais exigem que algumas regras sejam alteradas. São estes pequenos pormenores e ajustamentos feitos nas condições de criação que por vezes fazem a diferença, e podem marcar a excelência de um técnico avícola.

Ainda falando sobre estas questões do conforto, gostaria de referir dois exemplos práticos, que infelizmente podem escapar até aos olhos mais atentos. Um deles na área avícola, e outro em suinicultura. Sim… por vezes também costumo “meter a foice em seara alheia” – suínos. Refiro-me à transição de instalações. No caso dos perus, por exemplo, é comum fazer a iniciação destas aves em pavilhões bem equipados e com boas condições, condizentes com a grande sensibilidade e exigência desta fase. Após seis semanas passam para outro pavilhão para iniciarem a fase de crescimento e acabamento. Partindo do princípio que nesta segunda fase os animais são menos exigentes em termos do seu conforto térmico, por exemplo, muitas vezes as aves passam para pavilhões extremamente frios (sem aquecimento), a acumular com o stress sentido pelo transporte e mudança de instalações. Pode ser um desastre. No caso dos porcos é típico o problema do desmame, e passagem dos leitões das maternidades para as baterias. Para além do frio, eles passam para um ambiente diferente e hostil, a ausência da mãe (leite materno), a reunião com animais desconhecidos de outras ninhadas, um período com subconsumo de

alimento, sem falar na ausência do Óxido de Zinco ou da proteção antibiótica. São dois exemplos na minha opinião, representativos de particular atenção que devemos pôr na melhoria das condições de conforto. Qualidade do alimento

Também mais outro conceito muito geral. O alimento tem sempre as “costas muito largas”. Para a maioria dos criadores, a dita ração é responsável de tudo de mau que se passa na exploração. Já são mais de trinta anos a lidar com estes problemas. Isto é um pequeno aparte, entenda-se como um desabafo. Por vezes pode ser verdade, mas afirmo que na maior parte delas, não é. Já referi a importância do alimento na potencial transmissão de doenças. Seja por contaminação acidental por um qualquer microorganismo específico, como o vírus da Gripe ou Salmonella , por exemplo, ou seja, por má higiene ou conspurcação de matérias-primas ou anomalias durante o processo de fabrico. Obviamente qualquer delas são situações complexas e de evitar. Também não vou discutir valores nutricionais, ou a vantagem do uso da matéria-prima A face à B, ou sobre as vantagens e quão imprescindíveis são alguns aditivos, como Probióticos, Prebióticos, Enzimas, Ácidos orgânicos e Fitobióticos. Mas há algo mais simples e de capital importância: a apresentação

As apresentações possíveis são em farinha, migalha ou granulado. As aves de carne de crescimento rápido, em regra consomem migalha nas primeiras fases e granulado a partir de uma certa idade, e até ao abate. É importante considerar a dureza e dimensões, assim como as transições entre as várias fases e apresentações.

No que diz respeito à dureza, é frequente observarmos extremos. Explicando melhor, por vezes deparamo-nos com um granulado completamente partido, que mais parece farinha, mas também não é raro presenciarmos granulados exageradamente duros. É uma questão de bom-senso. A partícula de alimento deve estar adaptada à dimensão dos bicos das aves e deve ser suficientemente resistente em termos de dureza para não se desfazer durante o percurso que

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sofre (tanques de transporte, silos e tubagens), até chegar ao comedouro dos animais. Sabemos que os perus, por exemplo, demoram cerca de sete dias para se adaptarem à mudança da apresentação da ração, sobretudo se esta mudança for muito radical. Durante este período, na prática, as aves vão apenas comer uma parte do que consumiriam em condições normais. Para além das implicações imediatas na velocidade de crescimento, outros problemas podem surgir como diarreias ou até outras patologias mais graves. O subconsumo de alimento por si só, pode ser responsável por uma quebra importante do equilíbrio intestinal. Na minha prática de campo, frequentemente encontro numa exploração comedouros com ração muito farinada, mas na visita da semana seguinte essa mesma ração já aparece demasiado dura. Porventura a fábrica tentou corrigir a situação, mas fê-lo em excesso. É importante que um equilíbrio seja mantido. Na minha opinião, este ponto é mais importante do que fazer uma ração com mais trinta ou quarenta Kcal, ou com teores reforçados de Ácidos Aminados para tentar corrigir uma qualquer situação.

ção correta e adaptada à fase de desen volvimentos dos animais.

Água de Bebida

Já quase tudo foi dito em relação a este tema. Quero chamar a atenção apenas para dois pontos:

1) – A água de bebida dos nossos animais deve ter qualidade química e microbio lógica em tudo semelhante à água para consumo humano;

2) – Esta qualidade deve ser observada ao longo de todo o circuito (cuidados com a higienização das tubagens), nomeada mente nos bebedouros, pois é aí que os animais a consomem.

Pode ser necessário (e quase sempre é) usar desinfetantes. Pode também ser necessário corrigir o pH. O que interessa é o resultado final, ou melhor o “produto” que os animais têm acesso. Também não nos podemos esquecer que normalmente as aves bebem o dobro em relação ao que comem. Sim, deve mos considerar a água como um alimento.

Notas finais:

Existe uma situação que os nossos produtores não deveriam esquecer:

É do seu interesse proporcionar as melhores condições possíveis para a criação das aves.

Se se sentirem confortáveis, num ambiente limpo, sem ameaças vindas do exterior (um bom esquema de proteção e biossegurança), e com um alimento e água de bebida em condições, certamente que os resultados produtivos serão melhores, o que no fim significa um maior lucro.

Não sou de modo nenhum contrário ao uso de antibióticos ou outros medicamentos. Devem ser usados com critério e se a situação clínica assim o justificar. Não são para usar em situações profiláticas, porque a verdadeira profilaxia está na defesa sanitária e nas boas práticas de maneio dos nossos animais.

A título de exemplo, se numa determinada exploração existir uma água de bebida contaminada por coliformes, pode haver a tentação de administrar aos animais um antibiótico para os proteger contra essas bactérias. Está completamente errado. Devemos sim atuar a montante, e fazer um tratamento correto à referida água.

Sobre este aspeto, costumava dar uma imagem aos meus alunos da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, ilustrativa da situação: Imaginemos que uma pessoa tem um prego espetado num sapato, e que esse prego está a fazer uma pequena ferida no pé. Qual a solução: Todos os dias desinfetar a ferida, ou pura e simplesmente arrancar o prego com um alicate?

Fica a pergunta.

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NIR – UMA TECNOLOGIA DE FUTURO EM ALIMENTAÇÃO ANIMAL E HUMANA

técnica que se baseia na absorção eletromagnética de compostos orgânicos e que permite analisar alimentos para animais e géneros alimentícios e obter os resultados em tempo real. É uma técnica versátil, que promete não só responder rapidamente, como apresenta múltiplas vantagens sobre os métodos químicos tradicionais. Desde logo, é um procedimento físico, não destrutivo, que mantém a amostra em análise intacta, sendo necessário pouca ou por vezes nenhuma manipulação da amostra. Não requer a utilização de produtos químicos e consumíveis e a leitura das amostras é realizada de forma simplificada, permitindo a análise de diversos parâmetros em simultâneo [1]

QUAL A SUA APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA?

Esta técnica pode ser utilizada em diversos setores: indústrias alimentícias (alimentar e animal), petroquímica, agroquímica, polímeros, papel e celulose, farmacêutica, entre outras.

O Laboratório de Investigação e Desenvolvimento da DIN – Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A. distingue-se no controlo de qualidade de produtos nas áreas da alimentação humana, alimentação animal e ambiente.

A missão do Laboratório de Investigação e Desenvolvimento passa por acrescentar valor ao negócio dos nossos clientes, utilizando tecnologia avançada e acompanhando a evolução do mercado. Destacamo-nos pela nossa equipa multidisciplinar e cientificamente competente que, aliada à tecnologia e inovação, implementa continuamente novos métodos de ensaio.

Em 2018, a tecnologia NIR assumiu um lugar determinante no nosso laboratório, de forma a garantir uma resposta rápida ao cliente, auxiliando-o no cumprimento do seu controlo de qualidade. Atualmente, esta área é gerida pela Eng.ª Andreia Nunes, licenciada em Engenharia da Indústria Alimentar. É uma área com foco no desenvolvimento de serviços que vão ao encontro das necessidades do cliente. Fazer mais e melhor é a nossa meta!

O QUE É A TECNOLOGIA NIR?

A Espectroscopia Infravermelha Próxima (do inglês NIRS: Near-Infrared Spectroscopy) é um método de espetroscopia que usa a região do infravermelho próximo do espectro eletromagnético. O NIR é uma

A sua aplicabilidade incide no controlo de qualidade de produtos e processos, abrangendo a receção da matéria-prima, o processo de fabrico e o controlo do produto final. O controlo na receção de matérias-primas permite decidir sobre a sua aceitação e a otimização da sua incorporação. Quando falamos em controlar o processo de fabrico, estamos a verificar em tempo real, o cumprimento da formulação, permitindo efetuar os ajustes necessários.

QUAL IMPORTÂNCIA DO NIR NA INDÚSTRIA?

Nos dias de hoje é fundamental decidir em tempo útil quando queremos controlar todas as etapas de um processo, desde a matéria-prima ao produto final. Para tal, é importante encontrar técnicas de análise rápidas e a tecnologia NIR é a ferramenta que preenche essa necessidade. Em poucos minutos, obtêm-se informações sobre os produtos que permitem a melhoria da qualidade e eficácia dos processos, traduzindo-se em poupanças efetivas.

O QUE PERMITE ALCANÇAR A FIABILIDADE DE RESULTADOS?

Existe um controlo de qualidade muito rigoroso, quer de precisão, quer de exatidão, o que confere fiabilidade aos resultados obtidos pelo NIR.

A calibração do equipamento NIR tem por base a correlação de espetros de amostras com os respetivos parâmetros analisados pelas técnicas de referência, obtidos pelo nosso laboratório. O desenvolvimento das calibrações é realizado no nosso laboratório, de forma autónoma e independente, o que reforça a capacidade de resposta às solicitações dos clientes.

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ANIMAL INVESTIGAÇÃO
ALIMENTAÇÃO
[1] M. Uddin, E. Okazaki, M. U. Ahmad, Y. Fukuda, e M. Tanaka, «NIR spectroscopy: A non-destructive fast technique to verify heat treatment of fish-meat gel», Food Control, vol. 17, n. 8, pp. 660–664, 2006.

Ou seja, existe um trabalho cientificamente complexo, executado pelos nossos técnicos qualificados, para que os resultados do NIR tenham alcançado o reconhecimento verificado atualmente.

RECONHECIMENTO DO NIR COMO TÉCNICA ACREDITADA PELO IPAC

O ano de 2022 foi decisivo quanto à comprovação da fiabilidade do NIR, pois foi o ano em que se obteve a Acreditação desta técnica pela primeira vez em Portugal, pelo IPAC. O laboratório da DIN, foi pioneiro nesta conquista.

A acreditação veio reforçar a fiabilidade de resultados, mostrar evidências de competência técnica, trazer reconhecimento e aceitação internacional, mas acima de tudo, garantir o mais importante – a satisfação do cliente.

O NIR COMO UMA FERRAMENTA INOVADORA

Acreditamos que a potencialidade do NIR pode revolucionar o controlo de qualidade dos alimentos para animais e géneros alimentícios, e com isto melhorar a qualidade dos produtos que consumimos e garantir a segurança alimentar.

O NIR é uma técnica inovadora e que no nosso laboratório tem uma permanente evolução. O know-how que detemos atualmente sobre esta técnica é fruto do nosso investimento em investigação de novas aplicabilidades do NIR, o que nos permite também ter a capacidade de responder aos desafios propostos pelos nossos clientes, num trabalho simbiótico. É essa característica que nos distingue no setor dos alimentos e agroalimentar e nos faz ter o reconhecimento e confiança dos nossos clientes.

