ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Jaime Piçarra Secretário-Geral da IACAJá foi amplamente reconhecida e propagandeada, até à exaustão, a resiliência do setor agroalimentar nos últimos 3 anos, na pandemia, em 2020 e 2021, e no ano de 2022, igualmente de má memória, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, nesta Guerra na Europa, que parece ainda longe do fim.
Uma resiliência assente na capacidade de enfrentar as adversidades – para além dos conflitos, tivemos a seca extrema e os apoios que tardaram em chegar, sempre insuficientes -, de adaptação às novas e exigentes condições de mercado – nunca antes vividas na nossa história coletiva - na coragem de não desistir, com uma estratégia de cooperação ativa, de responsabilidade e maturidade, em que a soberania alimentar e a preocupação de produzir alimentos, com qualidade e segurança, para animais e humanos foi sempre o principal objetivo.
Sem perder de vista o nosso grande desígnio, não raras vezes objeto de críticas quanto à forma como produzimos, sobretudo nos produtos de origem animal: a soberania alimentar.
Durante este período, a União Europeia não deixou de legislar ou apresentar propostas, algumas contraditórias, de combate às alterações climáticas ou centradas nos temas ambientais, como as Estratégias para a Biodiversidade ou “Do Prado ao Prato”, na saúde, como a utilização sustentável dos pesticidas ou a redução dos limites máximos de resíduos, uma nova PAC, a nova legislação sobre alimentos medicamentosos e medicamentos veterinários, ou ainda, mais recentemente, já no final do ano, a aprovação da legislação sobre as cadeias de abastecimento livres de desflorestação, protegendo as florestas.
Com a guerra e a vulnerabilidade face à Rússia, como ainda existe relativamente à China e a outras geografias, a braços com uma crise energética, a Europa descobriu que tem de ganhar autonomia estratégica porque para além da estabilidade, quer ter um papel relevante na geopolítica mundial e na cadeia alimentar global. Sendo muito relevante evitar tamanha dependência e apostar na diversificação, mas o facto é que pouco se falou na reindustrialização da Europa. Convém ainda perceber que a União Europeia não é uma ilha e que os impactos das suas políticas influenciam desde logo as empresas no mercado europeu e a sua competitividade face aos principais competidores, bem como as trocas comerciais globais, criando potenciais disrupções no funcionamento das cadeias alimentares. Desde logo na cadeia da alimentação animal.
Esta é uma preocupação evidente no quadro das relações internacionais onde a IACA tem participado, pelo que temos apelado a uma harmonização de regras e a um consenso político a uma escala mais global, sobretudo ao nível de parceiros confiáveis, como tem sido o caso dos EUA, e no âmbito das organizações supranacionais como as Nações Unidas ou a OMC.
É inegável que a Indústria vai investir na mitigação do seu impacto no ambiente, na medição da pegada ambiental, como de resto é o Tema de Capa desta edição da “Alimentação Animal”, na economia circular, na redução das emissões de GEE, na procura de matérias-primas de produção sustentável e responsável, nas melhores práticas de saúde e bem-estar animal, nas Melhores Técnicas Disponíveis.
Como todas as alterações profundas têm um custo, importa saber se numa conjuntura de alta de preços e perda de rendimentos, se os acréscimos previstos irão ser remunerados pelo mercado, ou se vão ser objeto de políticas públicas, no PEPAC ou nos fundos europeus para o horizonte 2030, até porque estão em causa os desafios da própria Sociedade.
Nesta perspetiva, seria importante clarificar, de uma vez por todas, junto dos decisores políticos e da opinião pública e publicada, que a sustentabilidade não se deve limitar às questões ambientais e das alterações climáticas, mas que tem de ser um equilíbrio entre as componentes ambiental, económica e social. Quando atingimos os 8 mil milhões de habitantes no nosso planeta, que vão viver mais anos e, assim o esperamos, melhor que as gerações anteriores, é inegável que a União Europeia (e Portugal) tem de ter a ambição de desempenhar um papel ativo e não irrelevante, para ser levado a sério no abastecimento alimentar a nível mundial.
Para o próximo ano e seguintes, de toda a panóplia legislativa, talvez o mais relevante seja a implementação da PAC, que incorpora a Estratégia "Do Prado ao Prato" e a “perigosa” e não vinculativa meta dos 25% para a agricultura biológica, a biotecnologia, com as novas técnicas genómicas, a desflorestação (novo Governo no Brasil, como vai reagir?) e, quiçá ainda mais importante, a aposta na bioenergia e nas energias renováveis, com a nefasta concorrência entre as matérias-primas para a produção de energia (biocombustíveis ou biometano) e as destinadas à alimentação, animal e humana, na qual a utilização de coprodutos para a alimentação animal podem estar em causa. E com ela a aposta na economia circular que tem sido um dos principais pilares da Indústria da Alimentação Animal.
Em 2023, não podemos deixar de fora a segurança do abastecimento, em termos de “food security”, os stocks estratégicos e a soberania alimentar. Já temos em Portugal demasiadas ameaças de que são exemplo a instabilidade permanente nos portos e o seu impacto nas operações portuárias, com sucessivas greves, os eventuais cortes previstos por Bruxelas no cofinanciamento dos controlos oficias e de combate às doenças animais ou ainda, a transferência de funções do Ministério da Agricultura e Alimentação, entre outros, para as CCDR.
Neste clima de incerteza e volatilidade, sem uma tutela forte e coesa, seja na Agricultura, Economia e Ambiente, de cooperação e cumplicidade com os agentes económicos, sem políticas coerentes e integradas, sem empresas viáveis ou consumidores que não podem adquirir os produtos que produzimos, a sustentabilidade não faz qualquer sentido.
Necessitamos de maior conhecimento e base científica na definição das políticas públicas.
Sem demagogia, hipocrisia e populismo.
O contexto
Decorreram novamente em Santarém, na Estação Zootécnica Nacional, no dia 22 Setembro 2022, as XI Jornadas de Alimentação Animal dedicadas ao tema "Green Feed & Inovação – Como medir a pegada ambiental na área da Alimentação Animal“.
Como previamente comunicado, estas jornadas encontram-se em continuidade de anteriores jornadas dedicadas ao tema da Sustentabilidade e Inovação, sendo que as Jornadas realizadas em 2021, dedicadas ao tema da Alimentação de Precisão, constituíram uma base importante para o tema agora desenvolvido.
Não obstante todas as dificuldades e problemas levantados com a guerra na Ucrânia, quer a nível económico, social e geopolítico, mas também com a crescente Food Insecurity, temos consciência que a mesma não altera os objetivos que a Comissão Europeia definiu no Pacto Ecológico Europeu, nomeadamente no combate às alterações climáticas.
Sendo que o quadro legislativo para o Green Feed está previsto apenas para 2024, quisemos, com as
nossas Jornadas, cumprir os compromissos que tínhamos definido no Plano de Ação que a SPMA/IACA para o presente mandato, bem como a liderança que pretendemos assumir a exemplo da Sustentabilidade Alimentar e Ambiental aplicando a inovação disponível e a futura investigação para cumprir com os objetivos ambientais propostos
Para a ATF (Animal Task Force, da qual a FEFAC é membro) as possíveis estratégias para mitigar o impacto das alterações climáticas no setor da produção pecuária passam necessariamente pela genética e nutrição animal, bem como a aceitação (e não apenas a aprovação) e o uso dos aditivos alimentares.
Na sequência da COP 26, Wolfang Burtscher, Diretor-Geral da DG Agri, referiu que até ao momento poucos Estados-membros incluíram no seu Plano Nacional Estratégico programas específicos para os produtores, investindo em técnicas que reduzam a emissão de GEE na produção pecuária, considerando o forte encorajamento por parte da Comissão Europeia. Portugal orgulha-se, através dos programas de Eco Esquemas apoiados pela IACA e com suporte técnico do FeedInov, de ser um dos países na linha da frente ao apresentar estes programas a nível nacional Curiosamente, Wolgang Burtscher mencionou o debate da produção extensiva versus intensiva, referindo que na perspetiva do LCA – Life Cycle Assessment, a produção pecuária intensiva seria, na maioria das vezes, a mais sustentável.
Contudo, referiu igualmente a importância que a produção extensiva poderá ter na biodiversidade e na coesão social e territorial.
A questão da DG Sante propor para discussão a "Sustainable Food Systems Framework legislation“ colocou esta temática também como um dos temas eleitos pela ATF para 2023.
O programa
Durante as nossas Jornadas, várias Empresas tiveram a oportunidade de apresentar a sua visão e potenciais soluções para uma produção mais sustentável.
Assim, após a sessão de abertura realizada pelo Presidente da IACA Eng. Romão Braz e por Rui Gabriel, em representação da Direção da SPMA, tivemos, no primeiro painel, moderado pelo Eng. Pedro Folque
(Eurocereal), a apresentação inicial por Guillermo Fondevilla em representação da USSEC sobre Economia Circular e Sustentabilidade. Podemos igualmente contar com as apresentações da ADM por Muriel Hagennars (sobre o papel do LCA no apoio da sustentabilidade na indústria dos alimentos para animais); da Metex Noovistago/ Indukern por Josselin le Cour Grandmaison (sobre a comparação do LCA para dietas de baixa proteína em sistemas de alimentação de frangos) e da DSM por Ana Garcia (sobre o papel da alimentação para uma produção animal sustentável).
No painel da tarde, moderado pela Dra. Olga Moreira (INIAV) contamos com as apresenta ções de Delanie Kellon, Diretora Executiva do GFLI (Global Feed LCA Institute) sobre o papel do GFLI como catalisador da Inovação e da melhoria do desempenho ambiental. Seguiu-se a apresentação do Eng. Jerónimo Pinto (Euroce real) que desafiou a audiência a refletir sobre o papel do metano em ruminantes enquanto problema ou solução para a neutralidade cli mática. Na última apresentação tivemos a Eng. Ana Sofia Santos (FeedInov) sobre a reflexão do papel da alimentação animal e da inovação para o futuro.
Após o debate, a sessão de encerramento foi efetuada pela Presidente da SPMA Eng. Ingrid Van Dorpe e pelo Secretário-Geral da IACA Eng. Jaime Piçarra.
Gostaríamos de relembrar o papel do GFLI no contexto da medição da pegada ambiental, dado que a sua metodologia e a sua base de dados é considerada pela própria Comissão Europeia como o modelo de referência aceite para valorização ambiental no setor da alimentação animal.
Não é possível melhorar sem podermos medir. E para podermos medir teremos de utilizar ferra mentas e metodologias comuns. E é igualmente importante sabermos o ponto de partida e que objetivos de melhoria pretendemos realistica mente atingir, independentemente dos objetivos aspiracionais a que nos propomos.
É também importante termos em consideração, para definição de objetivos realistas, que Portugal tem um nível de industrialização relativamente mais baixo no contexto europeu, e que na produ
ção animal somos um país com uma baixa taxa de autossuficiência (80%), particularmente na produção de carne bovina (55%).
Os Objetivos e Questões que requerem respostas que contam
A ambição da Indústria de Alimentação Animal para assumir um papel de liderança na sustentabilidade ambiental, monitorizando e reduzindo a sua pegada ambiental, faz-se respondendo a significativos desafios. Torna-se
ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
fundamental, para a própria sustentabilidade do setor e o compromisso de todos, a capacidade de, em continuação dos desenvolvimentos tecnológicos e da inovação, conseguirmos responder a questões criticas relacionadas com a metodologia harmonizada de uma forma credível, o envolvimento da produção, a rentabilidade do modelo e a gestão das expectativas dos resultados.
Podemos sumarizar as principais questões que se colocam para uma eficaz aplicação do GLFI/PEF na produção animal:
1. Como posso medir a minha Pegada Ambiental de uma forma credível e aceite?
2. Como posso reduzir a minha Pegada Ambiental sem impacto negativo na performance da produção e nos custos?
3. Como posso comunicar os meus esforços na Sustentabilidade de uma forma credível para reforçar os valores da minha marca?
4. Qual o retorno do investimento (ROI) na implementação dos processo de sustentabilidade e nas ferramentas da medição da Pegada Ecológica (PEF)?
5. Como posso prever o impacto das minhas intervenções?
São estas as respostas que contam para os desafios futuros e para um eficaz engajamento de todos os intervenientes.
As Homenagens
As XI Jornadas foram também um momento de homenagem a vários Colegas e Amigos cuja longa carreira honra o setor da Alimentação e Nutrição Animal e o movimento associativo a que sempre estiveram ligados.
Assim foi com muito prazer que tivemos a honra de podermos homenagear os nossos Colegas:
• Dr. Luís Baptista, TNA.
• Dr. António Arnaut, Vetalmex Tivemos também a oportunidade de relembrar e homenagear a titulo póstumo, com a presença da sua esposa e filho, o nosso distinto Colega Dr. Fernando Anjos, pela sua longa carreira e por todo o apoio que sempre prestou à IACA tendo sido o pioneiro e mentor das nossas Jornadas de Alimentação Animal.
Foi também muito justamente homenageado o nosso Secretário-Geral Eng Jaime Piçarra, pela sua contribuição, envolvimento e liderança no nosso setor num ano tão desafiante e de grande desgaste. Ao Jaime muito se deve a introdução do léxico "Soberania Alimentar" no debate económico e social.
Em Sumário
Estas nossas Jornadas assumem-se como uma continuidade do trabalho e de outras sessões já realizadas pela IACA. Mas, são também uma plataforma para o futuro e um sinal do nosso compromisso para respondermos positivamente aos desafios da sustentabilidade. No entanto, é também fundamental que todos, particularmente o poder político e a própria opinião pública, tenham presentes que nada será possível sem o papel da Inovação no processo e nas soluções
Resta-nos agradecer o contributo de todos – Patrocinadores, Oradores, Moderadores e Colaboradores – para tornarem, uma vez mais, as nossas Jornadas um êxito e uma referência para o Setor.
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O PAPEL DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA OU LCA (LIFE CICLE ASSESSMENT) NO APOIO À TRANSFORMAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS
Uma transformação de sustentabilidade exige que as empresas observem todos os aspetos da sustentabilidade. Dada a sua complexidade, é necessário um conjunto de ferramentas alargado para apoiar a transformação. Uma destas ferramentas é a LCA, uma estrutura de medição de impactos ambientais. Ao avaliar o percurso desde a matéria-prima até aos alimentos compostos e um pedaço de carne, os resultados da LCA fornecem informações sobre o impacto ambiental associado ao ciclo de vida de um produto. Isto inclui, mas não está limitado às emissões de gases com efeito de estufa (pegada de carbono) provenientes dos âmbitos 1, 2 e 3 1. É uma boa prática incluir todos os impactos relevantes na LCA. Desta forma, os resultados fornecem uma indicação de onde uma cadeia de abastecimento tem oportunidades de melhorar o seu desempenho. Muitos desenvolvimentos nos últimos anos facilitam a realização da LCA na indústria de alimentos compostos para animais com recurso a uma abordagem harmonizada. Por exemplo, desenvolveram-se as Regras de Categorização de Pegada Ambiental do Produto ou PEF (Product Environmental Footprint) sobre Alimentos Compostos para Animais produtores de alimentos e criou-se o Instituto Global Feed LCA (GFLI). O GFLI é uma referência global reconhecida para nutrição animal e dados de LCA de alimentos pelos setores público e privado.
Realizar uma LCA pode ser desafiante. Primeiro, quando não se conhece a LCA, pode ser difícil saber por onde começar. É importante compreender que existem diferentes metodologias de LCA para diferentes produtos e mercados. Identificar
1 Norma Corporativa do Protocolo GEE: “As emissões de âmbito 1 são as emissões diretas de fontes próprias ou controladas. As emissões de âmbito 2 são as emissões indiretas da geração de energia comprada. As emissões de âmbito 3 são todas as emissões indiretas (não incluídas no âmbito 2) que ocorrem na cadeia de valor da empresa que informa, incluindo emissões a montante e a jusante.” (https:// ghgprotocol.org/sites/default/files/standards_supporting/ FAQ.pdf)
a metodologia adequada ao âmbito da sua avaliação é essencial para poder levar a cabo o projeto de forma consistente e significativa. Também o guiará através dos passos necessários e pontos de dados.
Outro desafio, uma vez calculados os impactos ambientais, é como analisar os resultados. A base metodológica, assim como as suposições feitas e a qualidade dos dados, devem ser compreendidas para interpretar corretamente os resultados. Desta forma, a mudança pode ser conduzida na direção correta. Por exemplo, os resultados podem mostrar que a etapa de processamento do ciclo de vida do produto tem um impacto relativamente elevado na pegada ambiental total devido à utilização de energia. Um próximo passo pode ser minimizar a utilização de energia no processamento com vista a reduzir o impacto ambiental.
A LCA oferece igualmente várias oportunidades.
A colaboração da indústria pode aumentar o alinhamento metodológico e a utilização da LCA na indústria de alimentos compostos para animais.
As colaborações já resultaram, por exemplo, na fundação do GFLI, no desenvolvimento da Cool Farm Tool, assim como nos desenvolvimentos das Regras de Categorização da Pegada Ambiental do Produto (PEFCR), que foram amplamente liderados por associações do setor.
Além disso, os resultados da LCA ajudam a encontrar pontos de melhoria. As medidas implementadas para melhorar o desempenho ambiental também podem produzir outros benefícios, tais como uma maior eficiência ou uma economia comercial mais circular.
Para concluir, a LCA é uma ferramenta poderosa, quando utilizada apropriadamente, para realizar avaliações ambientais ao nível do produto. A LCA de muitos produtos aumenta o conhecimento do setor sobre o nosso impacto ambiental e, em última análise, a LCA pode dar um contributo fundamental para a transformação sustentável dos alimentos compostos para animais nos próximos anos.
