ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
CAPOTA DE AMÊNDOA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL – OPORTUNIDADE E DESAFIOS Eliana Jerónimo1,2, Liliana Cachucho1,3, Olinda Guerreiro1,2, Mª Teresa P. Dentinho3,4
O aumento da área dedicada a algumas atividades agrícolas em Portugal deve ser encarado como uma oportunidade para a produção pecuária pela disponibilização de coprodutos com características compatíveis com a sua utilização na alimentação animal. Um desses exemplos é o crescimento do amendoal que mais que duplicou a sua área na última década (26 877 ha em 2011 vs. 58 404 ha em
detergente ácido (ADL) na MS, respetivamente), o que tornam este coproduto muito interessante para
2021 ) [1]. Durante este período, à exceção da região do Algarve, onde a área de amendoal diminuiu, em todas as outras regiões de Portugal continental a área aumentou [1]. A região do Alentejo contribuiu
bono altamente fermentáveis na forma de sacarose, frutose, glucose, inositol e sorbitol [3,4]. Apresenta
grandemente para este crescimento (908 ha em 2011 vs. 22 543 ha em 2021), passando de 3,4% em 2011 para 38,6% da área total de amendoal em Portugal [1]. A região Norte continua a ser a região com a maior área de amendoal (44,9 %) [1]. Como esperado, o significativo aumento na produção de amêndoa é acompanhado pela maior dispo-
um teor em matéria seca elevado, ainda que seja muito variável (45,5 – 89,0%) [2]. Por outro lado, apresenta baixos níveis proteicos (6,36% na MS) e de gordura (1,19% na MS), uma digestibilidade da matéria orgânica na ordem dos 54% e da proteína na ordem dos 27% [2]. É uma fonte de compostos bioativos, como compostos fenólicos, incluindo taninos condensados, e compostos triterpenóides, que lhe conferem importantes atividades biológicas [5]. A composição química e o valor nutricional de amostras de capota de amêndoa recolhidas na região do
na casca verde mais externa do fruto e representa cerca de 50% do peso do fruto (Figura 1). A capota
Alentejo no âmbito do Grupo Operacional SubProMais é apresentada na Tabela 1. Mais informações
Figura 1. Capota de amêndoa
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Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL) / Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801-908 Beja, Portugal MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento & CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, CEBAL, 7801-908 Beja, Portugal
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Tabela 1. Composição química e valor nutricional da Capota de Amêndoa Média
Mínimo
Máximo
Matéria seca (%)
70,7
45,5
89,0
Cinzas (% MS)
11,7
9,40
15,8
Matéria orgânica (% MS)
88,2
84,2
90,6
Proteína bruta (% MS)
6,36
3,30
10,1
Gordura Bruta (% MS)
1,19
0,40
2,10
Fibra Bruta (% MS)
14,4
10,2
20,6
NDF (% MS)
30,5
19,5
46,0
ADF (% MS)
23,9
16,2
36,1
ADL (% MS)
9,29
4,70
14,6
Açúcar (% MS)
25,1
10,3
34,0
Amido (% MS)
1,80
1,04
2,68 3 955
3 898
3 831
Fenólicos totais (eq. ácido gálico, mg/g MS)
Energia Bruta (kcal/kg MS)
31,7
11,8
69,0
Digestibilidade da matéria seca (%)
56,9
44,1
66,8
Digestibilidade da matéria orgânica (%)
54,0
41,7
62,7
Digestibilidade da Energia (%)
49,2
36,2
59,5
Energia Digestível (kcal/kg MS)*
1 919
-
-
Energia Metabolizável (kcal/kg MS)*
1 600
-
-
UFL (/kg MS)*
0,53
-
-
Centro Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Avenida da Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa, Portugal
UFV (/kg MS)*
0,44
-
-
Digestibilidade da proteína (%)*
27
-
-
Proteína digestível (g/kg MS) *
17
-
-
Instituto Nacional de Investigação Agraria e Veterinária, Polo de Investigação da Fonte Boa (INIAV-Fonte Boa), 2005-048 Vale Santarém, Portugal
NDF – Fibra solúvel em detergente neutro; ADF – Fibra solúvel em detergente ácido; ADL – Lenhina solúvel em detergente ácido; * Parâmetro calculados segundo Sauvant et al. [6].
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
aplicação na alimentação animal [2]. A capota de amêndoa é uma excelente fonte de hidratos de car-
nibilidade de coprodutos decorrentes desta cultura, como é exemplo a capota de amêndoa que consiste
de amêndoa apresenta elevado teor em açúcares
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(29,1% na Matéria Seca (MS)) e moderado teor em conteúdos parietais (14,4% de fibra bruta na MS; 25,0; 18,9 e 6,6% de fibra em detergente neutro (NDF), fibra em detergente ácido (ADF) e lenhina em