O NIR é a tecnologia do futuro na alimentação e é uma porta aberta que permitirá responder às necessidades de um mercado em constante evolução.

“Tudo parece impossível até que seja feito.” Nelson Mandela

* Percurso profissional

Engª Andreia Nunes, licenciada em Engenharia da Indústria Agroalimentar, pela Escola Superior Agrária de Viseu. Há 16 anos que executa diversas atividades laboratoriais, adquirindo uma ampla experiência em análises químicas na área animal e alimentícia, em controlo da qualidade e implementação e validação de metodologias.

Nos últimos anos tem-se debruçado, maioritariamente, na área de NIR-Espetroscopia de Infravermelho Próximo, tendo recentemente abraçado um novo projeto nesta área na empresa DIN, S.A. Este desafio levou à acreditação da tecnologia NIR, sendo o Laboratório de Investigação e Desenvolvimento, da DIN, S.A., o primeiro em Portugal com esse reconhecimento. Atualmente, desenvolve calibrações de análise nutricional a diferentes matrizes, de forma a apoiar a empresa nos seus projetos de I&D, enquanto executa apoio técnico a clientes. Além disso, dedica-se também à área de investigação científica em projetos internos, promovendo novos serviços.

A nossa experiência, a sua eficiência

Especialista em nutrição e saúde animal, a D.I.N – Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A. disponibiliza aos seus clientes soluções nutricionais inovadoras cuja conceção se encontra suportada na constante evolução técnica em nutrição animal.

A nossa equipa multidisciplinar garante a prestação permanente de serviços técnico – veterinários e laboratoriais indo de encontro às necessidades específicas de cada cliente.

e

E SAÚDE ANIMAL D.I.N. Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A. Zona Industrial da Catraia | Apartado 50 | 3441-909 SANTA COMBA DÃO (Portugal) Tel. (+351) 232 880 020 | Fax. (+351) 232 880 021 | geral@din.pt | www.din.pt Inovação
NUTRIÇÃO
Investigação e Desenvolvimento Análises Microbiológicas
Físico-químicas Formulação e Apoio Técnico
É M MI ST S UR AS A R É- PR AM M IN AS S E V IT D DE E RA IS S M MI NE O R RATÓ T RI O A BO L LA DI TA A DO O D AC RE D A I A AL IDAD E ES PE E CI ES S P C IO O NA IS U TR IC N NU
Andreia Nunes *

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

SÉRIE ANDRITZ OptiMix DE MISTURADORES PARA A INDÚSTRIA DE RAÇÕES

A linha completa de produtos de moagem ANDRITZ produz alimentação de alta qualidade através de um processamento rápido e eficiente. Isto é possível reduzindo os tempos de processamento, minimizando o desperdício, protegendo a saúde e a higiene, conservando assim os seus preciosos recursos. Como o processo de mistura é uma etapa crucial para determinar o resultado final do seu produto, a ANDRITZ oferece uma linha completa de misturadores de pás OptiMix para atender às suas necessidades exatas de mistura.

O design do eixo por veio do OptiMix apresenta pás independentes. Esta escolha de design torna a limpeza simples e a manutenção fácil e acessível porque cada pá pode ser substituída conforme necessário, em vez de ter que substituir toda a unidade de mistura interna.

O VDF também contribui para tempos curtos de mistura a seco, superando os padrões da indústria. Os valores de coeficiente de variação caem abaixo de 5% a 1:100.000, resultando até 20 lotes homogéneos por hora. O teste de velocidades de mistura e distribuição de partículas é realizado na academia da ANDRITZ, utilizando a tecnologia de rastreamento Microtracer-F. As amostras são recolhidas dentro da câmara de mistura, bem como no ponto de descarga para resultados comprovados. Cada OptiMix é testado e é emitido um certificado de mistura genérico. Existem mais certificações específicas disponíveis.

O OptiMix foi desenvolvido com um sistema patenteado de rotação dupla que oferece um alto padrão de mistura higiénica. Misturadores de hélice para lotes ou produção continua são uma escolha comum para mistura na indústria de ração, e são tipicamente equipados com um único mecanismo de mistura feito de uma rede de peças internas. Além disso, a câmara de mistura onde se encontra a hélice é extremamente confinada, tornando o acesso quase impossível. Estes dois fatores tornam a manutenção e a limpeza regulares praticamente impossíveis.

A série OptiMix de misturadores de pás destaca-se dos outros misturadores porque o sistema de rotação dupla usado para misturar os ingredientes da ração usa um variador de velocidade (VFD) para inverter a direção da mistura durante a mesma. Ao inverter a direção da mistura elimina a acumulação de material nas pás de mistura e cria um lote uniforme, reduzindo assim a ocorrência de contaminação cruzada que pode levar ao desperdício de recursos, acumulação de resíduos de medicamentos e toxicidade.

Muitos outros recursos também foram incorporados com o objetivo de aumentar a saúde e a higiene, como as vedações de ar insufláveis que tornam a descarga inferior selada hermeticamente, sistemas de vedação que evitam fugas e a descarga do material aprimorada de modo a reduzir a contaminação cruzada. É possível adquirir todos os misturadores da série OptiMix em aço inoxidável. Será a escolha ideal para uma produção limpa, além de prolongar a vida útil geral do produto.

Além de alcançar o objetivo de melhores opções de saúde e segurança, o OptiMix oferece muitos recursos projetados para facilitar o acesso ao equipamento para inspeção, limpeza e reparação. Os bicos do sistema de líquidos são acessíveis sem entrar no misturador, facilitando assim o acesso aos mesmos.

Além da cablagem elétrica e outras instalações serem integradas na unidade, é instalada uma escada na extremidade do misturador tornando a entrada mais fácil e segura do que noutros misturadores padrão.

A série OptiMix combina o melhor da tecnologia de mistura atual com recursos comprovados da família de misturadores, oferecendo tempos de mistura curtos e eficientes e os melhores padrões de higiene.

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Figura 1 – MIsturador Optimix em aço inoxidável Figura 2 – Eixo por veio Figura 3 – Mistura do material

DA SUPLEMENTAÇÃO COM UMA COMBINAÇÃO

EFEITOS

DE LISOLECITINA, UM PÓ EMULSIONANTE SINTÉTICO E MONOGLICERÍDEOS DRY OU LÍQUIDO EM DIETAS DE ALTA E BAIXA ENERGIA NO DESEMPENHO E BEM-ESTAR DE FRANGOS DE CARNE

Este artigo corresponde a um trabalho incluído nas atas do 6º Congresso Internacional de Carne de Aves, realizado em Antália (Turquia) entre 1 e 5 de março de 2023.

Resumo

Com elevados custos de produção e uma crescente preocupação com o bem-estar animal, a indústria avícola necessita de soluções que reduzam os custos com as rações sem prejudicar o desempenho e mantendo simultaneamente os mais elevados padrões em termos de bem-estar. A suplementação com uma combinação de lisolecitina, um emulsionante sintético e monoglicerídeos (LEX) na forma líquida e pó para dietas de frangos de carne com diferentes níveis de energia foi investigada para determinar o seu efeito no desempenho, qualidade da cama e posterior ocorrência de lesões nas almofadas plantares. Mil duzentos e quarenta e oito frangos de carne Ross 308 com um dia de idade foram distribuídos por um dos seis tratamentos para um estudo de 42 dias: uma dieta basal de controlo com alto teor de energia (HE); HE + 300g/t LEX líquido; HE + 500g/t LEX dry; uma dieta basal de controlo com baixo teor de energia (LE, – 90 kcal/kg em relação a HE), LE + 300g/t LEX líquido e uma LE + 500g/t LEX dry. Cada tratamento consistiu em 13 galinheiros (repe -

tições) de 16 aves cada. A ingestão de ração e o peso foram medidos aos 0, 10, 21 e 42 dias. No dia 42, procedeu-se à recolha de uma amostra de cama de cada galinheiro (5 zonas dentro do galinheiro) e avaliaram-se duas aves por galinheiro quanto a lesões nas almofadas plantares. Os resultados mostraram um maior (p<0,05) ganho cumulativo de peso corporal (GPC) com o suplemento LEX. No entanto, não houve efeito (p<0,05) do nível de energia ou interação entre energia e suplementação. Observou-se um aumento (p<0,05) na ingestão de ração para as dietas LE, no entanto, a eficiência alimentar cumulativa (CA) dos tratamentos LE + LEX permaneceu igual (p>0,05) ao Controlo HE, o que sugere que a aplicação de LEX permitiu que as aves colmatassem a lacuna de energia. A CA cumulativa das dietas LE foi aumentada (p<0,05) em relação à HE, mas registou-se uma tendência (p<0,1) de melhoria da CA quando se utilizou LEX. Registou-se uma percentagem significativamente melhorada da matéria seca na cama de aves alimentadas com LEX, em comparação com os grupos de controlo HE e LE. Isto refletiu-se numa menor (p<0,05) ocorrência e gravidade das lesões nas almofadas plantares em aves suplementadas com LEX em comparação com os dois tratamentos de controlo. Em conclusão, alimentar frangos de carne com uma combinação de lisolecitina, um emulsionante sintético e monoglicerídeos resultou num melhor desempenho das aves. Adicionar LEX a dietas LE resultou no mesmo GPC que o Controlo HE. A utilização de LEX também melhorou a qualidade da cama e a saúde das almofadas plantares, melhorando, assim, o bem-estar animal.

Palavras-chave: Lisolecitina, digestibilidade, aminoácidos, ácidos gordos, absorção de nutrientes

Introdução

O principal fator que influencia a utilização diferencial de nutrientes e o desempenho de crescimento em frangos de carne é o nível de energia da dieta [1]

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
Alexandra Wealleans1, Alexandra Desbruslais1, David Gonzalez-Sanchez1, Roba Abo Ashour1 1 Kemin Europa N.V., Herentals, Bélgica

e as reduções na densidade de energia estão correlacionadas com o desempenho de crescimento deteriorado [2, 3, 4, 5]. Demonstrou-se que satisfazer os elevados requisitos de energia e aminoácidos dos frangos de carne de genética de crescimento rápido resulta numa melhor eficiência alimentar [6] e implica a formulação de dietas com ingredientes altamente energéticos e proteicos e, muitas vezes, dispendiosos. Isto é particularmente preocupante, considerando que a ração representa cerca de 70% do custo total de produção de frangos de carne [7]. Manter o equilíbrio entre o desempenho do crescimento dos frangos de carne e a rentabilidade da produção não é uma tarefa fácil para a indústria avícola moderna, e o aumento sustentado do custo das matérias-primas para rações continua a ser o principal desafio [8], especialmente no contexto global de cadeia de abastecimento cada vez mais volátil e com várias interrupções na cadeia de abastecimento provocadas pela pandemia de COVID-19. Maximizar

a utilização de nutrientes, como energia e aminoácidos, com o menor custo de ração possível, pode oferecer aos nutricionistas uma janela de oportunidade para melhorar a rentabilidade geral dos frangos de carne. A reformulação de dietas com vista a reduzir os custos e a densidade de nutrientes com a utilização de combinações à base de lisolecitina provou ser uma estratégia eficaz a este respeito [3, 5, 9-12]. Quando as aves entram em contacto com uma cama com um elevado teor de humidade e amoníaco, pode ocorrer dermatite de contacto, resultando em lesões nas almofadas plantares e queimaduras por amoníaco no peito das aves. Isto pode resultar numa degradação substancial das carcaças e até mesmo na sua retirada do consumo humano, com implicações económicas óbvias [13]. No entanto, existe uma escassez de dados sobre o efeito de combinações à base de lisolecitina em lesões nas almofadas plantares e mitigação de queimaduras no peito. Como tal, realizou-se um estudo para, além de avaliar o

impacto no desempenho da aplicação de uma combinação de lisolecitina, um emulsionante sintético e monoglicerídeos (LEX), em diferentes formas físicas e numa dieta de alta e baixa energia, também avaliar o efeito nas pontuações da saúde das almofadas plantares e queimaduras no peito.