DA
NOS
Gonzalo Metex Animal Nutrition Carmona Costa Ravago/VidaraA pecuária enfrenta inúmeros desafios de sustentabilidade a partir dos quais a redução das alterações climáticas, a eutroficação e a acidificação se tornam uma prioridade no sistema produtivo real. Neste contexto, a melhoria da eficiência do azoto (N) das dietas de frangos pode contribuir para melhorar o seu desempenho ambiental global.
O presente artigo, através da metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (AVC/LCA), analisa o impacto da redução do teor de proteína bruta (PB) nas dietas de frangos, que são formuladas considerando a utilização de novos aminoácidos. Para o efeito, um sistema convencional de produção de frangos de uma dada exploração no sul da Inglaterra foi selecionado. O objetivo desta análise foi realizar um estudo da AVC/LCA para comparar o desempenho ambiental do berço-ao-portão de um programa controlo em comparação com um programa alimentar para frangos dos 0 aos 41 dias de idade com dietas de baixa PB.
Este estudo de AVC/LCA foi revisto de acordo com a ISO 14040/44 e alinhado com as normas mais rigorosas da LCA: UECBV Red Meat FCR, as aves LEAP,
aditivos LEAP e as diretrizes sobre nutrientes LEAP.
O estudo AVC/LCA foi feito por kg de peso vivo dos frangos (PV) à saída da exploração. Os pintos de um dia foram comprados e criados durante 41 dias (d) até um peso corporal médio de 2,5 kg, com um regime de alimentação em três fases: entrada (0-10d), crescimento (11-21d) e acabamento (22-41d). Os animais foram alimentados aleatoriamente com duas dietas diferentes, uma dieta padrão de controlo ou uma dieta baixa de PB (PB baixa), ambas formuladas de acordo com as recomendações da METEX e baseadas nas relações de todos os AA digestíveis indispensáveis com a Lisina (Lis): Treonina (Thr), Metionina + Cistina (M+C), Triptofano (Trp), Valina (Val), Isoleucina (Ile), Arginina (Arg) e Leucina (Tl).
As dietas PB baixa foram desenhadas para uma redução de 1% PB substituindo-se parcialmente o bagaço de soja por trigo e complementadas com um conjunto de Aminoácidos feedgrade por forma a manter os níveis adequados de AA mais limitantes: L-Val, L-Arg e L-Ile. A composição de ambas as dietas (com valores médios) utilizadas para o estudo é mostrada no Quadro 1.
Trigo 568 611 Bagaço de Soja 257 219 Colza + Farinha de peixe 79 79 Óleo de soja 44 35 Premix e minerais (CaHPO4, NaHCO3, NaCl) 47 46 AA livres (Met, Lis, Thr, Val, Ile, Arg) 6 10
Proteína Bruta (%) 20.2 19.3 Lisina digestível (%) 1.11 1.11 AMEn (Kcal/Kg) 3017 3017
L-Valina Europa 4934 63 23 China 25062 381 203 L-Arginina Europa 4709 68 31 China 20115 380 168 L-Isoleucina Europa 12329 157 53 China 63316 945 513 Quadro 2: Fatores de impacto da produção de aminoácidos em função da sua origem
Impacto Unidade Controlo LCP LCP vs Controlo Controlo LCP LCP vs Controlo AA CN vs AA EU no controlo AA CN vs AA EU no LCP
Alterações Climáticas Kg CO2 eq 2920 2650 – 9 2% 2950 2750 -6 8% 1% 3 8% Alterações Climáticas –excluindo LUC Kg CO2 eq 1200 1200 0 0% 1230 1310 6 5% 2 5% 9 2%
Acidificação Terrestre e água limpa Mol H+ eq 0 038 0 035 – 7 7% 0 038 0 036 – 5 8% 0 8% 2 9%
Eutroficação terrestre Mol H+ eq 0 163 0 150 – 8 0% 0 164 0 152 – 7 3% 0 6% 1 3%
Quadro 3: Resultados do AVC/LCA para o sistema de produção de frangos com AA de origem diferente
Para a acidificação e a eutroficação, as diferenças devem-se principalmente pela excreção mais baixa de NH3 e N2O como ilustrado no Quadro 4. Vale também a pena referir que o desempenho do crescimento dos animais que recebem dietas PB baixa não foi afetado pela redução das proteínas. Estes resultados estão de acordo com Cappelaere et al. (2021) que mostraram que uma dieta PB baixa é uma grande estratégia para reduzir as emissões de azoto (N). Em conclusão, estes dados são válidos desde que as restrições nutricionais (AA corretamente equilibradas) sejam mantidas.
Figura 1: Variação das alterações climáticas ao aplicar a PB baixa (em relação ao controlo)
O estudo da AVC/LCA considerou também o impacto da produção dos diferentes AA em função da sua origem (China (CN) vs UE), em termos de alterações climáticas, eutroficação e acidificação (Quadro 2). Considerando o cenário europeu (linha de base), os resultados mostraram que o grupo com a dieta de controlo apresentou um valor de 2,92 kg CO2eq/kg LW (1,20 kg DEG/ PV 2eq/kg excluindo Le-Use Change, LUC), uma acidificação de 0,038 mol H+/kg PV e uma eutroficação de 0,163 mol Neq/kg PV. No que diz respeito aos resultados das dietas PB baixa utilizando a EU-AA, verificou-se que a redução da PB alimentar em 1% nas dietas de frangos teve um enorme efeito benéfico no impacto ambiental, com uma consequente redução das alterações climáticas, acidificação e eutrofização em 9,2% (desvio standard, SD ± 1,3%), 7,7% (SD ± 0,2%) e 8,0% (SD ± 0,2%), respetivamente (Quadro 3 – Figura 1).
Com os aminoácidos com origem na China, os resultados mostraram um valor de alterações climáticas de 2,95 kg de CO2eq/kg PV (1,23 kg DEGM2eq/kg PV excluindo LUC), e pequenas alterações para acidificação e eutrofização em comparação com o cenário de base. A redução da PB em 1% nas dietas de frangos com CN-AA reduziu as alterações climáticas em 6,8% (e aumentou 6,5% na exclusão do LUC), e reduziu a acidificação e a eutrofização em 5,8% e 7,3%, respetivamente, em comparação com a dieta de controlo (Quadro3).
Estes resultados evidenciam que a redução da PB da dieta em 1% teve um enorme efeito benéfico no impacto ambiental através de uma redução positiva das alterações climáticas, da acidificação e da eutrofização no sistema de produção de frangos. Para as alterações climáticas, a redução esteve principalmente relacionada com a redução do LUC associado às proteínas vegetais e aos óleos utilizados nos alimentos para os frangos. A redução de bagaço de soja e do uso de óleo, em grande parte provenientes da América do Sul, contribuiu principalmente para a redução das alterações climáticas. Ao excluir o LUC, o impacto relacionado com as alterações climáticas não mostrou alterações significativas.
Animal Cenário Kg NH3/Kg PV Kg N2O/Kg PV Kg excreção de N/Kg PV
Broiler Controlo 7.12 0.14 16.64 LCP 6.13 0.13 14.63
% mudança -14% – 12% -12%
Quadro 4: Comparação entre uma dieta de controlo e dieta PBB para frangos para a excreção de azoto (N), amoníaco (NH3) e óxido nitroso (N2O)
Curiosamente, observamos um efeito diferente nos resultados da LCA dos frangos, consoante a fonte de origem dos AA, especialmente no que se refere às alterações climáticas, que é muito menor usando a UE-AA em comparação com a CN-AA (-9,2% vs – 6,8%, respetivamente). A diferença é explicada pela contribuição mais elevada das alterações climáticas (excluindo LUC) da CN-AA em comparação com a UE-AA. Este efeito benéfico mais elevado na LCA com a UE-AA vs CN-AA é ainda maior no cenário LCP, que as diferenças foram explicadas pela maior inclusão dos AA nas dietas PB baixa em comparação com as dietas de controlo.
Em conclusão, este estudo salientou que o LCP complementado com AA feedgrade é uma estratégia bem sucedida para mitigar as alterações climáticas, acidificação e impactos de eutroficação (entre outros fatores) do sistema de produção de frangos. A redução do impacto das alterações climáticas calculada neste estudo nas dietas PB baixa está principalmente relacionada com a substituição parcial de ingredientes alimentares relacionados com a soja por trigo e AA. A origem dos AA teve impacto nas alterações climáticas, especialmente no cenário LCP, onde a UE-AA teve um efeito mais benéfico em comparação com a CN-AA.
Cappelaere, L., Le Cour Grandmaison, J., Martin, N., & Lambert, W. (2021). Suplementação de aminoácidos para reduzir os impactos ambientais na produção de broiler e de suínos: Frontiers in Veterinary Science, 8(July), 1–14 https://doi.org/10.3389/ fvets.2021.689259
O INSTITUTO GFLI COMO CATALISADOR PARA A INOVAÇÃO E A MELHORIA DO DESEMPENHO AMBIENTAL
Foi uma honra o Instituto GFLI ter sido incluído nas XI Jornadas de Alimentação Animal da IACA em setembro. Convidamos qualquer pessoa interessada em saber mais sobre o Instituto GFLI, tornar-se membro, discutir sobre como utilizar e/ou contribuir com dados ou tecer comentários sobre a base de dados a entrar em contacto com o Secretariado do Instituto GFLI através do endereço de email info@globalfeedlca.org.
Missão e Visão do Instituto GFLI
O Global Feed LCA Institut (GFLI) é um instituto independente sem fins lucrativos de nutrição animal e indústria de alimentos que tem como objetivo desenvolver uma base de dados de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de Nutrição Animal disponível publicamente com vista a apoiar a avaliação ambiental significativa de produtos de nutrição animal e estimular a melhoria contínua do desempenho ambiental na indústria de nutrição animal e alimentar.
A alimentação é o fator que mais contribui para o impacto ambiental da proteína animal. A FAO informou que a produção de alimentos compostos para animais representa 45% da pegada de carbono dos produtos pecuários globalmente 1 e representa 1/3 das terras agrícolas globais2. Com vista a ajudar a abordar a oportunidade significativa relacionada com a redução do impacto ambiental dos alimentos compostos para animais, o Instituto GFLI foi criado para permitir que os setores da pecuária e dos alimentos compostos para animais calculem a pegada ambiental dos produtos de forma transparente e fiável, utilizando dados baseados numa metodologia harmonizada. Isto, por sua vez, permite benchmarking, rastreamento de melhorias, comparações significativas entre ingredientes/produtos de alimentos compostos para animais e inovação. Essencialmente, o Instituto GFLI representa o primeiro passo necessário para produzir alimentos compostos para animais com uma pegada/tonelada menor e, como tal, produzir produtos alimentares com uma pegada/kg menor (carne/peixe de aquacultura/leite/queijo/ovo).
A visão do Instituto GFLI é que a base de dados do Instituto GFLI seja reconhecida como referência
1 FAO. 2013. Tackling Climate Change through Livestock: A global assessment of emissions and mitigation opportunities (fao.org)
2 FAO. 2012. Livestock and Landscapes (fao.org)
global para Dados de ACV dos Alimentos Compostos para Animais pelos setores público e privado.
Base
de Dados do Instituto GFLI –Breve
Visão Geral
A base de dados do Instituto GFLI é uma base de dados pública, específica para alimentos compostos para animais, baseada numa metodologia harmonizada das diretrizes de Avaliação e Desempenho Ambiental da Pecuária da FAO (LEAP) e alinhada com as regras da Pegada Ambiental do Produto (PAP) da UE. Este alinhamento com as diretrizes FAO-LEAP e UE-PAP para alimentos compostos para animais garante a integridade e a qualidade dos conjuntos de dados de alimentos compostos ACV do Instituto GFLI. Os dados agregados disponíveis no site do Instituto GFLI foram atualizados em 31 de outubro de 2022 (consulte https://globalfeedlca.org/gfli-database/ para obter informações sobre a atualização) e são agora compostos por 1.511 conjuntos de dados, incluindo:
• 12 novos conjuntos de dados sobre renderização de produtos da UE (EFPRA)
• 2 novos conjuntos de dados sobre produtos de proteína animal da UE (EAPA)
• 4 novos conjuntos de dados sobre produtos alimentares antigos do Reino Unido (UKFFPA)
• 4 novos conjuntos de dados sobre produtos alimentares antigos dos Países Baixos (VIDO)
• 12 novos conjuntos de dados sobre culturas e ingredientes processados do Brasil ao nível estadual/regional (Instituto GFLI Brasil)
• 42 conjuntos de dados sobre culturas do Canadá ao nível regional (Instituto GFLI Canadá)
• 115 conjuntos de dados sobre culturas dos Estados Unidos ao nível estadual (USDA)
• 9 conjuntos de dados atualizados sobre os totais do grupo do Instituto GFLI para a região europeia, conforme descrito no estudo de triagem PAP para alimentos compostos (totais do grupo do Instituto GFLI)
• 1136 conjuntos de dados atualizados/novos do AFP 6.2.1
• 175 conjuntos de dados atualizados desenvolvidos pelo Instituto GFLI com base na modelação AFP 6.2.1
Concentrado
O sistema imunitário dos animais recém-nascidos da maioria da espécie mamífera é transmi�do e desenvolvido apenas pelo colostro. O B.I.O.Ig, um producto concentrado de colostro bovino, consegue fornecer as substâncias bioa�vas necessárias como as imunoglobulinas e os fatores de crescimento. Devido à nossa tecnologia avançada, todos os ingredientes são preservados ficando totalmente disponíveis. Cien�ficamente provado em diversos ensaios clínicos, o B.I.O.Ig ajuda a imunidade e o desempenho dos animais nos primeiros dias de vida.
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ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS
São fornecidos cálculos para 19 categorias de impacto (incluindo as 16 categorias incluídas no Método PAP), e utilizam-se três opções de alocação para atribuir impactos ambientais a todos os produtos (incluindo subprodutos) no sistema: económico, matéria de massa, energia bruta (com vista a permitir a análise de sensibilidade e para que os utilizadores possam cumprir com diferentes requisitos de reporte). As pontuações DQR são calculadas utilizando o método PAP e todos os dados na base de dados do Instituto GFLI foram revistos externamente.
Acesso e utilização da base de dados do Instituto GFLI
O Instituto GFLI disponibiliza os ficheiros da sua base de dados em vários formatos para garantir que os utilizadores podem aceder aos dados, independentemente de utilizarem um software ACV profissional ou não.
Os dados agregados do Instituto GFLI estão disponíveis gratuitamente para utilização interna da empresa/pessoal, incluindo:
• Benchmarking, análise de hotspot e análise de cenários;
• Melhoria dos processos internos de uma empresa;
• Marketing e comunicação de resultados da própria empresa com base em dados calculados através de metodologia transparente e harmonizada; e
• Investigação e estudos académicos e outros.
Obter valor comercial da base de dados do Instituto GFLI
Na prática, os utilizadores da base de dados normalmente fazem uso do dados do Instituto GFLI ao:
• Primeiro, compreenderem os impactos do ciclo de vida dos ingredientes da formulação de alimentos compostos para animais.
• Em seguida, integrarem os dados do Instituto GFLI com dados relevantes de transporte e produção utilizando uma ferramenta de software de ciclo de vida.
• Com estas informações, define-se a pegada local dos alimentos compostos para animais e da proteína animal.
• Feito isto, identificam-se oportunidades de redução de impacto através da análise de cenários.
• Tomam-se decisões que permitirão a inovação da sustentabilidade para alimentos compostos para animais e proteína animal.
• Finalmente, os resultados da redução de impactos são comunicados, incluindo a concretização das metas anuais de sustentabilidade do negócio, aos clientes e demais partes interessadas.
A incorporação de dados do Instituto GFLI numa ferramenta vendida comercialmente é possível através de um contrato de subscrição/licença anual.
Prioridades do plano de trabalho
O Instituto GFLI continua a procurar o apoio alargado da indústria com vista a criar uma organização sustentável que permitirá o reconhecimento mundial da abordagem metodológica transparente e harmonizada e da base de dados do Instituto. As prioridades focam-se em:
• Aumentar o número de membros e fomentar um maior diálogo sobre por que/de que forma o Instituto GFLI é extremamente importante para os setores da pecuária e dos alimentos compostos para animais;
• Concluir o projeto piloto de dados de marca que determinará se é possível incluir produtos específicos da empresa na base de dados do Instituto GFLI;
• Investir em tecnologia ACV interna que é urgentemente necessária e conhecimentos para facilitar respostas eficientes a questões técnicas e interesse em fornecer e utilizar dados do Instituto GFLI;
• Aumentar a geração de dados através da tecnologia mencionada anteriormente (ferramenta de geração de dados de utilização fácil) e conhecimentos internos de ACV;
• Licenciar os dados desagregados (nível de processo unitário) para uso interno e ferramentas comercialmente disponíveis; e
• Melhorar continuamente o Instituto.
Ser membro do Instituto GFLI
As quotas dos membros são de longe o principal contribuinte para o orçamento operacional do Instituto GFLI e, como tal, são essenciais para a capacidade do Instituto de manter e melhorar a base de dados.
O Instituto GFLI é uma organização de importância crítica que trabalha para apoiar a futura viabilidade sustentada do setor dos alimentos compostos para animais e proteína animal e
conta com uma forte participação da indústria para alcançar este sucesso. O Instituto GFLI oferece a adesão para permitir que empresas e associações colaborem pré-competitivamente para ajudar a manter e melhorar a base de dados do Instituto GFLI, assim como para se envolver com outras partes interessadas na cadeia alimentar e dos alimentos compostos para animais. O Instituto GFLI está especialmente à procura de pioneiros e dos primeiros a adotar que partilham a visão de que o Instituto GFLI se torne a metodologia e base de dados globalmente reconhecidas para alimentar os dados de ACV.
