Revista Alimentação Animal n.º 113

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

LABORATÓRIO COLABORATIVO FEEDINOV ESTRATÉGIAS DE ALIMENTAÇÃO INOVADORAS PARA UMA PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Estação Zootécnica Nacional

1. ENQUADRAMENTO

Cristina Monteiro Assessora Técnica da IACA Olga Moreira Coordenadora da Estação Zootécnica Nacional – INIAV/Santarém 8 |

A LIMEN TAÇÃO AN IM A L

A alimentação animal é um dos principais fatores de custo nos sistemas de produção animal. A nível da União Europeia são utilizadas anualmente cerca de 794,5 milhões de toneladas (M Ton) de alimentos para animais, correspondentes a 65% de alimentos grosseiros, 9% de cereais produzidos na exploração, 5% de matérias-primas adquiridas no mercado e cerca de 21% de alimentos compostos industriais. Portugal segue a mesma tendência dos outros países europeus com um consumo de cereais e de alimentos compostos elevado, principalmente na alimentação de suínos e de aves, que representam cerca de 70% do consumo de alimentos compostos. A dependência da importação de matérias-primas para a alimentação animal é elevada, sendo a dependência de proteínas particularmente preocupante e competindo muitas vezes com o consumo humano, pelo que, o desenvolvimento de estratégias alternativas de abastecimento de proteínas que minimizem a dependência das importações e a implementação de uma economia circular para nutrientes e biomassa são de importância fundamental. A indústria de alimentos para animais no futuro terá como desafio assegurar a competitividade do setor pecuário, através do fornecimento de alimentos sãos e seguros, de elevada qualidade, competitivos e sustentáveis, aplicando o conhecimento nutricional para determinar a combinação apropriada de ingredientes, para que o seu equilíbrio nas dietas seja ideal e de acordo com as necessidades nutricionais dos animais, os quais serão eficientemente transformados em produtos de origem animal. É também possível produzir mais e melhores produtos de origem animal, com menor recurso a fontes edíveis e menor desperdício. Existe um elevado potencial na valorização de fluxos de resíduos orgânicos, de resíduos não utilizados e de novos subprodutos da cadeia da alimentação humana, através do desenvolvimento de novas tecnologias, mas também das atualmente existentes, o que inclui a reutilização de resíduos de

bioindústrias (onde estes têm potencial para produzir nutrientes e energia valiosos), com vista à otimização da sua utilização em toda a cadeia de valor. Estabelecer uma visão comum da cadeia é um pré-requisito para o desenvolvimento estratégico de uma missão comum, com regras de quantificação e ferramentas bem definidas. A capacidade inovadora da indústria de alimentos compostos para aumentar a eficiência de utilização dos recursos e minimizar as emissões será adequada para a valorização dos alimentos para animais. A sustentabilidade futura da produção pecuária também dependerá da garantia de abastecimento estratégico de alimentos para animais a longo prazo. A indústria dos alimentos para animais deve estar em constante evolução para acompanhar as restrições impostas pela legislação da UE e os novos desafios colocados pela crescente preocupação com a luta contra a resistência antimicrobiana, o impacto ambiental da produção animal e a produção de gases de efeito estufa, a reutilização de nutrientes em economia circular, a escassez de fontes de proteína para alimentação animal e a crescente necessidade do aumento da produção de géneros alimentícios em 2050. O fraco investimento em inovação, investigação e desenvolvimento experimental de que o setor agroalimentar tem sido vítima, apesar da melhoria verificada nos últimos anos (ainda insuficiente), representa uma necessidade de aposta de financiamento de Políticas Públicas para o Setor. A ciência, a investigação, o desenvolvimento experimental, a sua ligação com as empresas e a transmissão do conhecimento são essenciais e devem ser colocados ao serviço da Sociedade, para enfrentar os desafios relacionados com os mais elevados padrões de qualidade e segurança, garantindo a saúde humana e animal e o bem-estar animal, com redução do impacto ambiental. É necessário reinventar a produção de alimentos para animais, devendo a indústria portuguesa de produção de alimentos para animais poder evoluir e competir a nível europeu. Neste contexto, foi desenvolvida uma infraestrutura de interface entre a comunidade industrial e as entidades de investigação e desenvolvimento (I&D), com o objetivo de promover a inovação, difusão de tecnologia e criação/crescimento de novos negócios associados aos setores de indústria da alimentação animal e da pecuária, promovendo a sua competitividade, na forma de Laboratório Colaborativo, o CoLAB FeedInov. O CoLAB FeedInov para o desenvolvimento da sua atividade contará com o envolvimento de instituições científicas e de empresas num conceito


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