Material e Métodos

O ensaio foi realizado na Roslin Nutrition (Escócia). Todos os procedimentos experimentais foram realizados de acordo com as práticas comerciais e em conformidade com

Quadro 1. Ingredientes e composição calculada de nutrientes das dietas experimentais (% como alimentado)

1 Fornecido por quilo de dieta: Vitamina A: 12.000 IU; Vitamina D3: 2.400 IU; Vitamina E: 30 mg; Vitamina K3: 3 mg; Vitamina B1: 2,2 mg; Vitamina B2: 8 mg; Vitamina B6: 5 mg; Vitamina B12: 11 µg; Ácido fólico: 1.5 mg; Biotina: 150 µg; Pantotenato de cálcio: 25 mg; Ácido nicotínico: 65 mg; Mn: 60 mg; Zn: 40 mg; I: 0,33 mg; Fe: 80 mg; Cu: 8 mg; Se: 0,15 mg; Etoxiquina: 150 mg, Xilanase: 45000 U.

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Inicial (0-10 dias) Crescimento (11-21 dias) Finalização (22-42 dias) Ingredientes (%) HE LE HE LE HE LE Milho 46,88 45,70 48,73 49,31 51,81 52,31 Trigo 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 Farinha de colza 35% PB - 3,50 - 4,23 - 4,33 Farinha de soja 47% PB 35,27 35,21 32,49 31,05 30,43 28,63 Soja integral 35% PB 1,50 - 2,40 - 2,00Óleo de soja 2,40 1,80 3,00 2,10 3,14 2,20 MCP 0,92 0,88 0,68 0,65 0,45 0,42 Bicarbonato de Sódio 0,30 0,28 0,18 0,19 0,10 0,10 Calcário 1,19 1,17 1,18 1,13 0,90 0,85 Cloreto de Sódio 0,27 0,27 0,30 0,29 0,30 0,30 DL-Metionina 0,333 0,30 0,290 0,271 0,227 0,207 L-Lisina HCl 0,233 0,208 0,144 0,166 0,084 0,106 L-Treonina 0,116 0,097 0,082 0,083 0,040 0,040 L-Valina 0,076 0,054 0,019 0,021 -Fitase 5000 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Pré-mistura de vitaminas1 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 Nutrientes AME (kcal/kg) 2885 2795 2960 2860 3010 2910 Proteína bruta (%) 22,50 22,50 21,00 21,00 20,00 20,00 Gordura (%) 5,06 4,25 5,85 4,64 6,00 4,81 Fibra bruta (%) 3,20 5,63 3,14 3,45 3,06 3,38 Lisina Digestível (%) 1,22 1,22 1,10 1,10 1,00 1,00 Cálcio (%) 0,95 0,96 0,90 0,90 0,75 0,75 Total P (%) 0,58 0,60 0,52 0,54 0,46 0,48 P digestível (%) 0,45 0,45 0,40 0,40 0,35 0,35 Sódio (%) 0,19 0,19 0,17 0,17 0,15 0,15

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toda a legislação local em termos de bem-estar animal. A duração do estudo foi de 42 dias. Um total de mil duzentos e quarenta e oito frangos de carne machos Ross 308 com um dia de idade (43,6 g ao nascer) foram distribuídos aleatoriamente por 6 tratamentos dietéticos consistindo em 13 galinheiros com 16 aves cada: uma dieta basal de controlo com alto teor de energia (HE); HE + 300g/t LEX líquido; HE + 500g/t LEX dry uma dieta basal de controlo com baixo teor energético (LE, – 90 kcal/kg em relação a HE), LE + 300g/t LEX líquido e uma LE + 500g/t LEX dry. As dietas foram fornecidas em 3 fases: uma dieta inicial dos 0 aos 10 dias; uma dieta de crescimento dos 11 aos 21 dias e uma dieta de finalização dos 22 aos 42 dias (Quadro 1). Os valores nutricionais das dietas foram calculados de acordo com os valores CVB 2018 de alimentos para animais [14]. A combinação de lisolecitina, um emulsionante sintético e monoglicerídeos (LEX) utilizada neste estudo foi LYSOFORTE® Extend e foi fornecida pela Kemin Europa NV, Herentals, Bélgica.

Todas as aves foram pesadas à sua chegada à incubadora e nos dias 10, 21 e 42. Os

sacos de ração, bem como a ração restante nos comedouros, foram pesados ao mesmo tempo para calcular a ingestão de ração e a taxa de conversão alimentar (CA). Os galinheiros foram monitorizados diariamente quanto à mortalidade. No dia 42, avaliaram-se duas aves por galinheiro quanto às pontuações para as almofadas plantares e queimaduras no peito de acordo com um sistema de avaliação padronizado: 0 = sem evidência de danos; 1 = danos ligeiros 2 = danos graves. Além disso, recolheu-se cama de cada galinheiro e analisou-se o conteúdo de matéria seca (MS).

Todos os dados foram analisados estatisticamente na plataforma Fit Model do JMP 16, com separação de médias realizada com recurso ao teste de Tukey HSD (diferença significativa honesta). Considerou-se P<0,05 para indicar uma diferença significativa.

Resultados e discussão

O Quadro 2 apresenta o efeito da suplementação com LEX dry ou líquido em dietas de alta ou baixa energia no desempenho

de crescimento de frangos de carne. O desempenho do crescimento foi um pouco inferior em comparação com os objetivos de desempenho do macho Ross 308 [15] para o mesmo período de crescimento de 42 dias. Formulámos a hipótese de que o motivo subjacente poderia ter sido a menor ingestão de ração em comparação com os objetivos de desempenho. A ingestão cumulativa de ração por período foi em média 18 g, 99 g, 162 g e 288 g menor nos períodos de 0-10 dias, 11-21 dias, 22-42 dias e 0-42 dias, respetivamente, em comparação com os objetivos de desempenho do macho Ross 308 [15].

No dia 10, os frangos de carne alimentados com a suplementação LEX aumentaram (p<0,05) o peso corporal (PC) das aves quando aplicadas a dietas de alta e baixa energia. Durante os dias 11-21, os frangos de carne alimentados com dietas HE apresentaram maior (p<0,05) GPC, IR e melhor (p<0,05) CA, em comparação com frangos de carne alimentados com dietas LE. Durante os dias 21-42, as aves alimentadas com LEX líquido ou dry, tanto nas

Quadro 2. Efeito da suplementação com LEX dry ou líquido em dietas de alta ou baixa energia, sobre o desempenho do crescimento de frangos de carne.

* PC: peso corporal (g/ave); GPC: ganho de peso corporal (g/ave); IR: ingestão de ração (g/ave); CA: taxa de conversão alimentar

** n= 13 repetições por tratamento (16 aves por repetição)

*** CA ajustada para 2,8 kg de PC de acordo com o Ross Broiler Pocket Guide [16]

de ração/kg de GPC)

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(kg
Alta Energia Baixa Energia SEM Valor-p*** Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Energia LEX Energia* LEX PC* dia 0 43,44 43,64 43,88 43,49 44,15 43,01 0,4061 0,7759 0,4970 0,2730 PC dia 10 261 268 273 264 271 276 3,2545 0,2842 0,0034 0,9941 PC dia 21 908 915 941 910 912 908 7,9126 0,0960 0,1671 0,0934 PC dia 42 2766 2873 2938 2761 2831 2936 61,028 0,8007 0,0332 0,9269 GPC* dia 0-10 217 225 233 221 227 230 3,1668 0,2559 0,0026 0,9877 GPC dia 10-21 647 647 668 646 640 632 7,8407 0,0352 0,7417 0,0977 GPC dia 21-42 1853 1958 1997 1855 1920 2027 58,075 0,9714 0,0435 0,8559 GPC dia 0-42 2718 2829 2895 2722 2787 2893 60,994 0,8021 0,0331 0,9242 IR* dia 0-10 278 270 285 266 278 283 5,4071 0,6302 0,0863 0,2257 IR dia 10-21 902 900 916 908 934 937 9,8896 0,0217 0,1220 0,3790 IR dia 21-42 3298 3375 3410 3411 3424 3563 61,568 0,0529 0,1319 0,7230 IR dia 0-42 4479 4545 4611 4584 4636 4783 67,771 0,0400 0,0737 0,8376 CA dia 0-10 1,279 1,203 1,245 1,203 1,223 1,215 0,0201 0,1062 0,4147 0,0851 CA dia 10-21 1,394 1,392 1,373 1,405 1,460 1,485 0,0174 <,0001 0,2256 0,0287 CA dia 21-42 1,784 1,726 1,710 1,874 1,786 1,765 0,0343 0,0237 0,0356 0,8719 CA* dia 0-42 1,649 1,607 1,595 1,698 1,664 1,656 0,0208 0,0027 0,0747 0,9560 CA Ajust 2,8 kg*** 1,657 1,591 1,564 1,707 1,657 1,623 - - -Dif. CA Ajust vs. Controlo (g ração/kg GPC) – 66 – 93 – 50 – 84 - - - -

Quadro 3. Efeito da suplementação com LEX dry ou líquido em dietas de alta ou baixa energia, sobre a MS da cama aos 42 dias.

n = 13 repetições por tratamento

Quadro 4. Efeito da suplementação com LEX dry ou líquido em dietas de alta ou baixa energia, na pontuação das almofadas plantares e queimaduras no peito aos 42 dias.

* 0 = sem evidência de danos; 1 = danos ligeiros; 2 = danos graves.

** n= 13 repetições por tratamento (2 aves por repetição)

dietas HE como LE, apresentaram novamente maior (p<0,05) GPC em comparação com frangos de carne não suplementados, com LEX líquido alcançando os valores mais elevados em GPC em comparação com LEX dry para o mesmo nível de energia. Este padrão refletiu-se numa melhor (p<0,05) CA após a suplementação com LEX dry ou líquido para o mesmo período de crescimento. Os resultados cumulativos (0-42 dias) mostraram que os frangos de carne alimentados com HE apresentaram uma melhor (p<0,05) CA do que os frangos de carne alimentados com dietas LE. Dos 0 aos 42 dias, a suplementação com LEX dry ou líquido melhorou (p<0,05) o GPC e tendeu a melhorar a (p<0,1) CA quando aplicada nas dietas HE e LE, com a forma líquida a apresentar os melhores resultados.

O efeito da suplementação com LEX na CA quando aplicada às dietas NE e LE tornou-se mais relevante ao ajustar a CA para o mesmo PC final de 2.8 kg [16], sendo 66 e 93 g ração/kg GCP inferior para LEX dry e líquido respetivamente em comparação com Controlo HE e 50 e 84 g ração/kg GPC inferior para LEX dry e líquido respetivamente em comparação com Controlo HE. Ao comparar o grupo de controlo NE com o grupo de controlo LE, as conclusões mostraram que a redução do nível de AME com 90 kcal/kg na fase inicial e 100 kcal/kg na

fase de crescimento e finalização (Controlo LE), prejudicou claramente a eficiência alimentar com 50 g de ração /kg GCP (1,707 Controlo LE vs. 1,657 Controlo HE). A utilização de LEX dry em dietas LE compensou totalmente este impacto, garantindo que a CA permanecesse igual ao Controlo HE (1,657). A CA até melhorou com a utilização de LEX líquido (1,623 LE LEX líquido vs. 1,657 Controlo HE).

O Quadro 3 apresenta o efeito da suplementação com LEX dry ou líquido em dietas de alta ou baixa energia sobre a matéria seca da cama. A adição de LEX nas dietas HE e LE reduziu (p<0,0001) a humidade da cama em comparação com as dietas de controlo. Isto confirma a evidência observacional do ensaio, onde a cama nos galinheiros suplementados era visivelmente melhor do que nos galinheiros de controlo.