Além de garantir a existência e a melhoria contínua da base de dados do Instituto GFLI, a adesão ao Instituto GFLI permite às empresas:
• Cumprirem as metas de emissões do Âmbito 3:
• 50-80% do impacto da proteína animal são provenientes dos alimentos compostos e as matérias-primas são a maior fonte nos alimentos compostos.
• Ser visto como um catalisador para a mudança, reconhecendo o impacto ambiental dos setores da pecuária/alimentos compostos para animais e demonstrando o compromisso da sua organização em reduzir o impacto ambiental da produção pecuária/ dos alimentos compostos para animais através de benchmarking e melhoria contínua (ou seja, para melhorias internas e de todo o setor).
• Contribuir para a resiliência de toda a cadeia alimentar e de alimentos compostos para animais:
• As alterações climáticas estão a provocar alterações nas condições/práticas de produção de alimentos compostos para animais, com consequências para a segurança alimentar e para a saúde e bem-estar dos animais. Apoiar proativamente a produção sustentável de alimentos compostos para animais ajuda a melhorar a resiliência e a reduzir os riscos para toda a cadeia alimentar.
Deixe o Instituto GFLI ajudá-lo a atingir as suas metas de sustentabilidade! Para obter mais informações sobre a adesão, fornecimento ou acesso a dados ou sobre como tornar-se parceiro estratégico, por favor, entre em contacto com o Secretariado do Instituto GFLI através do endereço de email: info@globalfeedlca.org.
GESTÃO DE EMISSÕES EM RUMINANTES RUMO À NEUTRALIDADE CLIMÁTICA
Jerónimo PintoNo atual contexto de crises que estão a ocorrer em simultâneo (alimentar, energética, inflacionista, climática, … etc) ganham cada vez maior relevância duas prioridades absolutas – soberania alimentar e descarbonização, que nos obrigam a maximizar a produção alimentar e a minimizar as emissões. Para proporcionar alimentação a toda a população humana e assegurar a máxima soberania alimentar que for possível por países/regiões, a produção agroalimentar faz-se com cada vez maior eficiência, quer por novas soluções (bio)tecnológicas, quer por práticas mais eficazes de maneio e de gestão, sem o que não pode ter sustentabilidade económica, nem ambiental.
Onde estamos em emissões agroalimentares Dados recentes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) indicam que a agricultura nacional contribui para menos de 1/8 das atuais emissões de GEE em Portugal (ano de 2020):
no sentido de minimizar os seus impactos ambientais, nomeadamente pela redução das emissões de gases com efeito de estufa (CH4, N2O) … e pela sua contribuição para retenção e sequestro de carbono.
Destas, só 5.7% são da fermentação entérica dos ruminantes. Esta é a realidade a desmentir fundamentalismos infundados.
Para onde queremos ir
No contexto do Pacto Ecológico Europeu (“Green Deal”) e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC2050), a produção agroalimentar em geral e a produção animal em particular, especialmente as produções de ruminantes, vai enfrentar novos desafios,
Ao setor agroalimentar é pedida redução de GEE abaixo do que é exigido a outros setores, sendo objetivos perfeitamente atingíveis e até superáveis, por via de melhorias em eficiência (agricultura e pecuária de precisão, eficiência alimentar, …), por sequestro de carbono com pastagens biodiversas e por melhorias na gestão de fertilizantes e dos efluentes pecuários.
No cenário RNC a agricultura, que hoje tem 1/8 das emissões, pode aumentar a sua responsabilidade para 1/3 das emissões.
Como podemos / temos que ir A produção de emissões pelos ruminantes não pode ser gerida como mera questão ideológica, mas com base na bioquímica das fermentações que ocorrem no rúmen
Hoje há imenso conhecimento científico que está refletido em inúmeras equações que permitem calcular, com grande rigor, as emissões que são produzidas, consoante as fermentações que promovemos no rúmen, a natureza da alimentação (ingredientes e nutrientes) e a gestão holística da exploração
ALIMENTAÇÃO ANIMAL
originando mais produção de propionato (C3), conforme bem expressado pela conhecida equação de Wolin:
GESTÃO DAS FERMENTAÇÕES NO RÚMEN
Produção de metano (CH4) nos ruminantes
A produção de metano (CH4) entérico pelos ruminantes resulta do seu processo fermentativo no rúmen e depende do tipo de alimentação e da consequente proporção entre AGV (C2, C3, C4) produzidos. Do balanço entre a produção e a utilização de H2 na síntese dos AGV, o H2 em excesso combina-se com CO2, dando CH4
GESTÃO dos NUTRIENTES da ALIMENTAÇÃO
Formulação nutricional da alimentação-global Recorrendo ao imenso know-how científico hoje disponível, podemos (re)ajustar os nossos programas de formulação nutricional da alimentação-global / arraçoamentos, de forma a permitir-nos quantificar e gerir, com cada vez maior rigor, não só os inputs nutricionais, mas também as suas emissões resultantes, especialmente ureia no leite, N na urina e metano
INTENSIDADE da produção de CH4 no rúmen
A intensidade da produção de metano no rúmen resulta do diferencial que houver entre o H2 produzido (C2/acetato e C4/butirato) e o H2 utilizado (C3/propionato e outros AGV):
Quantificação da produção entérica de metano Há equações robustas e cientificamente validadas que podem ser integradas nos programas de arraçoamentos, de forma a quantificar as variações nas emissões consoante as alterações que sejam feitas nos parâmetros nutricionais da alimentação.
Regimes alimentares que produzem mais H – acetato (C2) e/ou butirato (C4) – originam mais CH4 que tipos de alimentação que utilizem H,
Pode ser muito significativa a redução de CH4 por aumento nos teores de gordura, amido, açúcares, concentrado, … e por redução nos teores de fibrosidade da alimentação global. Também é muito significativa a redução de CH4 que decorre da minimização do footprint dos ingredientes e das rações.
Gestão dos INGREDIENTES da ALIMENTAÇÃO
Minimizar e comunicar Carbon Footprint em rações
A Comissão Europeia passou a recomendar a comunicação do carbon footprint dos produtos e já há quem esteja a implementar o “green labelling” em rações.
O carbon footprint (CFP) das rações deverá passar a ser mais um dos atributos a ter em consideração nos ingredientes e nas rações e passará a constar da sua rotulagem, tal como hoje já acontece com proteína, fibra, gordura, cinzas, vitaminas, etc.
Ao nível da exploração, há emissões importadas nos inputs, emissões que decorrem do seu funcionamento interno e emissões exportadas nas suas produções e nos seus efluentes.
O balanço-global das emissões = GWP100 – CO2-equivalente
Estratégias para minimizar emissões na exploração Muitas publicações têm vindo a sistematizar as múltiplas estratégias para minimizar as emissões em ruminantes, que podem ser assim sintetizadas:
Tratando-se de rações a granular, é importante considerar o “pellet quality factor” (PQF), no sentido de melhorar a eficiência energética na granulação e reduzir o seu footprint
Esquematizando as áreas-prioritárias de ação (pontos 1-2):
Transpondo para uma folha de cálculo, podemos quantificar as emissões na exploração (globais e por kg de leite FPCM) consoante os KPI’s – dimensão da cria/recria, produtividade, eficácia alimentar e pegada ambiental das rações utilizadas
A sustentabilidade na produção animal (leite, carne, ovos, …) processa-se em cadeia (formulação – produção – exploração).
Se tivermos o footprint (CO2-eq/kg) desde os ingredientes (base GFLI) na formulação e nos processos fabris na produção industrial (energia, transportes, etc), podemos ter a pegada ambiental das rações e ir até aos kg CO2-eq/kg leite, carne…
Sustentabilidade – EXPLORAÇÕES & PRODUÇÕES
Tomando, como exemplo, uma exploração de vacas leiteiras:
Podemos também fazer simulações e quantificar os impactos que resultarão de alterações que possamos fazer nesses KPI’s
ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS
Nesta simulação, melhorando a dimensão da cria/recria (redução da idade ao 1º parto e aumento da longevidade produtiva), reduzindo a pegada das rações, mais produtividade (kg FPCM) e mitigando (retendo e/ou sequestrando) 150 ton CO2-eq / ano, pode ter-se redução de 24% nas emissões anuais de CO2-eq. Além do impacto ambiental, podemos estimar o benefício económico que resultará das alterações que possamos fazer. Para avaliações mais exaustivas e devidamente certificadas, existem ferramentas específicas (exemplo: “Cool Farm Tool”).
Novos Paradigmas – REPENSAR o CH4
RECALCULAR seu IMPACTO CLIMÁTICO
Ao contrário do CO2 de origem fóssil, que se vai acumulando, o CH4 dos ruminantes tem persistência curta (10-12 anos), sendo classificado como SLCP (short-lived climate pollutant), não contribuindo, como o CO2, para o aquecimento climático
Com a nova metodologia GWP* = CO2-we (warming equivalent) a mesma realidade pode ter emissões diferentes e impactos climáticos opostos (GWP = aquecimento vs GWP* = arrefecimento)
O CH4 de ruminantes mantém-se estável a prazo (10-12 anos), dissociando-se (CO2+H2O) à medida que vai sendo produzido
Fonte: UC DavisMantendo ou reduzindo os efetivos animais (emissões), os ruminantes podem contribuir para arrefecimento climático
Take Home Messages
Nos ruminantes em geral e especialmente no setor leiteiro têm vindo a reduzir drasticamente o número de explorações. Ninguém quanti ficou quanto aumentou a eficiência e quanto reduziram as emissões no setor leiteiro nacional e, assim, não se comunicou que evolução positiva ocorreu em décadas.
Recalcular IMPACTO CLIMÁTICO – novo GWP*
Reconhece-se agora que o impacto climático do CH4 não é corretamente avaliado pelo GWP100 (CO2 – e), pelo que deverá ser substituído pelo novo GWP* (CO2 – we) – que altera muito significativamente o seu impacto no aquecimento climático
Neste artigo apontámos diversas vias para reduzir emissões. Não basta fazer, é fundamental quantificar e comunicar
1 – GERIR SUSTENTABILIDADE EM CADEIA
A sustentabilidade desenvolve-se em cadeia, passando por: 1 – orien tação das fermentações que são desejáveis no rúmen, 2 – formulação e produção de regimes alimentares e/ou rações 3 – (in)eficiências ao nível da exploração no seu conjunto
ALIMENTAÇÃO ANIMAL JORNADAS
3 – COMUNICAR – COMUNICAR – COMUNICAR
O setor agroalimentar nacional hoje tem só 1/8 das emissões, mas vai aumentar a sua responsabilidade até 1/3 das emissões, podendo vir a ser o setor que, de facto, gera mais emissões. Assim, é absolutamente imprescindível ter boa comunicação dos processos e progressos na sustentabilidade agro-pecuária. São muitos os exemplos de boa comunicação que temos doutros lados – mas temos de ter os nossos próprios dados
A cada nível da cadeia correspondem estratégias específicas: – na alimentação, minimizar footprint (formulação e fabrico)
– na exploração, maximizar eficiências produtiva e alimentar (70 a 80% das emissões são de origem entérica + alimentar)
– Eficiência produtiva = MÁX kg FPCM / CN presentes
– Eficiência alimentar = MÁX kg Leite / kg alimentação
– Eficiência ambiental = mínimo Kg CO2-e / kg FPCM
2 – QUANTIFICAR PROCESSOS & PROGRESSOS
Dado que não se pode tomar decisões corretas com base em pressupostos errados, é fundamental medir para se poder gerir. Mediante o desenvolvimento de folhas de cálculo próprias, ou recorrendo a programas específicos mais desenvolvidos (exemplo: CFT – Cool Farm Tool usado pela Cool Farm Alliance), é fundamental quantificar as emissões em todos os processos e acompanhar os progressos que vão sendo implementados:
Para caracterizar completamente qualquer empresa no futuro o indicador-chave fundamental será o seu impacto ambiental pelo que, também nas empresas do setor agroalimentar, é importante desenvolver os seus planos de sustentabilidade:
VOCÊ TEM A AMBIÇÃO DE CRESCER
NÓS TEMOS OS RECURSOS PARA O APOIAR
Estamos aqui para o ajudar a concretizar a ambição de crescer.
Temos um conhecimento profundo de nutrição e produção animal, sustentado em 100 anos de experiência, na presença em 75 países e numa forte aposta em Investigação.
Como seu parceiro de negócio, queremos ser a força motriz do seu crescimento, através das melhores soluções nutricionais e mais sustentáveis práticas de maneio.
Desta forma, cumprimos a nossa missão de alimentarmos animais saudáveis com responsabilidade.
De Heus, ao serviço da nutrição dos seus animais.
COMO PROMOVER O VALOR NUTRICIONAL DA GORDURA DA CARNE DE RUMINANTES E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA FASE ENGORDA
A produção animal em geral e a produção de ruminantes em particular defrontam-se atualmente com grandes desafios que incluem aspetos tão diversos e importantes como sejam a sustentabilidade ambiental, a segurança alimentar dos produtos e a rentabilidade dos sistemas de produção. Nos países mais desenvolvidos económica e culturalmente, existe uma forte corrente de opinião pública contra a produção animal em geral e de ruminantes em particular, justificada por questões éticas relativamente à utilização dos animais, pelo impacto negativo no ambiente da atividade pecuária, etc.. Contudo, a produção de ruminantes permite a exploração de solos de baixa aptidão para agrícola, contribuindo para a economia das regiões, para a fixação das populações e para o equilíbrio dos ecossistemas e dos ciclos dos nutrientes na natureza. A carne e o leite de ruminantes são fontes importantes de nutrientes para a alimentação humana, principalmente para as populações com menos recursos, e estima-se que a procura mundial por estes produtos crescerá ao ritmo de 1.2% ao ano para a carne de ovino e 1.8% ao ano para a carne de bovino https://www.fao.org/3/y4252e/ y4252e07.htm.
As particularidades dos sistemas de produção dos ruminantes resultam essencialmente do seu sistema digestivo, caracterizado pela simbiose entre os animais e a numerosa e variada comunidade microbiana presente no rúmen (microbiota ruminal). Esta comunidade é composta por diversas populações de bactérias, protozoários, arqueas, fungos e vírus, cuja intensa e constante atividade permite a valorização de recursos forrageiros que outras espécies pecuárias não são capazes de aproveitar, convertendo-os em alimentos de alto valor nutritivo para o Homem. Por ação dos microrganismos ruminais os glúcidos solúveis e estruturais presentes nas pastagens e forragens são convertidos em ácidos gordos voláteis, que constituem a principal fonte de energia para o metabolismo dos animais. A proteína dos alimentos é convertida em proteína microbiana, com elevado valor biológico. Os ácidos gordos polinsaturados (AGPI) presentes na gordura dos alimentos são sucessivamente transformados em diversos AG com maior grau de saturação, em que o principal produto final o ácido esteárico (18:0). Esta intensa atividade ruminal gera grandes quantidades de hidrogénio que, se não for eliminado do meio, impedem a atividade das
a
b
diferentes populações microbianas presentes no rúmen. A eliminação é conseguida principalmente através da produção de metano (CH 4 ) ou metanogénese. Os principais microrganismos metanogénicos no rúmen são as arqueas (ou arqueobactérias), embora algumas espécies de protozoários ciliados, também o possam produzir O CH 4 é libertado para a atmosfera através da eructação. Este gás possui um elevado efeito de estufa, que se estima ser 25 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO 2 ) (Brander & Davis, 2012). Por isso o impacto ambiental da produção de ruminantes é superior ao das outras espécies pecuárias, justificando-se o esforço desenvolvido no sentido de reduzir as emissões de CH 4
A transformação da composição da gordura dos alimentos no rúmen por ação da comunidade microbiota ruminal designa-se genericamente por bioidrogenação. Envolve um grande número de processos metabólicos muito complexos que são influenciados por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos ao animal. O aumento do grau de saturação dos ácidos gordos é considerado negativo para a saúde humana. Mais ainda, muitos dos isómeros gerados na bioidrogenação encontram-se na forma trans e são globalmente considerados como nocivos para a saúde humana. No entanto, ao avanço no conhecimento na área da nutrição, mostraram que os efeitos dos grupos de ácidos gordos na saúde dos consumidores não se podem generalizar e que o impacto dos ácidos gordos na forma trans varia entre isómeros. O principal isómero trans sintetizado no rúmen é o ácido vacénico (t11-18:1), que é percursor da síntese no rúmen, no músculo e no leite de um isómero conjugado do ácido linoleico, o ácido ruménico (c9,t11-18:2), frequente designado por CLA. Estes são geralmente os isómeros principais da bioidrogenação e apresentam diversas funções benéficas no organismo, apresentando, entre outros, efeitos anticancerígenos. Por outro lado, os produtos dos ruminantes podem ser fontes de AGPI n-3, cujos efeitos benéficos para a saúde humana estão bem documentados e incluem efeitos anti-aterogénicos, anti-trombóticos, anti-inflamatórios, anti-depressivos, sendo ainda de mencionar o facto de serem essenciais para o desenvolvimento do sistema nervoso e das funções cognitivas.
A valorização da carne e leite dos ruminantes passa pelo aumento da proporção destes ácidos gordos nestes produtos. Como se pode alcançar este objetivo? Como foi já referido, os processos da bioidrogenação são influenciados por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos ao animal, sendo
que o mais importante é a dieta. Sabe-se que dietas ricas em forragens favorecem a deposição dos isómeros intermediários da bioidrogenação com efeito benéfico na saúde e que este efeito é exacerbado quando as dietas são suplementadas com lípidos não protegidos. Contudo, a suplementação lipídica não deve ultrapassar os 60 g/kg de matéria seca, para evitar efeitos negativos na ingestão de alimento, na digestibilidade da fibra e nos processos oxidativos celulares. Estas dietas forrageiras, de baixa densidade energética, podem limitar a resposta produtiva dos animais nas fases de maiores necessidades nutritivas (crescimento e lactação). Assim, é comum em condições de produção utilizarem-se dietas completas, conjugando forragens com alimentos concentrados. Nestas condições o efeito da suplementação lipídica é mais variável do que quando são usadas dietas exclusivamente forrageiras.
