Revista Alimentação Animal n.º 119

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL PERSPETIVAS 2022

IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES COMERCIAIS PORTUGAL - ESTADOS UNIDOS

Karisha Kuypers Adida para Assuntos Agrícolas do Departamento de Estado Norte-Americano da Agricultura

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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

Portugal e os Estados Unidos são parceiros especiais, com fortes laços a nível económico, estratégico e cultural. A nossa relação em torno da agricultura não é exceção, sendo que os laços se estendem para lá dos negócios e assumem-se mais como parcerias mutuamente benéficas. Não temos apenas uma relação comercial forte, mas antes e mais importante que isso, partilhamos uma ligação histórica e valores comuns. Desses, para mim o principal, é acreditarmos na importância da tecnologia e da inovação para tornar a nossa produção agrícola mais eficiente e segura, e de menor pegada ambiental. Na qualidade de Adida para Assuntos Agrícolas para Portugal e Espanha, represento o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) na Península Ibérica. A nossa missão consiste no fortalecimento das relações existentes entre os exportadores nos EUA e importadores portugueses, na promoção do comércio agrícola e no apoio ao entendimento recíproco entre os nossos sistemas reguladores. A estreita complementaridade entre os nossos setores agrícolas é algo que me surpreende desde o início das minhas funções. Em 2021, os nossos países apresentavam um volume superior a 525 milhões de dólares em trocas bilaterais de produtos agrícolas, com saldo positivo para Portugal. No ano passado, os agricultores dos EUA exportaram para Portugal mais de 175 milhões de dólares em produtos agrícolas, a maioria dos quais matérias-primas fundamentais, destinados à indústria alimentar portuguesa. Por sua vez, Portugal atingiu níveis históricos, os mais altos desde 1970, na exportação agrícola para os Estados Unidos, superando os 350 milhões de dólares. As exportações agrícolas portuguesas para os Estados Unidos consistiram em produtos de alta qualidade, como azeite, vinho, queijo, frutas, legumes processados e aperitivos. Portugal é, para nós, simultaneamente um mercado importante e um aliado fundamental nas questões agrícolas na Europa, uma vez que partilhamos valores recíprocos em matéria de segurança alimentar, ciência, tecnologia e inovação na agricultura. Tendo em conta o importante papel que o comércio agrícola desempenha na prosperidade económica dos nossos dois países, importa continuarmos a manter a agricultura como um dos pontos principais no diálogo comercial em curso entre Portugal e os Estados Unidos. O comércio agrícola é cada vez mais vulnerável a decisões governamentais com efeitos diretos nos fluxos comerciais. Apesar de as barreiras alfandegárias aplicadas ao comércio bilateral estarem atualmente em níveis relativamente baixos, a evolução da regulamentação representa um desafio acrescido

para os intervenientes do sistema alimentar e das rações. Muitas dessas novas barreiras reguladoras resultam provavelmente de diferentes conceções sobre a melhor forma de lidar com as mudanças climáticas, de prevenir a desflorestação e de promover a sustentabilidade dos nossos sistemas agrícolas. Embora os Estados Unidos e a Europa tenham em comum o objetivo de enfrentar as mudanças climáticas e de garantir a produção sustentável, divergimos frequentemente sobre a melhor forma de atingir esses objetivos. Tal como costuma afirmar o secretário do USDA, Tom Vilsack, estamos juntos nesta caminhada, mas seguimos caminhos diferentes até ao nosso destino final, a agricultura sustentável. No entanto, no USDA acreditamos que diferentes abordagens podem produzir resultados equivalentes e que esses diferentes caminhos não têm que levar a um relacionamento comercial mais difícil. A agricultura e o sistema alimentar possuem um enorme potencial para solucionar alguns dos desafios mais prementes do mundo, tais como a pobreza e a fome, as mudanças climáticas e a degradação ambiental. A continuação da estreita colaboração entre os Estados Unidos e a União Europeia será fundamental para alcançar esses objetivos de forma a garantir a acessibilidade dos alimentos, o bem-estar dos produtores, e evitar perturbações desnecessárias nas trocas comerciais. A estreita colaboração já é evidente na nossa relação com Portugal, e muito clara na relação do meu gabinete com a IACA, em particular. Ao longo dos anos, a IACA tem sido um parceiro notável, já que trabalhamos em conjunto para facilitar e fortalecer parcerias entre importadores portugueses e fornecedores agrícolas dos EUA. A estreita colaboração da IACA com o Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos (USSEC) e o Conselho de Grãos dos EUA garante que os produtores de rações em Portugal têm acesso a fornecedores agrícolas de confiança nos EUA. Este tipo de parcerias de longa duração atesta os benefícios recíprocos possíveis de alcançar quando os nossos setores trabalham em conjunto. Agradeço à IACA por esta oportunidade para saudar os nossos parceiros de negócio em Lisboa e em Portugal. Desejo a continuação do nosso excelente relacionamento de trabalho nas questões agrícolas, bem como em áreas novas nas quais o meu gabinete possa agir enquanto facilitador de negócios com fornecedores agrícolas dos EUA. Karisha Kuypers, sedeada em Madrid, Espanha, é Adida para Assuntos Agrícolas do Departamento de Estado Norte-Americano da Agricultura. O seu contacto e o da sua equipa é AgMadrid@usda.gov.


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