Quando as lesões nas almofadas plantares e as queimaduras no peito foram avaliadas entre os tratamentos (quadro 4), a utilização de LEX dry e líquido independentemente do nível de energia da dieta, resultou numa diminuição (p<0,0001) na incidência e gravidade das lesões, como se observou em até quase 68% e 86% de redução nas lesões nas almofadas plantares e queimaduras no peito, respetivamente. Provavelmente, estas reduções estão relacionadas com a redução da humidade da cama observada com dietas suplementadas com LEX.

Conclusões

A utilização de dietas de alta energia em frangos de carne resultou numa melhor conversão alimentar em comparação com a utilização de dietas de baixa energia. A suplementação com LEX dry ou líquido às dietas HE ou LE melhorou o PC final e tendeu a reduzir a taxa de conversão alimentar, ao mesmo tempo que melhorou o bem-estar das aves através da redução da incidência e gravidade de lesões nas almofadas plantares e queimaduras no peito.

Referências disponíveis a pedido

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SEM Valor-p* Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Energia LEX Energia* LEX MS Cama, % 50,63b 68,13a 66,33a 49,44b 64,32a 66,10a 2,019 0,2927 <0,0001 0,6574
Alta Energia Baixa Energia SEM Valor-p** Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Controlo LEX DRY LEX LÍQUIDO Pontuação das almofadas plantares* 1,65a 0,65b 0,69b 1,73a 0,88b 0,77b 0,0098 <0,0001 Queimaduras no peito* 1,65a 0,92b 1,12b 1,77a 1,00b 0,88b 0,1173 <0,0001
Alta Energia Baixa Energia
*

ESTABILIZADOR DO RÚMEN E DO ESTADO GERAL DA VACA

Na alimentação com alto teor de concentrado que atualmente fornecemos às nossas vacas leiteiras, o pH do rúmen varia ao longo do dia dependendo da composição dos alimentos e da distribuição das refeições aos animais. Esses altos e baixos no pH ruminal podem causar acidose subclínica (SARA) quando o pH esteja abaixo de 5,8 por mais de 3 horas; e acidose clínica quando o pH esteja em níveis mais baixos e persista ao longo do tempo.

Desde os anos 90, não havia novidades em termos de estudo de aditivos para o controle de pH ruminal e, consequentemente, procurar manter a funcionalidade do rúmen em estado ideal, ou o que é o mesmo, que assegurar um alto desempenho da vaca leiteira. A partir de 2015, nasceu a ideia de criar um produto poderoso e seguro que poderia rapidamente neutralizar a acidez do pH ruminal após a distribuição da comida e, por sua vez, assegurando por várias horas o seu efeito. Todos usavam as soluções tampão clássicas (bicarbonato de sódio) ou alcalinizadores (óxidos de magnésio com grande variabilidade), lithothamnium, etc.

O que significa SARA?

É uma combinação de dois efeitos, a redução do pH ruminal associada ao alimento oferecido.

Afeta até 40% das vacas de alta produção. Produzindo…

• PERDAS ECONÓMICAS IMPORTANTES

• PERDA DE PRODUÇÃO EM QUANTIDADE

• ABCESSOS NO FÍGADO E LAMINITE-CLAUDICAÇÃO

• PIORA DO ESTADO FISIOLÓGICO DO ANIMAL

• DEPRESSÃO E FLUTUAÇÕES NA INGESTÃO

• APARECIMENTO DE DOENÇAS

• PERDA DE QUALIDADE DO LEITE

• DANOS GASTROINTESTINAIS

• FERTILIDADE DIMINUÍDA

320 óxidos de magnésio foram testados, além da nossa fórmula com três OMg extraídos nas minas Magna de Navarra em Espanha. Para obter alta solubilidade e absorção, foi feita uma granulação muito fina (0,03mm) juntamente com uma alta calcinação a temperatura uniforme.

Entre novembro de 2016 e julho de 2019 foram realizados estudos de fermentação in vitro Meta-análise, com 28 testes in vitro em rúmen artificial e com 50 produtos diferentes e comprovados:

– pHix-up, bicarbonato de sódio (BS), óxido de magnésio (MgO de diferentes fontes) e misturas comerciais. A compilação da meta-análise concluiu:

– pHix-up é o produto mais indicado para aumentar o pH ruminal e mantê-lo acima de 5,8, agindo em menos de 2 horas após a distribuição dos alimentos.

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Javier Viejo Veterinário Responsável Técnico de Ruminantes TVT Nutrition Alto teor de forragem Alto teor de concentrado

– pHix-up é o único produto que combina um efeito poderoso e persistente (97% efetividade após 6 horas da ingestão dos alimentos).

pHix-up apresenta uma capacidade de neutralizar o excesso de ácido superior a outras substâncias tampão que são normalmente usadas na alimentação:

Daí resulta que pHix-up tem um poder tampão:

3,25 X maior que Bicarbonato de sódio

1,95 X maior que Carbonato de cálcio origem marinha

2,60 X maior que Óxido de magnésio

(*) Este valor médio é definido devido à grande quantidade e variabilidade existente entre Óxidos de Mg

Em relação à solubilidade do pHix-Up em comparação com outros Óxidos de Magnésio Europeus com diferentes granulações, obtivemos os seguintes resultados:

Da mesma forma, estudos in vivo foram realizados nas explorações na Europa e nos EUA com publicação em revistas científicas. (Journal of Dairy Science).

Quando incluímos pHix-Up nas rações, devemos ter em consideração:

Que o teor de Mg do pHix-Up é de 48,5%; Verificar os níveis de Mg,Ca, Na e K; que a capacidade de absorção e solubilidade na dieta são máximas (96%). Se necessário, adicionar fontes suplementares de Na (até 100-110 gr/ vaca/dia) e de Ca para atingir os níveis ideais.

Recomendações para a inclusão de pHix-Up em vacas leiteiras.

Tendo em linha de conta:

1. – NRC 2021 Recomendações sobre as necessidades de Magnésio em vacas leiteiras, 0,25 %

2. – Os resultados obtidos no nosso estudo em Blanca 2021. (Alex Bach et al)

3. – Resultados em várias explorações observados ao longo de 3 anos.

Recomendamos uma inclusão de pHix-Up: 70-95 gr/vaca/dia. Mantendo o equilíbrio entre NDF/NFC, considerando sempre a ingestão de matéria seca.

Para fábricas:

Consumo de 12-14 kg de concentrado/vaca/dia 0,5 – 0,6 %

Animais de engorda: 0,35 – 0,45 %

AO INCLUIR pHix-Up NA DIETA. Que esperamos?

1. – Melhorar a produção diária

2. – Melhora a persistência na produção de leite

3. – Aumento da % de gordura no leite (Equilíbrio de DNF / NFC, evitando a seleção de partículas longas na ração)

Podemos constatar que o pHix-Up age mais rápido e com mais persistência ao longo do tempo devido à maior solubilidade e capacidade de absorção do Magnésio.

4. – CONCENTRAÇÃO IDEAL DE Mg NO SANGUE DURANTE O PERIPARTO E DURANTE A LACTAÇÃO

5. – Redução em % de Hipocalcemia-Hipomagnesemia

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Bicarbonato de sódio 12 Sesquicarbonato de sódio 13 Carbonato de cálcio origem marinha 20 Óxido de Magnésio 15* pHix-up 39

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6. – EFEITO POSITIVO NA DIMINUIÇÃO DE PROBLEMAS PODAIS

7. – EVITA A DIMINUIÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR

8. – Melhora a digestibilidade da fibra e do amido

Estabilizador da fisiología do Rúmen!!

Contribuição de magnésio com alta solubilidade e absorção.

Mantém o pH do rúmen em níveis adequados de forma rápida e duradoura.

Garante o desenvolvimento, crescimento e estabilidade do microbioma ruminal.

Evita processos inflamatórios, toxicidade no intestino, aumentando a longevidade do animal.

No estudo realizado na GRANJA BLANCA em 2021 sob a direção do investigador Dr. Alex Bach (publicação no JDS), foram constituídos 3 grupos: 1 Controle; 2 BS 250 gr/vaca/dia (bicarbonato de sódio); 3 MG 65 gr/vaca/dia (pHix-Up). Verificou-se que o grupo pHix-Up comeu mais, comparativamente ao Grupo Controle, e o grupo BS comeu menos.

Em relação ao pH ruminal, o Grupo pHix-up ficou 4 horas abaixo de 5,8; o Grupo Controle ficou 7 horas e o Grupo BS ficou 11 horas.

Estudando o microbioma ruminal, observou-se que as Fibrobactérias foram encontradas 2,5 vezes mais do que no Grupo BS e 2,1 vezes mais do que no Grupo Controle. Essas bactérias são responsáveis, entre outras coisas, pela degradação da fibra no rúmen “Bactérias Boas”

Apenas metade das Protobactérias estavam presentes no Grupo pHix-Up comparativamente aos dois outros Grupos de Estudo. Podemos considerar essa família de bactérias como “Bactérias Más”

Por outro lado, durante os dias em que o estudo foi realizado na Granja Blanca em BLANCA, a % da relação forragem/concentrado foi alterada nas rações oferecidas aos três grupos, para tentar desafiar as vacas com relação à acidose ruminal.

Quando a % do concentrado na forragem é aumentada, a presença de Fibrobactérias diminui e Protobactérias aumenta.

Daí podemos concluir que com a inclusão de pHix-Up nas dietas de vacas leiteiras de alta produção, esse desequilíbrio do microbioma ruminal pode ser corrigido em alguma medida, quando oferecemos rações com alto concentrado, possivelmente associadas a outros fatores.

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pH rumen DMI

YOUR GLOBAL SUSTAINABILITY SOLUTION.

U.S. Soy is committed to supporting these goals and sustainable development to 2030 and beyond.

Sourcing verified sustainable U.S. Soy that meets EU sustainability requirements is simple with the U.S. Soy Sustainability Assurance Protocol (SSAP). The SSAP certificate offers an origin specific, sustainability verification of U.S. Soy. Indicate to your soy supplier that you require a U.S. Soy SSAP certificate for your U.S. soy purchase.

Sustainable farming practices are foundational to the growth and production of U.S. Soy. Recently, the U.S. Soybean Export Council (USSEC) mapped U.S. Soy’s strategic objectives directly to the U.N. Sustainable Development Goals (SDGs) – 17 goals that aim to end poverty, protect the planet, and ensure all people enjoy peace and prosperity by 2030. With the strategic objectives tied directly to specific SDGs and the targets under those goals, the U.S. Soy industry has identified areas where we can have the greatest impact in supporting progress toward global sustainable development. For more info, visit USSOY.org

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SUSTENTABILIDADE

A Bühler lança continuamente inúmeras inovações para múltiplas indústrias (cereais, leguminosas, farinha, chocolates, bolachas, confeitaria, café, massas, snacks, cervejaria, novas proteínas, rações, etc...) e queremos destacar como, em todas elas, a nossa empresa lidera a construção de um sistema alimentar mais robusto, acessível e sustentável.

A sustentabilidade de todas as indústrias nas quais trabalhamos e a otimização das cadeias alimentares completas são atualmente um pilar fundamental para nós.

Para a indústria produtora de rações sabemos que a obrigatoriedade, necessidade ou decisão por parte das empresas do cálculo da pegada ecológica e do estabelecimento e publicação de um plano de redução da mesma é uma realidade.

A Bühler, como empresa líder, também almeja equilibrar as necessidades da economia, da natureza e da humanidade em cada decisão que toma, e, assim, a quantificação ambiental está integrada na nossa empresa através da formação e do seguimento dos gastos na investigação e desenvolvimento direcionada aos objetivos estabelecidos e aos impactos da tecnologia e dos serviços para poder realizá-los. Nós comprometemo-nos a uma redução de 60% das emissões de gases de efeito de estufa nas nossas operações até 2030 (de alcance 1 e 2 com referência a 2019).