Nos últimos 20 anos no Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, IP – Pólo de Santarém (INIAV-Fonte Boa) desenvolveram-se vários projetos de investigação relacionados com este tema, envolvendo as fases de engorda e acabamento de borregos e de novilhos, onde se estudaram os efeitos isolados ou combinados de diferentes fatores nutricionais na bioidrogenação ruminal, na produtividade e na qualidade dos produtos dos animais. Tentaremos sumarizar as principais conclusões dos diversos trabalhos que foram realizados nos pontos seguintes:
1. A suplementação lipídica das dietas de ruminantes com fontes de AGPI é a estratégia mais expedita e eficaz para manipular a composição em ácidos gordos dos produtos. A suplementação moderada com fontes de 18:2 n-6, como sejam as sementes ou óleos
de girassol ou de soja, potenciam o aumento das proporções dos ácidos vacénico e ruménico, enquanto que a suplementação com fontes de n-3 AGPI, como sementes de linho, óleo de linho e óleo de peixe, para além do aumento dos ácidos vacénico e ruménico, resulta também num aumento dos AGPI n-3. A conjugação de fontes de 18:2 n-6 e de AGPI n-3 pode ser eficaz para enriquecer simultaneamente a carne em CLA e em n-3 AGPI (Bessa et al., 2007).
2. A composição da dieta-base é fundamental para os resultados obtidos com a suplementação lipídica. Em dietas com elevada proporção de cereais, a suplementação lipídica pode traduzir-se num aumento preferencial do isómero t10-18:1, que nestas dietas substitui o ácido vacénico como principal isómero da bioidrogenação (shift trans-10). Este isómero não pode ser convertido em ácido ruménico e o seu efeito é considerado nefasto para a saúde humana. Deste modo, quando os ruminantes são alimentados com dietas ricas em concentrados e em amido, o shift trans-10 é o principal condicionante da concentração de ácido ruménico na carne dos ruminantes (Bessa, Portugal, Mendes, & Santos-Silva, 2005).
3. A natureza da fibra é essencial para a prevenção do shift trans10. Dietas com alto teor em fibra e baixo teor em amido podem não evitar a ocorrência do shift trans-10, se a fonte de fibra for de elevada digestibilidade (Costa et al., 2017).
4. O tamanho da partícula da forragem influencia o trânsito e o pH ruminal e consequentemente a bioidrogenação. Dietas em que a forragem é cortada permitem obter maiores proporções dos
ALIMENTAÇÃO ANIMAL SUSTENTABILIDADE
ácidos vacénico e ruménico do que outras em que a forragem é moída (Santos-Silva, Mendes, Portugal, & Bessa, 2004).
5. A substituição nos concentrados dos cereais por subprodutos das agroindústrias com baixo teor em amido, reduzem o risco da ocorrência do shift-t10 (Francisco et al., 2020).
6. A proporção de forragens nas dietas completas para ovinos deve ser superior a 40 % da matéria seca para que o risco de ocorrência do shift trans-10 seja baixo (Santos-Silva et al., 2019).
7. As dietas suplementadas com AGPI, principalmente ricos em n-3, como os óleos de peixe ou de algas, apresentam um elevado potencial pró-oxidante que pode afetar a saúde dos animais e a estabilidade oxidativa da carne produzida. Assim, nestes casos é importante reforçar o nível dos compostos antioxidantes nas dietas.
8. As dietas com alta proporção de forragens resultaram numa menor variabilidade das proporções dos principais isómeros da bioidrogenação, o que se traduz numa maior homogeneidade da qualidade dos produtos obtidos (Santos-Silva et al., 2020).
9. A resposta à manipulação das dietas é muito mais acentuada no caso dos ovinos do que no dos bovinos. A par da valorização dos produtos, os sistemas de produção animal devem evoluir no sentido da maior sustentabilidade na utilização dos recursos disponíveis e da mitigação do impacto ambiental. Em Portugal, as necessidades alimentares dos efetivos de multiplicação de bovinos e ovinos e dos vitelos e borregos até ao desmame, são garantidas essencialmente pelos recursos forrageiros disponíveis na exploração (pastagens e forragens). Contudo, a engorda e acabamento dos animais destinados ao abate envolve geralmente um período mais ou menos longo em que estes são alimentados com dietas de alta concentração energética. Estas dietas são geralmente baseadas em concentrados comerciais. Desde que seja assegurada a viabilidade técnica e económica, a utilização de dietas para novilhos ou borregos em que os subprodutos agroindustriais substituam parcialmente os concentrados ou os seus constituintes, promove a circularidade na utilização dos recursos e reduz o impacto ambiental e os custos de produção das agroindústrias. Os projetos ValRuMeat (2016-2019) https://projects.iniav.pt/valrumeat/, Subpromais (20182022) https://www.subpromais.pt/index.php e LegForBov (2018-2022) https://projects.iniav.pt/LEGforBOV/ foram desenvolvidos recentemente no INIAV-Fonte Boa e relacionaram-se com estes aspetos da produção de ruminantes. Realizaram-se diversos ensaios produtivos com ovelhas, borregos e novilhos em acabamento, no sentido verificar a viabilidade de dietas alternativas aos concentrados, com elevada incorporação de forragens, baixa incorporação de cereais, por substituição por subprodutos de natureza diversa, e suplementadas com lípidos não protegidos. Os resultados alcançados indicam que com este tipo de dietas as performances produtivas são compatíveis com os sistemas intensivos de produção. Os efeitos no rendimento e na qualidade das carcaças foram inexistentes ou sem impacto no valor comercial. Com estas dietas aumentou a deposição dos AG bioativos com efeitos benéficos para a saúde. A rentabilidade destas dietas depende da disponibilidade dos subprodutos, dos custos de produção das forragens e do valor de mercado das matérias-primas utilizadas no fabrico dos concentrados. Contudo, a utilização deste tipo de dietas pode traduzir-se num aumento das emissões ruminais de metano dos animais, devido ao maior teor em fibra. Assim, este aspeto poderá afetar negativamente a utilização deste tipo de dieta na engorda de ovinos ou bovinos. Mas a sustentabilidade ambiental dos sistemas produtivos tem de
ser estudada de forma integrada, considerando todo o ciclo de produção dos animais e a utilização dos recursos – Análise de Ciclo de Vida (ACV). A produção de forragens a nível local, com redução das necessidades de transporte, o aumento da fixação de carbono pelas pastagens e a utilização de suplementos lipídicos na dieta dos animais contribuem para o equilíbrio da pegada de carbono da produção de ruminantes. Também a utilização de subprodutos em alternativa aos cereais pode resultar numa diminuição da pegada de carbono associada aos concentrados.
Nos estudos atualmente em curso no INIAV está a ser considerada a avaliação da pegada de carbono durante o período de crescimento/ acabamento de novilhos utilizando diferentes tipos de dietas. A avaliação das emissões de metano pelos animais realiza-se com recurso a uma unidade GreenFeed (GreenFeed – Large Animals, C-Lock Inc, Rapid City, USA) que foi recentemente adquirida pelo INIAV. Estes trabalhos incluem a ACV, que integra toda as emissões associadas com o período de acabamento dos animais, incluído as emissões a montante desta fase do ciclo de produção de carne. Deste modo poderemos concluir com maior objetividade sobre a sustentabilidade das estratégias nutricionais que temos vindo a estudar.
No último ensaio realizado no âmbito do projeto LegForBov, foi avaliada a pegada de carbono através de ACV de dois grupos de 8 novilhos machos cruzados Limousine × Alentejana na fase de acabamento, com duração de 64 dias. As dietas utilizadas foram um concentrado comercial (Control) e uma dieta completa (HFBpS) com alta incorporação de fenosilagem de boa qualidade (54% MS), baixa incorporação de cereais (16% MS), inclusão de subprodutos agroindustriais (16% MS) e suplementação com semente inteira de girassol (10% MS).
Tabela 1 – Efeitos da dieta nas emissões associadas com os componentes da Análise de Ciclo de Vida para o período de acabamento de novilhos cruzados Limousine × Alentejana, expressos em kg CO2e/kg Ganho de Peso Vivo
Dietas EPM3 P Control1 HFBpS2
Emissões
Estrumes 1.17 1.29 0.155 0.399
Fermentação ruminal 1.15 2.27 0.157 <0.001
Alimentos concentrados 3.80 1.07 0.270 <0.001
Forragens 0.17 1.63 0.046 <0.001
Pegada de carbono do período de acabamento 6.51 6.63 0.311 0.796
1 – Biona Diobife Top2 GRA; 2 – 54% MS de fenosilagem, 36 % MS de concentrado com cereais + subprodutos e 10% MS de semente de girassol; 2 – Erro padrão das médias. Os resultados mostram que o grande aumento das emissões de CH4 relacionada com a atividade do rúmen com a dieta HFBpS, foi compensado pela redução do consumo de concentrado e o resultado final da ACV revelou que a pegada de carbono foi semelhante para as duas dietas. Estes resultados indicam que para melhorar os resultados nesta fase de produção, é necessário reduzir as emissões de CH4 do rúmen. Desde há muito que se conhecem suplementos da dieta que reduzem a metanogénese, onde se incluem: óleos vegetais; compostos bioativos das plantas (compostos fenólicos, saponinas, óleos essenciais) compostos recetores de eletrões (nitratos, sulfatos, fumarato, etc); compostos ionóforos (Hristov et al., 2013). Black, Davison, and Ilona Box (2021) referem 4 estratégias com maior potencial na mitigação das emissões ruminais de CH4 em condições de produção comercial: a utilização de aditivos nas dietas dos animais, referindo a Asparagopsis taxiformis (uma alga vermelha com grande disseminação mundial e existente no mar dos Açores) e um composto químico já em fase de comercialização (3-Nitrooxypropanol (Bovaer®)); a manipulação da
composição do microbiota ruminal; e a inclusão na dieta de leguminosas arbustivas tropicais. No âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) foi aprovado o projeto GEEBovMit Mitigação das emissões de GEE na produção de bovinos de carne, pastagens, forragens e aditivos naturais coordenado pelo INIAV. Este projeto envolve 3 ações e uma delas tem como objetivo principal avaliar a viabilidade da utilização de extratos oleosos de Asparagopsis taxiformis para a redução das emissões de CH4 de bovinos alimentados com dietas completas com elevado teor em forragens. Já foram realizados ensaios in vitro que comprovaram que este aditivo pode inibir fortemente as emissões de CH4 no rúmen e serão realizados brevemente ensaios com animais de produção. Esperamos que os ensaios in vivo confirmem a eficácia dos extratos oleosos de Asparagopsis taxiformis na redução do impacto ambiental da produção de carne de bovino e que não tenham efeitos colaterais que condicionem a viabilidade da sua utilização.
Agradecimentos
Projeto ValRuMeat – "Valorização da Carne de Ruminantes Produzidos em Sistemas Intensivos (ALT20-03-0145-FEDER-000040) financiado pelo programa Alentejo 2020. Projeto LegForBov – "Alimentos Alternativos na Produção da Carne de Bovino" (PDR2020-101-031179) financiado pelo PDR2020 através do FEADER.
Ao projeto GEEBovMit - Mitigação das emissões de GEE na produção de bovinos de carne – pastagens, forragens e aditivos naturais (PRR-C05-i03-I-000027 LA3.1). Ao projeto GreenBeef–“Rumo à produção de carne Angus em Portugal, neutra em carbono” (047050) financiado pelo programa COMPETE 2020 (FEDER), pela participação de Nuno Rodrigues.
Bessa, R. J. B., Alves, S. P., Jerónimo, E., Alfaia, C. M., Prates, J. A. M., & Santos-Silva, J. (2007). Effect of lipid supplements on ruminal biohydrogenation intermediates and muscle fatty acids in lambs. European Journal of Lipid Science and Technology, 109, 868-878. doi:10.1002/ejlt.200600311
Bessa, R. J. B., Portugal, P. V., Mendes, I. A., & Santos-Silva, J. (2005). Effect of lipid supplementation on growth performance, carcass and meat quality and fatty acid composition of intramuscular lipids of lambs fed dehydrated lucerne or concentrate. Livestock Production Science, 96(2), 185-194. doi:https://doi. org/10.1016/j.livprodsci.2005.01.017
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A COMUNIDADE LIGADA À PRODUÇÃO DE CARNE DE BOVINO AUMENTA O ACESSO AO CONHECIMENTO VITAL PARA GARANTIR A SUSTENTABILIDADE DO SETOR
A plataforma de armazenamento de informação, BovINE Knowledge Hub, que contém mais de 400 publicações sobre investigação e boas-práticas relacionadas com a bovinicultura, já recebeu mais de 2.000 visitas individuais, que corresponde a mais de 25.000 páginas visualizadas, em menos de um ano. O projeto BovINE promoveu as suas iniciativas através de atividades e eventos nacionais, com o objetivo de garantir que cada vez mais bovinicultores e os seus consultores e técnicos, aproveitem os conhecimentos e os conselhos práticos disponíveis, de forma gratuita, na plataforma BovINE Knowledge Hub.
Muitos agricultores por toda a Europa, assim como os seus consultores especializados nas mais diversas áreas, já acederam e tomaram partido das informações armazenadas no BovINE Knowledge Hub. Estas estão agrupadas em quatro temas principais: saúde animal e bem-estar; resiliência socioeconómica; eficiência produtiva e qualidade da carne; e sustentabilidade ambiental.
José Pais, gestor em Portugal da rede regional do projecto BovINE financiado pela UE, afirma:
“A plataforma BovINE Knowledge Hub abarca uma quantidade enorme de informação, validada e demonstrada na prática pecuária e pela Ciência. Numa altura em que aos bovinicultores e a todo o setor da produção de carne de bovino em Portugal, são colocados desafios em inúmeras frentes e das mais variadas formas, é crucial que os conhecimentos necessários na resposta às expectativas dos reguladores, do mercado e dos consumidores e em que é necessário garantir a sustentabilidade da produção, cheguem aqueles que dele necessitam e que dele farão bom uso – os produtores.
O BovINE Knowledge Hub é uma excelente fonte de informação tanto para os próprios produtores como para toda a rede de profissionais que os apoia e que com eles trabalha. Através da nossa reunião em Évora em Outubro de 2022, a ser organizada pela equipa Portuguesa do BovINE, iremos incentivar uma ainda maior quantidade de bovinicultores portugueses a ligarem-se à plataforma, permitindo que dominem e utilizem toda a informação de que precisam”.
Note-se que os visitantes da plataforma Knowledge Hub, utilizando o seu próprio navegador de Internet, podem traduzir todo o conteúdo para a sua própria língua.
O encontro em Portugal é um dos nove encontros nacionais do BovINE para agricultores e seus consultores, que decorrerão na Bélgica, Estónia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal e Espanha. Paralelamente às reuniões, decorre uma campanha de comunicação através dos meios de comunicação social e especializados em todas as línguas, utilizando conteúdos do Knowledge Hub sobre temas particularmente pertinentes para cada país.
Manuel Silveira, produtor de bovinos na Ilha do Pico, nos Açores, e membro da rede Nacional do BovINE, recomenda que outros produtores adiram à plataforma Knowledge Hub:
“A plataforma Knowledge Hub é algo muito útil, onde posso encontrar respostas para os meus problemas e dúvidas. O projeto BovINE é realmente importante para todo o setor de produção de carne de bovino na Europa e também para mim como produtor. Até à data, tive acesso a conhecimento e informação útil e importante, na gestão da minha exploração."
Miguel Vacas de Carvalho, produtor de bovinos em Montemor-o-Novo, apoia as ações do projeto BovINE e valoriza as oportunidades de colaboração através da plataforma Knowledge Hub:
"A circulação de informação entre os estados membros da UE é uma mais valia com um grande potencial. Como agricultores, técnicos, consultores e investigadores, podemos atingir melhores resultados, trabalhando em conjunto através da partilha de conhecimento. O projeto BovINE e a sua plataforma de informação é um vetor ideal para facilitar este processo.”
Adira à iniciativa do BovINE “Conhecer a plataforma BKH” no Twitter, Instagram ou Facebook e aceda às "Fichas Resumo de Boas Práticas" existentes no Knowledge Hub que promovem a sustentabilidade da produção de carne de bovino na Europa.
Notas
1. Para mais informações sobre o projeto BovINE em Portugal contactar Magda Aguiar Fontes da Faculdade de Medicina Veterinária, magdaaguiar@fmv.ulisboa.pt, 213652884
2. Pedidos de entrevistas com os Coordenadores Temáticos, Gestores de Projeto, ou outros membros da equipa do projeto, e/ou conteúdos audiovisuais (fotos/vídeos) por favor contactar Rhonda Smith & Marie Saville no
UK em bovine@minervacomms.net +44 (0) 1264 – 400540 +44(0)7887-714957
3. A rede do BovINE tem um gestor de rede, o Network Manager (NM). sediado em cada um dos 9 Estados-membros (Bélgica, Estónia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal e Espanha) que constrói redes através das suas comu-
No.
nidades de produtores de bovinos de carne. Os contactos de cada NM podem ser consultados no site do BovINE: http://www.bovine-eu.net/ network-managers/
4. Na página do BovINE, clique nas bandeiras para aceder a todo o material traduzido para o país respetivo.
Nome da organização
participante
1 Teagasc – Agriculture and Food Development Authority
Coordenação do Projeto – Prof. Maeve Henchion maeve.henchion@teagasc.ie; Gestão do Projeto – Richard Lynch: richard.lynch@teagasc.ie
2 Feirmeoiri Aontuithe na h-Eireann Iontaobiathe Teoranta LBG
5. Este projeto recebeu financiamento da União Europeia através do Horizonte 2020 programa "Rural Renaissance". Project No: 862590 da call H2020-RUR-2019-15. Mais informação disponível em https://cordis.europa.eu/project/ id/862590
6. Parceiros do Projeto BovINE
País
Atividade
Irlanda Investigação aplicada/ extensão
Irlanda Associação de produtores
3 Centro Ricerche Produzioni Animali – C.R.P.A. s.p.a. Itália Investigação aplicada
4 Unicarve – Associazione Produttori Carni Bovine Itália Associação de produtores
5 Institut de l’Elevage França Investigação aplicada/consultoria
6 Fédération Nationale Bovine França Associação de Produtores de Bovinos
7 Universidad de Zaragoza Espanha Investigação
8 Instituto Navarro de Tecnologias e Infraestructuras Agroalimentarias SA Espanha Investigação aplicada/consultoria
9 Szkola Glowna Gospodarstwa Wiejskiego Polónia Investigação
10 Polish Beef Association Polónia Associação produtores de bovinos
11 Faculdade de Medicina Veterinária Portugal Investigação
12 ACBM – Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos Promert – Agrupamento de Produtores de Bovinos Mertolengos S.A.
Portugal Agrupamento produtores de bovinos
13 Eigen Vermogen van het Instituut voor Landbouw – en Visserijonderzoek Bélgica Investigação aplicada
14 Boerenbond Bélgica Associação produtores
15 Friedrich Loeffler Institut – Bundesforschungsinstitut fur Tiergesundheit Alemanha Investigação
16 Bundesverband Rind und Schwein e.V Alemanha Associação produtores
17 Minerva HCC Ltd UK SME
18 NPO Liivimaa Lihaveis Estónia Organização sem fins lucrativos.
ALIMENTAÇÃO CIRCULAR: A CHAVE PARA A SUSTENTABILIDADE
A “Alimentação Circular” para animais é um conceito relativamente recente, embora a indústria de rações europeia sempre tenha recuperado de outros processos industriais nutrientes de matérias-primas secundárias. A recuperação de nutrientes e a redução das perdas de nutrientes são essenciais, porque garante a contribuição da produção de ração para a economia circular da pecuária. Esse sistema alimentar circular mantém nutrientes valiosos na cadeia alimentar que, de outra forma, seriam desperdiçados.
A indústria de rações desempenha um papel crucial no fecho dos ciclos de nutrientes e na otimização da biodisponibilidade de nutrientes para consumo humano. Os produtos derivados da pecuária, como carne, laticínios, ovos, bem como peixes da aquicultura, são uma excelente fonte de alimentos ricos em nutrientes para os seres humanos. Os animais são criados com ração feita de partes de plantas que os humanos não consumem, como forragem ou resíduos de atividades de processamento de alimentos. A recuperação de farelo de trigo de moinhos de farinha, para os quais não havia mercado na alimentação humana, a polpa cítrica derivada do processamento de frutas cítricas ou pellets de polpa de beterraba e melaço derivados da produção de açúcar são bons exemplos.
A FEFAC publicou recentemente “Circular Feed –Optimized Nutrient Recovery Through Animal Nutrition” – uma publicação que mostra a interpretação prática da indústria europeia de rações do conceito “Circular Feed” com exemplos de como o setor contribui para a economia circular.
A Estratégia da Comissão Europeia Farm to Fork, publicada em maio de 2020, forneceu estímulo adicional sobre como utilizar ingredientes alternativos para rações e, consequentemente, reduzir a pegada ambiental dos produtos de origem animal. É claro que o aumento do uso de ração circular e a menor dependência de terras agrícolas resultarão em menores emissões de gases de efeito estufa relacionadas à produção de ração.
Mas a FEFAC destaca que a avaliação de impacto da próxima Estrutura de Sistemas Alimentares Sustentáveis da UE deve fazer uma revisão das medidas extremas na estrutura regulamentar da UE que restringem a circularidade e criam estrangulamentos, limitando o acesso a uma gama mais ampla de fontes circulares de nutrientes.
“Na publicação, tentamos descrever a nossa contribuição para a economia circular – comenta Anton van den Brink, Secretário-Geral Adjunto da FEFAC
– Circular Feed é um conceito construído a partir de outros tipos de setores da indústria, como construção, resíduos e transformação de recursos. Então, inspiramo-nos noutras definições e experiências e tentamos aplicar isso na alimentação, para mostrar que temos orgulho do processo de upcycling. Esta
é uma economia circular, pois tem matérias-primas secundárias com nutrientes que, através dos animais e do processo de upcycling, são transformados em nutrientes altamente biodisponíveis para consumo humano. Os humanos não podem consumir ração, então não há competição. A indústria do setor de rações contribui para ajudar a pecuária a tornar-se parte de sistemas de produção de alimentos mais circulares e de baixo carbono”.
“O upcycling de nutrientes através da pecuária, convertendo matérias-primas secundárias em nutrientes altamente biodisponíveis para consumo humano, é uma parte importante de nossa licença para produzir como fabricantes europeus de rações – acrescenta o presidente da FEFAC, Asbjørn Børsting – hoje já podemos fornecer muitos exemplos concretos, permitindo-nos aumentar a participação nas formulações de rações circulares, não concorrendo com o uso direto da alimentação humana. No entanto, recomendamos uma revisão sistemática e crítica dos atuais estrangulamentos legislativos no quadro regulamentar da UE que atualmente restringem um nível mais elevado de circularidade nos sistemas alimentares da UE através de soluções inovadoras de nutrição animal, para permitir uma maior otimização do nosso potencial de economia circular na próxima UE Estrutura de Sistemas Alimentares Sustentáveis”. Um Quadro de Sistemas Alimentares Sustentáveis deve garantir que o uso de nutrientes emergentes da economia circular não seja desviado para o uso de bioenergia devido a incentivos para energias renováveis. A FEFAC recomenda estabelecer uma hierarquia clara para biomassa rica em nutrientes, priorizando o uso de nutrientes na cadeia alimentar sobre o uso não alimentar. A pressão política para aumentar a produção de bioenergia pode causar a perda de valiosos fluxos de biomassa residual da cadeia alimentar para a produção de energia.
A “European Livestock Voice” é um grupo diverso de parceiros da fileira pecuária da União Europeia que decidiu unir-se com o objetivo de retomar um diálogo equilibrado sobre um setor que desempenha um papel essencial na rica herança e no futuro da Europa. Estas organizações que representam todos os setores da fileira pecuária, pretendem informar o público sobre o valor social da produção pecuária e a sua contribuição para os desafios globais, mostrando outra perspetiva para os atuais debates.
AS ESTRATÉGIAS DE SAÚDE PREVENTIVAS PARA LEITÕES BEM-SUCEDIDAS
Substituir doses farmacológicas de ZnO sem aumentar o uso de antibióticos é uma tarefa complexa. Em vez de focarem uma única abordagem, os resultados dos ensaios sugerem que as estratégias bem-sucedidas sem antibióticos dependem de uma abordagem holística que efetivamente aborda os diversos modos de ação do ZnO. Vejamos como com o uso de ß-(1,3)-glucanos derivados de algas, Bacillus sp. PB6 e ácidos orgânicos encapsulados.
Os desafios da era pós-óxido de zinco
O período de desmame é uma fase particularmente stressante para os leitões devido às alterações sociais e de gestão que podem resultar em diarreia pós-desmame (DPD) e ganho médio diário deteriorado. A DPD, que é um problema que ocorre frequentemente durante o desmame, está associada à infeção por E. coli enterotoxigénica (por exemplo, K88 ou F4), causa enormes perdas económicas para a indústria da suinicultura todos os anos e leva ao aumento do uso de antibióticos.
O tratamento da DPD depende frequentemente de antibióticos. Embora o uso de antibióticos obviamente varie de região para região, uma revisão científica do uso de antibióticos na Bélgica observou que uma grande maioria (93% do total de antibióticos) administrados foi para profilaxia, ao mesmo tempo que a metafilaxia ou uso em tratamento foi muito inferior (7% do total de antibióticos) (Lekagul et al., 2017). Na mesma revisão, os antibióticos foram vulgarmente usados durante a amamentação e pós-desmame e as infeções gastrointestinais foram o motivo mais comum para o uso de antibióticos.
A aplicação de doses farmacológicas de óxido de zinco (ZnO) em dietas de leitões pós-desmame –geralmente, a um nível de 2.500 ppm de zinco – era comum na indústria para controlar a DPD. Porém, desde 26 de junho de 2022, o uso de doses elevadas
de ZnO passou a ser proibido na União Europeia. Para enfrentar o desafio da substituição farmacológica do ZnO, primeiro, é preciso identificar como este ingrediente funciona. Embora o mecanismo exato do ZnO contra a DPD ainda não tenha sido totalmente esclarecido, já conseguimos identificar alguns efeitos do ZnO.
Em primeiro lugar, o uso de ZnO não se resume apenas a tentar controlar a E. coli patogénica. O ZnO tem efeitos anti-inflamatórios que ajudam a aliviar os desafios do trato gastrointestinal e reforçam o sistema imunológico dos leitões jovens. O ZnO também suporta a estrutura e função das vilosidades intestinais, que são deterioradas pela transição de uma dieta líquida para uma alimentação mais complexa e pelo aumento do nível de stress. Além do mais, demonstrou-se que o ZnO melhora a digestão dos nutrientes. Dados os diversos modos de ação dos níveis farmacológicos de zinco, a implementação de estratégias alternativas livres de antibióticos é um esforço complexo para o qual uma abordagem multifatorial é de importância crucial.
Um exemplo de estratégia multifatorial vencedora
Realizou-se um ensaio em leitões desmamados com idades entre os 28 dias e os 70 dias em condições semicomerciais no Reino Unido com vista a avaliar a eficácia da substituição dos níveis farmacológicos de ZnO por uma solução que cubra os modos de ação do ZnO.
Aleta™ é uma solução alimentar altamente concentrada que contém mais de 50% de ß-(1,3)-glucano linear derivado de algas (Euglena gracilis). O mecanismo de ação destes ß-glucanos promove suporte imunológico e aumento da resistência a doenças. O CLOSTAST®, que contém esporos de Bacillus sp. PB6 (ATCC PTA-6737), originário de animais que resistiram a um surto de enterite, foi utilizado para
Dieta experimental
Etapa Ingredientes utilizados Controlo Tratamento Pré-inicial (dia 28-42) Óxido de Zinco (ppm) ß-glucano (g/ton) Bacillus sp. PB6 (CFU/kg) Ácidos fórmico e cítrico (kg/ton)
Starter (dia 43-70) Óxido de Zinco (ppm) ß-glucano (g/ton) Bacillus sp. PB6 (CFU/kg) Ácidos fórmico e cítrico (kg/ton)
Tabela 1: Desenho experimental
Dieta basal 2500 ppm 0 0 0
Dieta basal 0 0 0 0
Dieta basal 0 300 2 x 108 4
Dieta basal 0 200 1 x 108 1
promover efetivamente um microbioma saudável e reduzir os riscos de infeções entéricas. Finalmente, utilizou-se Formyl™, uma solução encapsulada que consiste em ácido fórmico e ácido cítrico, para controlar enterobactérias como a E. coli no trato intestinal.
Incluiu-se um total de 380 leitões (50% Large White x 25% Landrace x 25% Pietrain) no ensaio em três lotes. Os leitões foram equilibrados de acordo com o sexo e o peso e então alocados aleatoriamente para uma dieta Controlo ou Tratamento (Tabela 1). Cada dieta foi replicada 9 vezes. Mediram-se o peso vivo e o ganho de peso médio diário (GMD). Amostras fecais dos dois primeiros lotes foram recolhidas e analisadas quanto à consistência. A matéria seca fecal e o pH foram igualmente analisados. Os critérios de êxito foram definidos como resultados comparáveis em ambos os grupos experimentais.
Durante a fase pré-inicial (28-42 dias), o GMD e o peso vivo dos leitões foram semelhantes na dieta Controlo suplementada com 2500 ppm de ZnO e no grupo Tratamento suplementado com ß-(1,3)-glucanos derivados de algas, Bacillus sp. PB6 e ácidos orgânicos (P>0,05). A pontuação média de diarreia fecal também foi comparável e indicou fezes normais em ambos os grupos, o que indica que ambas as estratégias foram capazes de prevenir DPD. A matéria seca fecal e a análise de pH também mostraram resultados semelhantes em ambos os grupos. Além disso, o uso dos três ingredientes alternativos melhorou o crescimento dos leitões em comparação com a dieta de controlo durante o período starter (43-70 dias). Globalmente, a estratégia alternativa melhorou significativamente o GMD (+4,5%) e o peso médio do leitão (+3%) em comparação com a dieta ZnO (P<0,05) durante todo o período de estudo (28-70 d).
Conclusão
É nosso dever reduzir a dependência da produção de suínos de antibióticos. Como tal, é fundamental conseguir desmamar os leitões sem depender de antibióticos para controlar as infeções na era pós-ZnO e garantindo ao mesmo tempo o desempenho desejado. Os resultados deste estudo indicam que uma estratégia de saúde preventiva que incluiu ß-(1,3)-glucanos com origem em algas, Bacillus sp. PB6 e ácido fórmico e cítrico pode substituir os níveis farmacológicos de óxido de zinco sem recorrer ao uso de antibióticos. A diarreia pós-desmame foi evitada e o ganho médio diário foi mantido e até aumentado durante todo o período do estudo.
COMPARAÇÃO DE MOINHOS DE MARTELOS HORIZONTAIS E VERTICAIS
Atualmente, na indústria, para além do objetivo de entregar produtos finais com a qualidade requerida pelo cliente, existe a preocupação de produzir com a menor pegada de carbono possível.
O segundo maior consumidor de energia, em kW/ton, no processo de granulação é a etapa de moagem, sendo que para uma fábrica de farinados é o principal. Existem vários tipos de formas para moer os diferentes produtos necessários para a formulação das rações, os principais são: moagem por moinhos de rolos e moagem por moinhos de martelos.
O mais comum é a moagem por moinho de martelos, visto que a nível de investimento inicial é menor. Sobre os moinhos de martelos, existem 2 tipos: Horizontais e verticais
Figura 4 – desgaste máximo dos martelos para se poder girar
Um à parte deste artigohabitualmente, recebemos muitas consultas de quando se deve mudar ou girar os martelos dos moinhos; aproveito aqui para deixar alguns conselhos. Os martelos devem ser girados, quando ainda existe uns 10 a 15 mm de metal à volta do furo (ver figura 4). Caso tenha menos de 10 mm, já não se pode virar os martelos.
Voltando ao tema principal, os moinhos verticais, usando melhor a área do martelo, necessitam de menos martelos para a mesma capacidade e granulometria do que moinhos horizontais convencionais. Os moinhos Buhler Vertica AHZK usam apenas 48 martelos, distribuídos por 12 veios, com 4 martelos cada, como exemplifica a figura 5.
Figura 1 – Entrada de produto para moinho horizontal
Figura 5 – esquema de martelos moinho vertical
Figura 2 – Entrada de produto para moinho vertical
Uma das principais diferenças que podemos analisar à primeira vista é o facto de no caso do moinho vertical existir uma área de impacto do martelo maior do que no caso do moinho horizontal, no primeiro o desgaste é mais distribuído ao longo do martelo, enquanto no último o desgaste é apenas nas pontas dos martelos, usando uma menor área deste para “bater” no produto, como demonstra a imagem abaixo (figura 3).
A ordem dos martelos longos e curtos podem ser alterados, para dessa forma ajustar o d50, valor que indica a granulometria à qual 50% do produto está abaixo de uma determinada granulometria. A curva de granulometria é um pouco distinta para o mesmo d50, quando a comparamos com os outros sistemas de moagem.
Figura 3 – Padrão de desgaste diferentes moinhos de martelos
Na figura 6 podemos verificar que para um d50 de 1000, a curva dos moinhos de rolos e as curvas dos moinhos de martelos vertical ou horizontal não são sobreponíveis. Analisando em termos de produto fino, o moinho de martelos horizontal apresenta cerca de 17% produto fino, enquanto o vertical apresenta menos de 9%, o que para rações de aves, de uma forma geral, pode ser uma grande vantagem. Sobre granulometria, é importante ressalvar que não se pode usar moinhos verticais para todos os produtos ou para todas a granulometrias. O crivo menor que se pode aplicar é de 2,0mm de diâmetro, sendo impossível usar crivos de menos diâmetro, i. e. para moagem fina, como podem ser necessário para Petfood ou para rações de iniciação.
Figura 6 – Comparação das curvas de granulometria dos diferentes sistemas de moagem, para um d50 de 1000um
Os moinhos verticais não necessitam de aspiração, porque o rotor, estando na vertical, funciona como ventilador para extrair o produto moído da camara de moagem.
Desta forma, pode-se reduzir entre 7,5 e 15 kW, somente em aspiração. Em termos gerais, para a mesma capacidade, o consumo energético é cerca de 37% inferior ao moinho horizontal, como se pode ver no gráfico abaixo.
Figura 8 – Comparação do consumo energético dos diferentes sistemas
Em resumo:
Vantagens do Moinho de Martelos Vertical temos:
• Requer menos espaço
• Usa menos martelos e crivos mais pequenos, menor custo operacional
• Rápida mudança de crivos e martelos.
• Não necessita aspiração, sem emissões de pó para a atmosfera
• Menor consumo energético
• Menor proporção de produto fino
• Menor perda de humidade, durante a moagem
A ter em conta na hora de optar por moinhos verticais
• Requer maior pé direito para a sua alimentação (aproximadamente 3m)
• Não permite moagem fina
• Não permite moagem de produtos fibrosos.