Tal como nós próprios fazemos, apoiamos as empresas da indústria de produção de rações a medir e reduzir as emissões de gases de efeito de estufa seguindo objetivos baseados na ciência.

A Bühler realiza projetos de quantificação das emissões de alcance 1, 2 e 3, coordena a certificação para conseguir uma declaração de emissões e ajuda os seus clientes através da transferência de conhecimentos sobre a contabilização de CO2e para que possam realizar uma comunicação eficaz dos seus esforços na sustentabilidade. Atualmente já analisámos o impacto ambiental de 18 cadeias de valor, 40 produtos dentro dessas cadeias de valor e 60 tecnologias de alto impacto, com quantificações CO2e validadas segundo ISO 14067 por um terceiro independente (SGS).

A Bühler tem as soluções prontas para 2025 que vão permitir a redução de 50% nos resíduos, energia e água nos nossos clientes e colaboramos de forma proativa com os fornecedores para reduzir os impactos climáticos ao longo de toda a cadeia de valor.

Algumas das nossas propostas para a redução de CO2e podem ser granuladoras com motores de indução diretamente acoplados, sem correias nem transmissões que têm uma poupança energética superior às granuladoras convencionais; moinhos com altas faixas de produção e perfis de granulometria drasticamente melhorados; ou atualizações de instalações baseadas na experiência e no conhecimento dos processos que estão alcançando poupanças energéticas significativas com, em muitos casos, um ROI inferior a um ano.

Adicionalmente também contamos com uma plataforma global de digitalização, a BühlerInsights, através da qual podemos dispor online de todos os datos de processo, geri-los com algoritmos que optimizem a produção e rastreá-la completamente com blockchain

Para além do bem comum e do cumprimento da legislação vigente, a correta comunicação a todos os parceiros das ações e repercussões que estamos a ter com o nosso plano de sustentabilidade, pode ajudar-nos a manter os nossos clientes conservando a nossa posição de fornecedor prioritário. Podemos demonstrar aos nossos clientes e investidores que estamos a gerir os riscos climáticos e gerar confiança através da transparência, respondendo à crescente preocupação ambiental no público.

De um ponto de vista empresarial protegemo-nos face a alterações na legislação que tributem o consumo do carbono, reduzimos custos modificando o comportamento em atividades de altas emissões e podemos identificar novas oportunidades de negócio que, de outra forma, seriam negligenciadas. Apostar no bem-estar do planeta é responsabilidade de todos e hoje é um fator a ter em conta na tomada de decisões tanto nas grandes empresas como nos consumidores finais, pelo qual não podemos subestimar a importância que tem este assunto na vida de todos nós e nas vidas das gerações futuras. Está na hora de agir em conformidade.

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Guadalupe Rodriguez Responsável pelo grupo de trabalho de Sustentabilidade da Buhler Madrid.

UM BOM BIFE

Para mim, não há nada como um bom bife. Talvez por isso me incomode ouvir tantas opiniões sobre o consumo de carne, em particular do consumo da carne de bovino, e dos seus malefícios, sem fundamento científico. Pode ser defeito profissional, porque passei os últimos 20 anos a estudar a qualidade da carne bovina e não consigo perceber qual o fundamento de algumas das afirmações que se publicam e defendem em determinados fóruns. Principalmente porque muitos deles são totalmente desprovidos de base científica. Sim, é através da ciência, do estudo aprofundado dos temas que se devem basear as afirmações “cheias de convicção” que se fazem e não na perceção e opinião pessoal de cada um. Só porque… “eu acho” que é assim!

Para se melhor perceber o porquê das discussões sobre um alimento nutricionalmente rico é preciso ir um bocadinho mais ao fundo da questão. Tentemos então esclarecer alguns dos supostos defeitos que podemos encontrar no consumo de carne.

1º – Consumo exagerado. Pois este mal não se prende só com a carne. Comemos muito. Contrariamente, há quem coma muito pouco. O poder de compra e o acesso, quase sem limites, aos bens alimentares é um privilégio, mas não para todos. As regiões do globo como a Europa, América do Norte e Oceânia são continentes com acesso, a preço razoável, a bens alimentares. No entanto, noutras regiões do globo tal não acontece e, quando se pretende restringir ou proibir o consumo de bens alimentares de elevado valor nutricional, parece descabido. Numa linguagem mais popular poderíamos dizer que “isto é conversa de quem anda com a barriguinha cheia”. Quem não tem acesso a estes bens, com certeza que, assim que o poder fazer, vai querer consumi-los e quem somos “nós” para os querer proibir.

Mas voltando à questão do excesso de consumo. As estatísticas indicam que nas referidas regiões do globo existe excesso de consumo de carne. Tal parece verdade, mas também é verdade que é difícil discernir, dentro dos valores apresentados, o que é desperdício. Vejamos o exemplo de Portugal, o levantamento da informação sobre o consumo de carne não é uma tarefa fácil e inclui toda a carne disponível para consumo (kgs de carne com base nos abates). No entanto, nem toda a carne é consumida, existem diversos desperdícios ao longo da cadeia, na limpeza das carcaças no matadouro, na desmancha das mesmas e “limpeza” das peças, no talho, no restaurante ou em casa quando a carne é cozinhada. Para além destes existe o desperdício daquilo que não se consome, isto é, fica no prato ou na travessa, ou pior, do que, entretanto, se estragou e vai diretamente para o lixo.

Também nos esquecemos que as estatísticas nacionais não distinguem o consumo pela população e o consumo devido ao turismo. O que é que isto tudo quer dizer?

Quer dizer que quando a nível nacional é contabilizado o consumo por habitante, não são retirados os valores de consumo pelos turistas e, como tal, entra tudo na fatia de consumo da população portuguesa. Com base no que foi referido, podemos concluir que na realidade o consumo de carne não é tão elevado quanto transparece. No entanto é difícil saber exatamente qual

a quantidade de desperdício e qual a quantidade consumida pelos turistas. No primeiro caso, existem dados a nível global que indicam que cerca de 30 % dos alimentos produzidos são desperdiçados ao longo da cadeia alimentar e antes de chegar ao consumidor final. No entanto, estes dados são gerais e, no que diz respeito à carne, supõe-se que o valor não seja tão elevado. Um trabalho realizado sobre o desperdício alimentar em Portugal, aponta um desperdício de 10 % de carne ao longo da cadeia alimentar e um desperdício de 4,7 % de carne nas famílias, na preparação e consumo em casa (preparação dos alimentos, doses excessivas e não totalmente consumidas, alimentos esquecidos no frigorífico ou congelador, etc.).

Apesar de tudo o que foi referido o consumo ainda é excessivo. A questão que se coloca é: excedido por quem? Por mim não é, por isso... alguém anda a comer os meus bifes! Mais uma vez, em vez de haver uma política educacional, no sentido de haver um consumo moderado dentro de uma dieta nutricionalmente equilibrada, aplicam-se regras desmedidas e sem fundamento.

Existe ainda um aspeto muito importante que está a ser descurado e que é simultaneamente amplificado quando se começa a defender a diminuição do consumo de carne. Nem todos temos a mesma necessidade de consumo de carne. Isto parece-nos mais ou menos óbvio. No entanto, talvez a necessária diminuição de consumo não esteja a ser feita por quem deve efetivamente diminuir o consumo. Foram já reportados alguns problemas originados pelo facto de uma percentagem de adolescentes, que seguindo as redes sociais sem triagem da informação, nem quem os esclareça corretamente, tem vindo a diminuir o consumo de carne. Ao limitar a dieta começam a surgir problemas de carência de alguns nutrientes, mas voltarei mais tarde a este assunto.

É, por isso, importante apoiar campanhas ou medidas de consumo moderado, numa dieta equilibrada e não de proibição. O esclarecimento da população sobre uma alimentação equilibrada e inclusivamente dos perigos de dietas demasiado restritivas deve ser uma prioridade das entidades com competência no assunto.

2º Excesso de gordura e um perfil lipídico desequilibrado. Temos de saber de que é que estamos a falar. Carne de aves? Carne de suíno? Carne de bovino? Enchidos? Não é tudo igual e a diferença é gigantesca. Comer um bife, uma fêvera ou peito de frango, não é exatamente a mesma coisa do que comer enchidos. Até porque, e esse é um dos grandes erros dos estudos sobre carnes vermelhas em que põem tudo no mesmo saco, não comemos estas “carnes” com a mesma frequência. O consumo de enchidos é muito mais esporádico, o que é observável pelas vendas. Da mesma forma e tendo em conta uma análise mais fina dentro de cada espécie animal, comer uma fêvera ou entremeada também não é exatamente igual. A frequência de consumo também não o é. Mas voltemos ao teor ou percentagem em gordura. Quando se cola a realidade nacional aos estudos feitos noutros países estamos a cometer um grande erro. Em primeiro lugar, porque tradicionalmente no nosso país comemos carne magra, contrariamente ao que acontece

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Ana Cristina Monteiro FeedInov

noutras regiões do globo. A realidade de hábitos de consumo noutras regiões como América (p. ex. EUA, Brasil, Argentina ou Uruguai), alguns países da Europa (p.ex. Reino Unido) e a Oceânia não é comparável diretamente com a nossa e aqui não me refiro ao consumo em quantidade, mas à qualidade do produto consumido. O que comprometemos a nível de qualidade organoléptica (sabor) ao consumirmos carne com baixo teor em gordura, ganhamos de alguma forma em baixo consumo de gordura.

Vou exemplificar o que referi com alguns dados concretos. Focando-me na carne bovina, em Portugal, o teor em gordura de um bife varia geralmente entre 1 e 3 % (Monteiro et al.,2012; 2014). Esta é a nossa realidade e existem diversos trabalhos publicados neste âmbito, com raças autóctones, com raças “comerciais” e até imitando a experiência do consumidor no supermercado. Neste campo a realidade noutros países é outra. Nos EUA a carne é classificada em três categorias principais “select”, “choice” e “prime”, sendo a mais vendida a categoria “choice”. A classificação nestas diferentes categorias está relacionada com a qualidade da carne e com a experiência sensorial que daí advém, nomeadamente com o teor em gordura, sendo que no tipo de carne mais vendido (“choice”) o teor em gordura varia entre 4 e 10%. Importa ainda referir que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA Food Composition Databases) definiu classificações da carne/peças de carne com base no teor de gordura, incluindo no escalão de carnes magras as peças com menos de 10% de gordura e no escalão de carnes muito magras, peças com menos de 5% de gordura. No Reino Unido, foi definido que a carne magra apresenta uma percentagem de gordura entre 5 e 10% (British Nutrition Foundation, 2005). Estes dados demonstram bem as diferenças existentes. O mesmo acontece em relação à carne de suíno, que é também ela, geralmente magra. Obviamente que nem todas as peças são iguais, como já foi referido anteriormente.

Então porque é que andamos sempre a ouvir falar na gordura da carne? Bem, na minha opinião, em Portugal deveríamos falar na falta de gordura da carne produzida a nível nacional e de como isso afeta a sua qualidade organoléptica (diminui o seu flavor e tenrura) e, consequentemente, afeta negativamente a experiência de comer um bom bife. Dentro do tema da gordura é de facto verdade que a carne de bovino tem uma proporção em ácidos gordos polinsaturados baixa e de saturados elevada. Em primeiro lugar, nem todos os ácidos gordos saturados são prejudiciais à saúde, inclusivamente, os que existem em maior quantidade na carne bovina são neutros, ou seja, não afetam a saúde humana (Scollan et al., 2003; Wyness et al., 2011). Mas ainda assim, tendo em conta a baixa quantidade de gordura total na carne de bovina, o seu efeito seria diminuto e com certeza menos prejudicial do que comer um bolo ou um folhado,

cujo perfil lipídico (nomeadamente o tipo de ácidos gordos trans), é menos saudável. Para terminar este capítulo e não esquecendo os efeitos, apontados por alguns autores, do consumo de carnes vermelhas na saúde humana, os estudos desenvolvidos ao longo dos anos têm sido contraditórios. Alguns estudos indicam um possível efeito negativo e outros não encontraram efeito nenhum. No entanto, quando feita uma análise mais fina aos estudos que apontavam efeitos negativos do consumo de carnes vermelhas na saúde humana, os autores verificaram uma série de condicionantes que ou não estavam a ser consideradas ou que mascaravam o efeito do consumo de carne. Isto é, existiam outros fatores além do consumo de carne vermelha, como o processamento da carne e métodos de cozinhar, fatores de estilo de vida (p. ex. fumar ou falta de exercício físico) e índice de adiposidade dos indivíduos, os quais são conhecidos por induzirem eles próprios um efeito negativo na saúde, que potenciam os eventuais efeitos negativos atribuídos ao consumo de carne vermelha. Acresce a estes, o facto de muitos destes indivíduos não fazerem uma alimentação equilibrada, consumindo quantidades reduzidas de outros alimentos como frutas e vegetais, alimentos ricos em fibra, o que no seu conjunto contribui para confundir os efeitos do consumo de carne na saúde.

Falamos sempre naquilo que é apontado como negativo no consumo de carne, principalmente de carnes vermelhas, mas esquecemo-nos (a sociedade em geral e em particular os media e outros meios que publicam informação negativa sobre o assunto), de todas as vantagens inerentes ao seu consumo.

Como já referi anteriormente a carne é um alimento de elevado valor biológico que veicula uma série de nutrientes essenciais ao bem-estar e, principalmente, à saúde humana. A carne é uma excelente fonte de proteína, de elevado valor biológico, visto que tem na sua composição nove aminoácidos essenciais (não sintetizados pelo corpo humano). Mais, uma porção diária providencia quantidades próximas das necessidades diárias (Wyness et al., 2011). Além disso, o consumo de carne magra proporciona um elevado nível de saciedade (índice de saciedade do pão branco: 100%, carne: 176%; Holt et al., 1995), diminuindo o apetite.

Em particular, a carne de bovino além de ser uma fonte de proteína, com baixo teor de gordura, tem na sua composição vitaminas, minerais e outros nutrientes funcionais (p.e. carnitina, carnosina, taurina, etc.) de elevado valor biológico. É uma importante fonte de oligoelementos e vitaminas do grupo B e contribui muito para a ingestão diária desses micronutrientes. É rica em selénio, zinco e ferro, sendo muitas vezes a mais importante fonte destes minerais na dieta, com a vantagem de que estes minerais apresentam uma elevada biodisponibilidade. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que as nossas enzimas conseguem “digerir” a quase totalidade destes nutrientes, o

que não acontece na maioria dos vegetais em que os mesmos nutrientes estão “presos” (muitas das vezes apenas cerca de 50% estão disponíveis), não sendo totalmente utilizados porque as nossas enzimas não conseguem quebrar as ligações químicas, de forma a permitirem que sejam libertados, para poderem ser absorvidos.

Como referido, a carne é uma fonte importante de vitaminas do complexo B: é a principal fonte de vitamina B12 na dieta e uma importante fonte de vitamina B6. Por exemplo, uma porção de carne de porco satisfaz as necessidades diárias de tiamina (B1) (Italian Food Database, LARN, 1996) e é uma das principais fontes de niacina (B3). Estas vitaminas estão envolvidas em diversos processos biológicos fundamentais para o ser humano, assumindo uma importância acrescida nos jovens em desenvolvimento, nomeadamente na biossíntese de neuro transmissores, nos metabolismos dos aminoácidos, dos lípidos e da glicose, na biossíntese de hemoglobina, na produção de hormonas, na expressão génica (através do aumento ou a diminuição da expressão de certos genes), entre outros. A sua carência pode levar a desregulação de funções biológicas e consequentemente a doenças. A vitamina B12, em particular, pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar a memória, desacelerar o declínio mental e aumentar a energia. Durante a gravidez tem uma importância crucial no desenvolvimento do sistema nervoso e do cérebro do feto. Tendo em conta o que foi anteriormente referido, parece lógico que uma alimentação variada e equilibrada deva ser o objetivo de quem quer ser saudável, sem restrições alimentares que possam comprometer a saúde. Comer bem é isso mesmo. Variar nos alimentos que se consomem, sem restringir classes de alimentos e comer as porções adequadas para o género, idade e atividade física de cada um.

As dietas com restrições têm vindo a originar problemas de carências alimentares em diversas regiões do Mundo e não estamos a falar nos países pobres ou em vias de desenvolvimento, mas sim nos países onde a disponibilidade de alimentos não é um problema. Existem evidências da carência de ferro, com risco de anemia, em jovens adolescentes em países como o Reino Unido ou a Austrália. Este pode muito bem vir a ser o problema de subnutrição nos países desenvolvidos. Não a falta de alimentos, mas de nutrientes necessários ao correto desenvolvimento. Este é um desperdício que ainda não está a ser contabilizado. O desperdício da oportunidade de se poder ter uma alimentação correta e não o fazer devido a escolhas baseadas em mitos e em informação pobre e sem evidência científica. Existe quem não tenha essa escolha e isso é que é triste. Da mesma forma que uns sofrem de obesidade e outros morrem de fome. Os desequilíbrios nas escolhas/oportunidades devem ser corrigidos. Mas sem fundamentalismos nem demagogia, mas sim com base no conhecimento científico.

Bibliografia a pedido junto do autor: ana.monteiro@feedinov.com

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SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS

CRISIS ? …WHAT CRISIS ?

O título supracitado refere o quarto álbum da mítica banda musical Supertramp, curiosamente o primeiro parcialmente gravado nos Estados Unidos.

Vem este título a propósito da atual situação que estamos vivendo nos últimos anos, e que receio que possa continuar nos anos vindouros.

O problema é que estamos a saltar de crise em crise de uma forma contínua, sequencial e interdependente, sem que na realidade consigamos resolver cada crise antecedente, criando assim uma cadeia difícil de quebrar.

Vejamos como se aplica ao tema que nos interessa, nomeadamente ao nosso setor, da Alimentação e Produção Animal.

Assumindo os conhecidos constrangimentos do setor anteriores ao conflito da Ucrânia, e na sequência da brutal invasão da mesma, deram lugar a um cruzar de diferentes crises:

• Abastecimento e disponibilidade de cereais, felizmente resolvidos (temporariamente) pelos acordos com forte intervenção da ONU e da Turquia a questão resulta a solidez destes acordos. Eles serão válidos enquanto servirem os interesses de todas partes e enquanto outros valores não se sobrepuserem. Até quando? Até ao final do conflito?

• Crise energética pela extrema dependência da zona germânica do gás russo, com efeito dominó em todas as economias europeias. A busca de outras fontes energéticas e outros fornecedores no mercado internacional aparentemente tem minimizado esta crise, mas continuamos dependentes de países com alguma (ou muita) instabilidade politica e social e com outros conflitos regionais (veja-se o caso da Argélia). Podemos realmente garantir estabilidade no setor energético enquanto a Europa não conseguir assegurar fontes energéticas dependentes de si mesmo? E o tempo necessário corre a nosso favor?

• As sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, tem a vantagem de pressionar a Rússia, mas tem também um efeito boomerang nas economias ocidentais e particular -

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA

mente nas condições de vida das populações. O aumento das taxas de juro e a inflação são a melhor expressão desta situação, com o óbvio risco de que a continuação da guerra e as suas consequências económicas no bolso do cidadão, tem na aquisição de bens, incluindo os de primeira necessidade, como os bens alimentares, e nomeadamente os de origem animal. Na sequência da inflação, temos, particularmente em Portugal, assistido a um fenómeno interessante, onde o cabaz alimentar tem uma taxa de inflação superior a 25% correspondendo ao dobro do que se verifica em muitos países ocidentais. Sobre isto muito se escreveu, muito se especulou, muito se tentou legislar, mas muito pouco se conseguiu concluir. O risco aqui é que nesta troca de acusações e de passa culpas, ainda iremos assistir a que o responsável é quem esteja na base da pirâmide, ou seja o produtor dos animais e consequentemente o produtor de alimentos para animais. Ou seja, não bastaria toda a crise que afeta o setor da produção e alimentação animal (contingências abastecimentos, disponibilidade de matérias-primas e micro-ingredientes; inflação sem precedentes; taxas e juros bancários à mercê de efeitos externos; legislação mais exigente e complexa – já lá vamos …) como teríamos que lidar com uma crise mediática, na qual somos claramente o elo mais fraco (e, como tal, o mais fácil de acusar).

Complexidade Regulamentar e as exigências burocráticas – no meio deste turbilhão de dificuldades e emoções, o setor da produção e alimentação animal tem necessariamente que saber lidar com os desafios crescentes que as exigências legais na Europa colocam ao nosso setor, sempre em pretensa defesa da saúde pública, do ambiente e do bem-estar animal. Se no setor da produção animal, algumas exigências são discutíveis sob o ponto de vista de aplicabilidade (veja – se o caso das exigências no setor avícola), no caso da Alimentação animal, vivemos um turbilhão de transformações que impossivelmente caberia num curto artigo desta natureza. Apenas a título de exemplo e de forma muito sumária: a potencial eliminação de muitos aditivos, alguns por serem órfãos, outros por não conseguirem cumprir o crivo das atuais exigências comunitárias; a questão dos micro-nutrientes e aditivos de origem animal provenientes da China, caso da Vitamina D; o grau de exigência das substâncias ditas indesejáveis; a situação dos PFAS que a Europa pretende eliminar; a mudança das micotoxinas do Fusarium para limites máximos e a sua revisão em baixa; o caso da Fenitidina ; o uso dos sais de cobalto; a situação da Vitamina B12; e muitos outros casos de necessidades regulamentares, que implicam um enorme esforço de transformação e adaptação num tempo tão incerto em que vivemos.

Resta-nos uma mensagem positiva. Talvez, ou seguramente, a mensagem mais positiva. No meio deste turbilhão de acontecimentos, exigências e crises, a principal crise (que a Europa já enfrentou no passado) não afetou a nossa sociedade.

Estamos a falar da crise alimentar, a falta de alimentos! Felizmente todo o setor (desde a produção à distribuição) conseguiram dar respostas em tempo útil, enfrentando situações que anteriormente pensaríamos inultrapassáveis, de forma a garantir os fornecimentos de uma forma segura, disponível e acessível para todos os cidadãos. Infelizmente, houve pouco reconhecimento deste facto (e não se trata de uma postura tipo Calimero, mas apenas a constatação do facto). E isso apenas acontece porque o nosso setor soube, com dedicação e o esforço de todos os que trabalham dia-a-dia para garantir a segurança do fornecimento alimentar, adaptar-se, inventar-se e ser aquilo que hoje se designa como um exemplo de resiliência. Pena que muitas vezes não seja reconhecido este trabalho e que estejamos tão sujeitos a um escrutínio mediático tantas vezes infundado. Mas o setor irá sempre cumprir a sua missão e visão: continuar a produzir alimentos de origem animal, com qualidade e segurança, de forma a responder às necessidades e exigências dos consumidores, que somos todos nós!

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I JORNADAS TÉCNICAS LABORATÓRIO

O Laboratório de Investigação e Desenvolvimento, integrado na D.I.N. - Desenvolvimento e Inovação Nutricional, S.A. localizado em Santa Comba Dão, conta com 15 anos de atividade no controlo de qualidade de produtos do setor alimentar e agroalimentar. O Laboratório efetua análises físico-químicas, microbiológicas, ensaios de biologia molecular e tem implementados métodos via tecnologia NIR. O reconhecimento oficial da competência técnica do Laboratório é conferido pela Acreditação, pelo Instituto Português de Acreditação. O Laboratório investe em inovação, tecnologia e qualificação, sendo uma referência de confiança para os nossos parceiros nacionais e internacionais, no setor da alimentação humana e animal.