Figura 7 – esquema de funcionamento moinho Buhler Vertica AHZKINDÚSTRIA DA PET FOOD: DE QUE FORMA TEM EVOLUÍDO O MERCADO DA ALIMENTAÇÃO A NÍVEL EUROPEU
E NACIONAL E PERSPETIVAS FUTURAS
Relação Homem-Pet
Não é recente a história da relação entre os humanos e os animais de companhia. De facto, desde há milhares de anos que estas espécies se encontram ligadas, sendo que esta relação tem vindo a passar por alterações, ao longo da sua evolução, com inegáveis modificações no papel desempenhado pelos pets
Nos tempos mais modernos, os animais são tratados, cada vez mais, como elementos da família, e são inúmeros os estudos científicos que comprovam que esta dinâmica é positiva para ambos, tanto a nível físico, como psicológico.
Tem-se verificado, contudo, uma tendência de humanização dos pets que, consequentemente, tem aumentado a procura por produtos e serviços que proporcionem um maior cuidado e bem-estar ao animal, nomeadamente, em termos de alimentação.
Panorama do setor na Europa
A população de pets tem vindo a aumentar na última década. Em 2010, a Europa apresentava uma população de cerca de 241 milhões de animais de companhia, a qual aumentou para 312 milhões de animais em 2021 (± ↑30%).
Figura 2
Fonte: FEDIAF – The European Pet Food Industry (adaptado)
adotar animais, os quais, além de fazerem companhia, estimulam a prática de exercício físico através dos passeios diários necessários.
Infelizmente, após este longo período de confinamento, o número de casos de abandono e negligência disparou. A título de curiosidade, em 2021, uma em cada 100 famílias abandonou o seu animal de estimação, o que se traduz em 43.000 animais. De realçar que estes dados não têm em consideração as centenas de animais recolhidos pelas Associações.
Ainda assim, de acordo com os últimos dados, em Portugal, 39% das famílias tem, pelo menos um gato, e 32% das famílias tem, pelo menos, um cão. Comparativamente a 2020, observa-se uma variação 1,2% e de 0,6%, nos cães e gatos, respetivamente.
Figura 1
Atualmente, 46% das famílias europeias tem, pelo menos, um animal de companhia, o que se traduz em 90 milhões de famílias. Destas, 26% adotou, pelo menos um gato, e 25% adotou, pelo menos, um cão.
A Europa é considerada um dos líderes da indústria da pet food, gerando cerca de 30% de todas as vendas destes alimentos, a nível Mundial. Em 2010, o volume anual de vendas rondava os 8,3 milhões de toneladas, equivalente a 13,5 mil milhões de euros. Agora, 11 anos depois, o volume anual de vendas é de 10,2 milhões de toneladas, que representa um volume de negócios de 27,7 mil milhões de euros.
A indústria de pet food, atualmente, consiste em 150 empresas e apresenta uma taxa de crescimento anual de 3,1% (valor médio dos últimos três anos).
Panorama do setor em Portugal
No caso de Portugal, e principalmente nos anos de pandemia Covid-19 em que a população foi obrigada a permanecer nas nossas casas, muitas famílias resolveram
Em termos de população animal, no nosso País existem cerca de 2.105.000 cães; 1.510.000 gatos; 660.000 aves ornamentais; 217.000 roedores; 84.000 peixes ornamentais; e 40.000 répteis.
O perfil socioeconómico da população está intrinsecamente ligado à expansão do mercado pet de um País, sendo que as estatísticas recolhidas ao longo dos anos, permitem constatar uma tendência de crescimento em Portugal.
Em 2020, a nível nacional, existiam nove empresas de fabricação de alimentos para animais de companhia (↑ 50% comparativamente a 2010), e o volume de negócios, nesse ano, foi superior a 54 milhões de euros (↑ 470% comparativamente a 2010).
De acordo com as últimas estatísticas da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, em 2020, a produção total de alimentos compostos para animais de companhia – que inclui todas as espécies mencionadas na Figura 2 – foi superior a 178 mil toneladas.
A tendência de crescimento do mercado é, igualmente, refletida através das importações e exportações de alimentos para cães e gatos. Em 2021, Portugal importou cerca de 201 mil toneladas de alimentos para estas duas espécies, maioritariamente de Espanha, mas também de França e Itália. O preço médio de aquisição foi de 1.014 €/
Produtos com menos ingredientes na sua constituição, mas que tenham propriedades benéficas para a saúde dos animais são também muito populares entre os tutores e têm vindo a ser bastante requisitados. A personalização dos alimentos, consoante a vontade dos tutores, tem também aumentado bastante.
No fundo, o que se verifica é que os gostos humanos, ditam o futuro da alimentação para pets
A inovação e a capacidade de adaptação são imprescindíveis para acompanhar as tendências da produção de alimentos para animais de companhia e, apesar do panorama atual, as perspetivas económicas para este setor são positivas.
A nível mundial, o mercado da Pet Food deverá registar uma taxa de crescimento anual de 4,8% entre 2016 e 2026, sendo que, atualmente, a alimentação pet representa um mercado global de mais de 500 milhões de euros.
ton, sendo que Portugal gastou cerca de 204 milhões de euros na importação destes alimentos compostos. Já no que respeita às exportações, de janeiro a dezembro de 2021, o nosso país exportou mais de 59 mil toneladas de alimentos para cães e gatos, maioritariamente para Espanha, mas também para o Líbano e para a Geórgia. O preço médio de venda foi de 908 €/ton, perfazendo um valor total de cerca de 54 milhões de euros com a exportação de alimentos compostos para cães e gatos.
Perspetivas futuras para a indústria À data da escrita do presente artigo, o exercício de perspetivar o futuro a curto prazo não é fácil. Isto porque, mal refeitos ainda de uma pandemia sem precedentes, o ano de 2022 inicia-se com a invasão russa da Ucrânia, que ainda continua.
Em 2021 verificou-se uma especial dificuldade na importação de matérias-primas como a batata-doce, mandioca, gorduras e proteínas. A escassez de certas matérias-primas e os preços da generalidade dos ingredientes têm experienciado aumentos dramáticos – em alguns casos, na ordem dos 60% a 80% –, juntamente com os elevadíssimos custos dos fretes, energia e combustíveis que estão a tornar a atividade insustentável.
Um outro constrangimento está também relacionado com a falta de materiais para embalamento, nomeadamente, plásticos, alumínio e cartão, dado que parte destes materiais provém da Ásia, o que fez com que algumas produções tivessem de ser atrasadas.
Apesar de todas as dificuldades pelas quais o setor tem atravessado e que, infelizmente, perspetiva-se que continuem, a verdade é que o setor não parou e a segurança alimentar nunca foi colocada em causa. O crescente antropomorfismo e o boom do número de adoções têm aberto uma tendência de mercado, na qual se verifica que um grande número de tutores de animais de companhia está disposto a adquirir produtos de alta qualidade e premium, valorizando alimentos mais naturais e menos processados.
Em Portugal, contudo, a maioria dos consumidores continua a optar por rações mais baratas, o que tem impulsionado o crescimento das vendas de marcas próprias.
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS
CONSUMO
DE ANTIBIÓTICOS NA
EM 2021 – EUROPA E PORTUGAL
SAÚDE
Foi publicado em Novembro 2022 o último report ESVAC respeitante ao ano 2021.
Dados Europeus:
ANIMAL
• Para os 25 países que integram o ESVAC e que fornecem informação continuamente entre 2011 e 2022, verifica-se uma redução de 47% vendas dos Antibióticos em Saúde Animal.
• Particularmente nos Antibióticos AMEG Categoria B – uso restrito (classificados pela OMS como CIA – Critically Important for Human Health):
1. Cefalosporinas 3ª e 4ª geração – redução 38%
2. Polimixinas/ Colistina – redução 80%
3. Fluorquinolonas – redução 14%
• De acordo com a estratégia Farm to Fork, pretende-se uma redução de 50% dos Antibióticos entre 2018 e 2030 Partimos do valor 118,3 mg/PCU em 2018 para atingirmos 50% deste valor (= 59,2 mg/PCU) em 2030.
• Estamos com um valor médio 96,6 mg / PCU em 2021, o que significa que nos encontramos em 63% do objetivo pretendido para 2030.
Dados relativos a Portugal:
• Portugal reduz o total de vendas de Antibióticos em Saúde Animal para 149,9 mg/PCU, o que significa uma redução de 13% face a 2020 e que corresponde a um total de 159,4 toneladas para uma biomassa (PCU) calculada em 1,063 toneladas.
• Portugal representa cerca de 3% do total de Antibióticos nos 25 países europeus analisados
• Grupo da Tetras e Penicilinas superam 53% do total de antibióticos nacionais em uso veterinário
• Os CIA (Critically Important Antibiotic - classificação AMEG Categoria B- uso restrito) representam em 2021 cerca de 10% do total de Antibióticos a nível nacional (superaram os 11%).
• Colistina baixa 46,5% de 11,4 mg/PCU para 6,7 mg/PCU, aproximando-se do target nacional definido em 5 mg/PCU.
• Considerando que 65% da Colistina a nível nacional foi administrada via Premix e 35% em Solução Oral, significa que via Alimento Medicamentoso encontramos um valor cerca 4 mg/PCU
Importante relembrar que os dados apresentados reportam a 2021, ou seja, anteriores à implementação dos atuais Regulamento sobre o Medicamento Veterinário e o Alimento Medicamentoso, o que supõe a expectativa de uma maior variabilidade esperada para 2022.
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IN MEMORIAM
1947–2022
EM MEMÓRIA DO CARLOS VIDAL
O Carlos partiu.
Quem teve a oportunidade de conviver com o Carlos Vidal pode descrevê-lo como um amigo leal, amigo do seu amigo, pessoa de fortes convicções, persistente e um incansável resiliente. O Eng. Carlos Vidal sempre se dedicou ao setor da Alimentação Animal, tendo trabalhado vários anos no setor em França. Voltado a Portugal ingressou os quadros da Imunofarma e posteriormente ingressou num inovador projeto que incluía a Europroteina em parceria com a Eurocereal, enquanto empresa de nutrição animal. Nasce assim um projeto associativo que brevemente, e com a visão e liderança do Eng. Carlos Vidal, se transforma num importante êxito empresarial.
Fundador, impulsionador e aglutinador de diferentes sensibilidades, o Eng. Carlos Vidal permite que rapidamente a Eurocereal se transforme numa empresa de referência nacional no setor da nutrição em suínos e bovinos, com uma Equipa de Excelência que o Carlos tão bem soube aglutinar.
O seu papel de suporte ao movimento associativo, de apoio à IACA, permitiu que a representatividade da Eurocereal na Direção da SPMA através do Eng. Pedro Folque, fosse determinante na sua ação.
O Carlos tinha também um enorme prazer em viajar e desfrutar a vida com a sua Família e os seus amigos. Com a sua companhia e a sua amizade a vida era mais fácil.
Para a sua Família, em particular para a sua mulher Isabel e para sua filha Rita, e para os seus Amigos e todos os Colaboradores e Associados da Eurocereal, os nosso sinceros pêsames. Perdemos um BOM AMIGO mas também um Pessoa Excecional. Deixa-nos saudades, mas a sua memória e os bons momentos ficarão para sempre.
Obrigado, Carlos! Por tudo!
Rui GabrielLEMBRANÇAS DE UM AMIGO QUE PARTIU, DE NOME CARLOS VIDAL, QUE DEIXARÁ SAUDADES…
Sinto que foi um grande privilégio ter-te conhecido e termos partilhado experiências durante todos estes anos. Remonta aos anos 1984, quando então estavas na IMUNOFARMA, depois uma passagem pela EUROVET, que se tinha constituído praticamente com comerciais e técnicos dissidentes da Imunofarma, para em 1988 iniciares o grande projeto EUROCEREAL.
Recordo-me da 1ª Fábrica da Eurocereal e dos antigos escritórios ainda em Algés, e depois de toda a transição no final do ano 2000 para
a Nova e atual Fábrica com tecnologia de ponta, com bons espaços de armazenagem e escritórios amplos e modernos.
E a Eurocereal sempre a crescer… fui convidado a assistir a todos os eventos realizados na celebração dos aniversários de 5 em 5 anos, sendo o último o 30º Aniversário.
Tudo isto aconteceu sob a tua liderança, porque foste uma pessoa extraordinária, persistente, bem estruturado, bom negociador, bom amigo pessoal, e também um bom “amigo dos petiscos”, aliado a um sólido conhecimento
EM MEMÓRIA DO CARLOS VIDAL
Escrever este texto sobre o Carlos Vidal é algo que desejava nunca fazer, uma situação muito emocional para mim. Possivelmente haveria pessoas mais indicadas para o fazer, mas na Eurocereal fomos companheiros, não 3 mas 30 anos, por isso creio que o devo escrever como uma homenagem pessoal, mesmo sentindo muita tristeza pela sua perda.
Conheci o Carlos Vidal através do Dr. Rui Câmara e Sousa, nas instalações da desaparecida Vitamealo (SNS), em 1991. Juntamente com o Dr. Francisco Carmo Reis, vivemos momentos bons e menos bons, tivemos uma vida profissional de êxitos e derrotas, construímos em conjunto a Eurocereal.
Com um percurso de vida marcado pela sua estadia em França, nunca esqueceu as suas raízes alentejanas, das quais muito se orgulhava. O casamento com a Isabel, o grande amor da sua vida, deu-lhe uma estabilidade sobretudo emocional. Ela e os seus 4 filhos, representavam a sua realização pessoal, como a Eurocereal e a Taifeed a sua realização profissional.
Com uma enorme inteligência e uma memória invulgar, o Carlos Vidal tinha uma grande capacidade de trabalho, um nível de conhecimentos elevado e um espirito muito prático de resolver e gerir situações. Deixa profissionalmente uma história na Indústria de Alimentação Animal portuguesa, felizmente
profissional, e atento sempre à evolução exigente do mercado.
Foram 33 Anos a liderar essa grande empresa, e no final tiveste a preocupação e bom senso na passagem do testemunho, deixando a Direção da Empresa em boas mãos para que continue a progredir sempre com o foco do SUCESSO!
Até sempre Vidal! Estejas onde estiveres, e vá eu para onde for, jamais te vou esquecer.
António Arnautreconhecida em vida, através da homenagem que a SPMA / IACA lhe fez durante as Jornadas de Alimentação Animal.
Com o seu desaparecimento, ficámos na Eurocereal com uma sensação de "orfandade", de perder alguém que fazia parte da nossa família, que estava sempre presente, inclusive depois de se retirar profissionalmente.
Carlos, com a tua partida deixo-te a mensagem de uma banda (The Doors) que ambos apreciávamos: "Break on Through (To the Other Side)".
Até sempre!
AS MINHAS MEMÓRIAS, DE MAIS DE 30 ANOS, DE CONVIVÊNCIA E AMIZADE COM O CARLOS VIDAL
Pareceu lógico a alguém que eu escrevesse algumas palavras sobre o Carlos Manuel Matos Vidal.
Sinto-me honrado pelo desafio e agradecido à IACA pela lembrança!
Pretendo ser leve, breve e contundente quanto baste, incentivando os que se derem ao trabalho de ler estas linhas, a meditar sobre o meu ponto de vista.
A morte chega quando tem de chegar, é inevitável, nada podemos fazer, mas, tudo podemos fazer para não deixar morrer algo que “está vivo“ dentro de nós.
Assim farei no que respeita às minhas memórias, de mais de 30 anos, de convivência e amizade com o Carlos Vidal.
Cruzámos, com maestria e aprendizagem mútua, duas vidas e dois feitios completamente diferentes, ambos com tendência para a intransigência e posições extremadas,
veja-se no caso do Carlos Vidal, a abordagem ao assunto “Covid“, sabem bem, os que, nos últimos anos, mais privavam com ele, como nos “torturava“ na defesa dos seus ideais. Seguramente outros irão opinar, a favor ou nem por isso, sobre a sua nobreza de caráter, das capacidades intuitivas que tinha para a gestão do negócio e mais concretamente, da empresa EUROCEREAL, da capacidade técnica e dos seus profundos conhecimentos, tanto no âmbito do nosso setor como em outras áreas como a política, a história do Homem, a natureza , a música, … Eu vou, compreenderão, falar-Vos do lado que só alguns conhecem, do lado humano e afetivo, de respeito pelo próximo e da transparência, sempre na expectativa, ingénua, de que todos lhe retribuiriam na mesma moeda. Recentemente estive com alguns funcionários da fábrica e o que eles tinham para me contar sobre o Carlos Vidal
foi, para mim, o óbvio… que, ao longo dos anos, foi um farol para alguns deles, sempre justo e capaz de escutar, compreensivo, duro quando tal se justificava, resumindo, nunca falhou a ninguém que com ele, corrijo, para ele trabalhou. Para não me alongar demasiado, sugiro-Vos que ponderem sobre a necessidade de acarinharmos os vivos, enquanto estão vivos e se sentem gratificados com gestos de reconhecimento pessoal, verbalizados em privado ou em público. Apesar de muito generalizada, não é uma regra social, deixarmos as pessoas de valor, que assumimos todos, serem diferenciadas e acima da média, morrerem, para as elogiarmos, honrarmos e comentarmos a falta que nos fazem.
Há que o fazer em Vida!