A expressão que, atualmente, o Laboratório representa no seu setor de atividade e o reconhecimento que lhe é conferido, materializou-se na realização das nossas I Jornadas Técnicas, decorridas a 08 de fevereiro, na cidade da Figueira da Foz. Surgem numa fase promissora e de expansão do Laboratório e, por isso, constituem um marco para o nosso percurso. A nossa equipa organizou estas Jornadas com o intuito de proporcionar a partilha de conhecimentos técnico-científicos e promover um ambiente propício à interação de todos os presentes, convicta da mais-valia para o enriquecimento pessoal e profissional das entidades que se fizeram representar. A equipa do Laboratório reconhece e agradece o prestígio de ter tido presente o Chefe de Divisão de Alimentação Animal da DGAV, Dr. José Manuel Costa, Dr.ª Ana Maria Goulão d’Avelar, Técnica Superior da Divisão de Alimentação Animal da DGAV, e o Eng.º Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA

O sucesso deste evento deve-se aos ilustres oradores convidados que nos prestigiaram com o seu vasto conhecimento e que despertaram em cada um dos presentes o interesse de fazer mais e melhor. O Dr. Arlindo Cunha – Professor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica-Porto deu-nos conta das “Tendências da política Agroalimentar Europeia e a necessidade de adaptação das empresas”. Dr.ª Catarina Quina Ribeiro, auditora interna, formadora e consultora, contextualizou-nos sobre as “Normas de certificação de segurança alimentar e os seus desafios”. O CEO & Fundador da Ingredient Odyssey SA – EntoGreen, Dr. Daniel Murta, e Dr.ª Teresa Ribeiro, Gestora da Qualidade e Inovação da EntoGreen, falaram da “Realidade atual e perspetivas futuras da produção e utilização de insetos em Portugal e na Europa”. O Eng.º Jaime Piçarra fez-nos um ponto de situação sobre o “Controlo de qualidade em alimentação animal”. A Diretora da Qualidade e Investigação da SONAE MC, Eng.ª Sara Bernardes Silva, sensibilizou para o “Desperdício alimentar e sustentabilidade”. Terminámos as Jornadas com a nossa técnica superior Eng.ª Andreia Nunes que apresentou o projeto de investigação pelo qual é responsável, baseado nas potencialidades da tecnologia NIR, que detém resultados e benefícios comprovados da sua aplicação na alimentação humana e animal, com o tema “Uma Tecnologia para o futuro da alimentação animal e humana”.

Neste dia, foi comprovado o mérito do trabalho desenvolvido por todas as entidades e da sua contribuição conjunta para o desenvolvimento do setor alimentar e agroalimentar.

O Laboratório de Investigação e Desenvolvimento da DIN,SA expressa os mais sinceros agradecimentos a todos os que estiveram presentes.

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ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
ALIMENTAÇÃO
Apresentação “NIR: Uma tecnologia de futuro em alimentação animal e humana”, pela Engª Andreia Nunes Técnicas Superiores do Laboratório de Investigação e Desenvolvimento, DIN,S.A. Oradores convidados das I Jornadas técnicas: Dr. Arlindo Cunha, Drª Catarina Quina Ribeiro, Engª Andreia Nunes, Drª Sara Bernardes Silva, Engº Jaime Piçarra, Dr. Daniel Murta e Drª Teresa Ribeiro

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

PETMAXI HÁ 8 ANOS A ALIMENTAR A FELICIDADE DE CÃES E GATOS ATRAVÉS DE MARCAS DE QUALIDADE, PRODUZIDAS EM PORTUGAL

A petMaxi, fábrica localizada em Ferreira do Zêzere, surgiu em 2015, com o objetivo de concorrer com as principais marcas internacionais presentes no mercado.

Finalmente, foi e é possível fazer algo pelo ambiente, adquirindo produtos portugueses de elevada qualidade, com matérias-primas nacionais, sem necessidade de percorrerem tantos quilómetros para chegar ao consumidor.

Atualmente, muitas das marcas de alimentos para cães e gatos que se encontram em comercialização no mercado são produzidas na petMaxi, incluindo as marcas da própria empresa, que cobrem os diversos segmentos, desde o económico ao super premium, com especial destaque neste último, com a marca happyOne Mediterraneum.

Esta marca contempla uma inovação europeia: a utilização de ovo fresco nos alimentos para cães e gatos. O ovo é um alimento de elevado valor biológico e de fácil digestão, rico em proteínas, com todos os aminoácidos essenciais em concentração e proporções equilibradas e, quando utilizado em fresco (não é desidratado nem congelado), preserva melhor os nutrientes e a sua palatabilidade. Este alimento é de origem local, Ferreira do Zêzere, que é considerada a Capital do Ovo. Esta gama trouxe outra novidade: foi a primeira gama sem cereais produzida em Portugal.

Ainda este ano a petMaxi volta a ser pioneira no setor pet, com o lançamento de um novo produto mais sustentável, ou seja, um alimento específico que utiliza insetos como principal fonte de proteína. “Continuamos focados em acrescentar valor ao setor de pet food em Portugal e no mundo, sobretudo, aos cães e gatos e os seus tutores através da alimentação”, afirma o CEO e administrador da empresa Luís Guilherme. E acrescenta que “para os próximos 3 anos está previsto um investimento superior a 8 milhões de euros em mais tecnologia inovadora no nosso país, tornando a fábrica ainda mais competitiva e sustentável.”

Desde o seu início, a petMaxi procura ser sustentável a nível ambiental, económico e social. Nesse sentido, estão a decorrer a implementação das normas ISO 50001 – Sistema de Gestão da Energia e

Marcas petMaxi

14001 – Sistema de Gestão Ambiental para obtenção das respetivas certificações, ainda este ano. Durante os próximos dois anos estão a ser substituídos os materiais das embalagens por alternativas mais sustentáveis, bem como a eliminação dos produtos com corantes, que não acrescentam valor nutricional ao pet.

Em 2022 a petMaxi atingiu um volume de faturação superior a 40 milhões de euros, o que representou um aumento de 37% em relação ao ano anterior.

Sobre a petMaxi

Faça uma visita virtual à fábrica em vr.petmaxi.pt

A petMaxi é uma empresa 100% portuguesa, localizada em Ferreira do Zêzere (Santarém), que fabrica alimentos para cães e gatos. Inaugurada a 13 de fevereiro de 2015, a petMaxi está vocacionada para o fabrico de todos os alimentos para animais de companhia com grande foco nos alimentos premium e super premium, com introdução de ingredientes frescos. Com o slogan “Feeding Happiness”, a petMaxi tem como principal preocupação promover a saúde e bem-estar dos animais e dos seus tutores. A petMaxi é certificada pela IFS Food desde 2017, tendo vindo a renovar esta certificação anualmente com a nota mais alta – Higher Level. Atualmente exporta para mais de 36 países e conta com 67 colaboradores. Para além do fabrico de várias marcas próprias relevantes, a petMaxi produz uma vasta gama de produtos nos diversos segmentos, com as marcas happyOne Mediterraneum, happyOne Premium, happyOne, Domus, Campeão, Rufia, EnergyPet e Jackpet.

Certificações:

“Higher Level – 98,6%”

A VETLIMA CELEBRA 50 ANOS DE HISTÓRIA

A Vetlima celebrou no dia 20 de dezembro de 2022 o seu 50º aniversário, e assinalou a data com uma gala que juntou colaboradores de várias gerações.

Os 50 anos agora celebrados refletem uma longa jornada com uma constante de responsabilidade social, de inovação, qualidade e empreendedorismo como pedras basilares para o crescimento e consolidação da empresa, ao longo destes anos.

A Vetlima, distribuidora de produtos veterinários e fabricante de pré-misturas medicamentosas para a alimentação animal, leites de substituição, aditivos e alimentos complementares, tem reforçado o seu compromisso de melhorar a produção animal nacional, a saúde e o bem-estar animal em geral. É desta forma, e com uma equipa forte, que a Vetlima tem vindo e pretende continuar a crescer, a investir e a trabalhar mais e melhor a cada dia.

Nos últimos dez anos, e reflexo desse compromisso, a Vetlima renovou a sua imagem institucional, deu nova cara aos seus produtos, alargou portfólio, reformulou e melhorou os produtos desenvolvidos e produzidos, lançou uma gama de nutracêuticos, alargou a gama de animais de companhia, adquiriu o portfólio da SapecVet e ampliando a sua área de atuação ao setor Agro, entre outras atividades que moldaram a imagem da Vetlima como a conhecemos hoje.

Qualidade

A qualidade tem marcado a vida da empresa, sendo certificada em GMP e ISO 9001, e também, em 2019, ter passado com distinção no JAP – Joint Audit Programme levado a cabo pelas entidades DGAV, FDA, EMA e Health Canadá, uma auditoria conjunta única em Portugal.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é outro ponto que tem feito parte da renovação da Vetlima, com a instalação de painéis fotovoltaicos que alimentam grande parte dos consumos energéticos da empresa. O compromisso com o meio ambiente está também patente nos materiais de embalamento onde reduzimos o consumo de plástico e papel.

Internacionalização

A Vetlima nasce em 1972 como uma empresa de âmbito nacional, mas desde 2003 que exporta, estando os seus produtos presentes em várias geografias do globo, destacando-se uma filial no Brasil.

A Vetlima tem como assinatura “A better way to animal health”, que espelha um percurso marcado pelo empenho e dedicação de todos os seus colaboradores por uma melhor saúde e bem-estar animal.

A todos vós que ao longo de tantos anos nos acompanharam neste percurso, saudamos e agradecemos todo o trabalho que desenvolvemos em conjunto e que nos ajudaram a chegar até aqui.

ALLTECH AGRI-FOOD OUTLOOK 2023 REVELA CONCLUSÕES DO INQUÉRITO MUNDIAL SOBRE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS

produção mundial de alimentos para animais.

Já quanto ao consumo mundial de rações, metade está concentrado em quatro países: China, EUA, Brasil e Índia.

A Alltech divulgou o Alltech Agri-Food Outlook 2023 com as conclusões do seu inquérito mundial sobre produção de alimentos para animais (rações). Apesar dos enormes desafios macroeconómicos que afetaram toda a cadeia de abastecimento, a produção mundial de alimentos para animais manteve-se estável em 2022, totalizando 1,266 mil milhões de toneladas, apenas 0,42% abaixo da produção estimada em 2021. Este inquérito anual da Alltech, na sua 12ª edição, inclui dados de 142 países e mais de 28.000 fábricas de alimentos para animais.

A Europa viu-se confrontada com diversos desafios, incluindo doenças, fenómenos climáticos severos e o impacto da invasão da Ucrânia. A pandemia da COVID-19 teve grande impacto no setor agroalimentar, gerou alterações na cadeia de abastecimento e acelerou a adoção de novas tecnologias e práticas de sustentabilidade ambiental.

Os 10 principais países produtores de alimentos para animais no ano passado foram: a China (260.739 milhões de toneladas métricas-MTT), os EUA (240.403 MMT), o Brasil (81.948 MMT), a Índia (43.360 MMT), o México (40.138 MMT), a Rússia (34.147 MMT), a Espanha (31.234 MMT), o Vietname (26.720 MMT), a Argentina (25.736 MMT) e a Alemanha (24.396 MMT). No seu conjunto estes países produziram 64% da

O Vietname registou uma forte recuperação na quantidade que produziu em 2022, entrando para o top 10, à frente da Argentina e da Alemanha e destronando a Turquia, que sofreu uma redução na quantidade produzida. A Rússia ultrapassou a Espanha, onde houve uma redução significativa da produção de alimentos para animais.

Principais conclusões gerais do inquérito:

• A produção de alimentos para animais aumentou em várias regiões, incluindo a América Latina (1,6%), América do Norte (0,88%) e Oceânia (0,32%), e diminuiu na Europa (– 4,67%), em África (-3,86%) e na região Ásia-Pacífico (-0,51%).

• Por tipos de ração, a produção mundial aumentou nos setores da aquicultura, frangos, galinhas poedeiras e animais de estimação e diminuiu nos setores dos bovinos de carne, dos bovinos de leite e dos suínos.

• Apesar de ter sofrido uma ligeira redução na produção de alimentos para animais, a China continua a ser o maior país produtor, seguida dos EUA e do Brasil.

– A gripe aviária, outras doenças e os elevados custos das matérias-primas afetaram o setor das galinhas poedeiras em muitos mercados, especialmente na Ásia, Europa e África. Por outro lado, o crescimento do setor foi impulsionado devido a desafios maiores noutros setores que levaram a um aumento da procura de ovos. Globalmente, a produção de alimentos para animais no setor das poedeiras aumentou 0,31%.

– Embora a produção de rações no setor dos frangos tenha aumentado 1,27%, registaram-se diferenças significativas de país para país. Globalmente, houve crescimento da produção de alimentos para animais no setor dos frangos, principalmente no Médio Oriente, na América do Norte e na América Latina.

• A produção de alimentos para suínos diminuiu globalmente em 2022 em quase 3%. A peste suína africana e os elevados preços dos alimentos para animais levaram à redução da produção de suínos em muitos países. No entanto, no Vietname, China, África do Sul, Brasil e México, a melhoria dos preços da carne de porco e outras condições de mercado levaram ao crescimento do setor.

Principais conclusões

por espécie pecuária:

• O setor das aves de capoeira registou aumentos na produção de alimentos para animais para galinhas poedeiras e frangos.

• A produção de rações para bovinos de leite diminuiu 1,32%, principalmente devido ao elevado custo da alimentação animal combinada com os baixos preços do leite, o que fez com que os agricultores reduzissem o seu efetivo de vacas e/ou dependessem mais de fontes de alimentos não comerciais. Exceção para a Irlanda, onde a seca fez com que os agricultores dependessem mais dos alimentos para animais comerciais, e da Nova Zelândia, onde o preço do leite foi mais elevado.

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• A produção de rações para bovinos de carne diminuiu ligeiramente, 0,34% a nível global. A tendência de queda manteve-se na Europa, mas em quase todas as outras regiões registaram-se aumentos. Na Austrália, a redução da produção de rações foi consequência da abundância de pastagens e não reflete qualquer alteração da procura de carne de bovino.

• No setor da aquacultura verificou-se um crescimento da produção mundial de rações de 2,7%. Os 5 principais países produtores são a China, o Vietname, a Índia, a Noruega e a Indonésia. Registaram-se aumentos significativos na China, Brasil, Equador, Filipinas e EUA, e foi um dos poucos setores que registou crescimento na Europa.

• A produção de alimentos para animais de estimação foi a que mais cresceu, com um aumento médio global de 7,25%. Este aumento significativo deve-se, em grande parte, ao aumento do número pessoas que adotaram animais de estimação durante a pandemia da COVID-19. A América do Norte e a Europa continuam a ser as principais regiões produtoras de alimentos para animais de estimação.

Principais conclusões por região:

• A América do Norte registou um aumento de 0,88% (2,272 MMT) e os EUA continuaram a ser o segundo maior país produtor de alimentos para animais a nível mundial, depois da China. O crescimento foi registado nos setores dos frangos, da carne de bovino e dos alimentos para animais de estimação.

• A América Latina registou um crescimento de 1,6% (3,006 MMT), e o Brasil manteve-se líder regional na produção de alimentos e ficou em terceiro lugar a nível mundial. A maior parte do crescimento foi reportada pelo México, Brasil e Chile.

• A Europa registou a maior diminuição da produção de alimentos para animais de 4,67% (-12,882 MMT), devido a ques -

tões que incluem a invasão na Ucrânia e a propagação de doenças animais, como a peste suína africana (ASF) e a gripe aviária (IA).

• A Ásia-Pacífico manteve-se estável, uma vez que os decréscimos registados na China, Paquistão, Tailândia e Malásia foram compensados por aumentos no Vietname, nas Filipinas, na Mongólia e na Coreia do Sul. Três dos 10 principais países produtores de alimentos – China, Índia e Vietname – são asiáticos.

• África registou um decréscimo de 3,86% na produção de alimentos para animais (-1,718 MMT), principalmente devido às reduções registadas no Egito, Marrocos, Quénia e Nigéria. A África do Sul, por outro lado, registou um aumento de mais de 2%, e a Namíbia também reportou maior tonelagem de alimentos em 2022.

• A produção na região do Médio Oriente subiu significativamente, 24,7% (6.301 MMT), em resultado de relatórios mais precisos e do esforço do Governo da Arábia Saudita para aumentar a produção de frangos, no âmbito do seu plano Vision 2030.

• A Oceânia manteve-se estável, com uma pequena redução reportada pela Austrália que foi compensada por um ligeiro aumento reportado pela Nova Zelândia.

A Alltech trabalha em conjunto com fábricas de rações, outras entidades privadas e organismos públicos em todo o mundo para compilar informação que permita avaliar a produção de alimentos para animais anualmente. A informação sobre produção e preços de alimentos compostos para animais foi recolhida no último trimestre de 2022 pela equipa comercial da Alltech a nível mundial, em parceria com associações locais de indústrias de rações. Estes números são estimativas e destinam-se a servir de recurso informativo para as partes interessadas do setor.

Para aceder a mais informação e à análise do Alltech Agri-Food Outlook 2023, incluindo um mapa mundial interativo, consulte: alltech. com/agri-food-outlook.

Sobre a Alltech:

Fundada em 1980 pelo Dr. Pearse Lyons, cientista e empresário irlandês, a Alltech é uma empresa que oferece tecnologias de ponta a um setor tradicional, a agricultura e a pecuária. As nossas soluções melhoram a saúde e a nutrição das plantas e dos animais, resultando em alimentos mais nutritivos para as pessoas, bem como num menor impacto no meio ambiente.

Graças ao seu conhecimento e grande experiência em fermentação de levaduras, fermentação em estado sólido e em nutrigenómica, a Alltech é um dos principais produtores de suplementos derivados de levaduras, minerais orgânicos, matérias-primas, pré-misturas e rações.

Junto com os nossos mais de 6000 talentosos colaboradores em todo o mundo, trabalhamos para conseguir um planeta de abundância graças à nossa iniciativa “Working Together for a Planet of Plenty™”. Mediante a implementação de novas tecnologias, a adoção das melhores práticas na gestão das explorações agropecuárias e o engenho próprio do espírito humano, acreditamos que um planeta de abundância está ao nosso alcance.

A Alltech é uma empresa familiar, o que nos permite adaptar-nos rapidamente às necessidades emergentes dos clientes e continuar focados na inovação. Com a sede localizada nos arredores de Lexington (Kentucky, EUA), a Alltech conta com uma forte presença em todas as regiões do mundo.

Para mais informação visite: https://global. alltech.com/portugal/

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FICHA TÉCNICA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

NIPC- 500835411

TRIMESTRAL - ANO XXXIV Nº 123

Janeiro / Fevereiro / Março 2023

DIRETOR

José Romão Braz

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO

Ana Monteiro

Jaime Piçarra

Pedro Folque

Manuel Chaveiro Soares

Rui Gabriel

COORDENAÇÃO

Jaime Piçarra

Amália Silva

Serviços IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE

(incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos)

IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E

1050-047 LISBOA

TEL. 21 351 17 70 (Chamada para a rede fixa nacional)

EMAIL iaca@iaca.pt iaca.revista@iaca.pt

SITE

www.iaca.pt

EDITOR

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO DA CAPA

Salomé Esteves

EXECUÇÃO GRÁFICA

Sersilito - Empresa Gráfica, Lda.

Travessa Sá e Melo, 209

4471-909 Gueifães - Maia

PROPRIETÁRIO

Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA

Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E

1050-047 Lisboa

DEPÓSITO LEGAL

Nº 26599/89

REGISTO

EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO

REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR

N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO

AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

Data

10

11

12

13

18

19

25

27

31

JANEIRO

• Open Animal Nutrition Committee (virtual)

• Reunião da Direção SPMA

• Reunião da Direção FIPA

• Fórum Alimentação Animal – FeedFórum (virtual)

• Reunião da Comissão Executiva

• European Pigmeat Reflection Group (virtual)

• CtesP Produção Animal Sustentável (Reunião no âmbito InsectERA) (virtual)

• Ciclo de conferências “Coprodutos Agroindustriais & Alimentação Animal – Para uma produção animal circular” (virtual)

• FEFAC Task Force Emerging Feed Supply Chain Security Threats (virtual)

• Conferência do CIB/ANSEME

• IPQ: Sessão de esclarecimento sobre a aplicação “National Meeting” (virtual)

Data FEVEREIRO

01

08

13

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15

16

17

20

22

• Task Force FEFAC: Green Labelling (virtual)

• Conferência da DIN – Controlo de Qualidade em alimentação animal: perspetivas e desafios, Santa Comba Dão

• Reunião DG com Presidência Sueca (virtual)

• Reunião do Colégio dos Diretores Gerais da FEFAC (parte 1, virtual)

• FIPA Fórum Associações

• 1ª reunião da Agenda Mobilizadora InsectERA – (CNEMA)

• FEFAC: Open Workshop Sustainable Feed Techniques (virtual)

• Congresso Nacional do Milho

• Reunião do Colégio dos Diretores Gerais da FEFAC (parte 2, virtual)

• Reunião do Grupo PEF EU GFLI da FEFAC (virtual)

• Reunião do “Board” da FEFAC (Hungria, Híbrido)

• Reunião da IACA com Associações Espanholas – Foro Derio (virtual) Data MARÇO

23

01

02

03

05

• Webinar da CAP “venda, utilização, posse e registo de medicamentos para animais” (virtual)

• Webinar do CiB e Fundación Antama “Semeando Inovação, Colhendo Sustentabilidade” (virtual)

• 32.ª Reunião do Comité de Produção Industrial de Alimentos Compostos da FEFAC (virtual)

• Reunião DGAV sobre Alimentos Medicamentosos (virtual)

• CT 37: Reunião de arranque dos trabalhos a desenvolver em 2023 (virtual)

• Reunião sobre a PAC da Comissão Europeia (Assembleia Geral)

• Reunião do Comité de Nutrição Animal da FEFAC (virtual)

• Reunião de preparação da Bolsa ACICO 2023

• Reunião do Comité de Pré-Misturas e Alimentos Minerais da FEFAC (virtual)

• Assembleia-Geral FeedInov, EZN

• Reunião do Comité de Sustentabilidade da FEFAC (virtual)

• IX Jornadas Internacionais de Bovinicultura IAAS-UTAD – Matérias-primas na bovinicultura: possível escassez de cereais? – UTAD – Vila Real

• 1ª reunião do eixo InFeed da Agenda Mobilizadora InsectERA – (EZN)

• Plenário SPMA – virtual/presencial

• Assembleia-Geral do CiB, Lisboa

De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins.

A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt

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MAXIBAN. A ESCOLHA DE ELANCO, SEM SURPRESAS.

Porquê correr riscos, quando há

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Maxiban, Elanco e a barra diagonal são marcas registadas de Elanco ou suas filiais.©2020 Elanco Animal Health, Inc. ou suas afiliadas. PM-PT-20-0109
60 | ALIMENTAÇÃO ANIMAL © Kemin Industries, Inc. and its group of companies 2022. All rights reserved. ® ™ Trademarks of Kemin Industries, Inc., U.S.A. Certain statements, product labeling and claims may differ by geography or as required by government requirements. Optimizing nutrient digestibility and enzyme activity for greater cost savings kemin.com/ nutrient-absorption
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