José Silva RodriguesDIFICILMENTE TEREI CONHECIDO ALGUÉM QUE PROFISSIONALMENTE FOSSE TÃO COMPLETO
Conheci o Eng.º Carlos Vidal em 1989. Estava a Eurocereal a dar os primeiros passos, para o que viria a ser uma longa e profícua caminhada na fileira da suinicultura, seja no âmbito da nutrição, seja no alinhamento do setor. Recordo-me de termos marcado uma reunião, ainda eu me esgatanhava na Sanipec, para falarmos de Aurofac, Aureo S Payzone e Avotan, produtos que o Eng.º Carlos Vidal tinha mostrado interesse, numa conversa prévia. Reunimo-nos no seu gabinete, sala relativamente pequena, pejada de dossiers, livros e papéis, mas de forma organizada. Confesso que fiquei surpreendido no início da reunião com a informação que ele já dispunha sobre os produtos em causa, com alguma frieza de diálogo à mistura, que a pouco e pouco se desvanecia com o desvendar das nossas experiências profissionais anteriores,
ele na Europroteína e eu na Sapec, Incomape –Rações Proanimal e Rações do Vimieiro.
Com o nascimento da Tecadi a relação intensificou-se, mantendo com muita assiduidade diálogo profissional. A informação que dispunha sobre o mercado nacional e internacional dos aditivos e das matérias-primas, causava admiração a todos aqueles que com ele trabalhavam.
As negociações eram normalmente duras, porque os seus argumentos estavam bem fundamentados quer técnica quer comercialmente. Defendia de forma convicta as suas opiniões, reagindo a argumentos contrários, mas sempre com elevado profissionalismo.
Eu recorria frequentemente aos serviços técnicos dos fornecedores da Tecadi, para apresentações técnicas mais específicas e aprofundadas, sempre que o Carlos mostrava interesse.
IN MEMORIAM - CARLOS VIDAL
Na estrada da vida muitos momentos e pessoas marcam o seu percurso tornando-se marcos da mesma!
Conheci o Engº Carlos Vidal no início da Eurocereal/Europroteína na sede em Algés, quando lhe fui apresentar a grande novidade do mercado da altura, os aromas!
O seu desaparecimento inesperado e tão prematuro e surpreendente para quem
esperávamos uma vida longa e ativa, pela energia que transmitia e sagacidade que sempre demonstrou, não poderia deixar de escrever esta pequena nota. Recordo-o como um excelente pessoa, sagaz, ativo, empreendedor, justo e humano quer em termos pessoais como profissionais e que tive a felicidade de conhecer!
Dessas reuniões duas situações resultavam evidentes:
– o Carlos absorvia informação, questionava e voltava a questionar até ficar relativamente convencido, pois só a experiência o saciava, mas sempre na expectativa de ir mais além – o técnico visitante de uma forma geral, manifestava-me à saída da reunião, estupefação pela informação aprofundada que o seu interlocutor dispunha no âmbito do tema apresentado, ou dos produtos concorrentes, resultados de campo, cotações de mercado, etc, etc.
Dificilmente terei conhecido alguém que profissionalmente fosse tão completo.
Luís FerrazAprendi muito com ele na forma de “ver” os mercados, de olhar em frente sem perder o Norte. Tenho o prazer de o ter conhecido e lamento a sua partida tão inesperada, mas certamente perdurará na nossa memória!
Teresa Carmona CostaALIMENTAÇÃO ANIMAL SPMA
SECÇÃO DE PRÉ-MISTURAS E ADITIVOS: PRINCIPAIS HIGHLIGHTS PARA 2023
REFIT – REVISÃO DA LEGISLAÇÃO RELATIVA AOS ADITIVOS
A revisão da Legislação relativa aos Aditivos é um dossier muito relevante na Estratégia "Do Prado ao Prato" pelo impacto na redução das emissões de gases de efeito de estufa. Previa-se que a Comissão Europeia divulgasse a proposta do novo regulamento no primeiro semestre de 2022, mas, neste momento, é expectável que tal apenas aconteça no final de 2023.
De acordo com as informações transmitidas nos Comités da FEFAC, não são esperadas alterações drásticas comparativamente ao que se encontra regulamentado atualmente, o que levanta algum ceticismo no que respeita à futura falta de incentivos para novos produtos inovadores.
Supõe-se, contudo, que a Comissão Europeia irá propor uma exclusividade de mercado durante três a cinco anos, para o aplicante individual ou para o consórcio, assim como uma extensão da duração de autorização para aditivos de baixo risco. Fala-se, também, que serão criadas categorias, nomeadamente, no âmbito da sustentabilidade.
VITAMINA D3
Vários aditivos para alimentação animal são fabricados a partir de produtos de origem animal. Contudo, dependendo do tipo e do número de etapas de processamento, o produto final pode não ter nada que ver com esta origem. É o caso da Vitamina D3, produzida a partir de lanolina, uma substância natural, encontrada na lã de ovelha.
Nos últimos anos, tem-se discutido sobre como considerar a Vitamina D3, em particular à luz das regras existentes para a importação de produtos de origem animal de certos Países, como é o caso da China. Considerando que a União Europeia está altamente dependente da importação de Vitamina D3 derivada da lanolina de lã de ovino, e não existindo preocupações de saúde pública relacionadas com a importação deste produto, o Regulamento Delegado (UE) 2022/887 volta a autorizar a sua importação. Pese embora este regulamento enumere a Vitamina D entre os produtos de origem animal, a importação a partir de um País Terceiro ou de uma região de um País Terceiro apenas
é possível se esses produtos estiverem incluídos na lista estabelecida no Regulamento de Execução (UE) 2021/405. Tal significa que, à data de hoje, a importação de Vitamina D para alimentação humana e animal ainda não é possível.
VITAMINA B12
O Regulamento de Execução (UE) 2022/1249 passou a permitir a utilização de Vitamina B12 sob a forma de cianocobalamina produzida por Ensifer adhaerens CNCM I-5541, para todas as espécies.
Até 9 de fevereiro de 2023, pode continuar a ser colocado, no mercado, qualquer Vitamina B12. Contudo, a partir desta data, apenas a Vitamina B12 obtida através da referida estirpe passará a ser permitida no mercado. No entanto, espera-se que no verão de 2024 haja, pelo menos, outra fonte de Vitamina B12.
SUBSTÂNCIAS INDESEJÁVEIS
• Micotoxinas
Relativamente a este tópico, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de novos valores de recomendação passarem a limites máximos legais apenas nos alimentos compostos, e permanecerem recomendações nas matérias-primas. Inicialmente o prazo para o processo estar concluído seria no final de 2022, mas tal não deverá ser concretizado.
Em 2023 espera-se que seja divulgada a proposta de novos valores para as micotoxinas e a clarificação sobre a sua recomendação e/ ou imposição legal.
• Dioxinas e PCBs
A Comissão Europeia apresentou uma proposta de regulamento que altera os Anexos I e II da Diretiva 2002/32/CE relativa às substâncias indesejáveis nos alimentos para animais. Estas alterações incidem, maioritariamente, em produtos derivados de peixe, tais como o óleo de peixe e as proteínas de peixe hidrolisadas.
Em 2023 está prevista uma nova ronda de revisão.
• P-Fenetidina
A Comissão Europeia apresentou também uma proposta de inclusão da p-Fenetidina (impureza do aditivo etoxiquina reconhecido como agente mutagénico e suspenso há anos),
na Diretiva 2002/32/CE, para farinha de peixe e alimentos compostos.
O processo deveria ser concluído no final de 2022, pelo que será um tema a considerar em 2023.
• Cravagem de centeio
A Comissão Europeia apresentou uma proposta para a diminuição do limite máximo para Claviceps purpúrea, em matérias-primas para alimentação animal e em alimentos compostos com cereais não moídos, assim como uma proposta para o caso específico do centeio. Os novos limites irão passar a ser aplicáveis a partir de julho de 2024, mas estaremos atentos caso haja alguma alteração em 2023.
CENTROS ANTIVENENO
De acordo com o artigo 45º do Regulamento (CE) 1272/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas, "…os Estados-membros nomeiam um ou vários organismos responsáveis pela receção de todas as informações pertinentes apresentadas por importadores e utilizadores a jusante que colocam misturas no mercado, a fim de estipular medidas preventivas e curativas em sistemas de resposta de emergência na área da saúde. Estas informações incluem a composição química de misturas classificadas como perigosas, inclusive a identidade química das substâncias contidas em misturas".
Em Portugal, é feita uma notificação ao CIAV antes da comercialização de um produto e sempre que haja alterações à fórmula de fabrico que tenham determinadas implicações. A partir de 1 de janeiro de 2024, irão passar a ser aplicados novos requisitos quanto às informações a transmitir aos Centros Antiveneno sobre pré-misturas classificadas para riscos físicos e riscos de saúde. Espera-se que estas comunicações sejam feitas numa base de dados comum, a PC-ECHA, e que passe a haver a obrigação de registar o pH de cada pré-mistura. Desta forma, a FEFAC propôs à Comissão Europeia uma abordagem alternativa à recolha de dados com o objetivo de simplificar este processo. Em 2023 iremos acompanhar a posição da Comissão relativamente à proposta da FEFAC e quais as alterações ao
sistema de registo nos Centros Antivenenos até então utilizado.
ROTULAGEM VERDE
A rotulagem verde (Green Labelling) é também um dos temas de maior destaque e que pretende dar a conhecer a pegada carbónica (desde a produção das matérias-primas, à entrega dos alimentos compostos), a pegada ambiental (relacionada com a digestão dos animais) e de que forma as matérias-primas contribuem para a sustentabilidade ambiental (soja sustentável, economia circular).
É utilizado o PEF (Product Environmental Footprint) enquanto método de referência para medir e comunicar o impacto potencial do ciclo de vida de um produto; é utilizado o LCA (Life Cycle Assessment) para compilar e avaliar os inputs, outputs e os potenciais impactos ambientais de um produto no seu ciclo de vida. Na última reunião da Task Force Green Labelling, da qual a IACA faz parte, foi unânime entre os membros que dever-se-ia trabalhar por etapas, com um primeiro enfo-
que na rotulagem da Pegada Ambiental resultante da produção de alimentos para animais e, numa segunda fase, analisar as alegações (claims) relacionadas com a digestão dos alimentos para animais.
Estes debates de ideias têm servido para a FEFAC apresentar uma proposta às Autoridades que contempla algumas alterações à metodologia PEFCR, sendo que a aceitação das mesmas dependerá, em grande medida, das próximas propostas legislativas sobre rotulagem verde e da possibilidade de rever o PEFCR de acordo com os princípios acordados nas orientações da FEFAC para a rotulagem, durante a próxima revisão em 2024.
ALIMENTOS MEDICAMENTOSOS
O Regulamento (UE) 2019/4 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo ao fabrico, colocação no mercado e utilização de alimentos medicamentosos para animais passou a ser aplicável a partir de 28 de janeiro de 2022. Por forma a prestar os esclarecimentos necessários, a IACA criou o "Grupo de
Trabalho – Alimentos Medicamentosos", em 2022, tendo realizado reuniões com a participação de empresas associadas e da DGAV. Acresce que na ausência de um Decreto-Lei, há que dar resposta às normas que vierem a ser definidas pela Autoridade Competente, tendo existido o compromisso de auscultar a IACA, para além da necessidade de termos uma posição, enquanto indústria nacional, em relação ao desenvolvimento deste dossier.
Em 2023 espera-se esclarecer todas as questões ainda em aberto, e aguarda-se pelo Decreto-Lei a nível nacional que implementa o Regulamento Europeu. Além disso, espera-se que a EFSA conclua os seus estudos relativamente aos níveis máximos de contaminação cruzada da totalidade das substâncias ativas antimicrobianas (24) em alimentos para animais não visados. Isto porque os valores definidos apenas para as seis substâncias ativas que a EFSA conseguiu concluir inviabilizam a produção de alimentos compostos, uma vez que os mesmos se encontram apenas num intervalo entre 0,1 e 1 ppb.
www.tecnipec.pt /tecnipec
ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
SUCESSO DE INOVFOOD SUMMIT’22 GARANTE CONTINUIDADE DO EVENTO EM 2023
Terminou, no passado dia 10 de novembro, a primeira edição de InovFood Summit’22, o evento organizado pela InovCluster – Associação do Cluster Agro-Industrial do Centro, dedicado à Inovação, à Sustentabilidade e à Transição Digital no setor agroalimentar. Durante três dias passaram pelo Centro de Cultura Contemporânea, em Castelo Branco, cerca de 50 oradores de referência no setor, incluindo a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e mais de 300 participantes nos dias 8, 9 e 10 de novembro. O sucesso do evento ditou e garantiu a sua continuidade, tendo sido assegurada a segunda edição – InovFood Summit’23, pela Presidente da InovCluster, Doutora Patrícia Coelho, na sessão de encerramento do evento. Foram diversos os contributos relacionados com os temas em destaque, desde a importância da resiliência no agroalimentar e como a inovação e a capacidade de adaptação podem contribuir para a continuidade das empresas no mercado; o caminho que o agroalimentar está a percorrer no campo da transição digital; bem como as boas práticas, ao nível da sustentabilidade, já implementadas no setor. Foram ainda apresentados diversos estudos desenvolvidos no âmbito do Programa de Valorização Queijo da Região Centro; realizadas inspirational talks sobre a valorização dos territórios através dos produtos endógenos e um caso de sucesso de produção DOP; bem como com o lançamento da nova marca “Queijos do Centro Portugal”. Paralelamente, decorreram também sessões no âmbito dos projetos Inov2B – que reuniu players do ecossistema Empreendedor da NUT III Beira Baixa – e Fusilli – através de um workshop ligado à alimentação saudável e sustentável
Balanço
• O balanço que fazemos do evento é positivo. Para além de uma forte adesão por parte de diversas entidades públicas e privadas associadas ao setor agroalimentar, conseguimos criar um programa muito rico e que incidiu sobre temáticas prementes para o setor. No primeiro dia, e abordando temas mais transversais a toda a cadeia do agroalimentar, a sessão de abertura pela Sr.ª Ministra da Coesão Territorial, os debates e as inspirational talks trouxeram contributos de valor acrescentado.
• Desde logo a capacidade de resiliência e adaptação das empresas/ organizações do setor às constantes alterações nos mercados e à conjuntura geopolítica atual, abordando os desafios atuais e futuros que lhes estão associados; a capacidade de inovação no agroalimentar; um balanço sobre o caminho que o setor agroalimentar está a percorrer no campo da transição digital e as reformas e os investimentos na área da digitalização das empresas; bem como boas práticas ao nível da sustentabilidade, nomeadamente, boas práticas que já estejam implementadas nos territórios e nas empresas e como estas contribuem para a descarbonização da economia.
• Para além das três principais temáticas – Inovação, Transição Digital e Sustentabilidade – o InovFood Summit’22 debruçou-se também, nos dias 9 e 10, sobre o Programa da Valorização do Queijo com DOP da Região Centro, onde se incluíram apresentações de estudos, inspirational talks, mesas redondas ou showcookings, culminando no Lançamento da Marca “Queijos do Centro Portugal”.
• Número de moderadores/oradores: 50
• Número de participantes nos três dias: 300
Conclusões
• É premente que os empresários necessitam estar preparados para os grandes desafios que aí vêm ao nível da transição digital e transição verde e os avisos a apoios que começam a ficar disponíveis. É neces-
sário que se continue a fomentar espaços de discussão e de identificação de sinergias entre os vários intervenientes do agroalimentar para existir uma maior aproximação do mundo empresarial ao mundo associativo como os clusters, para em conjunto se trabalhar em mecanismos de inovação.
• No que toca à Valorização do Queijo com DOP da Região Centro, foi unânime que tem de continuar a existir uma aposta na profissionalização do setor. É também importante existirem mecanismos de apoio que poderão advir dos próprios municípios, para apoio aos produtores de forma a que não se perca esta tradição ancestral da produção de queijos.
Nova Marca: Queijos de Centro Portugal
• A nova marca “Queijos do Centro Portugal”, apresentada no último dia do InovFood Summit’22, abarca três submarcas figurativas, inspiradas em elementos culturais e icónicos de cada território, criando uma distinção e identidade próprias para os queijos com DOP da Região Centro: o Queijo da Serra da Estrela DOP, Queijo da Beira Baixa DOP e Queijo Rabaçal DOP.
• O objetivo é que através da criação de marcas fortes seja possível valorizar economicamente os produtos que através delas são comercializados. A parceria deste projeto pretende desta forma contribuir para a melhoria das estratégias de comunicação e de posicionamentos dos queijos com DOP no mercado nacional, com projeção futura para o mercado internacional.
• A parceria focar-se-á agora na promoção de ações de sensibilização para a adesão pelas Queijarias que produzem queijo com DOP na Região Centro, pois pretende-se que no futuro estes queijos possam vir a ser comercializados com as novas marcas identitárias criada para cada região DOP, conciliadas sempre com a identidade do produtor.
• Foram desenvolvidas em dezembro, em Lisboa e no Porto, ações de promoção junto dos consumidores para dar a conhecer a marca “Queijos do Centro Portugal”.
INICIATIVA IACA ASSINALA
No dia 4 de outubro, Dia do Animal, 4 empresas nacionais produtoras de alimentos compostos para animais de companhia, juntaram-se à iniciativa IACA solidária e doaram quatro toneladas de ração à União Zoófila. Os alimentos para cães e gatos partiram das Caldas da Rainha, de Ovar e de Ferreira do Zêzere em direção a Lisboa para serem entregues à União Zoófila e permitiram alimentar mais de 500 animais durante um mês.
As empresas Avenal Petfood, petMaxi, Ovargado e Sorgal Petfood estão sensíveis ao facto de existirem cada vez mais animais a serem abandonados e de as instituições que os acolhem necessitarem de apoio para continuar a realizar um trabalho que valoriza a sociedade portuguesa no cuidado e no tratamento da saúde e bem-estar animal. Segundo Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA “Esta é mais uma iniciativa inserida no projeto IACA solidária, de afirmação da responsabilidade social do setor. Além disso, pretende, também, chamar a atenção da sociedade civil para o facto de a saúde e o bem-estar animal, tal como acontece nos seres humanos, estarem diretamente ligados à qualidade da sua alimentação.” Jaime Piçarra acrescenta “No atual contexto em que vivemos, temos a noção de que é ainda mais difícil o exercício da solidariedade. Todos, empresas incluídas, estamos a passar por dificuldades, mas a IACA, e estas empresas em particular, querem continuar a fazer o que está ao seu alcance para apoiarem as causas que consideram justas.”
Em Portugal, em contexto doméstico existem cerca de dois milhões de cães e um milhão e quinhentos mil gatos. De acordo com os dados mais recentes, 38% dos lares em Portugal possuíam um cão e 32% dos lares possuíam um gato. De acordo com as últimas
O DIA DO ANIMAL
estatísticas do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, entre 2020 e 2021, o abandono aumentou mais de 30%. Um total de 43.600 cães e gatos foram abandonados e recolhidos por centros municipais em Portugal em 2021.
Ulisses Mota, da Avenal Petfood afirma “uma vez mais, juntamo-nos a esta iniciativa que consideramos de extrema importância”, já Luis Guilherme, da petMaxi, considera que “tendo em conta a nossa área de negócio não podíamos deixar de nos associar à ini-
ciativa da IACA solidária”, Lígia Pode, da Ovargado acrescenta “é nos momentos mais difíceis que devemos ser mais solidários e é exatamente isso que estamos a fazer ao nos associarmos a esta iniciativa”, António Isidoro, da Sorgal, acrescenta “as empresas têm um papel social. Ao estarmos presentes nesta iniciativa cumprimo-lo de duas maneiras: ajudamos a alimentar animais abandonados e pretendemos continuar a alertar as pessoas que o abandono dos animais é algo que não deve acontecer”.
ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS
IV FÓRUM DA PIONEER® INDOOR, A PLATAFORMA DE SEMENTES
DA CORTEVA AGRISCIENCE, JUNTA MAIS DE 700 AGRICULTORES EM SANTARÉM PARA DEBATER O IMPACTO DA CRISE ENERGÉTICA
Em 16 de novembro, a Corteva Agriscience, empresa líder no setor agrícola em tecnologia aplicada a sementes, proteção de culturas e agricultura digital, celebrou em Santarém o seu IV Fórum Indoor que ocorre a cada dois anos, sob a marca Pioneer®, que dá nome à plataforma de sementes da empresa. Um evento, que se tornou um ponto de encontro obrigatório para os principais players do setor da agricultura extensiva em Portugal. Agricultores, técnicos, entidades oficiais, distribuidores, parceiros e todos os protagonistas de um setor fundamental para a economia portuguesa, reuniram-se no CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas S.A.), para acompanhar as intervenções dos principais oradores deste setor.
No discurso de boas-vindas, Luís Grifo, Diretor Comercial de Sementes da Corteva Agriscience em Portugal, destacou que: “O objetivo fundamental deste encontro foi debater e apresentar soluções para capacitar os empresários agrícolas a enfrentar os novos desafios que se colocam aos empresários agrícolas na conjuntura atual".
O evento foi articulado através de dois grupos de debate. O primeiro deles, celebrado sob o título: “Uso eficiente da água e da energia na agricultura” foi moderado por Pedro Santos, da CONSULAI, e contou com a participação de João Coimbra (agricultor) e José Núncio (Presidente da FENAREG) tendo-se centrado numa primeira fase na gestão de energia em toda a cadeia de Produção Agrícola, e posteriormente na abordagem da reserva nacional de água como principal fonte de energia e o esforço necessário a ser realizado pelos produtores agrícolas nas explorações para a incorporação de uma gestão mais eficiente dos recursos naturais de água e energia.
O segundo grupo, moderado por José Diogo Albuquerque, do Agroportal, com apresentação de David Gouveia (GPP), focou-se na análise dos “mercados agrícolas e conjuntura atual-cereais” , marcada pela grande instabilidade da guerra na Europa, em período pós pandémicos e com os desafios já existentes das alterações climáticas
e limitações no acesso a alguns mercados fundamentais.
A jornada foi concluída por Eduardo Diniz (GPP) que se centrou na revisão do plano europeu da Política Agrícola Comum (PECPAC 2023-2027).
Luís Grifo, da Corteva, destacou ainda a importância deste tipo de fóruns de debate e agradeceu ao público, moderadores, oradores e copatrocinadores pelas suas contribuições num evento em que a “Corteva quis lançar novamente luz sobre os desafios presentes e futuros, renovando o seu compromisso com os produtores e os consumidores”. Novas ferramentas digitais da Corteva, o biostimulante BlueN®, herbicida para milho, ou novos híbridos de milho da Pioneer® tolerantes ao Cephalosporium foram algumas das soluções inovadoras apresentadas. Do mesmo modo, os porta-vozes de Corteva e da CAP lembraram os participantes que o programa TalentA de apoio às mulheres rurais já abriu o prazo de candidatura e encorajaram todas as mulheres do setor a apresentarem os seus
projetos e tentar vencer um dos 3 prémios disponíveis.
Durante o período do almoço, que decorreu em agradável ambiente, foram atribuídos os “Pioneer Distinção”, que visam homenagear entidades e pessoas ligadas ao setor agrícola que pela sua atividade e percurso profissional muito contribuíram para a valorização desta atividade económica. Foram distinguidos com forte aclamação Joaquim Pedro Torres, Fernando Carpinteiro Albino, João Vicente Saldanha, João Monteiro Coimbra, Mário de Carvalho, Maria do Amparo, ANPROMIS e CAP. Os debates decorreram no grande auditório do CNEMA e, no mesmo complexo do evento, os diferentes patrocinadores (Forte, Hidrosoph, Montepio Crédito, Repsol e Tecniferti) aproveitaram a ocasião para apresentar as suas novidades no recinto anexo.
O evento terminou com uma prova de vinhos e um magusto patrocinado pela Câmara Municipal de Santarém com a presença do maior assador de castanhas do Mundo, da Câmara Municipal de Vinhais.
ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS
ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES EM CONTEXTO DE LIMITAÇÕES CLIMÁTICAS
A atual conjuntura descreve-se numa tempestade perfeita, iniciada com o período pandémico e culminando com o conflito na Ucrânia, que promoveu um aumento da inflação e dos preços dos fatores de produção, com a consequente instabilidade mundial. Associado a isto, o impacto das alterações climáticas tem sido um fator condicionante no maneio produtivo, traduzido por secas e inundações frequentes, limitando a disponibilidade e qualidade das forragens e alimentos nas explorações. Num contexto de limitações como o que estamos a viver, é necessário aumentar a eficiência produtiva das explorações de ruminantes para conseguir contornar todas estas adversidades, ao nível da sanidade animal, da seleção genética, da eficiência reprodutiva e, principalmente, ao nível da nutrição animal, que, direta ou
indiretamente, influencia todos os restantes parâmetros.
Um animal bem nutrido significa precocidade no abate e na idade ao primeiro parto, melhor ganho de peso, maiores pesos de carcaça, melhoria na fertilidade e consequentemente maiores produtividades. A qualidade da dieta animal é de extrema importância quando falamos de produtividade e aproveitamento de nutrientes, uma vez que está diretamente relacionada com o rendimento dos animais. O maneio nutricional é primordial para a eficiência e longevidade reprodutiva, assim como para o intervalo de tempo em que o animal se mantém nos níveis altos de produção. Uma gestão correta do maneio nutricional, é fator determinante para a eficiência reprodutiva, contribuindo para a melhoria do sucesso das explorações. Um animal sem saúde não vai
expor o seu máximo potencial genético ou manter o seu valor zootécnico, o que diminui a qualidade e a quantidade da produção. Um maneio eficiente deve assegurar conforto aos animais, mantendo-os livre de dor, doenças e de stress, garantindo um bom maneio alimentar e nutricional.
A Sojagado tem promovido o desenvolvimento de alimentos compostos que vão de encontro às necessidades dos animais nas respetivas fases fisiológicas, com soluções adaptadas a todas as condições de maneio e tendo em conta as mudanças climáticas extremas, ajudando na potenciação dos resultados produtivos dos animais e, consequentemente, das suas explorações.
Marla Gonçalves, Gestora Técnico Comercial da Sojagado
É MAIS DO QUE APENAS UM NÚMERO
Mais de 10.000.000 de toneladas de ração produzidas este ano.
Pela primeira vez em mais de 110 anos de história, no dia 13 de outubro a De Heus atingiu o marco de 10 milhões de toneladas de ração produzidas num único ano nas suas fábricas. E até ao final deste ano, terá atingido mais de 12 milhões de toneladas.
“Este marco nunca foi o nosso verdadeiro objetivo. E é por isso que dizemos que é mais do que apenas um número. É o resultado de todos os esforços que fizemos na última década para aumentar a nossa contribuição para uma alimentação saudável,
segura e acessível para uma população mundial em crescimento. É um compromisso que assumimos há mais de 100 anos. Estamos orgulhosos por trabalhar ao lado dos nossos clientes, produtores de carne, leite e ovos, ajudando-os a melhorar os seus negócios e trazendo progresso para o setor.” – referem Co e Koen de Heus, CEOs da De Heus.
As unidades industriais da De Heus em Portugal, situadas no Cartaxo e na Trofa, associaram-se ao dia festivo que decorreu em todos os países em que a De Heus está presente, celebrando a efeméride com os seus colaboradores.
petMaxi nas TOP 5% melhores PME de Portugal
petMaxi renova a certificação IFS FOOD
e reflete a confiança dos nossos clientes e parceiros.
A petMaxi foi certificada pela Scoring com o selo TOP 5%, e com um índice de Desempenho e Solidez Financeira (IDS) “Excelente”, evidenciando uma sustentabilidade financeira acessível apenas a 5% das PME nacionais.
Prometemos manter-nos no caminho da inovação e qualidade para que os indicadores avaliados nesta cerificação continuem a merecer a pontuação de excelência.”, afirma Luis Guilherme, CEO da petMaxi.
A petMaxi renovou a certificação IFS FOOD pelo 6º ano consecutivo, mantendo a maior classificação existente: Higher Level. Este ano aumentou a percentagem de sucesso para 98,60%, o que demonstra uma melhoria na conformidade face aos inúmeros requisitos da Norma.
IN MEMORIAM
1957–2022
O Luís Miguel era um amigo de sempre da IACA, um entusiasta do movimento associativo e sabemos que tinha por nós, tal como todos na empresa, um carinho e uma admiração, um respeito que era e é recíproco. Recordamos nesta edição da Revista, tal como o fizemos em números anteriores da “Alimentação Animal”, nomeadamente os 107 e 109, as visitas à empresa com o Comendador Luís Marques – recebidos também pelo seu tio, o Sr. Manuel Henriques, de uma extrema amabilidade – , nas discussões sobre o nosso
Alentejo, o futuro do Setor, publicado no âmbito dos 50 anos da IACA.
Também recolhemos o seu testemunho no Estudo sobre a Competitividade do Setor na Região do Alentejo, recentemente divulgado, no quadro do Projeto SANAS/Alentejo 2020.
O Luís Miguel Bucho foi, durante anos, pelo menos desde que estou ligado à IACA, há 30 anos, o rosto da empresa “Empresa Industrial de Pimentão, Lda”, inserida no universo IACA em 1969, fundadora do Grémio e da Associação, sócio nº 15, uma das empresas mais antigas do setor dos alimentos compostos para animais. A saída da IACA devido ao encerramento da unidade de alimentos compostos, em 2021, não beliscou em nada a estima e dedicação que ele tinha pela Indústria da alimentação animal e pela pecuária, e a amizade que nós, na Associação, dirigentes e colaboradores, sempre lhe dedicámos.
Nascido em 4 de agosto de 1957, com a idade de 65 anos, no dia 14 de novembro, de triste
memória para os seus familiares e amigos, certamente para o Setor da Alimentação Animal, perdemos mais um bom amigo e uma pessoa de bem.
Ficaremos com a gratificação e alegria de com ele termos convivido, muitos e bons momentos, e o que nos ensinou, nos tempos mais sombrios ou nos momentos mais desafiantes e exigentes para a Indústria.
Em nome dos Órgãos Sociais da IACA e dos seus colaboradores, em nome da Indústria que orgulhosamente representamos e à qual ele se dedicou e prestigiou, os sentidos pêsames para toda a Família, em especial para a Cristina, Mariana, Duarte e Manuel.
Até Sempre, Luis Miguel.
FICHA TÉCNICA
ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA NIPC- 500835411
TRIMESTRAL ‑ ANO XXXIII Nº 122 Outubro / Novembro / Dezembro 2022
DIRETOR
José Romão Braz
CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO
Ana Monteiro Jaime Piçarra
Pedro Folque
Manuel Chaveiro Soares
Rui Gabriel
COORDENAÇÃO
Jaime Piçarra
Amália Silva Serviços IACA
ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE (incluindo receção de publicidade, assinaturas, textos e fotos) IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 LISBOA TEL. 21 351 17 70 (Chamada para a rede fixa nacional)
iaca@iaca.pt iaca.revista@iaca.pt SITE www.iaca.pt
EDITOR
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais – IACA
EXECUÇÃO DA CAPA Salomé Esteves
EXECUÇÃO GRÁFICA
Sersilito - Empresa Gráfica, Lda. Travessa Sá e Melo, 209 4471-909 Gueifães - Maia
PROPRIETÁRIO
Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E 1050-047 Lisboa
DEPÓSITO LEGAL
Nº 26599/89
REGISTO
EXCLUÍDA DE REGISTO NOS TERMOS DO DISPOSTO NA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ART.º 12.º DO DECRETO REGULAMENTAR N.º 8/99, DE 9 DE JUNHO, REPUBLICADO PELO DECRETO REGULAMENTAR N.º 2/2009, DE 27 DE JANEIRO
AGENDA DE REUNIÕES DA IACA
Data
OUTUBRO 4 • Comité de Pré-Misturas e Alimentos Minerais da FEFAC (Bruxelas) 5 • Comité de Nutrição Animal da FEFAC (Bruxelas) 10 • Fórum das Associações da FIPA • Reunião do Grupo de Emergência e Segurança de Abastecimento da FEFAC (virtual) 12 • Reunião de Direção da FIPA 13 • Webinar All About Feed sobre “Redução da utilização de antibióticos” 17 a 19 • Reuniões com Presidência da República Checa da União Europeia e Conferência FEFAC/SKK, em Praga 20 • Reunião com Embaixada de França 21 • Conferência da APIC, sobre a Estratégia “Do Prado ao Prato”, Famalicão 24 • Grupo de Diálogo Civil da PAC/DG AGRI (virtual) 26 • Conferência das Comemorações dos 30 anos da Carnalentejana (Assumar/Monforte) 27
Comité COMP da FoodDrinkEurope (virtual) 28 • Reunião do “Steering Group” da FEFAC
Data
NOVEMBRO 2 • Comité de Alimentos para Peixes da FEFAC (Bruxelas) 7 • Reunião de SG da FIPA para apreciação da proposta da Indústria agroalimentar sobre o Programa Nacional de Promoção para uma Alimentação Saudável (PNPAS) 8 • Conferência InovSummit’22 (Castelo Branco) 9 • Reunião de Direção da FIPA 10 • Apresentação do FeedInov aos Associados e Assembleia-Geral (EZN, Santarém) 11 • Reunião de Direção da IACA (Quinta da Atela, Alpiarça) 16 • Conferência da CORTEVA (CNEMA, Santarém)
• Conferência sobre os Cereais Franceses (Porto) 21 • Reunião da Comissão Executiva da IACA 23 • Comité de Gestão da Segurança de Alimentos para Animais da FEFAC (Bruxelas) • Conferência no IADE sobre os desafios do setor da alimentação animal 24
Reunião do Fundo de Segurança Alimentar Mais, da DGAV (virtual) 25 • Reunião do Grupo de Emergência e Segurança de Abastecimento da FEFAC (Virtual)
Reunião do Conselho Fiscal da IACA
DEZEMBRO
Conferência da USSEC, em Paris
Reuniões em Bruxelas, no quadro das relações UE/US e DG AGRI, em representação da FEFAC
Reunião com DGAV e elementos do Grupo de Trabalho de AM para ponto de situação sobre dúvidas colocadas em sessões anteriores
Webinar da Fern sobre “Cadeias de Abastecimento Livres de Desflorestação”
Programa na TSF sobre “Biotecnologia e Segurança Alimentar”
Webinar do GPP – Agricultura Biológica e outros modos de produção sustentável
Reunião de Direção e Assembleia-Geral da IACA
Reunião com PAN sobre a redução do IVA nos alimentos para animais de companhia
Reunião do Grupo de Trabalho Emergência e Segurança de Abastecimento, da FEFAC (virtual)
Assembleia-Geral da FIPA (virtual)
De acordo com o RGPD, de 25/05/2018, a IACA reconhece e valoriza o direito à privacidade e proteção dos dados pessoais, pelo que conserva esses dados (nome e morada) exclusivamente para o envio da Revista “Alimentação Animal”, que nunca serão transmitidos ou utilizados para outros fins. A qualquer momento, poderá exercer o direito de retirar esse consentimento enviando-nos um e-mail para privacidade@iaca.pt
Aleta™ protege os porcos durante os períodos de stress
Aleta é um beta-1.3-glucano derivado de algas com concentração superior a 50%, modulando a resposta imunitária, melhorando a qualidade do colostro, e a resposta em situações de stress e doença.
Este potente imunomodulador com origem numa alga unicelular, Euglena gracilis, ajuda os animais nos períodos de stress e doença, melhorando a resposta vacinal. Melhora a qualidade e quantidade do colostro, resultando numa melhoria de viabilidade e performance dos leitões.
Esta melhor resposta imune tem como resultado uma melhoria nos parâmetros produtivos:
• Índice de conversão
• Ganho de peso diário
• Redução da mortalidade
Para mais informação: 214 157 500 Campo Grande 35 - 8ºD, 1700-087 Lisboa, Portugal